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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 31 de agosto de 2023

161 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.

Francisco de Assis Menezes.

Quem é aquele por quem vertemos amorosa amizade? Por cuja ausência a família lamenta tamanha saudade? Que elevou a tantos e a tantos deu brilhantes exemplos? Amigo extremoso e verdadeiro.

Temo não proferir o seu nome, com todo o respeito que é devido. Temo pronunciá-lo, e não exprimir a falta, a profunda falta que invade a memória de seus amigos. 

Deixa que a face de Deus e dos homens se confessem o que a ele devemos.

Deixa que descreva tuas virtudes, virtudes não de túmulo, mas verdadeiras, para atestar as quais aí estão milhares de testemunhas.

Neste  texto que escrevo com a caneta da saudade eu faço um resumo de sua ascendência dedicada aos seus descendentes:

Pelo lado materno : 

Filho de Raimunda Correia Lima.
Neto em primeiro grau de Vicência Alves de Menezes, Vicencinha do Rosário.
Neto em segundo grau de José Raimundo Duarte, José Raimundo do Sanharol.
Neto em terceiro grau de Raimundo Duarte Bezerra, Papai Raimundo.
Neto em quarto grau de Francisco  Duarte Pinheiro.
Neto em quinto grau do Alferes Bernardo Duarte Pinheiro, o sesmeiro português.

Pelo lado paterno :
Filho José Raimundo de Menezes, José Raimundo de Menezes do Sitio Vazante.
Neto em primeiro grau de José Raimundo de Menezes, José do Sapo do Roçado Dentro.
Neto em segundo grau de José Raimundo Duarte de Menezes, Cazuza do Sitio Sapo.
Neto em terceiro grau de José Raimundo Duarte, José Raimundo do Sanharol.
Neto em quarto grau de  Raimundo Duarte Bezerra, papai Raimundo.
Neto em quinto grau de Francisco Duarte Pinheiro.
Neto em sexto  grau do Alferes Bernardo Duarte Pinheiro, o sesmeiro português.

Por conta de um casamento de um sobrinho com uma tia ele era neto de Uninha do Roçado Dentro, neto em segundo grau de José Raimundo Duarte, José Raimundo do Sanharol e fica fácil encaixar o restante da ascendência.
Como muito bem dizia Mundim do Sapo : "Eu sou filho e primo legítimo do meu pai".


Tebet põe a meta de déficit zero nas mãos de Deus - Por Otávio Augusto, o antagonista.


Apesar de apoiar a meta de déficit zero em 2024, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, demonstrou certa insegurança se ela será cumprida: “O futuro a Deus pertence”.

“Eu recebi receitas suficientes para zerar o déficit fiscal, sejam já realizadas ou que estão por vir. O futuro a Deus pertence, nós não sabemos diante do imponderável. 

Mas tem que ser algo imponderável. Nós acabamos de passar por uma pandemia que ninguém imaginava. Nós não sabemos como vai estar o enfraquecimento, a desaceleração do crescimento global ou não. 

Variáveis são sempre colocadas na mesa, mas nós não estamos rediscutindo meta fiscal neste momento”.

160 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.

Sílvio Piau recebera ordem para ir enchiqueirar os bezerros, escalado para botar as vacas no curral. Saiu de Várzea-Alegre na garupa de uma moto e se dirigiu ao São Cosme, fazenda dos seus pais.

Em lá chegando colocou a roupa de vaqueiro e partiu para o campo. Uma das vacas, teimosa e malovida como o diabo, já dera um trabalho muito grande para ser encontrada, e, depois de localizada cismou de não entrar para o curral. Sílvio sozinho, sem nenhum adjutório, comeu fogo para prender a vaca no curral.

Depois de presa o Sílvio resolveu aplicar um corretivo na vaca. Apanhou uma corda no armazém, laçou a vaca, puxou para o tronco, amarrou bem, foi na cerca retirou uma vara e começou a aplicar a lei do Coronel António Correia, peia!

Quando já saia sangue por todos os poros, além do nariz, olhos, orelhas, e chifres, o Sílvio se deu por satisfeito. Soltou a vaca e enquanto caminhava em direção a porteira enrolava a corda num dos braços.

Quando chegou na porteira, olhou para trás, na direção da vaca, se empertigou e disse: Agora vá dizer ao padre Otávio.


quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Uma preciosidade - Por Antônio Morais.

Dublê de santo -  Por Dr. José Flávio Pinheiro Vieira.

Não, definitivamente aquilo não poderia estar acontecendo! Era caié grande demais para uma paróquia só. Logo no dia da famosa procissão de São Lázaro, quando toda Matozinho se emperiquitava para acompanhar o santo milagroso, como diabos aquilo pode ocorrer? Padre Zeferino, desolado, ruminava tudo isto com os botões da sua puída batina, enquanto contemplava os fragmentos de gesso espalhados pelo chão da sacristia. 

O relojão de badalo marcava já três da tarde e a procissão deveria sair aí por volta das cinco, percorrendo todas as ruas da cidade, com grande acompanhamento, mantendo a tradição dos últimos trinta anos. Santa Genoveva adorava-se como padroeira, mas os matozenses tinham uma profunda veneração por São Lázaro. 

A razão encontrava-se na história não oficial da cidade. Aí pelos idos dos anos 20, a vila viu-se assaltada pela lepra e os casos, pouco a pouco, se foram avolumando, adquirindo ares de epidemia. Os pacientes mais graves iam, naturalmente, se isolando na Serra da Jurumenha, aguardando, resignadamente, entre companheiros de infortúnio, o fim inexorável e terrível. 

O local do leprosário ficou conhecido como “Serrinha do Pitoco”, uma referência popular a tantos e tantos mutilados. Nem médico, nem padre, nem sacristão tinha coragem de andar no “Pitoco”, só lá pisava quem sofria do mesmo mal. Contam os mais velhos que um belo dia por lá chegou um beato da barbona com uma imagem de São Lázaro e passou a viver e rezar com os lazarentos. Em pouco, a peste estava sanada , os casos foram desaparecendo e a “Serrinha do Pitoco” passou a ser apenas mais um acidente geográfico de Matozinho. A vila entendeu aquilo como um milagre e passou a ter São Lázaro como santo de devoção mais arraigada naqueles sertões.

