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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 27 de abril de 2024

UM TRIUNFO CONSAGRADOR DO LEÃO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.


O Fortaleza, talvez, tenha se surpreendido com as "ofertas" em demasia do Boca Juniors, nos minutos iniciais.

Do que estava em "promoção", só aproveitou o gol de Lucero, aos quatro minutos.

Antes disso, Pikachu e o próprio Lucero, perderam duas oportunidades de encher o "carrinho".

Os dois times iniciaram os trabalhos em sistemas iguais. 4-4-2, com variações.

O time argentino não tinha sequer encaixado as coisas, quando aproveitou falha defensiva do Fortaleza para empatar o jogo, aos 21 minutos.

Se Pikachu deixou de marcar um gol espetacular, depois de um chapéu no zagueiro, os argentinos andaram farejando o gol de João Ricardo.

Foi com Fabra e Langoni. O último deu uma senhora furada debaixo do gol.

Fato é que o empate da fase inicial não desceu redondo para o Fortaleza. Faltou mais aceleração para resolver a parada.

No segundo tempo, o Fortaleza voltou "matando".

Não há outra definição para a marcação de três gols em 18 minutos de jogo.

Da cabeçada certeira de Lucero, dos passes de Pochetino e das finalizações de Pikachu, o placar elástico, em tão pouco tempo.

E a coisa não se tornou mais extravagante porque a fibra de um time que perdia de quatro evitou o pior. Zenon diminuiu a conta da derrota, marcando para o Boca.

Uma grande vitória do Fortaleza, graças a excelentes desempenhos de jogadores como Pikachu, Zé Wellison, Pochettino e Lucero (pelos gols).

Ninguém quer deixar um cartão de Bolsa Família para os filhos - Por Carla Jiménez, El País


Poucas coisas se tornaram unanimidade no Brasil nos últimos anos, como o Bolsa Família. Todos os candidatos têm propostas de mantê-lo, com variações no modelo de gestão. Criado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foi no governo Lula que ele ganhou força, com a expansão para todo o país.

Num primeiro momento, despertou amor e ódio, pois se era implementado com a legítima função de tirar o Brasil das vergonhosas estatísticas de pobreza, o benefício era apontado como um instrumento eleitoral, que acomodava as famílias de baixa renda para que não trabalhassem. Mas, quem acompanha o assunto, garante que ninguém quer deixar um cartão de Bolsa Família como herança para seus filhos.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Engenho Lagoa Encantada - Por Bernadete Muniz.

Dr. Joaquim Fernandes Teles.

Estou aqui para pedir permissão para Compartilhar essas fotos da : Casa Grande e do Engenho da "Lagoa Encantada". Pois aí estão minhas raízes, a história de toda a minha família paterna, desde os meus tataravós. 

O meu Papai : Fideles Muniz do Nascimento foi um dos administradores da "LAGOA ENCANTADA", ele e o dono das terras naquela época, DR. Hermano Monteiro Teles. 


Fideles Muniz do Nascimento.

Eu nasci naquela Casa de Taípa, na entrada do terreno, perto da Cancela principal que dava acesso ao engenho, era um casinha pequenina, mas segundo o papai era tão bem feita, que todos achavam que era construída de tijolos, ele e o Dr. Hermano, diziam que queriam que a casa ficasse um brinco, pois ali iria residir o casal de amigos que seriam os chefes do engenho. 

Realmente, a casa ficou na história, pois os moradores diziam que alisaram tanto o barro, que ficaria mais segura que casa de tijolos, pois como era para seu FIDELIS, homem muito querido pelos moradores do local, que trabalharam com grande esmero. Pois é, casa pronta e seu Fideles, lá foi residir, com o tempo nasceu a primeira filha, Telma que a esposa do Dr. Hermano, foi logo dizendo, ela será a nossa primeira afilhada e, assim, além de grandes amigos tornaram-se compadres também. 

Tudo era uma maravilha, então veio a segunda filha, Salete e, com mais algum tempo veio a terceira, essa que vos fala, eu, Bernadete, só que quando os donos do engenho chegaram para me conhecer, disseram aos meus Pais, agora a Família aumentou e, vocês irão morar na Casa Grande. 

O meu papai entre assustado e feliz, disse, não compadre, aquela casa é de sua família, agradeço muito, mas continuaremos aqui, foi então que Dr. Hermano disse e, nós somos uma família só. 

Para o meu pai, que já considerava e tinha imenso respeito pela família Teles, foi um momento emocionante, quando passamos a residir na Casa Grande, os finais de semana, eram um festa, quando se reuniam as duas famílias, nunca, nunca houve a menor diferença no tratamento para conosco, todos éramos iguais. Engraçado né? 

Quando chegou a época para estudar, o meu pai disse e agora comprade como vou fazer para minhas filhas iniciar os estudos e, ele prontamente respondeu, Telma e Salete vão ser colegas dos meus filhos lá no Ginásio São PIO X. 

O papai disse, mas eu não tenho condições para arcar com as despesas, mas o Dr. Hermano disse, isso é comigo, providencie os documentos e leve-as até o colégio para fazer a matrícula. 

Só que a Bernadete, não gostou nada de ficar em casa sozinha, então disse ao pai e ao doutor, eu já sei Ler e escrever, quero estudar lá também, como os dois já conheciam bem a galêga deles quando queria algo, não pensaram duas vezes, arrume as coisinhas dela Rosinha, é o jeito, assim fui ser colega de Eurico Teles, o filho mais novo de Dr. Hermano.

Deus, quantas lembranças maravilhosas daquela época, onde o meu pai plantou as melhores safras de Cana de Açúcar, Arroz, Feijão e Milho, além de fazer a melhor cachaça da região. 

O nome de Lagoa Encantada, deu-se por causa de uma "Poça de Água" que tinha perto do engenho e diziam que ela era "ENCANTADA", eu nunca acreditei muito nessa história, pois sempre brincávamos perto e nunca vi nenhum príncipe e muito menos um sapo dourado por lá. 

Agora foi uma infância dourada que nós vivemos ali. Isso sim, é uma grande verdade.

Eu sou a menina loura, nascida na Lagoa Encantada, no dia 02 de Novembro, dia de finados, nasci sozinha, pois quando minha mãe disse, vai buscar Dona CEICINHA, só deu tempo meu Pai chegar na Cancela da Casa de Taípa e, minha MÃE me de à Luz, naquele quartinho só nós duas. 

Serei eternamente grata aos meus queridos pais, ao Dr. Hermano Teles e a Dona Euricinha sua esposa. 

OH! TEMPO BOM !

Quereres - Postagem do Antônio Morais.

 


Tanta coisa tenho ignorado.

Tanta meta já não mais almejo.

Tanta gente que deixei de lado,

E outras tantas que há tempo não vejo.


Tantas coisas que eu corria atrás,

Que queria e já não quero mais,

Que não tive, mas que tanto faz,

Pois ter paz é tudo que desejo.

Jenário de Fátima.


Em defesa do Anel de Tucum - Postagem de André Luis Bezerra.

Sem muitos rodeios, como o título deste texto bem sugere, farei aqui uma defesa do simples e singelo Anel de Tucum, que mesmo sendo algo tão simples, carrega sobre si muitas controvérsias. 

Antes de mais nada, quero aqui sublinhar a estranheza que brota da necessidade de se defender um anel. Afinal de contas nunca li nenhum texto sequer que defendesse um anel, brinco ou pulseira, por exemplo. 

