Há países que tropeçam. Outros param. O Brasil parece ter aprendido a andar em círculos.
No primeiro quarto do século XXI, enquanto o mundo emergente se transformava — com avanços desiguais, contradições e crises — o Brasil permaneceu preso a uma promessa que nunca se cumpre por inteiro. Crescemos pouco, disputamos muito, desperdiçamos energia, tempo e talento. E, sobretudo, naturalizamos a estagnação como se fosse destino.
Em 2000, o Brasil era visto como uma potência em formação. Tinha dimensão continental, recursos naturais abundantes, população jovem, mercado interno robusto e instituições democráticas recém-consolidadas. Falava-se em “país do futuro” com um otimismo que ainda não soava irônico. Vinte e cinco anos depois, o futuro parece sempre adiado.
Enquanto isso, outros países emergentes — com menos território, menos recursos naturais e, muitas vezes, menos vantagens iniciais — avançaram.
A China transformou-se na segunda maior economia do mundo, multiplicando seu PIB per capita por mais de dez vezes desde os anos 1990. A Coreia do Sul, que era mais pobre que o Brasil nos anos 1960, tornou-se referência global em tecnologia, educação e inovação. A Polônia, que saiu do comunismo nos anos 1990, hoje cresce de forma consistente, integra cadeias produtivas europeias e exibe indicadores sociais melhores que os brasileiros.
Mesmo na América Latina, onde os desafios históricos são semelhantes, o contraste é incômodo. O Chile — com todas as suas limitações e tensões sociais — construiu instituições mais previsíveis, reduziu a pobreza de forma duradoura e manteve estabilidade macroeconômica. O Uruguai avançou em governança, educação e qualidade institucional. A Colômbia, apesar da violência histórica, conseguiu maior integração internacional e maior dinamismo econômico.
O Brasil, não.
Nos últimos 25 anos, o crescimento médio do PIB brasileiro foi medíocre. A renda per capita praticamente estagnou. A produtividade avançou pouco. A educação básica segue entre as piores do mundo quando comparada a países de renda semelhante. A infraestrutura permanece precária. A desigualdade diminuiu por um período, mas voltou a crescer, enquanto a pobreza estrutural persiste.
Nada disso é fruto do acaso.
O Brasil escolheu reiteradamente o curto prazo. Escolheu o populismo fiscal, de esquerda e de direita. Escolheu promessas fáceis, narrativas redentoras, inimigos imaginários. Escolheu governos que culpam o passado, o mercado, o exterior, as elites, o povo — qualquer um, menos a si mesmos.
Enquanto países emergentes investiram de forma consistente em educação de qualidade, ciência, tecnologia e integração produtiva, o Brasil investiu em retórica. Enquanto outros fortaleceram instituições, o Brasil as tensionou. Enquanto alguns planejaram o futuro, o Brasil brigou com o presente.
A corrupção — antiga, sistêmica e transversal — não explica tudo, mas corrói o essencial: a confiança. E sem confiança não há investimento, não há pacto social, não há horizonte compartilhado. A impunidade seletiva reforça o cinismo. A polarização transforma adversários em inimigos. A política vira espetáculo, e o país, plateia cansada.
Talvez o mais triste não seja o fracasso relativo, mas a normalização dele.
Acostumamo-nos a crescer menos que nossos pares. A aceitar serviços públicos ruins. A conviver com violência crônica. A tratar desigualdade como paisagem. A repetir que “o Brasil é assim mesmo”, como se fosse um fenômeno natural, e não o resultado de escolhas reiteradas.
Triste Brasil não porque seja pobre — não é. Triste Brasil porque desperdiça o que tem. Porque troca projeto por improviso. Porque confunde esperança com ilusão. Porque segue acreditando que carisma substitui gestão, que slogans substituem políticas públicas, que promessas substituem resultados.
Ainda há tempo, dizem. Sempre há. Mas o tempo não é infinito. Outros países emergentes mostram que não existe milagre, apenas trabalho consistente, instituições sólidas, educação séria e responsabilidade fiscal e social.
O Brasil não precisa ser o melhor do mundo. Precisa apenas deixar de ser refém de si mesmo.
E isso exige algo raro entre nós: maturidade.

Não é maturidade que falta. O que falta é vergpnha na cara e carater.
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