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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

119 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Artista jardinense José Rangel (1895 - 1969), construiu um monumento alusivo a Nossa Senhora de Fátima, em 1953, na Chapada do Araripe, em Crato CE, que deu nome ao Aeroporto Regional a época, desativado na década de 1970. 

Foi palco de grandes acontecimentos políticos, religiosos e sociais. O maior destes acontecimentos trata-se da chegada da Virgem Peregrina Mundial de Fátima em 13 de Novembro de 1953, evento este de grande vulto para a religiosidade caririense.


Os desembarques do Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco e a apoteótica chegada de Wanda Lúcia Gomes de Matos Medeiros, foto Miss Crato, após ser eleita Miss Ceará, em Fortaleza.

Saudade - Dr. Rogério Brandão.


Dr. Rogério Brandão, médico oncologista.

Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional  posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além. Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional.

Comecei a freqüentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de químicos e radioterapias.


Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano! Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção. — Tio, — disse-me ela — às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores...

Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida! Indaguei: — E o que morte representa para você, minha querida?— Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.)— É isso mesmo.— Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!

Fiquei "entupigaitado”, não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.— E minha mãe vai ficar com saudades — emendou ela. Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei: — E o que saudade significa para você, minha querida?— Saudade é o amor que fica!

118 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


O Colégio Santa Teresa foi fundado pelo primeiro bispo do Crato, Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva para que as jovens pudessem concluir a Escola Normal na sua terra natal.
Esta escola pela eficiência da Madre Ana Couto, sua primeira diretora, tornou-se um dos centros de referencia educacional feminino do Ceará.
Administrada pelas irmãs de Santa Teresa, congregação bambem criada pelo Bispo Dom Quintino, destacou-se pela sua rígida disciplina e ensino eficiente. Manteve também em determinada época um internato, para atender as moças que não residiam na cidade.
Por aquele ateneu passaram em vários períodos  alunas de conceito elevadíssimos,  tais como : Aldenora Arraes, Esther Sá, Aglair Peixoto, Jacira Brito, Doralice Neri, Tereza Arraes, Socorro Couto, Silvanira Neri, Socorro Carreia, Afonsina Diniz,  Dolores Menezes, Pia Mary Brito e muitas outras.
Quantos apaixonados visitaram aquelas calçadas, pensando no que sua amada estava lá dentro meditando. Embora sem ter tido namorada no internato, participei de algumas serenatas  para alem daqueles umbrais; serestas simples, mas sempre nervosas, porque o Palácio do Bispo  ficava em frente ao colégio.
Somente o esporte algumas vezes, aproximava as "teresias" dos seus namorados; os campeonatos de voleibol na quadra do estabelecimento. 
Era gratificante ver durante aquelas disputas intercolegiais, o fotografo  amador José Gil Borges ajustando o foco de sua Kodak ao grupo de colegiais, sempre esperando aparecer mais uma, para assim aumentar o numero de copias a serem reveladas.
Durante as partidas, a ala masculina sempre ficava bem atenta as jogadas  de "manchetes", pois quem estava na frente  sempre " brechava"  um colo mais avantajado  e quem estava por trás, dois dedos de coxas.
Eita tempo inocente.
O colégio hoje em dia nos seus quadros mistos, continua formando jovens caririenses e quando eu passo em frente lembro-me daquele simbolismo erótico de uma juventude que hoje parece não mais existir.
Coronel José Ronald Brito.

0S MALES DA REELEIÇÃO - POR ANTONIO MORAIS



Lula e Fernando Henrique, rindo da cara dos brasileiros. Não há outra razão ou motivo.

Sou terminantemente contra o processo  da reeleição. Está provado que são quatro anos perdidos. Além de ser um processo criminoso iniciado no governo Fernando Henrique Cardoso com emenda contaminada pela compra de votos,  da qual o PT era terminantemente contra. 

Entre os exemplos de compra de votos citamos o deputado Ronivom Santiago PP do Acre, acusado pela justiça de receber 200.000,00 para votar a favor da emenda. 

Estou nomeando este caso porque é bastante emblemático: Quando o PT chegou ao poder fez uso da emenda da reeleição e, mais, declarou ter pago 900.000.00 a um advogado para fazer a defesa do Ronivom Santiago na justiça. A reeleição nasceu de um crime e permanece cometendo crimes, pelas mãos de quem era contra na sua origem.

PAPO DE VARZEALEGRENSES - POR ANTONIO MORAIS


José de Sousa Lima e Vicente Estevão Duarte,  com licença da palavra Pé Veio e Vicente Cesário,  estavam na barbearia do segundo a antiga rua Major Jaquim Alves quando  passou um enterro.

Vicente fala para Pé Veio: vamos acompanhar!  Pé Veio responde: eu não. Mas nós temos que ser solidário com os mortos, temos que enterra-los. Pé Veio encerra o papo dizendo: mas ele não vai ser solidário comigo, ele não vai ao meu enterro. Então Vicente Cesário  lascou: é mesmo, eu vou é tomar uma gelada que com o tanto de bêbados que eu já vi passar para o cemitério quando eu chegar lá em cima não vai ter nada.  Já beberam todas.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

117- O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


No primeiro semestre de 1969, não posso precisar dia e mês, a sociedade cratense se reuniu no Crato Tênis Clube e depois AABB para um baile onde cada estado brasileiro foi representado por uma garota em desfile típico.

O sucesso foi tamanho que se repetiu por mais de uma vez em cada clube. O conjunto o de sempre : Hildegardo Benício.

Lembro-me bem, sem nenhuma dúvida, que as minhas prezadas amigas Edna Saldanha e Maria do Sol Bezerra desfilaram representando o estado do Paraná como uma autêntica  colhedora de café e uma paulistinha respectivamente. 

Duvido que elas com suas  memórias prodigiosas não se  lembrem da música  que  o Hildegardo tocou para elas desfilarem.

Os tempos eram outros, os costumes também, os eventos se convertiam em  manifestações nobres capazes de marcar pela decência  a memória de todo aquele que ainda  tem a capacidade de sentir saudades.

Estive nestes bailes  com o meu  colega do colégio, amigo e camarada Anario de Sá Cavalcante.  Pedimos uma "cuba montilla" ao garçom "Fuin" servida sob o olhar desconfiado do Mário Frota  dono do bar.

Naquele tempo de antanho estudante não tinha dinheiro.

116 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.



Os palitos do Crato.

O hábito de usar palito, acredito ter aparecido no correr do tempo pela necessidade do homem em se livrar de restos incômodos. Ainda hoje, quando nos encontramos no meio de um capinzal, vem-nos aquela  vontade compulsiva de pegar um talhinho e esgravatar os dentes.

Por volta dos anos quarenta do século passado,  meus ascendentes que moravam em sítios, usavam após as refeições quebrar uma vara  de marmeleiro, que facheando-se, fornecia-lhes  pequenos felpos aguçados  e fortes para limpar os dentes.

Num estágio mais avançado, lembro-me de ter conhecido cidadãos da sociedade cratense, que eram exímios  fabricantes de palitos e manufaturavam  este utensilio  em situação as mais diversas.  Dentre os mais habilidosos faço referencia  a Pedro Norões, Expedito Bezerra de Brito e Juvêncio Barreto.

O mais reservado deles era Juvêncio Barreto, porém foi quem conseguiu fazer chegar  parte de sua produção  a nossa Capital Federal e para um consumidor muito importante, o presidente da republica  General Ernesto Geisel.

O presidente provou a mercadoria  por intermédio de Humberto Barreto, filho do senhor Juvêncio e também considerado como filho do general. Depois que o pedacinho de madeira  foi aprovado, a demanda ficou constante.