Imaginem, pois, a sinuca de bico em que estava metido Padre Zeferino. Minutos atrás, o vigário pedira a “Meia Sola” para retirar São Lázaro do seu altar, limpando-o e preparando-o para a solenidade . De repente, a imagem escapuliu das mãos do coroinha e espatifou-se no chão. O que sobrara fora justamente aquilo: caco para tudo que é lado! E agora? Que fazer? Impossível cancelar a procissão quando todo o povo, piedosamente, se espremia na praça e na igreja, a banda de música já ensaiara seus primeiros dobrados e a sacristia já estava repleta de ex-votos. 

Como explicar uma tragédia daquelas ao povo? Corriam o risco de linchamento. “Meia Sola”, consciência pesada, pensou rápido e propôs uma saída. Existia um rato de Igreja ali chamado Valadão, um velho baixo, sanguíneo, careca, magricela e que poderia muito bem , posto no andor e devidamente fantasiado, fazer as vezes do milagroso S. Lázaro. O velho, com estas características físicas, tinha um apelido que o tirava do sério e que já o tinha metido em inúmeras emboanças : “Piroca” .

Zeferino achou esquisito, mas não havia tempo e não conseguiu pensar numa saída melhor. Rápido trouxeram Valadão e o explicaram a sua importante missão. Ninguém sabia, mas a imagem se quebrara e ele havia sido escolhido para desempenhar o santo papel de Lázaro na procissão daquele ano. Quem sabe não havia sido um desígnio dos céus? 

O homem, beato de carteirinha, não podia declinar de tamanha honraria. Pediram que tirasse a roupa, lhe cobriram apenas com uma manta transversal avermelhada improvisada de uma velha colcha de chenile. Com um pincel atômico lhe colocaram várias chagas por todo o corpo. Pediram ainda que ele trouxesse seu cachorro velho pé-duro apelidado de Cruvina. Estava tudo pronto: ator, cenário, figurino.

Zeferino, então, paramentou-se e resolveu celebrar uma missa com o fito de deixar a procissão para um pouco mais tarde, após o entardecer, utilizando, assim, os recursos da iluminação, usando assim cinematográficos efeitos especiais. Acomodaram Valadão no andor, tendo ao lado Cruvina e iniciaram a procissão. Nosso ator fez-se uma espécie de estátua de cera e não piscava o olho. Até Cruvina parecia entender perfeitamente o seu papel. O vigário respirou fundo, as coisas se iam desenvolvendo conforme o esperado. 

O primeiro atropelo, no entanto, aconteceu nas proximidades da “Botica de Janjão”. Juvenal Fogueteiro lá estava com duas dúzias de fogos e uma tição aceso, pronto a pagar promessa que fizera ao santo milagroso da sua devoção. Quando o primeiro foguete risco nos ares, Cruvina de cá já assuntou e esperneou. Valadão sem mexer um músculo, tentou segurá-lo, mas quando a bomba pipocou nas beiradas da orelha de Cruvina, este fez finca pé e saiu miúdo, rua abaixo, juntando perna e cabeça. 

O andor pendeu prum lado e pro outro e nosso santo, tentando se equilibrar, abriu o compasso das pernas . Umas velhinhas que vinham logo embaixo, olharam para cima e viram uma santa brecha, por entre a santa manta do santo. A velha Vitalina então, agoniada, sussurrou para as outras :

Oxente, Vije Santa! E santo tem piroca , meu senhor?

Quando ouviu aquilo que parecia ser a palavra mágica, o abre-te-sésamo do desaforo, Valadão não resistiu e imprecou: Piroca o quê, rapariga velha sem vergonha! Piroca é a puta que pariu!

Diante da santa baixaria, os carregadores derrubaram São Lázaro de cima do andor que caiu de mal jeito, com a focinheira no meio fio . Lá ficou grogue, meio inconsciente. 

Jojó Fubuia que vinha no séquito em seu estado normal de embriagues, aproximou-se do santo e com a voz engrolada, levantou o braço, como um Moisés em frente ao mar morto e gritou a todos pulmões: Lázaro, seu bunda mole lazarento, levanta-te e anda!

ANIVERSÁRIO DO ARTILHEIRO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Geraldino Savará, 73 anos, 98 gols no Castelão, 72 no Romeirão e mais um bocado de tentos por onde andou.

De Ipaumirim para o Icasa de Juazeiro, no finzinho da década de 1960. Fisgado pelo Guarany de Sobral, acabou sendo contratado pelo Fortaleza, onde fez história.

Está na galeria dos ídolos do tricolor. Festejado ainda hoje pela torcida do Leão. Defendeu, também, Ceará, Ferroviário e Tiradentes. Chute forte e velocidade eram com ele mesmo.

Lembro do primeiro treino de Geraldino pelo Icasa, no antigo estádio da Liga Desportiva Juazeirense (LDJ). Chegou como meia- armador, formando com Luciano na meia-cancha.

Num jogo de decisão contra o Guarani, em 1970, marcou um gol do meio de campo no goleiro Clodinei. Fez gol de todo jeito, menos em cobrança de penalidades, que não gostava de cobrar.

No rico futebol de hoje, estaria milionário.

Geraldino Saravá, um grande nome da história do nosso futebol. Parabéns e muito obrigado pela alegria proporcionada pelos seus gols.

Nas fotos, o artilheiro quando atuou pela Seleção de Juazeiro, na década de 1960, e pelo Icasa, no início dos anos 1970.

Se for mentira eu grele - Por Batista de Lima.

Excelente é a performance desse varzealegrense animado, que crava como assinatura, Antônio Alves de Morais. Seu texto “A ordenha da veada” é antológico. 

E quem quiser conhecer sua genialidade é só ler seu livro "Histórias, causos e proezas".

Imperdível.

159a - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


O sitio Atoleiro, pertencente ao distrito sede de Várzea-Alegre, talvez seja hoje em dia, o único lugar do mundo onde ainda se observa o conceito: palavra dada, palavra cumprida.

João de Toinha estava na roça com os dois filhos e estes interessados em assistir ao jogo do Brasil com a França pela copa do mundo, fizeram uma proposta: Se terminassem de limpar uma área até o meio dia, estavam dispensados de voltar à roça no período da tarde.

João além de aceitar o desafio dos filhos ainda fez pouco caso, duvidando da capacidade dos meninos, chegando a ponto de afirmar que se dessem conta de limpar toda aquela área até o meio dia, ele era capaz de dar o monossílabo.