Mas, como bem recorda o ditado popular: para bom entendedor meia palavra basta, a defesa aqui não é puramente do símbolo, mas do seu significado, expresso por ele, seu significante.

Obviamente, se algo precisa de defesa é porque foi ou está sendo atacado. Este é o caso do Anel de Tucum. Durante muitos anos vi este símbolo, e mais ainda o seu significado, com muita desconfiança e estranheza. 

Apesar de tê-lo usado em um breve tempo da minha juventude, nos primeiros anos de caminhada pastoral na igreja, à época não compreendia muito bem o seu significado. Todavia, entre uns e outros cliques na internet, deparei-me com diversas pessoas que alertavam acerca do “perigo” do uso deste anel. Assustei-me e depressa retirei-o do meu dedo anelar.

Dentre os estrondosos alertas feitos por estes “arautos da verdade” nas redes sociais sobre o suspeito anel estava o de que aqueles que o usam são adeptos de uma teologia perigosa. Chamada por alguns de “pior heresia de todos os tempos”, a Teologia da Libertação era apontada como o grande mal por trás do uso deste “anel preto”, como denominavam, com desprezo, o pequeno artefato.

Outro argumento que, pelo que me lembro, escutei pela primeira vez vindo da boca de um colega seminarista, era de que aquele anel, além de representar uma corrupção da fé, era também usado por membros da comunidade LGBT e que, por isso, deveria ser totalmente evitado por indicar também uma profunda corrupção da moral e dos bons costumes. 

Recordando este argumento, enquanto escrevo este texto, é impossível não me recordar de Dona Dorotéia ou de Perpétua, personagens de Jorge Amado.

Deixando de lado estas recordações, e detendo-me em episódios mais recentes que me levaram a escrever esta reflexão. Li em uma postagem no Instagram, carregada de um pesado tom apocalíptico, que afirmava a urgente necessidade de se abandonar o uso deste anel por parte dos franciscanos, que eram o público alvo daquele alerta. 

Num dos comentários desta postagem um jovem rapaz católico se lamentava: “Quem dera fossem apenas os franciscanos a usarem isso!”. Na mesma semana, ouvi um colega de seminário recriminando outro pelo uso do anel, dizendo: “Se eu fosse o seu bispo, não o ordenaria enquanto não retirasse esse anel!” Ouvi isso e em silêncio me mantive. Mas apenas um silêncio exterior, pois na mente refleti muito sobre o porquê de tanta querela em torno deste anel. 

Perguntei-me: se a origem deste anel remontasse a um dos rincões europeus, ele sofreria tal desprezo?

Mas, apesar desta ou daquela campanha contrária a seu uso, o Anel de Tucum, como sabemos, tem uma origem muito mais antiga do que os seus detratores comumente imaginam. Este anel, feito da semente do tucum, uma palmeira muito comum na região amazônica, tem suas origens ainda no Brasil Império. 

Este anel era utilizado por indígenas e negros escravizados para simbolizar seus pactos matrimoniais, sinais de amizade e de associação, já que não podiam ostentar anéis feitos de metais preciosos como faziam os seus senhores. 

Acontece que, décadas depois, o uso deste anel foi adotado por muitos cristãos que, sabendo desta história, passaram a utilizá-lo como símbolo de compromisso com a causa indígena e com a causa dos mais pobres e desfavorecidos. 

O Anel de Tucum foi amplamente difundido entre líderes religiosos católicos. Muitos padres, religiosos e religiosas passaram a usá-lo com este significado. Apesar de membros de outras denominações cristãs também terem adotado o uso deste anel, a sua maior adesão se deu no seio da Igreja católica, principalmente durante a segunda metade do século XX, quando a Igreja católica respirava os novos ares trazidos pela janela aberta do Concílio Vaticano II. 

Neste mesmo período histórico se demarca o nascimento da famigerada Teologia da Libertação, sobre a qual não nos aprofundaremos, haja vista não ser esse o objetivo desta reflexão. O importante é que muitos daqueles que seguiam as novas perspectivas teológicas, pastorais e sociais propostas pela Teologia da Libertação adotaram também o uso do tal anel preto. 

Certamente, devido a este fato histórico, é que o anel se tornou sinal daqueles que procuravam reformar a Igreja segundo novos moldes, sejam os propostos pelo Concílio Vaticano II, sejam os pregados por esta ou por aquela Teologia da Libertação, com todos os acertos e erros, virtudes e exageros que todos sabemos que existiram. Façamos, pois, diante de tudo isto, algumas considerações sobre o uso do Anel de Tucum. 

Em obediência à verdade, que me leva à justiça, inicio apresentando alguns dos principais argumentos contrários ao uso do anel. Elencarei novamente aquelas alegações que escuto com mais frequência. O primeiro e principal argumento de todos é o de que aqueles que usam o anel se demonstram adeptos da Teologia da Libertação, que segundo eles é uma heresia perigosa, inclusive já condenada pela Igreja. Outra razão por eles apresentada é de que o seu uso é indevido pelo fato de o anel também ser usado pela comunidade LGBT, como uma espécie de sinal de identificação desta ou daquela preferência sexual ou de identidade de gênero.

Por outro lado, apresento também os argumentos favoráveis ao uso deste anel, alegado principalmente por aqueles cristãos que fazem o seu uso ou que simpatizam com aqueles valores significados por ele. 

O primeiro deles é o de que o Anel de Tucum é símbolo de uma vida de simplicidade evangélica, onde a riqueza de um anel de ouro ou de prata é substituída pelo uso de uma aliança de valor irrisório; para outros, o Anel de Tucum serve como uma espécie de lembrete àqueles que o usam de sua opção preferencial pelos pobres, principalmente na sua luta por uma Igreja mais pobre e servidora. 

Assim, diante dos argumentos apresentados de ambas as partes, faço as minhas considerações, o meu juízo. Dizer que o simples uso de um anel significa, de imediato, a pertença a uma corrente teológica específica, demonstra o uso de um julgamento apressado e irresponsável sobre uma pessoa em toda a sua complexidade. 

Outro problema naqueles acusadores é a sua profunda ignorância a respeito da Teologia da Libertação, a qual condenam sem o mínimo conhecimento teológico, baseados, pelo menos em sua maioria, em manchetes que ostentam a condenação da então Congregação para a Doutrina da Fé a uma Teologia da Libertação de cunho marxista, apenas. 

Consequência da pouca ou nenhuma leitura de Gustavo Gutiérrez, Comblim, Leonardo e Clodovis Boff, etc. 

Inclusive pouca leitura dos escritos do cardeal Gerhard Müller, que escreveu com Gutiérrez algumas obras, dentre elas: “Ao lado dos pobres: Teologia da Libertação”, publicada pela editora Paulinas.  

Muitos (digo por aquilo que constato na maioria dos discursos que ouço contrários à Teologia da Libertação) sequer se deram ao trabalho de ler, direto da fonte, um único texto que exponha este ou aquele tipo de Teologia da Libertação, a partir dos próprios autores. 

Contentam-se com comentários esdrúxulos e irresponsáveis, cuja profundidade é análoga a de um pires. 