115 - O Crato de antigamente - Por Antônio Morais.


O Crato sempre foi uma cidade muita rica de cultura, esporte e lazer. No futebol da bola pesada se destacou com grandes equipes e grandes craques.

VOTORAN - Campeão 1968.

Da esquerda para direita em pé - Walter Pinheiro Leite, o técnico, Miguel, Cisa, Tito, Zezé e Iranildo.
Na mesma ordem agachados - Reginaldo, Carlos Cruz, Erasmo e Marcos Damasceno.
Mascotes - Sérgio Cruz e Paulinho Barreto.

114 - O Crato de antigamente - Por Antônio Morais.



Belíssima  imagem localizada no antigo aeroporto na Chapada do Araripe em Crato. Construído em 1953,  tendo sido desativado na década de 1970.

Foi palco de grandes acontecimentos políticos e sociais, como, por exemplo, os desembarques do Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco e a apoteótica chegada de Wanda Lúcia Gomes de Matos Medeiros, Miss Crato, após ser eleita Miss Ceará, em Fortaleza, Foto.


Esse bairrismo entre Crato e Juazeiro vem de longe. Por ocasião da criação do Aeroporto Regional do Cariri, Crato e Barbalho se uniram em defesa da construção do Aeroporto na faixa de terra denominada Santa Rosa, situada, precisamente, na divisa dos municípios.

Em decorrência da impossibilidade da instalação do Aeroporto no local pretendido por essas comunidades, surgiu a alternativa de se fazer na Serra do Araripe ou em qualquer outro lugar, menos em Juazeiro.

Diante do impasse, o Ministério da Aeronáutica designou uma comissão chefiada por um militar graduado, para verificar "in loco", a melhor situação geográfica. Chegando a Serra do Araripe, a comissão optou por Juazeiro.

Antes do retorno da comitiva, o Brigadeiro, chefe da Comissão, sentindo necessidade de urinar, afastou-se um pouco, e adentrou a mata. Nessa ocasião, Jenário Oliveira, juazeirense de fibra, convenientemente, aproximou-se do Brigadeiro para colocar mais uma inconveniência na preferência dos cratenses, advertindo-lhe: Brigadeiro, o Senhor não se afaste muito, não! Por aqui, está cheio de onças!

Não foram as onças que levaram o Aeroporto para Juazeiro, foi a falta de poder político das lideranças do Crato que se apequenam a cada dia que passa. 

113 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Em pé, Leonel, Tiago e Flamínio, sentados Donita, o casal Dr. Josio Araripe e Dona Eneida e Zinia.  Essa relíquia  foi colhida no  último encontro  da  família, em 2003. 

Um empresário do Crato, muito bem sucedido, que não revelo o nome nem sob tortura, resolveu  entrar para a atividade politica.
À época existiam dois partidos políticos, o PDS com três legendas para atender aos aliados  do puder e o PMDB  de oposição.
O empresário procurou Dr. Josio,  presidente do PMDB  e depois  daquela preleção inicial  propôs e fez sua filiação.
Tempos mais tarde,  o empresário procurou  Dr. Josio para  comunicar  a sua decisão de se desfiliar  do partido. 
Alegações - "Fulano é um pai para mim, beltrano é um pai para mim,  sicrano é um pai  para mim", então  eu não posso ser filiado a um partido que faz  oposição a eles.

Dr. Josio pensou um pouco  e  encerrou a conversa dizendo : "Você é um homem de muita sorte, tem muita gente por aí procurando um pai e não encontra, você encontrou logo três".   

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

UM ANIMAL SAGRADO - POR ANTONIO MORAIS



Os do Sanharol dizem que o causo se deu no Roçado Dentro. Já os do Roçado Dentro asseguram que foi no Sanharol. Eu não digo nada, me abstenho, as localidades são muito semelhantes na geografia e praticamente iguais na historia. 

A ocorrência versa sobre um animalzinho sagrado para os habitantes do lugarejo. Batelão, o jumentinho de dona Belizária, uma vendedora de agua de porta em porta, caiu em depressão. Não balançava o rabo, não abanava as orelhas, dos olhos escorria agua, fucinho ressecada, barriga igual a zabumba, e já há mais de um mês sem cagar.

Mas, como foi acontecer uma coisas dessas? Só podia ter sido agoro, feitiço, mal olhado, para o bichinho ficar com a espinhela caída. Ofereceram-lhe todo tipo de mezinha e nem um sinal de melhora. Cada vez se definhava mais. 

Por fim apelaram para ultima alternativa que restava: se há gente com poder de fazer o mal, há de ter alguém com o mesmo poder para pratica do bem. Assim o povo todo foi convocado para salvar o animalzinho da morte.

Introduziram no fundo do jumentinho um canudo e cada cidadão ou cidadã soprava para expulsar o mal que se abatia sobre Batelão. Quando todos já haviam soprados, sem nenhuma melhora aparente, o prefeito Pantaleão Trambicando Neto se ofereceu para dar o sopro oficial. 

 Acionado o cerimonial, foguetão riscando os céus, a banda de musica executando o hino: Saudades dos bons costumes, aproxima-se a comitiva. A frente a primeira Dama Mandalina das Ordens e o seu chefe de gabinete Belarmino Subserviente Sobrinho.

De microfone em punho é feito o anuncio: o representante do povo, ali estava para num ato de humanidade, tentar salvar o Burrico de dona Belizaria. Antes porém, vamos inverter a posição do canudo, todos hão de convir que o senhor prefeito não pode colocar a boca onde todos já botaram!

Trocada a posição do canudo, vejam onde o prefeito foi soprar, talvez seja por essa razão que por lá dizem que: assim como o lixo atrai as moscas o poder atrai os bajuladores. 

Não houve remédio, Batelão bateu a biela e o prefeito construi um monumento para sua homenagem na entrada da cidade.

RISO - Por Antônio Morais

01 - O condenado à morte esperava a hora da execução, quando chegou o padre: Meu filho, vim trazer apalavra de Deus para você.- Perda de tempo, seu padre. Daqui a pouco vou falar com Ele, pessoalmente. Algum recado?

02 - Às vezes você chora e ninguém vê as suas lágrimas. Às vezes você se entristece e ninguém percebe o seu abatimento. Às vezes você sorri e ninguém repara na beleza do seu sorriso. Agora...PEIDA, pra ver....

112 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Sinceramente eu gostaria que o meu amigo, parente e camarada  Heitor Brito desse uma olhada  nesta postagem e avaliasse a criatividade  "Os Britos"  para alcançarem a fama  mundial.

Raríssima foto "The Beatles" no sitio "Boqueirão", distrito de Dom Quintino, Crato na época em que a banda ainda se chamava "Os Britos". 
Era formada por João de Heleno (Jonh Lennon), Paulo Macário (Paul McCartney), Jorge de Hérilson (George Harrison) e Ringo Está, assim chamado porque, em todo fim de tarde os amigos iam na casa dele convidá-lo para uma pelada no campinho do "Juá" e gritavam: Ringo está?  Como nunca estava, essa pergunta virou apelido. 

As músicas dos "Britos" eram estranhas, esquisitas, cheias de requififes, ninguém entendia bem, por isso eles precisaram se mudar do Crato para a Inglaterra e a partir de lá conquistaram o mundo.
Esse burrinho desocupado era do Antônio Correia Lima, jornalista, historiador e memorialista da Ponta da Serra, guia turístico do grupo à época.

111 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.



Dr. Jósio de Alencar Araripe,   era um homem muito digno, inteligente,  culto, um intelectual completo na expressão da palavra.