Os meninos meteram as ferramentas, foram à cima, foram a abaixo, e terminaram o serviço no prazo determinado. Quando Toinha, a mulher de João, a mãe dos meninos, chegou com o almoço, recebeu a informação do desafio dos filhos e da proposta de João.

Então, a mulher reagiu assim: “Apois agora dê, viu João, os Bichim num ganharo”!

Os meninos foram assistir ao Jogo na TV do Bar da Boa Vista, o Brasil perdeu e foi eliminado pela França nos pênaltis e João escapou fedendo.

159 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Antônio de Romão, Edilmo Correia e Ferrim, estavam de madrugada na calçada da capela de Santo Antônio, em Várzea-Alegre, na saída da cidade para Iguatu, se preparando para uma serenata.
Do lado dos três um violão, um litro de cachaça cariri e uma tigela de tripa de porco torrada para tira-gosto.
José Vitorino passava, no local, para tirar o leite e viu os três.  Deu bom dia e perguntou: Vão fazer uma serenata? Antônio de Romão respondeu: Vamos seu José. O senhor quer tomar uma bicada para despertar?
Não senhor obrigado.
Quando José Vitorino afastou-se um pouco começou uma arenga de Edilmo e Ferrim. Na confusão Edilmo bateu com o violão na cabeça de Ferrim que desceu até o pescoço. Com o barulho José Vitorino voltou para ver o que estava acontecendo. Quando subiu a calçada viu Edilmo com o braço do violão na mão e o bojo feito um colarinho no pescoço de Ferrim.
As cordas a confundir-se com os cabelos pichaim. Vendo aquela arrumação, perguntou: desistiram da serenata?
Antônio de Romão disse: Não Senhor! É só o Edilmo terminar de afinar o violão na cabeça de Ferrim, que nós vamos começar.
Quer tomar uma para passar o susto?

Texto do Mundim do Vale.


158 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.

Zé Felipe e um ajudante conduziam um caminhão Ford com oito mil quilos de lã de algodão, da cidade de Várzea Alegre para Campina Grande na Paraíba. Quando chegaram ao sítio Exu, o carro atolou. Zé Felipe desceu olhou a situação e verificou que os pneus estavam quase cobertos de lama. Acendeu um cigarro e comentou com o ajudante, que tão cedo não seria resolvido aquele problema.

Quando fazia esse comentário notou vindo na estrada, dois roceiros com as enxadas nos ombros e cabaça a tiracolo. Ele então falou com o ajudante que ia fazer uma brincadeira com os dois. Os dois chegaram ele falou: Bom dia meus amigos, foi Deus do céu quem mandou vocês. Eu estou com este carro atolado precisando de uma descolada, posso contar com vocês. Os dois confirmaram com um balanço de cabeça e ele continuou. Pois bem, eu vou para a cabine engato uma primeira e vocês empurram tá bom?

Os dois confirmaram novamente com a cabeça e colocaram as enxadas na margem da estrada. Zé Felipe chamou o ajudante e mandou que quando os dois estivessem entretidos empurrando o carro,  escondesse as enxadas dentro do mato. Em seguida subiu na cabine acionou o motor, mas não engatou marcha nenhuma. Os roceiros com muita boa vontade empurraram o caminhão por mais de quarenta minutos sem saberem que o motorista estava com o carro em ponto morto.

Os dois já cansados e suados, pararam para descansar um pouco, quando um deles escorado na grade traseira disse: "Cumpade! Esse caminhão só pode é tá acuado, pruquê faz mais de meia hora qui é nós dois tangendo e o chofé esporando lá dento e o bicho parece qui num saiu do canto".

O outro botou a mão na testa como quem faz continência olhou na direção da estrada e disse: Meu cumpade tá enganado. Ele já andou e foi muito, qui eu num tou mais avistando as nossas enxada.

Texto  de Mundim do Vale.


157 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


O Segredo de ser feliz.
Existem duas maneiras de ser rico. Uma é ter tudo que quer, a outra é está satisfeito e feliz com o que tem.
Dois primos legítimos da Ribeira do Machado, um fazendeiro abastado e o outro pobre de jó, o pobre que era filho de uma irmã do pai do rico que a deserdou, que eu revelo o nome, era meu xará Antônio Alves de Morais, Antônio Alves do Sanharol, O rico me reservo o direito de preservar o nome. Os dois viviam cada um do seu jeito. Rico e pobre, ambos netos de José Raimundo do Sanharol, e, bisnetos do tão badalado Papai Raimundo.

Trata o texto de qual dos dois era mais feliz.
Numa alvorada Sá Zefa disse : Antônio não tem pó nem açúcar para eu fazer o cafezinho que você tanto gosta. O velho Antônio levantou da tipoia abraçou Sá Zefa, com um carinho e afeto inimaginável, fizeram amor e se realizaram como homem e mulher.
Na mesma alvorada a esposa do rico fazendeiro, preparava a mesa com um farto e lauto café da manhã, cuscus, carne assada, leite, queijo, paçoca, frutas e linguiça. E, o marido nada de aparecer.

Diante do inusitado, mulher do fazendeiro falou para a criada : Eu tenho tudo que é bem material, fazendas, gado, dinheiro, jóias, mas não sou feliz, eu não tenho o amor do meu marido, Ele ama outra!
Salve o meu xará Antônio Alves do Sanharol. Que sua vida sirva de exemplo para muitos idiotas que ainda não compreenderam que tudo termina debaixo de uma pedra fria com as indefectíveis palavras - Aqui jaz.



A Globo tem que trabalhar cada vez mais - Por J.R.Guzzo.


Lula não tem política externa, tem uma agenda de turismo para encher um album de fotos da mulher e fugir dos problemas que nem ele nem o seu governo tem a menor ideia de como resolver.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

156 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Não foi à toa que nossa cidade ganhou este nome. Ela faz jus com muito merecimento e justiça. Quando os conterrâneos se encontram não faltam histórias engraçadas envolvendo a cidade e seus moradores.

Esforçando a minha memória e ouvindo algumas pessoas eu passei para o papel alguns causos irreverentes do nosso lugar. Só os nomes como as pessoas são tratadas e os contos fantasiosos de alguns já justificam esse catálogo.