Outra acusação falaciosa, e muitas vezes marcada de hipocrisia, é a de que o seu uso deve ser evitado para evitar uma espécie de proximidade estética com os LGBTs. Repito: faço estas considerações a partir da minha experiência com os detratores do Anel de Tucum. Muitos, para não dizer muitíssimos, daqueles que usam este argumento à la Dorotéia, ou mesmo, à la Perpétua, para não dizer, à la fariseus, caem em grande hipocrisia. 

Tenho observado que muitos dos que criticam o anel pela sua adoção por parte da comunidade LGBT, são os mesmos que frequentemente adotam diversos costumes, trejeitos e gírias da mesma comunidade. Enquanto criticam os usuários do Anel de Tucum por se assemelharem aos LGBTs, estes mesmos pregadores da moral e dos bons costumes tratam-se entre si por pronomes femininos ao mesmo tempo em que conhecem e utilizam todo o vocabulário das gírias do mundo gay. Como já disse: caem em grande hipocrisia.

Contudo, não são todos que cometem este último deslize. Para estes eu argumento: se um símbolo usado por determinado grupo considerado imoral ou herético pela boa e sã doutrina católica passar a gozar da mesma reprovação daqueles que dele fazem uso, devemos então começar a condenar com mesma ênfase os paramentos advindos do paganismo romano, as batinas usadas por corruptos e pedófilos, as manifestações de piedade popular originadas na superstição, as formas de organização eclesiástica absorvidas das cortes medievais, por exemplo. Tudo isso sem falar no apoio a políticos ditos conservadores, cujas forças políticas residem sobre base maçônica e/ou liberal. 

Um símbolo não pode ser acorrentado perpetuamente a um significado! Exemplo maior disso é a Cruz, que de sinal de maldição, foi ressignificado e tornou-se sinal de salvação.

Já tendo me delongado demais, e sem querer tomar ainda mais o tempo do leitor, concluo esta defesa com uma reflexão acerca da importância da unidade da Igreja.

Sendo uma das notas que caracterizam a Igreja verdadeira de Jesus Cristo a unidade é algo que deve ser zelado e preservado com nossos maiores esforços. Por isso pergunto: alguém que divide a Igreja de Jesus entre aqueles que usam e entre aqueles que não usam o Anel de Tucum estão a colaborar com a unidade da Igreja? 

Aqueles que promovem perseguição e/ou ridicularização deste ou daquele devido ao uso de um simples sinal, estão a trilhar o caminho de Jesus, que desejou que todos fossem um (cf. Jo 17, 21)? Estas perguntas ficam para a reflexão. Sem mais delongas, termino dizendo: não há nada mais tradicional do que defender a unidade da Igreja.

A FEIÚRA DO FUTEBOL - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 

Jogo brusco e excessos de cautela.  Marcação com disposições diferentes e o fito de "não deixar jogar".

Um time alijando o outro. Desarme confundido com agressão.

Troca de passes defeituosa e nenhuma solução individual. Faltas, uma atrás da outra.

O futebol mal jogado aborrece e nos incentiva a ver outra coisa.

O pior é a mídia esportiva passar pano para tudo isso.

Foi duro ouvir uma análise dando conta de que um atacante teve bom desempenho porque marcou bem o adversário.

Fica difícil entender que um atacante precisa ser um exímio marcador.

O que dirão os artilheiros?

E a preocupação em jogar é irrelevante? Não rola, inventem outra.

Vamos botar, na conta disso tudo, uma nova mania dos times: "Poupar" craques da equipe em grandes clássicos.

Estamos falando de Palmeiras e Flamengo, mas não é difícil encontrar disputas parecidas.

Quem quiser futebol valendo, mesmo, tem que ir para a televisão.

Na Europa, os campeonatos oferecem espetáculos ao gosto do telespectador.

É só conferir.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

O engenho Lagoa encantada - Postagem do Antonio Morais.

Desde o Séc. XVIII, a região do Cariri teve como uma das principais atividades agrícolas e mercantis, o plantio e o comércio de derivados da cana de açúcar, dado o contexto climático favorável a essa cultura.

A partir do Séc. XIX, ergueram-se na região engenhos gigantescos, com uma capacidade produtiva invejável, adotando as máquinas a vapor como força motriz do processamento da cana, dentre eles, o Lagoa Encantada, localizado em um brejão afamado por um causo de assombração, que pode ser lido clicando aqui.

O Lagoa Encantada foi um dos pioneiros na aplicação de máquinas e implementos agrícolas, e no uso de insumos responsáveis por enriquecer a terra e aumentar a produtividade, uma via oposta a grande maioria dos senhores de engenho do Cariri, conservadores nas práticas agrícolas, e com pouca capacidade de investimento.

Quem passa na estrada da Vila São Bento, de longe consegue avistar sua enorme chaminé. Aos olhos forasteiros, o Lagoa Encantada pode ser confundido com uma indústria abandonada, dada sua arquitetura e estrutura, que mesmo aos frangalhos, ainda impressiona.

Adentrando os limites da propriedade, é possível verificar a existência de casas de taipa e antigos alojamentos de funcionários, alguns ainda em uso. A casa grande, infelizmente, foi demolida já há alguns anos, mas abaixo deixo uma foto feita na década de 1950.

Casa grande do Lagoa Encantada – FONTE: Engenhos de Rapadura do Cariri – J. de Figueiredo Filho

Atualmente dedicado a pecuária, incluindo o manejo de búfalos, o vasto terreno ainda respira ares canavieiros, o visitando consegue com facilidade imaginar aquela vastidão repleta de cana, sendo ceifada e transportada pelos cambiteiros, com suas cantigas, que se complementavam com os homens das fornalhas, tachos e outras estruturas do processo produtivo.

Roberto Junior.

TREINADORES X "ENTENDIDOS" - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 


Daqui a pouco, não haverá no Mundo número suficiente de treinadores para clubes brasileiros.

De uns tempos para cá, a preferência tem sido por orientadores estrangeiros.

Sul-americanos e portugueses lideram folgados as listas dos escolhidos.

A compulsão da cartolagem por dispensa e contratação  atende, também, à uma vasta freguesia na crônica esportiva e nas redes sociais.

Só não vira comentarista esportivo quem não quiser.

Os resultados é que vão ditando o ritmo dos despautérios ditos e ouvidos.

Os treinadores, claro, dão suas contribuições. A mania de ser autoral é a desgraça de muitos deles.

Mas, a luta é desigual para os técnicos. De um lado a falta de maior equilíbrio do gestor. Na outra ponta, a passionalidade do torcedor.

E como se fosse pouco, a multidão de "entendidos" da crônica e redes sociais.

Vai ver não passamos, também, de mais um "entendido".

Como afirmou um desses filósofos que o futebol criou: "Treinador do futebol brasileiro é uma ilha de burrice cercada de inteligência por todos os lados".

"Inteligência", sim.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Se exiba pelo caráter e não pela ausência dele - Por Antonio Morais.

"Não é preciso mostrar beleza aos cegos, nem dizer verdades aos surdos. Basta não mentir para quem te escuta e não decepcionar os olhos de quem te vê.

A decepção não mata, mas faz muito sentimento bom morrer. 

O tempo desmascara as aparências, revela a mentira e expõe o caráter".

Dr. Marchet Callou - Postagem do Antônio Morais.

O Dr. Marchet Callou foi o primeiro dentista do Cariri, aqui chegando em 1937. Era uma extraordinária figura humana: bonachão, poeta de rara sensibilidade, escritor, orador, boêmio no bom sentido,  desapegado das coisas materiais. 