Foi vereador no Crato por diversas legislaturas. Elegante, distinto, educado, mas sempre muito, muito sincero e positivo. 
Um dia, estava na tribuna defendendo um projeto de sua autoria, quando um vereador pediu um aparte. 
Aparte concedido o vereador falou: eu "disconcordo"  do seu projeto!
Dr. Josio  respondeu de forma  pausada e quase teatral : E, eu  discordo do seu "disconcordo".

Outra vez, um  vereador estava na tribuna, destilando  seu veneno contra a administração municipal e Dr. Josio pediu um aparte. Não dou, respondeu o vereador.  
Repetindo  por mais  duas ou três vezes. Na quinta vez Dr. Josio pediu novamente  o aparte e o vereador respondeu zangado : "Num dou, eu num já disse que num dou".
Dr. Josio prendeu os lábios para não ri e completou - "Pois me venda".

Foto Dr. Jósio de Alencar Araripe,  a esposa Eneida Figueiredo Araripe, Cauby Pequeno de Figueiredo, jornalista e escritor José Alves de Figueiredo Filho, Zuleika Pequeno de Figueiredo. O bebê é Tiago Figueiredo de Alencar Araripe.

110 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Madre Feitosa jovem

Maria Carmelina Feitosa, ou Madre Feitosa como é conhecida,  nasceu em Tauá, em 13 de setembro de 1921. Estudou o ensino secundário em Crato, no Colégio Santa Teresa de Jesus, decidindo, aos 16 anos, ser religiosa na Congregação do mesmo nome.  Lá iniciou sua longa vida de educadora. Com o passar do tempo tornou-se diretora daquele renomado colégio cratense, acumulando este ofício com a função de Secretária Geral da Congregação, Vice Supervisora Geral da Ordem, em três mandatos consecutivos, num total de dezoito anos. Assumiu a direção da Casa de Caridade de Crato em 1961. Obteve graduação em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia de Crato e, em 1969, fundou o Colégio Pequeno Príncipe, educandário que dirige até hoje.

Madre Feitosa na maturidade

Uma mulher vocacionada
Ano passado, quando era bispo diocesano de Crato, Dom Fernando Panico mandou uma mensagem para Madre Feitosa, na data em que ela completou 75 anos como religiosa, na Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus. Abaixo um trecho da mensagem:

 “Embora ausente da cidade de Crato (por compromissos inadiáveis, anteriormente assumidos), neste dia em que a senhora comemora as Bodas de Brilhante da sua profissão religiosa, gostaria de manifestar minha presença – nesta solenidade –, por meio desta mensagem. 75 anos não representam somente uma existência, mas uma longa existência! E o que dizer de uma vida que caminha para os 95 anos de idade, neles contidos os 75 anos vividos da sua vocação religiosa como uma autêntica filha de Santa Teresa de Jesus? Vocação é, antes de qualquer coisa, ter o coração cheio de amor a Deus e aos irmãos. E é isso que tem caracterizado a sua benéfica existência entre nós...

“Na distante data de 23 de janeiro de 1940, a Senhora proferiu seus votos religiosos, ainda no verdor primaveril dos vinte anos de idade. Foi quando a senhora sentiu que sua opção de vida não seria igual à opção sonhada pela maioria das moças daquela época, ou seja, encontrar um “príncipe encantado”, contrair um matrimônio e formar um lar. Naquela data, a Senhora fez outra escolha, mais difícil, sem atrativos materiais. A Senhora deixou de alimentar os sonhos das riquezas materiais, da mundana convivência com a sociedade daquele tempo e não buscou reconhecimento nem honras. Optou pelo ideal da pureza, da humildade, da obediência e dos verdadeiros valores que são os eternos. Abraçou uma vida para amar a Deus e servir ao próximo... “Foi isso que a Senhora fez durante sua longa e abençoada existência!

 “Querida Madre Feitosa: A Vida Religiosa é um dom de Deus para a Igreja e para o mundo. Aos olhos dos homens, parece ser loucura. No entanto, podemos compreender o sentido da Vida Religiosa na gratuidade, no serviço e na doação pela causa do Reino de Deus, que se traduz na paixão por Cristo e pela humanidade. Na exortação Alegria do Evangelho, o Papa Francisco nos diz: “onde estão os religiosos existe alegria”. Somos chamados, na Vida Consagrada Religiosa, a experimentar e mostrar que Deus é capaz de preencher o nosso coração e fazer-nos felizes sem necessidade de procurar, noutro lugar, a nossa felicidade, que é a autêntica fraternidade vivida nas comunidades cristãs e na vivência cotidiana do Mistério Eucarístico que nos alimenta”.


Madre Feitosa na ancianidade

Por Armando Rafael.

domingo, 28 de janeiro de 2024

Definição de avô - Postagem do Antonio Morais.


Redação de uma menina de 8 anos, publicada no Jornal do Cartaxo, em Florianópolis. 

Um avô é um homem que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. Os avôs não têm nada para fazer, a não  ser estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam nas flores bonitas e nem nas lagartas. Nunca dizem: Some  daqui!, Vai dormir!, Agora não! Vai pro quarto pensar!

Sabem sempre o que a gente quer saber. E, sabem como ninguém a comida que a gente quer comer. Quando nos contam histórias nunca pulam partes e não se importam de contar a mesma história várias vezes.

Os Avôs são as únicas pessoas grandes que sempre têm tempo para nós. Não são tão fracos como  dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós.

Todas as pessoas  devem fazer o possível para ter um Avô, ainda mais se não tiverem televisão.

Meu bisneto João David.


109 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.

 


Edifício Caixeiral - Crato, CE. 

Vicente Alves Bezerra, filho de José Raimundo do Sanharol - Várzea-Alegre se casou com Isabel Pereira de Brito, filha do Major Eufrasio Alves de Brito  do Sitio Malhada  em Crato. 

Do casal nasceram dois filhos, José Bezerra de Brito, professor Zuza Bezerra e Antonio Bezerra de Brito que desde jovem  foi  para Fortaleza e não mais voltou para o Crato.

Em Fortaleza,  Antonio, Toinho Bezerra foi presidente da Associação  dos  Empregados no Camercio. Enviou os estatutos para  o irmão Zuza Bezerra em Crato que juntamente com  o Perofessor Pedro Felício Cavalcante  criaram a Associação  dos Empregados  no Comércio do Crato.

Sede da Escola Técnica de Comercio, no cruzamento das ruas Dr. João Pessoa com Coronel Luiz Teixeira, centro  da cidade.

O suntuoso prédio escola pertence  a  "Associação   do Comercio de Crato"  idealizada pelo professor José Bezerra de Brito, Zuza Bizerra e  edificada  pelo  empreendedorismo do professor Pedro Felício Cavalcante.

Desejo, espero e confio que não o levem  ao chão como fizeram  e fazem com  tantos outros.

108 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.

Em 13 de Abril de 2022 foi comemorado o centenário de nascimento de José do Vale Arraes Feitosa.

O professor José do Vale era um homem bem humorado e brincalhão. Peço permissão para contar umas historinhas que ouvir dele numa viagem que fizemos a sua terra natal Aiuaba. 

A história não tem testemunhas, mas as pessoas envolvidas na brincadeira são vivas e podem confirmar : Informe-se com o professores João Gomes de Borba Maranhão e Jorge Nei Pinheiro Leite, Diretor do Colégio Agrícola à época do fato.

Lá pelas décadas de 40 e 50 do século passado a professora Tereza Pinheiro Teles teve uma queda de asa, um sentimento por um jovem rapaz que foi embora do Crato, e, ninguém mais soube o seu destino, seu paradeiro. Nunca mais se ouviu falar dele. 