Alguns nomes:
Antônio de Manoel de Pedro do Sapo.
Chico de Antônio Chico do Chico
Nonato de Pedro de Antônio de Souza do Roçado de Dentro
Chico de Zé Joaquim da Unha de Gato

Algumas frases que marcaram a histórias - Por Mundim do Vale.

01 - Foi Manoel Cachacinha que na sua embriagues habitual, criou o slogan “Várzea Alegre é natureza.”
02 - Chagas de Rosendo dizia que tinha arrancado uma botija no oitão da casa de José Raimundo, mas quando tava contando o dinheiro o bando de Lampião tomou e ainda ferrou a bunda dele. Mas ninguém nunca viu a marca.
03 - Valeriano contava que foi sequestrado por extraterrestres e passou uma semana a bordo de um disco voador, só foi liberado depois que confessou que na Varjota tinha nascido um menino com duas cabeças.
04 - Gregório Gibão dizia que tinha morrido engasgado com jatobá, mas quando chegou no céu, Deus mandou ele voltar e ainda disse que só era para ele morrer depois que Raimundo de Jessé se casasse.
05 - Assis de Pacim dizia que uma vez estava soltando uma arraia, veio um vento forte e puxou a arraia com ele até as nuvens. De lá ele teve a melhor visão aérea da cidade.
06 - Chagas Taveira criou a expressão“ Xô Meruanha “ um gigante extremamente desproporcional, que ficou para a cidade como Iracema ficou para Fortaleza.
07 - João Sem Braço, quando o assunto é sobre a terra do arroz ele fala: Eita Vazalegre boa! Só é longe.

É por essas e por outras, que eu invento de escrever sobre essa nossa VÁRZEA sempre ALEGRE.


Caríssimo amigo Pedrinho Sanharol - Por Francisco Varela Pinheiro.


Francisco Varela Pinheiro.
Eu nasci em Várzea-Alegre-Ce e com 2 anos e 6 meses fui emigrado pro Crato com minha família.
Minha infância e adolescência foi no Crato-Ce. Portanto, me considero filho do Crato-Ce. Que Deus abênçõe às cidades de Várzea-Alegre e do Crato !
Quando ainda muito jovém, adolescente, com 12 anos de idade e trabalhando como Officé Boy no Banco de Credito Comércial. Cheguei à conhecer o Prefeito Pedro Felício como o qual sempre nos cumprimentávamos com um bom dia, boa tarde.
E entregava em suas mãos correspondências trocadas entre os Bancos de Crédito Comércial e o Banco Caixeral do qual era o proprietário o Sr. Pedro Felício. Aliás, muito gentil e educado.

Apartir de setembro de 1967.
Com 19 anos de idade.
Emigrei para Brasília.
Mesmo nascido em Várzea-Alegre me considero filho do Crato por ter emigrado prá àquela cidade com 2 anos e 6 meses. Estudei no Colegio Diocesano do Crato. Onde cheguei à concluir o Curso Admisdão ao Ginásio.

Tenho residência Oficial em Brasília.
E no momento estou residindo na Triplice Fronteira - Brasil, Paraguai e Argentina, com à familia em Foz do Iguaçú-Pr.

E sempre que posso vou visitar parentes e amigos no Cratinho de Açucar !
Talvéz o amigo Pedrinho conheça! Meu grande amigo de infância. Chama-se Wilton Bezerra.


Wilton Bezerra.

Estudamos juntos no Colégio Diocesano do Crato quando cursavamos o Admissão ao Ginásio.
Já estive visitando o amigo Wilton Bezerra no seu Apartamento no Bairro de Fatima em Fortaleza.
Quando crianças jogávamos bola juntos com Wilton Bezerra, Itálo seu irmão que jogou no Esporte e Ceará, Chico Curto, Fruta Pão, Cêgo Anduiá, Silva, Zé de Buzú, Cledson, Pirrô, Sibito, Zé Gagão, Tico de Binda e muitos outros craques da época.

Pedrinho.
Agente adolescente jogavamos no campinho de aréia que ficava à baixo, ao lado do campo do Cariri.
Wilton Bezerra já com seus 13 e 14 anos. Pegava um Sabugo de Espiga de Milho e ficava irradiando o jogo de nossa pelada.
Isso foi nos anos dourados.
1960 à 1970.
Linda recordação!
Grande abraços à todos cratenses !

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Histórias, causos e proezas - Por Dr. José Flavio Vieira.

 


“As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

à palma da mão

Mas as coisas findas

muito mais que lindas,

essas ficarão.”   

Carlos Drummond de Andrade

J. Flávio Vieira.

A vida, se a gente reparar direitinho, parece uma Montanha Russa. Os primeiros anos, os mais dourados, como na subida da rampa, passam lentamente e é possível curtir a paisagem ao redor e até bater papo  com os vizinhos de cadeiras, no trenzinho. Observando tudo miudinho do nosso observatório, do alto, bate-nos uma sensação de grandeza e onipotência. Chegado ao topo, no entanto, quando nos consideramos semideuses, de repente, a locomotiva desembesta. Velocidade alucinante, curvas fechadas, parafusos, loopings, frio na barriga. Aí já não há o que curtir, apenas agarrar-se à cadeira e esperar que , por fim, o carrinho esbarre. Em segundos,  tudo transcorreu sem que ao menos o percebêssemos, até que alguém avisa para sair: seu passeio acabou ! Se a gente não cuidar , sequer fica a recordação da viagem curta, alucinante, mas incrível.  

Recebi, nesses dias, o presente de um livro lançado recentemente: “Histórias, Causos & Proezas” do escritor Antônio Alves de Morais. Bateu-me uma alegria incontida porque Morais faz parte da minha viagem existencial, no parquinho. O livro é o diário de bordo também do meu passeio.  Subimos a mesma rampa na juventude e, agora, estamos descendo a montanha na velocidade estonteante que se segue ao cume. Nascido em Várzea Alegre, como meus ascendentes, o autor tem aquela irreverência e fluição típicas da oralidade dos filhos de Papai Raimundo. Antonio é um memorialista intuitivo e franco. Anotou, cuidadosamente, imagens e passagens da nossa excursão pelo mundo: cenário, personagens, histórias: esse amálgama de que se constrói a nossa  meteórica jornada terrestre. Teve o desvelo de  registrar tudo, antes que o trem trave e sejamos , logo mais, convidados a descer da condução. Dividido entre Crato e Várzea Alegre, as páginas  estão cheias de figuras expostas nas suas fragilidades, nos seus arroubos, nas suas guinadas e dribles. Um livro saboroso que, como os melhores Bordeaux, deve ir melhorando o buquê  e diminuindo  acidez com o passar dos anos.