Em todo universo, Marchet Callou fazia uma coisa que somente ele sabia: em vez de colocar inseticida para as formigas do seu jardim, ele colocava açúcar  para alimentá-las. 

Em telefonema para o Padre Agostinho Mascarenhas pediu que, em face da pressa, uma confissão urgente.

Diante do confessor, Marchet Callou  disse para espanto do padre: Eu só tenho um pecado, mas o cometo todo dia: jogo no bicho e nas loterias em geral.

Isso não é pecado, mas uma contravenção penal, vá na capela e reze cinco "Ave Marias" de penitência. Seu pecado está perdoado.

Marchet ao abrir a bíblia encontrou um papelzinho com o numero 31, escrito.

Olhando para esposa Elba Marchet disse : "Um palpite". E, lépido saiu para jogar aliviado  com o perdão do seu confessor.

terça-feira, 23 de abril de 2024

LUGARES - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.


Leio, em uma velha publicação, entrevista com o ator Procópio Ferreira, pai da magnífica Bibi Ferreira.

Por que não mais visitou Paris? Foi uma das perguntas.

Ao que respondeu o grande artista: "Meus amigos não estão mais por lá. E os lugares são as pessoas".

É isso. O lugar é a soma de almas de pessoas que o criaram.

Sem alma, um lugar vira um não lugar.

Como definiu Agualusa: "A alma é uma luz muito pequenina escondida no coração. É o que continuamos a ser depois de ser..."

Passo, às vezes, diante de lugares que frequentei e não ouço nem sussurros, quanto mais vozes. 

Fico, irremediavelmente, melancólico. 

Antes, espaços onde a vida fluia e ninguém atrapalhava. Bagagem volumosa de afetos.

Lugares que abrigaram tanta vida. Ecos de pessoas, vestígios de vidas vividas.

Prazer de viver engolido pelas mudanças do tempo.

O que nos resta: descobrir novos lugares e reconstruir, no presente, a felicidade experimentada no passado

Cora Coralina - Por Cora Coralina


Sou feito de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou.

Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior... Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade... que me tornam mais pessoa, mais humano, mais completo.

E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados... haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma.

Portanto, obrigado a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. 

Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias.

E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de 'nós'.

Cora Coralina.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

A TECNOLOGIA E O PRIMITIVO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Posso até me perder nesse assunto. A guerra não é a praia que frequento.

Entanto, há coisas que mexem com a alma da gente. 

Estamos num Mundo de guerras e retaliações. O Oriente Médio é um barril de pólvora.

Com a escalada tecnológica, paradoxalmente, parece que retornamos ao primitivo.

Leio horrorizado que já se faz uso de uma máquina bélica de poder tecnológico altamente letal. 

Ela tem o nome de Lavender, um sistema de Inteligência Artificial que define alvos e os executa em massa.

Sua utilização se daria matando, indiscriminadamente, populações civis.

Isto é, o que a tecnologia antes prometia como avanço é hoje um perigo.

Não é difícil deduzir que esse tipo de “avanço” nada mais é do que um enredo selvagem e criminoso.

O homem não é mais o mesmo depois de tais invenções.

O que temos pela frente é o horror.

domingo, 21 de abril de 2024

Baladas de outrora. - Por Antônio Morais.



BALADAS DE OUTRORA.

As meninas, bem mais recatadas que as de hoje. Nós, recém saídos da adolescência, sonhávamos a semana inteira com aqueles sábados, com aquelas tertúlias. Cada fim-de-semana na casa de um, em sistema de revezamento.

Havia a necessidade do ‘esquente’, antes da festa, para ter coragem de tirar as meninas recatadas para dançar. Mas havia, também, a falta de dinheiro, fator que limitava um ‘esquente’ decente. O jeito era, num só copo, misturar conhaque, cachaça, rum e um pouco de cerveja e, copo cheio, botar aquelas mistureba pra dentro deixando o fogo sair pelas ventas.

Pouca coragem, quase nenhum dinheiro. Bom e barato. Nada de beber lenta, gradual e socialmente. Bastava uma dose e estávamos no ponto para dançar. E aquelas moças, bonitas e recatadas, aceitavam um convite à dança de um cabra cambaleante e com um hálito de quem engoliu tudo que não presta misturado com tudo que também não presta.

Mas os tempos eram outros e aquelas moças dançavam a noite toda com aquela cambada de cabrinha recém-saído da infância, com todos os hormônios saindo pelos poros e com todas as catingas saindo pelas bocas. A embalar os sonhos ouvia-se Paulo Sérgio, Roberto Carlos e, tantas vezes, Renato e seus Blue Caps.

Dançávamos, alegres, festiva e inocentemente bêbados.

Xico Bizerra.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

ARREMESSOS - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Todas as ações humanas que ignoram os limites levam à destruição.

Nunca poderemos usar as armas dos extremistas. É suicídio lutar no campo deles.

Os anos passam e percebemos que somos apenas as experiências que nos moldaram.

O tempo não cura todas as mágoas, mas a dor fica mais suportável.

Todo time tem uma torcida. O Corinthians é o único caso em que uma torcida tem um time.

Não deixe para acordar quando estiver no túmulo.

Não são poucos os que defendem a democracia na aldeia e abraçam ditadores fora dela.

Tem comentarista que não sabe a diferença entre a bola e uma ogiva nuclear.

Em vários sabores, a burrice está à mesa.

O que era doce permanece em nossas lembranças.

O ciúme é único sentimento que quer a morte.

Se o futuro nada promete, o presente é sem futuro.

O mundo real nos parece impenetrável.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Nunca se iluda - Por Antônio Morais



Nunca se iluda, gente ruim não muda. Você espera que a pessoa amadureça e ela vai lá e apodrece.

Muitos irão gostar de você apenas enquanto puderem te usar, a lealdade termina quando os benefícios acabam. A ingratidão é o preço do favor não merecido.

Nada que eu posto é pessoal, muito menos direcionado a alguém. São simples mensagens, frases, imagens, piadas e brincadeiras, para fazer rir e passar o tempo.

Há tanta falsidade que a vida nos faz acreditar que caminhar sozinho nem sempre é o mal maior.

233 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.

A noite que transformaram dona Bárbara de Alencar numa "anã" -- por Armando Lopes Rafael


Na noite de 21 de junho de 2016, Data do Município de Crato, o prefeito Ronaldo Gomes de Matos “O Fenômeno”, inaugura um “monumento” no calçadão da Praça da Sé. Criticada por ser uma cidade “pobre de monumentos”, a Cidade de Frei Carlos recebia um “busto” de Bárbara de Alencar, uma figura emblemática no episódio que se convencionou chamar de “desdobramento da Revolução Pernambucana de 1817 na cidade de Crato”.
Tratava-se, na verdade de um simulacro de monumento. Uma anã, colocada rente ao chão, simbolizada a heroína dos cratenses. Sinceramente, dona Bárbara merecia ser homenageada com um monumento à altura da sua memória.
Sobre esse “busto” assim foi noticiado no Blog Plim-plim do Cariri, mantido pelo Sr. André Lacerda:
     “Inaugurado o busto da heroína Bárbara de Alencar no município do Crato, parece brincadeira, ou alguma criança brincando de argila, me desculpe o artista, mas até agora eu fico imaginando de quem foi a brilhante ideia, se a guerreira estivesse viva, era capaz dela ter um enfarte fulminante, já não bastasse a cara torta e mal feita da santa”. (SIC)
 Passados quase dois anos da introdução daquela “aberração” ainda não se viu um protesto à altura contra aquela coisa horrorosa, capaz de motivar a retirada da “anãzinha” que fere os foros da memória histórica de Crato. Triste! 