Estimada e querida professora de biologia Tereza Pinheiro Teles, ao centro de óculos escuro,  minha turma do Colégio Estadual  1969/1971. 

Um dia, José do Vale disse para Tereza : Você lembra aquele rapaz, assim, assado, ela sem respirar: lembro, era muito distinto, elegante, educado e simpático. 

Então, José do Vale completou - Está na França, se naturalizou, mudou o nome para "Pierre Petit" e esta em Crato. Vai dar uma palestra hoje a noite na Faculdade de Filosofia.

Nesse dia José do Vale foi mais cedo para faculdade, ficou esperando a reação da professora que em pouco tempo surgiu toda produzida, andando do auditório ás salas e secretarias a procura do francês. 

Quando viu José do Vale se acabando de ri disse furiosa : Foi você né, com suas brincadeiras bestas. Não tinha coisa melhor para fazer não?

sábado, 27 de janeiro de 2024

Por onde andam? - Por Antonio Morais

Dois Rubis - Petrucio Amorim.

Turma de 1971 - Colégio Estadual Wilson Gonçalves - Crato - CE. Eramos 31 alunos. 12 meninas e 19 marmanjos. Formávamos uma verdadeira família, ficávamos  mais tempo junto nas atividades escolares, do que em nossos lares. Entre as meninas uma se destacava pela exuberância e simpatia. Morena, cor de canela, uma florzinha de laranjeira, olhos ligeiros, de indefiníveis cores, não sei bem, ao certo,  se verdes, castanhos ou pretos. Nunca os definir. 

A verdade é que os marmanjos todos estavam sempre  de olhos nela, inclusive eu. Terminado o curso, nos espalhamos todos mundo a fora como os chumbos de uma espingarda soca-soca que dispara sem direção. 

Vinte e cinco anos mais tarde, vinha eu dirigindo o carro, a ouvir a Elba cantar "Dois Rubis",  e, o telefone toca. Do outro lado da linha, uma voz inconfundível pergunta: Antônio?  Você ainda mora no Crato? Eu estou no Crato e, quero te ver. Pois num é que era a danada. A definição veio na hora. Os olhos pareciam "Dois Rubis". O que a musica não é capaz de fazer!.

Dedicado aos ex-colegas: Jflávio, Chico Rainha, Leirton, Antônio Primo, Antonio e Aluisio Mendes, Helmano Lobo, Pedro Airton e Anário o mais sem vergonha da turma.    

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

107 - Dona Fideralina, Negros e Cabras - Por Antônio Morais


O Tatu, sítio de sua propriedade e sob o seu comando, apesar de apresentar uma paisagem peculiar, era semelhante a tantas outras da região, regularmente organizadas, com a casa-grande, a capela, o engenho, o açude e os casebres dos moradores, formando a central administrativa da atividade corriqueira do meio: a agropecuária. 

Entretanto, a referida capela, construção muito mais rara a época, nos sítios daquela zona, assim como a presença do negro, bem mais acentuada que nas demais propriedades, emprestavam ao Tatu um aspecto especial, configurando um latifúndio.

Em geral, nas conversações sobre Dona Fideralina, se lhe faz referência ao gosto ou costume de ter sempre muitos negros no Tatu. Esta particularidade da sua vida está comprovada, através so folclore poético da região. Velhas quadras populares, como estas:

Fazenda Tatu.

O Tatu pra criar negro,

Sobradim pra criação,

São Francisco pra fuxico,

Calabaço pra algodão,

Caraíba é prata fina,

Suçuarana, ouro em pó,

Xiquexique, mala veia

E o Tatu é negro só.

Cercado de negros e cabras as suas ordens, numa propriedade de ares latifundiários, detendo o poder supremo no seu município e influindo na política do Ceará, Dona Fideralina, descendente e ascendente de líderes políticos de reconhecido prestígio, transformou-se em símbolo do mandonismo sertanejo, numa das figuras de prol da história do coronelismo nordestino. 

Essencialmente vocacionada para o mister político, dotada de superior capacidade de liderança e dominação, forte, autoritária e brava, não seria de estranhar que sua influência extrapolasse, como de fato extrapolou, as fronteiras do seu reduto e se fizesse exercer sobre a região e o Estado.

Essa abrangente ascendência de mandona de Lavras da Mangabeira não poderia deixar de ser evidenciada, como seus negros e cabras, pela inspiração dos bardos sertanejos, intérpretes fiéis do pensamento do povo, como no caso desta sextilha, atribuída ao repentista Zé Pinto – José Pinto de Sá Barreto:

O Belém manda no Crato,

Padre Ciço no Juazeiro,

em Missão Velha Antônio Rosa,

Barbalha é Neco Ribeiro,

Das Lavras Fideralina

Quer mandar no mundo inteiro.

Extraído do livro – Ensaios e Perfis – Joaryvar Macedo.

106 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.



Foto - Da direita para esquerda: prefeito do Crato, Pedro Felício, prefeito de Juazeiro José Teófilo Machado, Presidente Castelo Branco, demais autoridades.

O primeiro Presidente da Republica do regime militar, da revolução de 1964, da ditadura, Humberto de Alencar Castelo Branco visitou o Crato durante seu mandato.

O Prefeito municipal Pedro Felício Cavalcante, escalou o nobre professor José do Vale Arraes Feitosa para saudar o presidente da republica. José do Vale recusou o convite em solidariedade ao Dr. Miguel Arraes, de quem era amigo, governador de Pernambuco, cassado e exilado pelo regime de então.

Atitude altaneira, corajosa e desassombrada de um homem de índole boa, caráter refinado, decência e honradez esmeradas, qualidades nascidas do berço. Qual dos beija mãos de hoje seria capaz de uma atitude nobre dessas?

105 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


No inicio da década de 60 do século passado, nasceu um menino na casa de um jovem casal da cidade de Barbalha, terra dos canaviais do cariri cearense.

A mãe bateu o pé : Os padrinhos serão John Kennedy e Jaqueline. Nada mais justo, o homem era o presidente dos Estados Unidos da América.

A família do casal, somando-se um lado e o outro, tinha pra mais de 50 votos. Logo apareceu um vereador, o prefeito e por fim um deputado para atender o desejo da família. 

A embaixada americana foi acionada em Brasília. Em pouco tempo chegou a Barbalha uma procuração dos padrinhos e o batizado se deu na matriz de Santo Antônio.

Os compadres receberam felicitações, parabéns e aplausos. Anos depois a tragédia, John Kennedy é assassinado barbaramente, fato que chocou o mundo e Barbalha também.

Quando o casal ouviu a noticia pela "Rádio Salamanca de Barbalha", a mulher correu rua a cima e rua a baixo gritando  desesperada : "Meu Deus do céu, como tará comadre Jaqueline uma hora dessa"!

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

MZ - POR ANTONIO MORAIS


O Blog do Sanharol deseja aos seus leitores e leitoras um final de semana de paz, harmonia, e cheio de risos. Dizem que rir faz bem a saúde, relaxa os músculos e os revigora. Então vamos rir com uma historia do Zaqueu!
Ei-la:
Zaqueu Guedes foi a cidade de Iguatu procurou uma revenda Honda e adquiriu uma moto zero  Modelo MZ. Trouxe para Várzea-Alegre e começou a labuta.

A bicha vivia no prego. O mecânico não tinha descanso. Certo dia, o dono da oficina perguntou: Zaqueu essa moto é novinha em folha? Sim, comprei na revenda de Iguatu. Qual a marca? Não sei. E esse MZ o que quer dizer?

Zaqueu pensou um pouco e não tardou a responder: não sei, mas só pode ser "Matou Zaqueu"!.