A obra inicia com  o inventário de professores queridos nossos, entre eles Vieirinha, meu pai,  e José do Vale Feitosa, meu padrinho,  e de doces anos da nossa formação ginasiana no Colégio Estadual Wilson Gonçalves. De repente, por um momento, é como se o trenzinho voltasse a subir. novamente. a rampa íngreme: tudo se passa em Câmara Lenta, a vida, como um caramelo que se dissolvesse morosamente na boca , parece novamente valer a pena de ser degustada,.  E a felicidade , como num looping,  torna-se possível e vejo-a bem ali à frente, logo depois do pico da montanha, tangível, ao  alcance da palma da mão.

Crato, 15 de Junho de 2023  

155 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


O casal Antônio Alves de Menezes, Antônio do Sapo do Roçado Dentro e Ana Alexandre de Menezes, Naninha. 

Antônio do Sapo era neto por parte de mãe e bisneto por parte de pai  do ilustre senhor José Raimundo Duarte, José Raimundo do Sanharol. Sua ascendência mostra que era filho e primo legitimo do seu pai. 

Homem honrado, inteligente, calmo, de brandura impar e ações benfazejas.

Não convivi com Antônio do Sapo, mas, observando o carinho e doçura como os seus sobrinhos lembram dele, tem-se a certeza, absoluta, que foi uma criatura lapidada pela mão do Criador com muito esmero.


MUITO ESQUISITO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Estamos incapacitados de dedicar tempo a um só assunto. É como se não houvesse espaço para isso.

Como certas pessoas que, no passado, colocavam na radiola a primeira faixa de um vinil e já queriam "pular" para a sexta.

Nossa mente desconcentrada está sempre à beira de um colapso. Que doideira!

Explicamos as coisas pela metade e esquecemos ideias. Demandas de uma só vez, para fundir a cuca.

Parece ser impossível sair desse fuzuê, quando somos inundados por informações.

Quem ousa sair de tal figurino é logo taxado de absorto, alheado, etc, etc, etc.

Um desiludido jornalista amigo meu afirmou: "Ninguém mais lê coisa nenhuma. Cadê paciência pra isso?".

Se olharmos bem, não há mais a serena contemplação.

Mas, fica combinado o seguinte: mais importante que o ponto de chegada é a caminhada.

Nada de querer receber a bola antes do passe. Sem embaraço.

Meditem, meditem.

154 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antonio Morais.


Dona Anunciada reuniu as filhas e anunciou : Vejam o que o pai de vocês anda fazendo com o dinheiro da aposentadoria dele e da minha, está faltando mantimentos  na despensa.

As filhas ficaram inhetas, num pé e noutro, foi um afregelo. Esperaram o dia combinado do pagamento no banco.

No dia Belisário acordou cedo, botou roupa nova, espremeu um frasco de perfume mistral no sovaco, colocou chapéu na cabeça e fez finca pé pra cidade. As filhas acompanharam sempre  medindo uma certa distância para que o velho não desconfiasse e caisse na esparrela armada por elas. 

Belisário saiu do banco  e rumou  para o puteiro de Antônia de Canela. De longe as filhas viram o velho todo fiota acomodado numa mesa cometendo pecado  com duas "quenguinhas" no colo tomando cerveja num copo só. 

Belarmina  já queria fazer um barraco ali mesmo, mas, foi contida pelas irmãs. Calma, espere ele chegar em casa.

Belisário chegou em casa mais desconfiado  que esses bandidos da Lava Jato quando iam a Curitiba falar com o Juiz Sérgio Moro. 

Começou o fuzuê, um cu de boi da muzenga. Belisário nada dizia e as filhas revoltadas de pauta com o diabo.

Por fim,  a caçula olhou para o velho e lascou : Papai eu só queria saber o que o senhor  com 80 anos faz com aquelas quengas?

O velho Belisário, zangado como um siri na lata respondeu de forma quase teatral : Eu boto pra fazer "capitão".

domingo, 27 de agosto de 2023

"Histórias, causos e proezas" - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.


Acabo de ler, “de cabo a rabo”, o livro “Histórias, Causos e Proezas”, de Antonio Alves de Morais. Sou um leitor do seu blog na internet, há bastante tempo. 

Morais é um devotado contador de histórias e causos do nosso interior, dentro de uma linguagem simples.

Sua obra destaca importantes figuras deste celeiro de talentos que é o Cariri, sem esquecer tipos populares que fizeram parte do cotidiano das cidades.

Morais tem uma memória prodigiosa e de suas publicações no blog, fisguei saborosos causos que constam nos dois livros que cometi, pelo que agradeço.

“Histórias, Casos e Proezas” deve ser obra de consulta para as novas gerações cratenses e caririenses, interessadas em conhecer a essência do nosso povo.

Parabéns, Antonio Morais. O amigo marcou um gol de placa.

154a - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Revendo e estudando a história dos descendentes de José Raimundo Duarte, José Raimundo do Sanharol, eu encontrei um que me seduziu e me fez seu fã. Não o conheci, quando nasci ele já era falecido. Trata-se do meu chará Antônio Alves de Morais, ou Antônio Alves do Sanharol, filho de Raimundo Alves de Morais e Ana Feitosa Bitu, a conhecida Mão Doar.

Cresceu e viveu entre primos afortunados e abastados, embora por ironia do destino, materialmente nada possuísse. Sua nobreza estava na resignação, na conformidade da bênção Divina e assim viveu a vida feliz como nenhum outro vivera. Casado com Dona Zefa, descendente de famílias dos Inhamuís Antônio Alves deixou um legado, um rastro de exemplos para a posteridade. Convido você descendente de José Raimundo do Sanharol, a refletir um pouco sobre Antônio Alves nestas historias e exemplos de humildade, resignação e sofrimento que passarei a narrar durante esta semana.

Das suas historias tiramos muitas lições e exemplos: os afortunados, os abastados e os prestigiosos tiveram o mesmo fim: sete palmos abaixo do chão. Como disse, o Blog do Antonio Morais vai dedicar esta semana a registrar as historias de Antônio Alves em respeito a sua memoria, sua humildade, obediência ao destino e espírito de humor e alegria, coisas que o caracterizavam.

