Da janela, dia e noite, Tieta ficava a contemplar as nuvens, a contar estrelas. Não devia ter-lhe confessado seu pecado, mas o fez. Pela metade, é bem verdade, mas decidiu assim fazê-lo. Talvez ele preferisse nunca ter sabido, não ter aquilo escutado. Por isso, ali ficava Tieta, tão só: seu contar de estrelas nunca passou de uma dezena, quando tinha que recomeçar a contá-las. Nas nuvens, carneirinhos e outros bichos passeavam e se desmanchavam no céu, ao sabor do vento. E sua dor prosseguia, estrelas e nuvens brincando no céu, a tudo alheias, insensíveis à dor de Tieta. Entre o dito e o não dito, morava um silêncio absoluto que, de tão profundo, doía-lhe os ouvidos, atingindo-lhe a alma. Naquela noite uma lágrima teimosa escorria de seu olho embaçando-lhe a estrela Dalva que acabara de surgir num céu meio azul de saudade, meio cinza de tristeza.

Dom Helder Câmara
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Esses são comentário divinos que vêm da alma. Ótimo.
ResponderExcluirXico,na comemoração do seu anversário,ffiz um pedido que ficou um poucco estranho:Forró sem acento.
ResponderExcluirquero clariar um pouco.
Veja só o xiquinho
segurando o dedinho
dançando de lado
isto é lamento
forró sem acento
é forro forrado
agora veja o que é candura
pega na cintura
e dança colado
acabou o lamento
forró com acento
é forró pesado.
Assis Costa e Luiz Lisboa.
ResponderExcluirO Xico com poucas palavras diz muito. Diz Tudo.