489 - Preciosidades Antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais


Poucos conhecem a historia de Izidora. Embora ela tenha sido testemunha do nascimento de diversas gerações dos do Sanharol e circunvizinhanças. Vivia de casa em casa e muitas vezes era chamada em cima da hora. Recebeu esse nome de batismo de Antonio Alves de Morais, o conhecido Antonio Alves do Sanharol que pelo menos 12 vezes recebeu os seus prestimosos serviços. Quando a gestante dava sinal do parto corriam a casa do seu dono Pedro Alves de Morais, Pedrinho do Sanharol para buscá-la.

Izidora era feita de tabuas de pau darco e um couro curtido de boi, uma jerigonça cuja atribuição era desempenhar o papel de uma cama. Era a única daqueles tempos e o seu dono, sempre muito solicito, a emprestava a quem procurasse. Izidora era abençoada por São Raimundo Nonato, numa época em que não existiam pré-natal, cesariana, nem medicos, não houve noticia de óbitos por parto testemunhado por ela. Izidora, poucos conhecem sua historia para agradecer e ser grato por sua solidariedade e companhia.

488 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - POR ANTONIO MORAIS


O Inharé é uma localidade do distrito sede de Várzea-Alegre imprensada pelos sítios Sanharol, Gibão e Chico. Lugar de gente pacata, mansa e ordeira desde os primórdios. Habitavam-no, a principio, Seu Nelinho, Mestre Silvino, Gustavo, José Bitu Filho e outros mais. Na década de 30 do seculo passado José Bastião, filho de Raimundo Bastião e Mariquinha começou um namoro com Maria Júlia, filha de Gustavo. 

Numa tardinha José Bastião encontrou a namorada tristonha e chorosa. Procurou saber o que a transtornava. Ela respondeu: José, este namoro nosso não dar certo, sua tia Madalena Bitu disse que eu sou negra e que você devia procurar uma  moça da família para namorar, estou convencida que ela está certa. José Bastião respondeu em cima da bucha: e o que aquela barata descascada tem a ver com minha vida?

O desaforo de José Bastião chegou aos ouvidos de Frazo do Garrote e depois do mundo. Menininho Bitu, filho de Madalena, uma espécie de juiz de paz e conselheiro do lugar, que ninguém  tomava decisão sem ouvi-lo, tomou as dores da mãe e esperou por José Bastião na casa de Manuel de Pedrinho. Quando José Bastião  se aproximou ouviu a pergunta ameaçadora: Você chamou minha mãe de barata descascada?  Chamei sim! Com que direito? Quem mandou ela se meter na minha vida! 

Menininho mandou a mão e, José Bastião se desviou habilmente ao mesmo tempo que aparou com a outro mão o peduvido nocauteando o primo. È costume das pessoas tomarem o partido do mais forte, e assim ocorreu, Manuel de Pedrinho e os filhos Geraldo e Bilé abufelaram José Bastião e Menininho ficou a vontade, foi a cerca tirou uma vara de marmeleiro e desceu em direção do pé da lata de José Bastião, que num passo de magica se desviou e trouxe Manuel de Pedrinho para debaixo da vara, foi bater na marra do chocalho e o velho ir a nocaute também.  

Assinado o cessar fogo, Menininho tratou de abanar Manuel de Pedrinho e, nesse dia José Bastião não foi namorar, voltou  para casa no sitio Canto.

José Bastião e Maria Júlia se casaram, tiveram vários filhos e viveram mais de 70 anos casados. Certo o ditado: dar conta  da tua vida, deixa os outros cuidarem da deles. 

487 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais


Existem historias e estorias que não devem ser expostas para não melindrar as pessoas, mas que devem ser mostradas para que  se tenha conhecimento do quanto o ser humano é capaz  na arte de bajular ou puchar o saco. Boa parte  dos varzealegrenses é mestre. É o caso desta  historia  acontecida  com três varzealegrenses há poucas décadas do seculo passado.

O fato é que não se bajula por acaso, o bajulado é aquele  cidadão que se destaca, tem prestigio e puder econômico e  politico. O bajulador é geralmente  aquele que  se submete a ridicularidades diversas para demonstrar agrado.

Assim é que  os três conterrâneos estarão presentes  na historia com a numeração ordinal - Primeiro, Segundo e Terceiro.

Primeiro  - aquele conterrâneo que  teve a oportunidade de  quando jovem sair  para estudar  noutros  centros, se formou em medicina e  o destino se encarregou de  lhe  dar oportunidades de servir a sua terra e sua gente. É um vitorioso de sucesso.

Segundo  -  aquele que apesar de reconhecer méritos e ter gratidão ao primeiro não chega a ponto  de negar a si mesmo para agradar a outrem.

 Terceiro - aquele bajulador inveterado  que não se acanha  de ser e causa  raiva aos  menos bajuladores.

O fato é que o Segundo e o Terceiro, como a grande maioria dos conterrâneos foram para São Paulo.  Encontraram emprego, ganharam dinheiro, mas não esqueciam  a terrinha. Na primeiro oportunidade, faziam viagens a sua terra natal. Matar saudades, rever parentes e amigos.

O Segundo  tomando conhecimento que o Terceiro  estava de viagem marcada procurou saber se  era possível  levar uma encomenda para o Primeiro. Sem antes  deixar de explicar que se tratava de encomenda preciosa e fragil que  precisa de cuidados especiais na condução. O  portador se prontificou  com a promessa de ter o merecido cuidado.

Então foi preparada e entregue a encomenda e o Terceiro que viajou de ônibus, de São Bernardo a Várzea-Alegre levando a caixa bastante pesada no colo. Sem desgrudar um minuto da atenção.

Chegando em Várzea-Alegre, antes mesmo de  rever parentes e amigos, foi até a residencia do destinatario entregar a valiosa encomenda.

O agraciado, que já havia sido avisado pelo remetente abriu a caixa na presença do portador. Para surpresa deste, dentro da caixa estava uma pedra de calçamento de aproximadamente 10 quilos.

Isenção - Por Antônio Morais



Tenho domicilio eleitoral em Várzea-Alegre desde 15 de maio de 1972, ano em que votei pela primeira vez. Nunca transferi para o meu endereço em Crato. 

Nunca fui, nem sou  filiado a nenhum partido. Votei em tudo que foi candidato da terra: Amigo, parente, estranho e, tem uma curiosidade: nunca perdi um voto em eleições para prefeito,  todos em que votei se elegeram e, outro detalhe, não conheço o prédio construído por Hamiltom Correia da porta pra dentro. Se você não sabe que prédio é este, trata-se da prefeitura municipal. 

Conheço  a historia  da politica e dos políticos de Várzea-Alegre direitinho. Todos, dos velhos aos mais jovens já passaram por tudo que é partido politico. Partido bom é o que está no governo, no puder. 

Todo mundo sabe minha decisão para as eleições de Outubro vindouro. Sempre votei em projeto. Eu acredito no projeto atual e vou apoiar com o meu voto. Mas isso não tira o direito de  criticar quando entender que devo. 

Estamos há pouco mais de um mês do prazo final para o lançamento de candidaturas. Não se tem conhecimento de quem  seja candidato. Como se dizia antigamente: Estão todos na moita, escondendo o leite. 

Esperamos que os nossos lideres consolidem projetos especiais que atendam aos anseios de nossa gente e, resultem como consequencias no progresso de nossa cidade.


terça-feira, 23 de janeiro de 2024

486 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais

João Francisco – Foto do Wilson Bernardo.