Sobre a  Revolução Pernambucana de 1817 em Crato:  mito e realidade
     A participação de Crato na Revolução Pernambucana de 1817 tem sido o episódio histórico desta cidade mais exaltado, nos últimos pós–proclamação da República. Costuma-se dizer que a história é sempre escrita pelos vencedores. Os revolucionários republicanos de 1817 – derrotados pela contrarrevolução do monarquista cratense Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro – passaram a ser exaltados como heróis, após o golpe militar que impôs a forma de governo republicana no Brasil, em 15 de novembro de 1889. Os feitos desses republicanos de 1817, no Cariri cearense, são divulgados em proporções maiores que os reais, tanto nos meios de comunicação, como por parte de alguns historiadores. Do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro pouco se fala. Quando se escreve sobre o efêmero movimento que foi a Revolução Pernambucana de 1817, em terras do Cariri cearense, omite-se a decisiva participação do Brigadeiro Leandro, ao debelar aquela revolta. Omite-se, também, a coragem pessoal e cívica de Leandro Bezerra Monteiro naquele episódio.

   Aliás, o historiador cratense J. de Figueiredo Filho, apesar de simpático às ideias republicanas foi veraz ao escrever: “Muito se tem discutido em torno da Revolução de 1817, na Vila Real do Crato. Foi movimento efêmero, que durou apenas oito dias. Ocorreu a 3 de maio de 1817, em consonância com a revolução que eclodiu em Pernambuco. Foi abafada, quase ingloriamente, a 11 do mesmo mês. É verdade que a vila bisonha de então não estava suficientemente preparada para a rebelião que, para rebentar, em Recife, necessitara da assimilação de muitas páginas de literatura revolucionária, da luta entre brasileiros e portugueses, em gestação desde a guerra holandesa e do preparo meticuloso, em dezenas de sociedades secretas, além de fatores econômicos múltiplos”. (01)

   Passados 200 anos daquele episódio e analisando de forma objetiva vários escritos e opiniões dos pesquisadores regionais chegamos à conclusão de que o que ocorreu no Cariri, em 1817, não foi uma simples disputa entre clãs familiares, como alguns historiadores escreveram no passado. Tratou-se, na verdade, de um confronto de ideias. De um lado, o proselitismo e ações concretas em favor dos ideais revolucionários e republicanos, feitos por membros da ilustre família Alencar, um dos clãs mais importantes do Sul do Ceará. O povo não apoiou os Alencares, que lutaram para impor uma ideologia estranha à mentalidade da sociedade caririense de então. Do outro lado, opondo-se a essas ideias republicanas, esteve Leandro Bezerra Monteiro, um homem dotado de profundas e arraigadas convicções católicas e monarquistas. 

   Relembre-se, por oportuno, que a fidelidade à Monarquia, por parte de Leandro Bezerra Monteiro e seu clã, motivou a concessão – partida do Imperador Dom Pedro I – da honraria ao ilustre cratense do primeiro generalato honorário do Exército brasileiro. Àquela época, embora em desuso, o posto de brigadeiro correspondia – na escala hierárquica do Exército Imperial – à patente de general.
    No mais, outro historiador cratense, José Denizard Macedo de Alcântara fez interessante análise sobre a mentalidade vigente na população do Cariri, à época da Revolução Pernambucana de 1817.  A conferir:
    “Um bom entendimento dos fatos exige que se considere a realidade histórica, sem paixões nem preconceitos. Ora, dentre os dados da evolução histórica brasileira há que se ter em conta o seguinte:
a)    a sociedade brasileira plasmou-se, em mais de três séculos, à sombra da monarquia absoluta, com todo o seu cortejo de princípios, hábitos, usos e costumes, não sendo fácil remover das populações esta herança cultural, tão profundamente enraizada no tempo;

b)    daí o apego aos Soberanos, a aversão às manobras revolucionárias que violentavam suas tradições éticas e políticas, os reiterados apelos de manutenção da monarquia absoluta, que aparecem, partidos de Câmaras Municipais – os órgãos públicos mais aproximados das populações – mesmo depois que Pedro I pôs em funcionamento o sistema constitucional de 1826;

c)    o centro de gravidade desta sociedade eminentemente rural era sua aristocracia territorial, única força social de peso na estrutura nacional, repartida em clãs familiares, e profundamente adita ao Rei, de quem recebia posições públicas e milicianas, além de outras benesses, sentimento este que mais se avolumara com a transmigração da Família Real, em 1808, pelo contato mais imediato com a Coroa, bem como pelos benefícios prestados ao Brasil, no Governo do Príncipe Regente;

d)    sendo insignificante a sociedade urbana, era mínima a capacidade de proselitismo da vaga liberal que varria o mundo ocidental, na época, restringindo-se a uma minoria escassa, embora ativa e diligente. (02)

    Donde se conclui que não houve simpatia, nem apoio da sociedade caririense às ideias republicanas da Revolução Pernambucana de 1817, difundidas no Sul do Ceará pelo seminarista José Martiniano de Alencar.

Referências bibliográficas:

(01) FIGUEIREDO FILHO, J. História do Cariri. Vol. I. Edição da Faculdade de Filosofia do Crato, 1964.  p.61
(02) ALCÂNTARA, José Denizard Macedo de. Notas preliminares in Vida do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro. Secretaria da Cultura, Desporto e Promoção Social do Ceará, Fortaleza, 1978. p.26

 (*) Armando Lopes Rafael é historiador. Sócio do Instituto Cultural do Cariri e Membro–Correspondente da Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris, de Salvador (BA).
 

232 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


Terremoto no Ceará.

Depois dos terremotos ocorridos no Haiti, o Governo Brasileiro resolveu instalar um sistema de medição e controle de abalos sísmicos, que cobre todo o país. O então recém-criado Centro Sísmico Nacional, poucos dias após entrar em funcionamento, já detectou que haveria um grande terremoto no Nordeste do país.

Assim, enviou um telegrama à Delegacia de Polícia de Icó, uma cidadezinha no interior do Estado do Ceará. Dizia a mensagem: "Urgente. Possível movimento sísmico na zona. Muito perigoso. Richter 7. Epicentro a 3 km da cidade. Tomem medidas e informem resultados com urgência".

Somente uma semana depois, o Centro Sísmico recebeu um telegrama que dizia: "Aqui é da Polícia de Icó. Movimento sísmico totalmente desarticulado. Richter tentou se evadir, mas foi abatido a tiros. Desativamos as zonas e todas as putas estão presas.

Epicentro, Epifânio, Epicleison e os outros três irmãos estão detidos, e serão removidos para penitenciária mais próxima.

 Não respondemos antes porque houve um terremoto da porra "aqui" em ICÓ!