Eis a primeira delas:

Antônio Alves tinha uma jumentinha e diariamente cortava uma carga de lenha, nas terras dos outros, e ia vender na cidade. Daí tirava seu sustento e de sua família. Um dia, quando o machado bateu, um primo legitimo e cunhado seu, homem rico e de posses, que preservo o nome entendeu que o Antônio estava tirando lenha em sua propriedade e se dirigiu ao local.

Quando chegou o Antônio estava dois metros fora de suas terras. Não tendo o que dizer falou: Cortando uma carguinha de lenha né Antônio?

E você pensava que era na sua terra né! Respondeu ironicamente,  em risos.



153 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Postagem do Antônio Morais.

Maria de Lourdes Sobreira ia para o Sanharol, quando chegou na ladeira de Pedro Beca, avistou uma rodia de cobra cascavel pronta para o ataque.

Muito assustada Maria desceu a ladeira mais ligeiro do que noticia de separação de casal. Quando chegou no pé da ladeira, encontrou Zé Terto vindo de uma pescaria com um landuá na mão.

Muito cansada Maria pediu: Zé Terto meu fi, me faça um favor! Qualo? Vá lá no aceiro daquela cerca e mate uma cobra que tem lá. É pra já.

Terto pegou uma vara da cerca e foi até o local mas não teve coragem de encarar a cobra. A cascavel jogou um bote, ele soltou o pau e correu muito mais rápido do que Maria fez.

Maria não gostou da covardia do seu salvador e começou a fazer ofensas: Deixa de ser mole nego frouxo. Tu queria era sentar na cobra? Parece que não é ome? "Êpa! Num venha me insculhambar não. Eu sou preto mas sou ome.

Quer saber se eu num sou ome? Arrepare aqui"! Dizendo isso, ele arreou o calção e balançou os pissuidos. Foi nessa hora que ela viu a coisa preta.

Depois daquela cena Maria saiu indignada e foi fazer queixa a Antônio Costa, que era o Delegado Civil de Várzea-Alegre. O delegado mandou que um soldado fosse buscar o sujeito para ser interrogado.

Quando Zé Terto chegou o delegado fez a inquirição: Zé Terto eu tenho uma denuncia muito grave contra sua pessoa. Foi verdade que você mostrou o "dito cujo" a Maria de Lourdes? Foi divera seu Toim! Mas foi pruque ela me insculhambou, me chamou de nego frouxo e dixe qui eu num era ome, ai eu amostrei, que era prumode provar qui sou ome".  Pois eu vou lhe dar cinco dias de xadrez!

Depois da prisão, Borboleta que era amigo do preso, saiu correndo e foi até a ANCAR para contar a Nicacia, que era irmã adotiva de Zé Terto. Nicacia saiu a procura de Antônio Costa e quando o encontrou perguntou: Seu Toim! O que foi que Zé Terto fez para o Senhor botar ele na cadeia?

Resposta - Ele mostrou o pau e não matou a cobra!

Texto do Mundim do Vale.



Conclusões de Aninha - Cora Coralina


Estavam ali parados. Marido e mulher. Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça tímida, humilde, sofrida.
 
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho, e tudo que tinha dentro. Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar novo rancho e comprar suas pobrezinhas. O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula, entregou sem palavra. 

A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou, se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar. E não abriu a bolsa. 

Qual dos dois ajudou mais? Donde se infere que o homem ajuda sem participar e a mulher participa sem ajudar. 

Da mesma forma aquela sentença:"A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar."Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada, o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso e ensinar a paciência do pescador. 

Você faria isso, Leitor? Antes que tudo isso se fizesse o desvalido não morreria de fome? 

Conclusão: Na prática, a teoria é outra.
Cora Coralina.

sábado, 26 de agosto de 2023

152 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.

Em 1967, alguns estudantes que estavam de férias em Várzea-Alegre, resolveram fazer um programa no bar do Herculano Sabino, no sitio Sanharol.

Pegaram um Jeep e foram levando com eles, Zé de Lula Goteira, um moreno engraçado que por algumas bicadas de cana animava o ambiente.

Na volta, quando passavam na curva de João do Sapo, o jeep capotou e só quem se machucou foi exatamente o Zé, que fraturou um braço.

Os colegas viajaram para Recife e Fortaleza onde estudavam e por conta disso Zé sofreu muito. Basta ver que ele ficou com medo até de carro de mão.

Exatamente 30 anos depois, 1997, Zé estava na casa de José André, no Sanharol, quando Gustavo Correia apareceu num opala indo para cidade. Como Gustavo vinha só e viu que o Zé ia para cidade ofereceu carona.
Zé rejeitou de pronto, dizendo que só ia mais tarde, mas Gustavo sentiu que ele estava com medo, e começou a argumentar dizendo que o sol estava quente e que o medo dele de carro era besteira porque não é todo dia que vira carro.

Depois dos argumentos Zé resolveu aceitar a carona. Entrou no carro desprezando o banco dianteiro e ficou de cócaras no banco traseiro, exatamente atrás do motorista com as duas mãos sobre o encosto do banco.
Quando passavam na curva de João do Sapo, Gustavo colocou o braço esquerdo sobre a porta deixando a mão de fora do carro para descansar.

Nessa hora Zé de Lula gritou: " Ei moi de chifre! Pode guiar cás duas mão" que se vier chuva eu aviso.

Texto do Mundim do Vale.