Já escrevi alguns textos sobre João Francisco. Falei dos serviços prestados a comunidade de Várzea-Alegre como tabelião e hoje vou falar de um desafio que poucos atentaram para o fato. Por toda sua vida João Francisco foi partidário de uma tendência política local, a UDN, sucedida pela Arena e pelo PDS, sendo fiel aliado. Quando João decidiu disputar uma eleição se candidatou exatamente por outra legenda, contra os seus antigos correligionários, vencendo-os, fato inédito e nunca visto na historia. Elegeu-se prefeito de Várzea-Alegre e fez um mandato com independência, transparência, decência e de acordo com o que determina as leis.

Muitas pessoas estranharam o seu modo de administrar, a quebra dos velhos costumes e vícios na utilização do dinheiro publico, e, vários causos ficaram registrados no período em que esteve à frente do município. A seguir relatamos alguns causos:

01 – Uma senhora procurou o prefeito para solicitar do mesmo a pagamento de uma prestação da televisão que estava atrasada. Negado. A mulher se danou e disse: eu me enganei muito com o senhor! O João Francisco emendou – Não foi só você.

02 – Os professores em greve foram em comissão falar com o prefeito: Queremos que o senhor fique sabendo que se não melhorar o nosso salário nós vamos entrar em greve: Resposta: Saibam que fazem mais de 60 anos que deixei de estudar. Concedeu aumento de 1000% de acordo com as possibilidades da prefeitura e não pela pressão.

03 – Era costume ver animais soltos nas ruas centrais da cidade. Um dia um jumento montou, subiu noutro em plena praça. Um caboclo oposicionista para zuar com ele disse: isso é que é falta de um prefeito! Ele respondeu na maior calma: não, isso é falta de uma jumenta! No outro dia determinou a prisão de todo e qualquer animal que se encontrasse solto nas imediações da cidade.

Com esta determinação ganhou vários desafetos. Como observamos nos exemplos acima, João Francisco é símbolo de sinceridade, decisão e correção.

485 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais


No café do João de Adélia, em Várzea-Alegre, onde se degustava o melhor café com bolo ligado e o melhor tijolo de leite com rapadura, estavam alguns amigos levando um lero.

 Raimundo Leandro, fazendeiro, comerciante e criador de gado leiteiro, fazia de sua atividade principal a venda de leite bovino e seus derivados: nata, manteiga e queijos etc.

 Inacinho era comerciante do ramo de tecidos e tinha a responsabilidade de anotar e informar para a “funceme” a quantidade de milímetros de cada chuva caída na localidade.

Neste dia choveu forte e todos estavam admirados com o volume  das enchentes dos riachos do Feijão, do Machado, da Formiga e do Graviel.

 Um deles falou: a chuva foi de 200 mm. Raimundo Leandro achou exagerado o tamanho da chuva e, perguntou: Quem falou que foram 200 mm? Outro respondeu de pronto: Foi Inacinho!

Raimundo Leandro sem perceber que o Inacinho havia chegado ao local disparou: O Inacinho bota água.

E, Inacinho sem se aborrecer com o que dissera o Raimundo Leandro encerrou a conversa sem tetubiar: Boto, mas não vendo.

104 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.

A pobreza do primeiro Bispo de Crato.

Quem via Dom Quintino vestido com sua indumentária de bispo – batina preta com faixa roxa à cintura, casas dos botões na mesma cor; cruz peitoral e anel, ambos de ouro – não podia imaginar que por dentro daquela imponência habitava uma pessoa pobre e de hábitos simples. Ele assim se vestia para cumprir as orientações da Igreja, àquela época. Na verdade, Dom Quintino nunca aspirou a ser bispo (chegou a rejeitar a nomeação para a Diocese de Teresina), mas levava a sério a altíssima dignidade desse cargo. Além do mais, sabia separar a função episcopal da sua pessoa. Tinha ciência de que a cruz peitoral e o anel episcopal não eram dele, enquanto pessoal, individual, e sim representavam símbolos da sacralidade da hierarquia, na Igreja Católica, da qual ele era um lídimo representante.

Sabemos que Dom Quintino era muito devoto de Santa Teresa de Jesus e se identificava com a espiritualidade carmelitana. Aí incluída a pobreza apostólica. No que consiste esta? Na imitação da pobreza de Cristo. Jesus foi pobre, desde o momento de sua concepção no seio da Virgem Maria. Depois, quis Ele nascer em Belém, na mais completa desnudez. E durante sua vida pública – conforme lemos nos Evangelhos – não tinha onde reclinar a cabeça, contentando-se, muitas vezes, com o dormir ao relento.

Todos os que escreveram sobre o primeiro bispo de Crato são unânimes em reconhecer em Dom Quintino uma pessoa desapegada dos bens materiais. Durante os quatorze anos, nos quais foi bispo, residiu numa casa alugada – pagava trinta mil réis mensais – a um rico proprietário de Crato, José Rodrigues Monteiro.
Padre Azarias Sobreira, no seu livro “O primeiro Bispo de Crato”, escreveu: “A muitos que só o conheceram superficialmente parecerá um paradoxo. Mas é fora de dúvida que Dom Quintino viveu pobre e morreu paupérrimo. Tirante os móveis de casa e as insígnias episcopais, o seu único legado foram os livros e um cavalo de estimação, que o vigário de Saboeiro, Padre José Francisco, lhe havia oferecido.

“Dinheiro? Nem quanto bastasse para as custas do seu enterro. Propriedades? Nem sequer uma casa de palha. No entanto, S.Exa. passou quinze anos regendo a melhor paróquia do Estado (à época, Crato e Juazeiro reunidos), e outros tantos anos no governo de uma diocese brasileira.

“Quando vigário de Crato, segundo teve ocasião de me dizer, mandou, diversas vezes, à casa do milionário José Rodrigues Monteiro, tomar de empréstimo o dinheiro necessário para a feira da semana (...) Vendo-o entrar na velhice sem ter feito a mais pequenina reserva pecuniária, tomei, um dia, a liberdade de aconselhá-lo a fazer seguro de vida. Deu-me a seguinte resposta o homem de Deus: “– Eu ainda não ouvi contar que um padre de boa vida morresse de fome. “E continuou a só pensar na sua querida diocese e nos alunos do seminário diocesano, esquecido de si mesmo e dos seus pelo sangue”.

Quando ocorreu a morte de Dom Quintino, a Cúria Diocesana não dispunha de dinheiro suficiente para seu sepultamento. Um cidadão cratense, José Gonçalves, abriu uma subscrição e saiu a percorrer residências e estabelecimentos comerciais angariando doações para o funeral do grande bispo. Graças a essa iniciativa, foram realizadas as exéquias daquele que, nos últimos quatorze anos, fora o homem mais importante do Cariri...

(*) Armando Lopes Rafael é historiador

103 - O Crato de Antigamente.

A foto resgata o maior evento religioso da Diocese do Crato desde sua  criação. 

Visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, Peregrina Mundial, a sede da Diocese do Crato e às demais paróquias, ocorrida em 13 de Novembro de 1953, no ano do Jubileu de Ouro Sacerdotal de Dom Francisco de Assis Pires, segundo bispo diocesano do Crato, e, do centenário de elevação do Crato à categoria de cidade.

O primeiro da esquerda para direita Mons. Rubens Lóssio, seguido por  Mons. Dermival da paróquia de Brejo Santo, o de batina preta não identificado, padre Demontiê, de óculos escuro que acompanhava a imagem na peregrinação, Audizio Brizeno, de terno  branco, o último a direita, sócio proprietário do Posto Crato,  a quem pertencia  o automóvel  que  conduzia a Imagem Peregrina.