231 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


O gado descia mansamente no rumo do sertão.
O trovão reboava no nascente como marco incontestável do limite entre a seca que findava e a quadra chuvosa que já se prenunciava.
O gado tinha secado do capim mimoso dos sertões, enfastiado com o capim agreste da chapada do Araripe onde passara toda a seca.
Eram 200, 300 reses tangidas por quatro vaqueiros, meu pai na guia e eu no coice do gado.
A musica dos bois era a nota marcante daquela alegre tarefa. Tudo era alegria!
De repente, no lambedouro do Auto do Mulungá, um touro mestiço do pescoço grosso, cioso da sua liderança naquele rebanho, parou, deu um urro muito forte e retorcia as moitas com os chifres, dando saltos inopinados.Todo o resto do rebanho aproximava-se do touro e o repetia em lânguidos berros cheirando o chão! Todos paramos instintivamente, como autômatos.
O vaqueiro Zé Félix, muito místico, tirou o seu chapéu de couro e o colocou no peito em reverência àquela inusitada cena como igual jamais vi na vida!
Em seguida, o touro mestiço retomou a guia do rebanho e continuou a caminhada. Fomos verificar a causa daquela tocante cena. Era a ossada ainda verde e recente de uma rês que morreu naquela lambedouro onde as reses sempre iam ao cair da tarde em procura do sal da terra para satisfazerem a sua carência de sal. Dali pra frente os aboios diminuíram de intensidade, Esquece-la, jamais e eu tinha 12 anos de idade e era aprendiz de vaqueiro. O tempo inexorável, vai se acumulando sobre mim, mas aquela bucólica cena fica cada vez mais viva na minha saudosa sensibilidade, nunca vi humanos chorarem tão intensamente os seus mortos. A natureza tem os seus mistérios!

O choro do gado - Napoleão Tavares Neves é médico, radicado em Barbalha; escritor e cidadão atuante; Autor de vários livros. Pertence a diversos institutos culturais do Ceará.

230 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Veja a natureza: Após uma grande tempestade o céu se torna mais claro, o ar se torna mais leve, as folhas ficam mais verdes e cheias de vida.

Ás vezes ficam alguns destroços, porém nada que não possa ser reconstruído depois de uma forma mais firme e segura.

Todos os reveses e dissabores que passamos na vida têm o grande poder de nos transformar. Após a ”tempestade” em nossas vidas se soubermos tirar proveito das lições nos tornaremos mais fortes e confiantes.

Se você estiver passando por um desses momentos em sua vida não se revolte nem queira enfrentar a tempestade com ira.

Acalme-se e espere confiando que Deus nosso Pai está ao nosso lado nos amparando e nos dando a força que necessitamos para passarmos por aquelas dificuldades. Não percamos a fé e a esperança pois nada acontece por acaso.

Em tudo há uma razão.

Procuremos tirar um aprendizado de tudo não esquecendo que após a tempestade um novo ciclo se inicia sendo que estaremos mais lúcidos e conscientes para seguirmos a nossa jornada rumo à paz que buscamos e que certamente encontraremos um dia na eternidade!

229 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


O padre e as duas malas - Mozart Cardoso de Alencar.

Era um ano de copioso inverno. O Bispo havia transferido o padre de uma paróquia para outra. A saída da cidade tinha que ser feita atravessando obrigatoriamente o leito de um rio, que ao pé do subúrbio, e nesse dia o rio estava cheio, transbordando.

O padre chega a margem do rio e entrega duas malas ao caboclo, dono de uma balsa de paus flutuantes com que explorava o comercio do transporte de pessoas e de cargas para a outra margem. Entrega as malas e vai dizendo: essa mala aqui é da igreja, ela conduz coisas sagradas: O cálice, a âmbula, as hóstias, as galhetas de vinho, paramentos, opas, quadros e estatuetas de santos, tenha todo cuidado com ela. Essa outra é a mala que leva apenas minhas roupas, e meu dinheirinho.

O caboclo lança-se sobre o dorso dos vagalhões das águas barrentas guiando a frágil embarcação. Poucos minutos depois, lá do meio do rio, grita o caboclo: seu Padre, o peso é demais. A balsa vai virar, é preciso empurrar dentro do rio uma das malas, qual é a que eu salvo? Ao que o padre aflito em desespero, respondeu: salve a do dinheiro! E o poeta ironizou:

Salve a mala do dinheiro!
Deixe a do santo afogada!
Com dinheiro eu compro santo!
Com o santo eu não compro nada!.

228 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


Benevenuto e Jorvina moravam numa casinha de taipa no sitio Umburana, em Crato. Raimundo, seu filho mais velho se apaixonou por uma danada, acesa, que foi não foi, aparecia com um namorado novo, fato aquela época, pouco recomendado para uma moça prendada. 

O pai chamou o filho em particular e começou a aconselhar fazendo ver que  aquela cabrocha não era a nora que ele desejava. Benevenuto mostrava os defeitos e Raimundo apresentava uma solução em cima da bucha. Meu filho, essa moça é muita falada, muito acesa. Pai pode ser que eu apague o fogo dela. 
Foram a cima, foram a baixo, dona Jorvina que escutava a arenga se zangou, entrou na conversa e foi na ferida, bem onde o preconceito, à época, era motivo de condenação e morte: A falta do selo  de garantia, a virgindade. 

Meu filho, pelo bem de "Nossa Senhora Protetora dos Traídos", essa moça não serve para casar com você, ela  já é "furada"!
Raimundo coçou o cangote, balançou a cabeça e fechou a prosa dizendo: Mãe, que besteira é essa, eu quero num é pra carregar água não.

DIFERENÇAS DE COSTUMES - POR ANTÔNIO MORAIS


Raquel de Queiroz escreveu na ultima pagina da Revista o Cruzeiro, há dezenas de anos, sobre as diferenças de comportamentos do povo de região para região.

Falava que enquanto dois grandes empresários paulistas viajavam do Brasil aos Estados Unidos, sentados em poltronas vizinhas sem um  bom dia de um para outro, o nordestino que  mudava-se de um bairro para outro da cidade, ao chegar  na nova morada, antes mesmo de começar a descer a mudança os futuros vizinhos já serviam um bule com café e bolo de milho.  Solidariedade e hospitalidade.

Lembrei desta historia porque outro dia  viajei de São Paulo a Juazeiro do Norte, com escala Brasília e Recife. 

De São Paulo a Brasília muitos ternos, silêncio profundo, leituras de revistas, nada de diálogos ou conversas. De Brasília a Recife já se ouvia algum burburinho, alguns passageiros a trocar ideias.

Do Recife a Juazeiro do Norte virou feira livre. Ouvia-se de um lado para o outro: Ei baitola veio veado, como foi a viagem, conseguiu comprar tudo que  pretendia?

Nada "fio de uma égua veia", o tempo passou rápido, tenho que voltar mês que entra outra vez. Mas, com uma viagem boa dessas, sem poeira, cruva nem catabi, agente tem mais é que aproveitar.

Crônicas e contos - Por Antônio Morais.

 

A história politica antiga do Crato é muito boa de contar, gostava de ouvir e rica de folclore.  

Nas décadas de 40 e 50 do século passado havia um certo domínio da UDN liderada pelos  irmãos Joaquim Fernandes Teles e Filemon Fernanes Teles, seus seguidores eram chamados de "carrapatos" porque não largavam o puder. 

O PSD  liderado pelo professor Pedro Felício Cavalcante, cujos seguidores eram chamados, não se sabe porque de Gogós, se elegeu prefeito na quinta tentativa, na eleição para o mandato de 1963 a 1966.

Seu opositor naquela eleição foi o Dr. Derval Peixoto e o vice Thomaz Osterne de Alencar. Num comício no bairro São Miguel a turma do seu Pedro cantava a música de campanha : "pau, pau, pau na cabeça de Derval"....

