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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

RESPONDA ME SE SOUBER - Por Sávio Pinheiro e Mundim do Vale

Mundim:
Poeta Sávio Pinheiro
Me responda uma coisa,
Tu conhece Cláudio Sousa
O poeta bonequeiro?
Ele anda muito faceiro
Com o boneco de lado,
Se achando um afamado
Mas não cumpre o seu dever.
SE NÃO SOUBER RESPONDER
É MELHOR FICAR CALADO.

Sávio:
Lá vem você com questão
Falando mal do rapaz,
As coisas que Cláudio faz
Não cabe contestação.
O filho de Damião
Só não aprendeu a ler,
Mas já sabe até dizer
Que hoje tá amparado.
MUNDIM, NÃO FICO CALADO
PORQUE, EU SEI RESPONDER.

Mundim:
Quem é esse menestrel
De gravata e paletó,
Que vem arrochando o nó
No blog do Israel?
É um poeta de cordel
Que faz o verso inspirado,
No presente e no passado
Sem de nada ele esquecer.
SE NÃO SOUBER RESPONDER
É MELHOR FICAR CALADO.

Sávio:
Mundim tenho consciência
Porque vi essa semana,
Se o espírito não me engana
É Tibúrcio de Vicência.
Cabra que tem competência
Na hora de escrever,
Ou na hora de fazer
Um discurso improvisado.
MUNDIM, NÃO FICO CALADO
PORQUE, EU SEI RESPONDER.

Mundim:
Diga quem foi o poeta
Nascido na nossa terra,
Lá no sítio Aba da Serra
Que também era profeta?
Que tinha na sua meta
O seu dom abençoado,
De no Vale do machado
Um bom inverno prever?
SE NÃO SOUBER RESPONDER
É MELHOR FICAR CALADO.

Sávio:
Arrume outra questão
Que dessa eu já tenho o tino,
Era Pedro Severino
O profeta do sertão.
Poeta de ocasião
Nunca quis aparecer,
Improvisou por prazer
Mas nada deixou gravado.
MUNDIM, NÃO FICO CALADO
PORQUE EU SEI RESPONDER.

Mundim:
Doutro Zé Sávio Pinheiro
Me diga se conheceu,
Um poeta primo meu
Conhecido por Candeiro?
Era um poeta brejeiro
Que nada deixou guardado,
Mas Morais tem decorado
Para ninguém esquecer.
SE NÃO SOUBER RESPONDER
É MELHOR FICAR CALADO.

Sávio:
De Candeiro ouvi falar
No verso do adjunto,
Eu não posso chegar junto
Mas posso me adiantar.
Se foi do nosso lugar
Nós não podemos esquecer,
De uma homenagem fazer
Retroagindo ao passado.
MUNDIM, NÃO FICO CALADO
PORQE, EU SEI RESPONDER.

Mundim:
E o poeta extravagante
Você inda tem lembrança?
Pendurado na balança
E montado em avoante?
Correndo para Vazante
Para apartar o gado,
Amontado num veado
Sem coragem de descer.
SE NÃO SOUBER RESPONDER
É MELHOR FICAR CALADO.

Sávio:
Esse aí eu conheci
Botando água na rua,
Amontado na perua
Escanchado num siri.
Era o poeta Levi
Amontado em Jucier,
Com um piqui pra roer
No esgoto do mercado.
MUNDIM, NÃO FICO CALADO
PORQUE, EU SEI RESPONDER.

Mundim:
Poeta você foi bem
Nessa teima virtual,
Sei que você é o tal
Mas sou teimoso também.
Sei também que você tem
O verso como obra prima,
Mas gosto de ir pra cima
Sem pois é. E nem talvez.
Vou lhe esperar outra vez
Pra nós se acabar na rima.

9 comentários:

  1. Parabens aos dois grandes poetas. Uma peleja bonita e de leitura prazerosa.

    Obrigado pela lembrança do Candeiro poeta do Sanharol.

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  2. Quatro das decimas do poeta Candeiro:

    Não há quem possa negar
    Como já foi o Machado
    Com o povo interessado
    Trabalhando sem parar
    Gente de todo lugar
    Tinha até do Arneiroz
    A luta era feroz
    Muitas vezes enlameado
    Limpando arroz no Machado
    E vivendo aqui mais nós.

    Quando pegava a chover
    Nós todos íamos plantar
    Depois íamos pastorar
    Prus passarinhos não comer
    Depois do arroz nascer
    Nós começávamos a limpar
    E a lama sem secar
    Só se ouvia nego dizendo
    O meu mato está comendo
    Acho que vou aceirar.

    Quando clareava do dia
    Agente se levantava
    A merenda que pegava
    Era a enxada e saia
    E por lá passava o dia
    Trabalhando sem parar
    E pra poder acabar
    Precisava ir tantas vezes
    Com mais ou menos dois meses
    Terminava de limpar

    Quando o arroz segurava
    Só se ouvia o assunto
    Gente fazendo adjunto
    Juntando quando botava
    E o povo se juntava
    Era gente pra valer
    Fazia gosto se ver
    Um bando de cabra macho
    Cortando cacho por cacho
    Cantando sindô lelê

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  3. ... AÍ eu disse:

    É realmente duelo de gigantes.

    Parabéns aos meus companheiros de Blog: Dr. Sávio e Mundim do Vale do machado.

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  4. eita, há quem diga que sou bom e faço parte desse seleto, não chego nem no rastro, sou um iniciante apenas um poeta simplório. Ficou ótimo o duelo, mas senti falta de vários poetas bons aí nesse duelo, mas nossa várzea é rica em poetas, ficaria díficl citar todos

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  5. É engraçado mesmo. Eles dois ficam teimando e depois botam os outros poetas na briga.
    Parabéns aos dois.
    Muito bom.

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  6. Muito bom mesmo. Aguardemos o próximo capítulo.. plim...plim...

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  7. Eita Várzea Alegre de grandes poetas! adorei o duelo! parabéns aos dois.

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  8. Parabéns, meus conterraneos e Poetas; que eu tanto quero bem e respeito. Abraço forte e fraterno. Fatima Bezerra.

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