Sustenta a história que  a imagem já estava na Sé Catedral e ainda  tinha carros e gente a pé  nas Guaribas.

102 - O Crato de Antigamente - Por Antonio Morais.

Foi o Cardeal Dom Sebastião Leme, à época, Arcebispo do Rio de Janeiro, quem atribuiu a Dom Francisco de Assis Pires – segundo Bispo de Crato – a designação de A violeta do episcopado brasileiro. Desde a Idade Média, a flor violeta simboliza fidelidade, castidade e humildade. Merecidamente, Dom Francisco ficou conhecido como “A violeta do episcopado brasileiro”.

Outros títulos foram-lhe atribuídos. Monsenhor Francisco Holanda Montenegro – no livro “Os quatro Luzeiros da Diocese” – refere-se a Dom Francisco como O Bom Samaritano. Já Monsenhor Raimundo Augusto – no opúsculo “Histórico da Diocese de Crato” – escreveu que o segundo bispo de Crato “era a caridade em pessoa. Desprendido dos bens terrenos, bondoso e manso, veio para servir aos seus diocesanos sem nada receber em troca”. Tudo em consonância com o lema episcopal escolhido por Dom Francisco: Não vim para ser servido, mas para servir. Monsenhor Raimundo Augusto justificou a sua opinião: “A longa e diuturna convivência com Dom Francisco, na prestação de serviços à Cúria Diocesana, autoriza-me a expressar-me assim. Vi de perto a riqueza de virtudes que ornavam sua alma Angélica, seu coração de ouro”.

Nascido no seio de uma rica família da capital baiana, Dom Francisco era, no dizer dos seus biógrafos, um verdadeiro aristocrata. Monsenhor Montenegro é taxativo: “Um rico que se fez pobre a serviço dos mais pobres”. É voz unânime que o segundo bispo de Crato tinha, realmente, predileção pelos mais pobres e mais sofredores. Por conta disso, possuía centenas de afilhados de batismo ou crisma. Dotado de uma delicadeza impressionante, tratava a todos – de qualquer condição social – com educação esmerada.

Entre os afilhados de Dom Francisco, um merece ser citado. No final dos anos 40 veio residir em Crato um casal francês, que sofrera as agruras da Segunda Guerra Mundial: Hubert Bloc Boris e sua esposa Janine. Hubert, em pouco tempo, tornou-se figura estimada na sociedade cratense, mercê seu temperamento extrovertido, facilidade de fazer amizades, além do destaque social adquirido por ser administrador do maior imóvel rural do Sul do Ceará – a Fazenda Serra Verde, localizada em Caririaçu – participar do Rotary Clube de Crato, dentre outros atributos de que era possuidor.

Hubert era judeu de nascimento, o primeiro, talvez, a integrar o rebanho das ovelhas pastoreadas por Dom Francisco. Este, aproximou-se do casal francês e, depois de longas e demoradas conversas, conseguiu a aquiescência de Hubert para batizá-lo na Igreja Católica. Bom lembrar que Janine tinha procedência católica o que facilitou, certamente, a conversão ao catolicismo do saudoso e sempre lembrado “Cidadão Cratense” (título concedido pela Câmara de Vereadores), Hubert Bloc Boris.

Dentre as muitas realizações materiais de Dom Francisco destacamos três: a construção do primeiro hospital do Cariri – o São Francisco de Assis – onde havia lugar destinado à indigência, ou seja, aos doentes pobres; o Liceu de Artes e Ofício (hoje extinto) destinado à profissionalização da juventude masculina de baixa renda; o Patronato Padre Ibiapina, também extinto, (cujo prédio é ocupado hoje pela reitoria da Universidade Regional do Cariri) destinado à educação de moças pobres.

Numa edição especial do jornal “Folha da Semana”, comemorativa ao centenário da cidade de Crato, com data de 17 de outubro de 1953, foi inserido um artigo da lavra do Padre Neri Feitosa, com o título “A venerável figura de Dom Francisco Pires”. Dali retiramos os seguintes tópicos:
“(...) Ele é eminentemente “Homem de Deus”, com um porte que fala de modo impressionante à piedade. Êmulo e imitador do pobrezinho de Assis, seu onomástico. Dom Francisco de Assis Pires é uma figura muito venerável de asceta contemplativo e cheio de bondade cristã.

“É de ver como se perturba, como se angustia, como sofre o coração do Bispo de Crato, quando se declaram sintomas (dos fenômenos periódicos) da Seca. Indaga sobre o sofrimento do povo, sobre as possibilidades dos poderes (públicos), sobre os migrantes, sobre a produção nas diversas zonas da Diocese. Com a mão trêmula pelos anos e pela aflição, traça as feições abatidas de seus filhos diocesanos, em telegramas a quem possa prestar socorro.

“Aquela face carrancuda não expressa nada aquela bondade compassiva e providente que lhe enche o grande coração de Bom Pastor.

“Por estas e por outras razões, Crato guardará, nos arquivos da justiça e da melhor gratidão, a lembrança perene desta venerável figura que constitui Dom Francisco de Assis Pires”.

Texto e postagem: Armando Lopes Rafael

101 - O Crato de Antigamente - Postagem do Armando Rafael.


Texto do Manuel Patrício de Aquino.
Há alguns anos (não muitos) viveu em Crato um mendigo chamado Pedro Cabeção. Jamais se soube o seu completo nome de batismo. Ou jamais se quis sabê-lo...

Mas Pedro era popularíssimo. Mormente entre a criançada, a quem sempre fazia rir (em especial quando metia o dedo polegar na boca, ou o fura-bolo, comprimindo-o para, em seguida, puxa-lo de repente a fim de conseguir sons engraçados (estampidos) com que agradecia as esmolas recebidas, ou simplesmente cumprimentar as pessoas.

Pedro andava sempre só, apoiado num velho cajado de “frei–Jorge”. Caxingando. Gemendo... Mas passava a maior parte do tempo “estacionado” numa calçada qualquer do centro da cidade, de preferência perto das esquinas ou nas proximidades da casa de Seu Mário Limaverde. Forrava o local com velhos e rotos panos e com pedaços de papelão. Tinha um banquinho de madeira, de um palmo de altura, onde, às vezes, se sentava ou expunha a desbotada lata de manteiga: seu caça-níquéis.

Apresentava, além da macrocefalia, outras bem visíveis deformações anatômicas, as quais, no entanto, não despertava a mínima curiosidade de ninguém, pois o importante mesmo era a sua enorme cabeça, que lhe valera a alcunha.

Pois bem, meu caro leitor. O Ceará de hoje, mais do que nunca, lembra-me o miserável Pedro Cabeção. Estado pobre. Paupérrimo. Com sua enorme e disforme cabeça (Fortaleza e a Região Metropolitana) e aleijões pelo resto do sofrido corpo. Mendigando pela televisão. E o seu homem do campo caxingando, gemendo, chorando... morrendo.

Desde a promessa do último brilhante da coroa do Imperador Dom Pedro II, que seria vendido, se preciso, para que ninguém aqui passasse fome, pouca – muito pouca coisa –mudou.

Quanto ao Cariri, que ninguém se engane: inobstante algumas aparências e apesar da propaganda enganosa, está perdendo, e feio a corrida do progresso. Ah! velho Pedro Cabeção, faz pena! E dá vergonha!!!

(*) Manoel Patrício de Aquino, advogado, é Presidente do Instituto Cultural do Cariri

Paixão politica - Por Nelson Rodrigues.

Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão politica. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.

484 - Preciosidades antigas de Varzea-Alegre - Por Antonio Morais


Moravam no Sanharol. Numa época em que a velhice era inteiramente desassistida. Pobreza absoluta. Aqui e aculá um arranca rabo, mas, apesar de viverem em pé de guerra, nunca se podia comparar a um Iraque.