Thomáz Osterne parou o jeep nas proximidades do comício e ficou fazendo as suas pesquisas. A negrada viu e emendou : pau, pau, pau na cabeça de Derval, mais, mais, mais na cabeça do Thomaz.

Thomaz Osterne era um gentlemen, rio muito, ligou o carro e foi embora.

227 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.

Os festejos dedicados a Nossa Senhora da Penha – Imperatriz e Padroeira de Crato – são realizados há 251 anos. E se constituem na mais tradicional e longeva manifestação religiosa popular feita nesta cidade. A mais antiga referência a esta festa data de 1838, e foi feita por George Gardner, naturalista, botânico memorialista, intelectual, pesquisador, escritor, ensaísta e cientista escocês, que esteve em Crato naquele recuado ano.

Autor do livro “Viagem ao Interior do Brasil”, publicado em Londres em 1846 (e somente traduzido para o português e editado no Brasil quase cem anos depois) George Gardner descreveu – no livro citado – a festa da Padroeira de Crato, da qual destacamos o seguinte trecho:

“Durante minha estadia em Crato foi celebrada a festa de N. Senhora da Conceição, (Gardner equivocou-se quanto à invocação da Virgem Maria patrona da Cidade de Frei Carlos, pois o certo é Nossa Senhora da Penha) precedida de nove dias de divertimentos, cujas despesas correm por conta de pessoas designadas para conduzi-los; enquanto durou a novena, como é chamada, os poucos soldados que havia na vila não cessaram quase, dia e noite, de dar tiros e as procissões, iluminações, girândolas de foguetes e salvas, com um pequeno canhão em frente da igreja, trouxeram ao lugar um constante alvoroço”.


Uma das muitas histórias desta festa.
A crônica histórica de Crato guarda ainda o registro de que o primeiro Intendente deste Município, após o advento da República – cargo que hoje corresponde ao de Prefeito – o cidadão José Gonçalves da Silva, durante 29 anos seguidos (de 1900 a 1929) foi o coordenador da Festa de Nossa Senhora da Penha. Consta que estando uma vez no Rio de Janeiro, ao embarcar no navio que o traria de volta ao Ceará o Sr. José Gonçalves da Silva, homem de pequena estatura, caiu no mar e na hora da aflição pediu o auxílio de Nossa Senhora da Penha para não morrer afogado.

Retirado das águas fez um voto de assumir a coordenação da festa da Padroeira de Crato, o que cumpriu até sua morte, ocorrida em 4 de julho de 1930. O certo é que, em quase dois séculos e meio de realização, os festejos a Nossa Senhora da Penha, têm importância não só na tradição religiosa desta cidade, mas servem como instrumento de socialização e divulgação da capacidade empreendedora e artística da sociedade cratense. Basta lembrar que a cada 22 de agosto, véspera do início do novenário em louvor à Virgem da Penha, que coincide com o Dia do Folclore, dezenas de grupos da tradição popular se encontram na Praça da Sé para homenagearem sua padroeira.

Armando  Lopes Rafael.

226 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


Nossa homenagem aos historiadores e atores pelo seu dia! Foto do Grupo Teatral de Amadores Cratenses, fundado em 1942.

Identificação :

Waldemar Garcia.
Icléia Teixeira.
Salviano Saraiva.
João Ramos.
Taís Linhares.
Joaquim Felipe.
Carlos Pedro.
Amarílio Carvalho.
Ribamar Cortez.

Colaboração do Dr. José Bitu Cortez.

225 - O Crato de antigamento - Por Antônio Morais.


Texto do Dr. José Flávio Vieira.

Em bons tempos, tinha sido um considerável garanhão, desses de causar sensação no rebanho. Mas o tempo fora passando com sua inexorabilidade e, a lei da gravidade, por fim, venceu. Tentara tudo: afrodisíacos, simpatias, promessas, macumba, mas o que caíra por terra não mais dava sinais de querer alçar vôo. Buscou, por último, mentir como os colegas que carregavam também sete décadas nos costados, mas terminara por se resignar, porque ninguém já mais acreditava nas peripécias sexuais que inventava, capazes de fazer inveja a um Don Juan ou a Giacomo Casanova. Semana passada, porém, estava numa bodega vizinho a sua casa, lá na Ponta da Serra, quando viu a promissora novidade pela televisão: já se estava vendendo na Farmácia a felicidade de botica, a alegria de velho, a ressurreição dos mortos: um tal de Viagra.

“Bobina” - assim o chamavam os amigos dando uma idéia de como aquela sua parte nobre se encontrava enrolada - pôs a melhor roupa, deu uma desculpa qualquer à mulher- mas já a olhando com um sorriso maroto - e pegou a “sopa” para o Crato, nervoso como se buscasse seu paraíso perdido , o Shan-gri-lá , ou sua terra prometida. Desceu na Praça Francisco Sá, tremendo como um adolescente que pela primeira vez adentra um bordel. Passou diante de algumas farmácias - tão abundantes na cidade, como a doença em seu povo - e saiu procurando pacientemente, como quem toma chegada para matar passarinho.

Finalmente, criou coragem e, escolhendo uma menos movimentada, entrou, procurou o balconista mais velho e sussurrou-lhe, nervoso, alguma coisa inaudível. Como o despachante o interrogasse sobre o que queria, disse que precisava de alguma coisa para o “palpite”. Não tendo o comerciante entendido o seu pedido, informou ao cliente que a Casa Lotérica era na outra esquina. “Bobina”se impacientou, teve vontade de desistir, mas a causa era nobre e, novamente, solicitou, agora com mais clareza: “Quero aquele remédio que faz velho virar moço, já tem aqui?”

Finalmente foi entendido e o moço, solícito e misterioso, lhe trouxe a maravilha do século, com o sigilo e o cuidado de quem transporta nitroglicerina. “Bobina” pagou satisfeito e saiu, guardando, rápido, o embrulho no bolso, como se temendo o SNI ou a Polícia Federal. Tomou o ônibus de volta, como um noivo que parte para noite de núpcias. Antes de perpetrar a segunda lua-de-mel, no entanto, preferiu comemorar a descoberta da fonte da juventude, no primeiro botequim que avistou no retorno a Ponta-da-Serra.

Tomou um pifão sensacional. O relato sobre o que aconteceu após o álcool, tivemos dos seus inseparáveis colegas. Voltou bêbado cambaleando para casa e, antes de entrar, ingeriu os quatro comprimidos azuis e mágicos, de uma só vez. Aí se deu a tragédia. Segundo os amigos , ele saiu “dispinguelado”: “ofendeu” três cabras e um pai de chiqueiro que estavam no terreiro, furou a jarra d’água da cozinha, tentou estuprar o papagaio que olhava desconfiado e temeroso da sua caqueira e só parou quando levou o maior coice do jumento de lote, quando assediava a jumenta na manga, a tratando intimamente por Carla Perez.

Quando pergunto como ele está agora, os colegas de bar fecham a conversa sorridentes: “Meu Senhor, foi Quilowatt demais na instalação e a Bobina pifou....”


224 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


Nossa casa. Rua Edílson Sucupira 44. Bairro Sossego - Crato. Parte  limpa. Na frente outras residências.


Outro ângulo. Nossa casa e, à frente  outras residências, fotos de Willians Santos.