151 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Na década de 70, o meio de transporte mais utilizado para o deslocamento das pessoas era o ônibus. De Várzea-Alegre, partiam mensalmente dezenas de pessoas para São Paulo, especialmente para São Bernardo do Campo.
A Viação Varzealegrense, atuou por muito tempo na atividade de transporte de pessoas para o sul do país.
Dois primos legítimos, nascidos no Sanharol, em Várzea-Alegre, trabalhavam na agência de São Bernardo: Bitu e Benedito. Há quem diga que o Sanharol é a terra do fuxico, eu já entendo que os de lá dão mais preferência as futricas da politica, mas vá lá que seja mesmo o fuxico a sua predileção, afinal o Eufrásio do Garrote era de lá.
Ana de João de Pedrinho tinha dois filhos em São Bernardo e preparou uma caixa com um queijo de manteiga, um pão de ló e um tijolo de leite e uma carta dando noticias e despachou na agência do Crato.
Benedito, sobrinho de Ana, recebeu a caixa, em São Bernardo, levou para o deposito e não resistiu a tentação: comeu o tijolo de leite, no dia seguinte foi a vez do pão de ló e por fim o queijo de manteiga.
Do Sanharol para São Bernardo só se assuntava o extravio da caixa dos meninos de Ana por parte da Empresa. Com o Benedito só restava a carta e muito curioso leu para ter noticias dos parentes.
Estava escrito mais ou menos assim: Sanharol, 22 de Dezembro de 1973.
Vicente e Chagas,
Deus lhes faça felizes.
Estou mandando uns lanches feito com muito carinho. Olhem, tenham muito cuidado, tudo que acontece por aí, no outro dia todo mundo já está sabendo aqui no Sanharol. E quem espalha as conversas é a  Carmelita. Cuidado, se comportem bem.
Carmelita era a mãe do Benedito e irmã de Ana remetente das encomendas.

Fonte Giovane Costa.



150 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.

Lembrando uma tirada do Vicente Estevão Duarte, o saudoso Vicente Cesário.

Um rapazinho recomendado pelo Deputado Otacílio Correia foi falar emprego na barbearia do Vicente.

Foi recebido com lhaneza no trato e muita cordialidade, mas, antes de contratá-lo.

Veio a entrevista:

Você bebe?
Não senhor, Deus me defenda.

E fumar, você fuma?
Também não, detesto cigarro.

Frequenta o Ingém Veio?
Deus me livre, não sei nem o que é isto, nem onde fica.
Ingém Veio é um cabaré. Você já foi lá?
Não senhor, nunca botei os pés nesse lugar.

Então, eu sinto muito, mas o emprego não serve para você. Todo mundo bebe, fuma e frequenta o Ingém Veio. Com um curriculum como o seu, é bom ir procurar emprego num convento.



149 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.

"Causos da Várzea-Alegre". São histórias reais, personagens reais e conhecidos da grande maioria do povo. Apesar de serem de domínio publico porque todos os conhecem, foram catalogadas e detalhadas com muito esmero.

Apresento com os termos, as pronuncias, e escrita tal qual ocorreram. Os leitores vão se deleitar com as proezas de uma gente bem humorada, feliz e muito alegre. 

Em Várzea-Alegre, no sitio Formiga, João Alves de Menezes e Sinhana tiveram um só filho, Zezinho que se casou com uma prima carnal Maria Anacleta e deste casamento nasceram  vários filhos. Apesar da numerosa família  apenas  dois deles se casaram, os demais de tanto escolherem pretendentes a altura ficaram no caritó. 

Quando Laura, a caçula, passou dos 50 anos veio o desengano, a resignação. Sob o comando de Zefa, a irmã mais velha, se danaram a rezar. 

Todo dia pelo menos um terço. Na sala da frente, fazia-se a reunião do clã em frente um santuário recheado  de  imagens.

Um belo dia, um cachorro dormia no pé de uma parede e soltou um daqueles: Zefa a condutora da reza emendou:

Ave Maria Cheia de Graças
O Senhor é convosco
Bendita sois vós.
"Chico tanja este cachorro
Que está bufando fedorento"
Entre as mulheres
Bendito é o fruto.....

Quando verificaram o desencontro da reza, anularam o terço e convocaram outro para imediatamente.


Juscelino Kubitschek e a cidade de Crato - Por Armando Lopes Rafael.

    Sexta-feira, 19/07, à tarde tive o prazer de visitar – mais uma vez – dona Almina Arraes de Alencar Pinheiro, uma das pessoas mais estimadas na comunidade cratense. Prazer redobrado em conversar com o filho dela, Joaquim, que ali se encontrava, funcionário aposentado do Banco Central, residente em Recife, pessoa distinta, educada e equilibrada, como os demais filhos do casal César Pinheiro-Almina Arraes.

     Entre os assuntos que vieram à tona, falei sobre a figura humana do ex-Presidente da República Juscelino Kubitschek. Joaquim disse-me que quando morava em Brasília estivera duas vezes com JK. E contou-me que sobre esses encontros escrevera uma postagem para o BLOG DO CRATO. Ponderei que não fora no Blog do Crato. Pois, se tivesse sido, eu então me lembraria. Pedi a Joaquim que me enviasse essa postagem quando ele localizasse.

      Na verdade, ele postou no BLOG CARIRICATURA e me enviou – hoje pela manhã –a postagem. Mesmo sem autorização do Joaquim reproduzo aqui, no BLOG DO CRATO, o escrito dele por julgar uma coisa interessantíssima.
Armando Lopes Rafael
21-07-2018.


"Juscelino Kubitschek - Por Joaquim Pinheiro

   Texto postado recentemente pela amiga Socorro Moreira fez aflorar da memória um episódio com JK e me encorajou contá-lo no Cariricaturas. Em 1975, eu trabalhava no protocolo da Gerência de Mercado de Capitais,  do Banco Central em Brasília,  quando avistei, na fila de atendimento, o Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, acompanhado por dois assessores. Na sua frente, umas 4 ou 5 pessoas, todas Office boys ou contínuos de instituições financeiras. Deixei meu birô e me dirigi até o ex-presidente JK, convidei-o a entrar e me ofereci para atendê-lo de imediato. Educadamente, recusou furar a fila, mesmo com os que estavam à sua frente insistindo em lhe ceder a vez. 

     Enquanto a fila andava, ficamos conversando. Perguntou de onde eu era, há quanto tempo estava em Brasília, e outras perguntas do gênero. Comentou que se lembrava do Crato, do aeroporto em cima da Serra do Araripe, do comício de 1955, da beleza do Vale do Cariri, etc. Contei-lhe que meu pai, eleitor de carteirinha da UDN, votou uma única vez no PSD e em JK, exatamente por conta deste comício.

     Comentei que Papai há muito procurava um LP que tivesse a música Peixe Vivo, tocada quando o então candidato chegava ao palanque. Juscelino perguntou o nome de papai, o que ele fazia e se ainda morava no Crato. Chegou sua vez, foi atendido (era apenas a entrega de um projeto), se despediu apertando a mão de todos os presentes e se retirou.