Zé Chato ganhou de presente do Dr. Fransquim Feitosa uma dentadura. Com o tempo Jorvina passou a usá-la também. A mesma dentadura servia aos dois nas solenidades da igreja, passeios e visitas aos amigos, essa era a simples causa de andarem sempre separados.

Um dia Zé Chato foi pra feira semanal pela manha, ao retornar colocou a dentadura no lugar de costume, um copo abastecido com agua.

Jorvina terminou de arrumar a cozinha e disse: Ze, eu vou na casa de comadre Zefa do Sanharol. Colocou a dentadura, deu uma sugadinha e protestou: Covarde! comeu cocada e não trouxe pra mim.

Apesar de brigões, Zé e Jorvina fizeram 60 anos de casados.

483 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais



Esta é uma daquelas historias que se não houvesse  muitas testemunhas  não se tinha coragem de contar.  Passaríamos por mentiroso.

Raimundo Menezes separou 102 rezes no Sanharol para levar para a fazenda Iputy. Todo o rebanho estava  comendo na mesma manga, onde se encontra  uma planta daninha conhecida por tingui de paladar saboroso e agradável aos bovinos, porem  muito perigoso e mortal. Para movimentar o gado aconselha-se  fazer um  jejum de no minimo  8 dias para  que não se corra risco de perder algum animal.

Destas 102 rezes Raimundo Menezes  mandou que Picoroto, o encarregado e Junior filho deste, escolhessem  uma  cada e ferrassem. Escolhidas as duas rezes e ferradas, na hora certa e combinada  seguiam com o gado para  o Iputy. Quando a boiada andou  uns 200 metros caíram duas rezes asfixiadas por causa do tingui, tendo morte imediata. Verificado o ferro eram a de Picoroto e a de Junior. É isto mesmo só morre de quem tem.

482 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais


Uma das fazendas mais produtivas e mais conhecidas de nossa terra era o IPUTY pertencente a época ao  fazendeiro Antônio Máximo e dona Emília Mendes. Hoje em dia  é patrimônio  dos filhos de Raimundo Menezes.
Era costume e decisão  de todas as famílias abastadas  de antigamente escolher um dos filhos homens e  botar no Seminário para ser padre. Antônio Máximo e Dona Emília escolheram Antão,  o filho caçula, justamento o mais  dengoso, querido,  o mais difícil de se adaptar a uma vida de  disciplina religiosa, de conselheiro cristão e especialmente celibatário.

Antão  passou o primeiro ano no Seminário e quando retornou de ferias ao Iputy,  de batina e boina para cobrir a coroinha era o orgulho dos pais. Do lado da fazenda havia uma capoeira de algodão com boa visão da alpendrada da casa. Em algum momento um lote de jumentas  passou na maior carreia e o Seminarista atrás, uma mão afastava as galhadas de unha de gato e jurema e com a outra levantava a batina. 

Diante daquele  cena grotesca Chico Máximo, irmão de Antão gritou: Ei, onde vai ser a missa? Ele respondeu sem olhar para trás! Onde consegui pegar!



481 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Mundim do Vale

Foto de Jose Felipe de Sousa.

Zé Felipe e um ajudante conduziam um caminhão Ford com oito mil quilos de lã de algodão, da cidade de Várzea Alegre para Campina Grande na Paraíba. Quando chegaram ao sítio Exu, o carro atolou. Zé Felipe desceu olhou a situação e verificou que os pneus estavam quase cobertos de lama. Acendeu um cigarro e comentou com o ajudante, que tão cedo não seria resolvido aquele problema.Quando fazia esse comentário notou vindo na estrada, dois roceiros com as enxadas nos ombros e cabaça a tiracolo. Ele então falou com o ajudante que ia fazer uma brincadeira com os dois.Os dois chegaram ele falou:
- Bom dia meus amigos, foi Deus do céu quem mandou vocês. Eu estou com este carro atolado precisando de uma descolada, posso contar com vocês?
Os dois confirmaram com um balanço de cabeça e ele continuou:
- Pois bem, eu vou para a cabine, engato uma primeira e vocês empurram tá bom?
Os dois confirmaram novamente com a cabeça e colocaram as enxadas na margem da estrada. Zé Felipe chamou o ajudante e mandou que quando os dois estivessem empurrando o carro, ele escondesse as enxadas dentro do mato. Em seguida subiu na cabine acionou o motor, mas não engatou marcha nenhuma. Os roceiros com muita boa vontade empurraram o caminhão por mais de quarenta minutos sem saberem que o motorista estava com o carro em ponto morto.Os dois já cansados e suados, pararam para descansarem um pouco, quando um deles escorado na grade traseira disse:
Cumpade! Esse caminhão só pode é tá acuado, pruquê faz mais de meia hora qui é nóis dois tangendo e o chofé isporando lá dento e o bicho parece qui num saiu do canto. O outro botou a mão na testa como quem faz continência olhou na direção da estrada e disse:
- Meu cumpade tá inganado. Ele já andou e foi muito, qui eu num tou mais avistando as enxada.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

A GANÂNCIA DO BICHO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Às vezes, dá vontade da gente se subtrair do Mundo.

É quando o homem, bicho escroto do Planeta, faz das maldades uma constante.

Sem remorso, toma o lugar dos outros. Ganância que provoca as malditas desigualdades.

Minoria asquerosa que deseja tudo pra si. Tira, dizendo que está dando.

Responsável por diagnósticos somente às portas da morte. Sem um mínimo de sutileza.

Um embaralhado de privações e provações. Só porque o bicho escroto egocêntrico acha que deve ser assim.

Sem área para refúgio, ficamos a um palmo de distância do inferno.

Somos tomados por uma sensação de inexistência.

Estou puto. Vade retro, bicho ruim, a fumaça do Cocó pra você.

Carajo!

480 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais


Hoje, a foto tem maior significado histórico do que sua própria identificação. Fazer a identificação dos  personagens é coisa muito difícil, mas trata-se da primeira sorveteria de Várzea-Alegre. 

Funcionava onde depois foi instalada a Vencedora do nosso  conterrâneo José Primo de Morais, José Bilé. 

O proprietário serve uma garrafa de bebida aos clientes amigos. Vamos  ver quem se habilita  a identificar  alguém. 

Reconheci  quatro  figuras prestimosas de nossa terra: os dois de óculos, o de camisa de xadrez e o proprietário do estabelecimento.

479 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais


Identificação: Benilce, Chiquinha Marcelo, Valdercy Clementino, Fransquinha Holando, Telma Teixeira, Odalice Leandro, Maria das Virgens.

Sete jovens senhoritas participando de animada recepção movida a saborosos petiscos. Foto dos anos 60. Alegria e descontração. A palavra com os fisionomistas.

478 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais


Certa feita, num período eleitoral, de passagem por Várzea-Alegre, com uns amigos no Bar do Alberto Siebra para tomar uma gelada.

Conversa vai, conversa vem, bom papo, atendimento excelente, eis que passa um carro de som fazendo a publicidade justamente do candidato adversário do Alberto. Propaganda política já é um saco e do adversário nem se fala.

O Alberto observou o carro, o motorista e por fim deu uma boa cubada num motor a diesel ligado a um gerador, na traseira do Fiat uno, zoando igual um avião a jato: Disparou então: “Eita motorzão bom para aguar arroz”. 

Não houve quem não desse uma boa risada com o esnobamento do Alberto. Porém, naquele ano o candidato do amigo Alberto deu com os burros n'água: levou uma senhora lambuja.