     Poucos dias depois, recebi um telefonema de uma Sra. identificando-se  como secretária do DENASA (Um banco de investimento que existia no Brasil, naquela época), no qual JK trabalhava,  e convidando-me  a ir até aquela instituição. Como ficava há menos de 100 metros  do meu local de trabalho, fui na mesma manhã. A Secretária me recebeu de forma muito simpática e pediu para aguardar um pouco, pois o “Presidente” queria falar comigo. Menos de 15 minutos depois, entrava na Sala principal da Instituição e recebia um LP autografado por ele e dedicado a meu pai. O disco hoje está comigo. Mando o oferecimento, escrito pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek  para vocês verem".

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Amor Cego - Jose de Moraes Brito


Caminhando, caminhando
Em estradas paralelas
Não enxergo, enquanto ando
Estas paisagens tão belas.

Nem mesmo de vez em quando,
Vejo no céu as estrelas,
Pois apenas vou te olhando,
Sem nenhum tempo de vê-las.

E, ao lado de meu caminho,
Em que viajo sozinho,
Vendo que não vais sozinha

Penso como bom seria,
Se houvesse travessia
Da tua com a estrada minha.

148 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Raimundo Alves de Menezes, Mundim do Sapo, era uma personalidade prestimosa. Talvez ninguém em nossa terra tenha sido tão virtuoso,  solidário e humano. Tio Mundim do Sapo era também o mais bem humorado dos Várzealegrenses.
Apesar de ter possuído muitos bens nunca se ligou à matéria. Numa determinada época residia em Crato e resolveu fazer uma visita ao filho, em Fortaleza.
As filhas não gostaram da ideia da viagem. Diziam: papai o senhor não conhece Fortaleza e o taxista vai rodar o mundo e cobrar um absurdo, o senhor deveria deixar para ir no inicio das aulas em Março quando nós vamos. Tudo girava em torno de uma possível exploração do taxista. Tio Mundim não quis conversa, foi à viagem.
Chegou a Fortaleza, desceu do ônibus na Rodoviária procurou o táxi mais luxuoso, o mais novo, um opala de Luxo, que brilhava por fora qual um espelho e por dentro nem se fala.  Entregou o endereço e rápido estava no destino. Pagou a conta e pediu um recibo para comprová-la.
De volta, já no Crato, as filhas perguntaram : quanto o senhor pagou do táxi? Sete reais.  Não pode, nós que conhecemos o trajeto pagamos 20 reais na ultima viagem que fizemos.
Mundim do Sapo disse : Aqui está o recibo! E, como foi isso?  Perguntaram-no. Eu entreguei o endereço ao taxista e disse: vá ligeiro que eu estou com uma diarreia lascada, se você demorar eu vou cagar o seu carro todo.
Daí por diante ficou por conta dele, não respeitou sinal, contra mão, nada.

Foto de 1936, dia do seu primeiro casamento com Ana Feitosa Bitu.



O MEIA MODERNO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Leio sobre futebol e tenho a impressão de que o texto se refere à outra coisa.

Dias atrás, escrevemos sobre o meia de ligação clássico, cujo estilo não se enquadra mais no atual futebol.

Esse tipo de jogador foi o que mais sofreu alterações nas suas funções, pela velocidade que o jogo ganhou.

Até aí, tudo certo, deu para entender.

Agora, leiam sobre as "adequações" do atual meio-campista: pede-se o box to box (quer dizer "de uma área a outra"). Ataca e defende, pisa em sua área e na adversária.

Requer-se mais de mil tomadas de decisão. E por minuto. Tudo quantificado.

E tem mais: sinapses em termos de velocidade no processo da informação. Capacidade de leitura antecipada de jogadas aliadas à execução, etc, etc, etc e tal.

Tudo isso para se transformar em um meia de ligação moderno. Ou seria a construção de um robô para jogar futebol?

Acho isso muito estranho. Ou devo estar muito velho para as novidades.

147 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.

João Alves de Menezes, João do Sapo, um sertanejo autentico. Da roça e do gado. De mãos fortes e calejadas da labuta diária. João do Sapo foi o maior empreendedor de sua época, em Várzea-Alegre.
Já nas décadas de 30 e 40 quando não existiam estradas nem transportes mandava apanhar um casal de bovinos puro sangue zebu na Bahia para melhorar a genética do seu rebanho.
Jacobina, chamava-se a vaca em homenagem à cidade baiana de origem e o touro foi batizado de Capucho, por ser branquinho tal qual um capucho de algodão. Conta-se que com o dinheiro da venda do primeiro bezerro, João do Sapo comprou 23 garrotes dos da região para espanto dos criadores do lugar.
Nasceu no dia 15 de Julho de 1893 e faleceu no dia 12 de maio de 1977. O seu lado serio fazia dele um pai, avô, esposo e amigo muito respeitado. Tinha também uma grande doze de humor em tudo que fazia.
Certa vez foi procurado por uns compradores de garrotes da Paraíba com boa oferta para a compra de seus animais. Rejeitou a principio e os paraibanos insistiram com a negocio. Ele confessou que não podia vender porque o seu gado estava numa roça que tinha “tingui”, uma erva que mata o gado asfixiado quando esse é provocado a fazer qualquer movimento, a se alterar.
Os paraibanos acrescentaram que tingui não era problema porque eles andavam com uma taboca, um bambu e se a rês caísse colocavam no fundo da mesma, o ar comprimido saía e a rês ficava boa de imediato.
João do Sapo disse: é meu amigo, por aqui é bem diferente: quando a rês cai, colocam a taboca é no fundo do dono! E não quis conversa, não arriscou ter prejuízo e não vendeu os garrotes.
A primeira parte da postagem foi pesquisada no Livro de Balbina Diniz, filha de João do Sapo, a segunda parte é de domínio publico, da convivência vivida pelos do Sanharol.



O estelionato eleitoral de Lula com Lira - O antagonista.

Petista tem se reunido fora da agenda com o presidente da Câmara, Arthur Lira, segundo jornal; petista já disse mais de uma vez considerar grave esses encontros secretos

Lula, que já disse mais de uma vez considerar extremamente grave encontros secretos com líderes políticos, tem se reunido fora da agenda com o presidente da Câmara, Arthur Lira, para discutir a reforma ministerial. 

Segundo a Folha de S. Paulo, os encontros têm ocorrido à noite.