Moro em Crato desde Fevereiro de 1969. Inicialmente na Rua José Carvalho 428, depois na rua Padre Ibiapina 625, e, por fim, desde 1978 na rua Edílson Sucupira 44, Bairro Sossego.
Em gestões anteriores o prefeito asfaltou o nosso bairro. Do nascente ao poente e do norte ao sul uma rua sim, outra rua não. Não se sabe o segredo ou razão.
O prefeito atual aderiu a prática,  está seguindo os passos dos anteriores. A campinagem, a limpeza da rua continua sendo feita uma rua sim, outra não. Pra meu azar a minha rua é 'não" : Tanto no asfalto como na limpeza. 
Este ano,  no mês de Abril caiu uma  boa  chuva  no bairro e, a água trouxe muita areia que se abarrotou na frente de minha casa.
Como o prefeito não cuida, não limpa a rua, eu mandei tirar a areia acumulada no pé da calçada da casa.  Os 20 gatos da vizinhança ficaram sem ter onde cagar. No outro lado da rua o reflorestamento está digno de elogios da França, Alemanha e Noruega.
Estou preocupado que apareça alguém me acusando de maus tratos com animais. O trabalho que faço é exatamente o que o prefeito devia fazer e não faz : Limpar a rua.
Pelo menos por aqui.

223 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.

Não sei o nome de batismo ou registro no cartório, mas, era vulgarmente conhecido por Caboré. Morava no sitio Baixa Dantas em Crato, tinha quatro filhos homens com idade e diferença de um ano de um para o outro, nenhum de maior.

Criados rigorosamente de acordo com o que determina o Estatuto da Criança e Adolescente: Não podiam trabalhar, embora pudessem beber pinga, fumar maconha, roubar, assaltar e até matar se preciso fosse.

Difícil saber qual deles o mais preguiçoso e malandro, qualidades essenciais para, merecidamente, receberem o bolsa família, afinal, são quatro a se somarem ao pai e mãe elegendo esse sistema de governo que se instalou no Brasil de tempos para cá,

Um dia, mesmo correndo o risco de ser preso, Caboré botou moral : Vamos acabar com essa moleza, todos pra roça comigo, podem me acompanhar, cada um  pegue sua ferramenta, não quero ouvir conversa mole, lenga lenga nem queré-quequé.

Saíram todos, Caboré na frente, brabo como um siri na lata e a reca atrás. Lá pelo meio do caminho um resmungou para o outro: Tão bom se uma cobra jararaca me mordesse, assim eu voltava pra casa!

O outro : Besta, bom era se a jararaca mordesse pai que nós "vortava tudim".

222 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


Quando a simplicidade, a elegância, distinção e beleza vencem  o status e o luxo. Jovens de Várzea-Alegre  radicadas em Crato no  final de década de 60 do século passado.
 
Da esquerda para direita :  Fransquinha Batista, Ana Amélia Diniz, Dulce Morais, Solange Bezerra, Cida Bezerra e Uninha Morais.

Todas muito bonitas, mas, a Uninha Morais encanta pela beleza externa e interna herdada do pai, o meu  velho tio Mundim do Sapo. 

A foto está desfalcada de Cida Bezerra,  está no céu gozando o prêmio  por suas eximias virtudes aqui na terra.

221 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


Em 1972, chegou em Várzea-Alegre o "Terceiro Batalhão de Engenharia e Construção" para construir um trecho da Transamazônica. O departamento pessoal do Batalhão mandou anunciar a abertura de algumas vagas para trabalhador civil e pedia para que os candidatos comparecessem munidos de currículo vitae e toda documentação de praxe.

Mundola chegou a casa de Antônio Ulísses Costa, de saudosa memoria, e pediu: "Ontoe Roliço" faça um curricu pra eu qui é prumode eu se empregar no bataião". Antônio Ulísses foi até o escritório do seu avô Dirceu Pimpim e datilografou o currículo conforme os dados fornecidos por Mundola.

Em seguida entregou o documento dizendo: Pronto Mundola! Com esse papel você está habilitado a tomar até a vaga do "Capitão Engenheiro".

O documento ficou assim:
Currículo Vitae - Mundola da Silva.
Dados Pessoais:
Estado civil - amancebado.
Nacionalidade - Brasileira
Idade - 24 anos.
Identidade - Não tem.
Título Eleitor - 14652703
CPF - Não tem.
Carteira de Reservista - Não tem
Carteira de Motorista - Não tem
Registro Civil - Cartório Gervásio Xavier - Calabaça
Naturalidade - Sitio Carrapateira - Várzea-Alegre

Formação escolar:
1958 a 1959 - Conclusão do mobral na Capela de Santo Antônio.
1960 a 1962 - Aprovado no segundo ano no grupo escolar José Correia Lima.

Experiência Profissional:
Fev/1963 a jun/1963 - Pastorador da banca de Waldefrance.
Ago/1963 a out/1963 - Guia de Chico Cego.
Nov/1963 a Jan/1965 - Ajudante de Abidom na atividade de cambista.

Empregos temporários:
Jan/1965 a fev/1965 - Gritador de Palhaço de Circo
Mar/1965 a Jun/1965-Tirador de goteira da igreja.
Jul/1966 a Set/1966 - Batedor de palmas no comício de Acelino Leandro.

Atividades Complementares:
Condutor de carro de mão
Descascador de varas.
Assador de castanhas.
Técnico em soldar pínicos.
Perito em tirar carrapicho de carneiro.
Auxiliar de coveiro.
Aprendiz de fogueteiro.
Extagiario em moenda de cana.

Com o currículo na mão Mundola saiu mais satisfeito do que Maria Caetana quando pegava no bicho. Foi até o Bar de Zé Batista para mostrar a Francimar de Doca Dutra.

Francimar deu uma rápida olhada e Mundola perguntou: " E aí Francimar cum esse papé aí, será qui dá prumode eu se impregar no Bataião pra construir a transa"?

Francimar respondeu curto e grosso, igual a coxia de charuto: Eu acho muito difícil Mundola. Com esse currículo aqui, você só está qualificado para construir vereda de Preá.

A MENTIRA DE CADA DIA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

O gênio musical Tom Jobim decretou que "o Brasil não é para amadores". Nem para quem deseja a coisa certa, acrescentaríamos.

Basta dizer que o instrumento  mais usado nas relações políticas ou não é a mentira.

-Quem deixou esse trabalho por terminar? 

-Foi o rapaz".

-Que rapaz?

-O rapaz, ora bolas. Ele está por aí.

Não tem rapaz, o responsável pelo trabalho não vai aparecer nunca. Quase tudo é resolvido no "queixo", na mentira.

Vê-se a verdade, ouve-se a verdade e acredita-se na mentira. Por que, hein?

Em campeonato de mentira, não perdemos para ninguém. É "bicho" certo.

Dizem por aí que quem mente se dá melhor na vida. Mas, dizem, também, que quem mente, rouba.

De um coisa temos certeza: não precisamos mentir nem roubar para viver.

Vade retro capiroto, vai pra lá, ô coisa ruim. Vai mentir no inferno

Deus é fiel - Enviado por José Francisco, residente em Luanda.

 

Uma Jovem cristã orava bastante e vivia consoante a palavra de Deus. O seu esposo chegou de falecer, então a família do ex marido dela começou a recuperar tudo que era do malogrado, levaram quase tudo e ela apenas tinha restado com a Casa do Ex-marido, mas a família quiz recuperar até o quintal então eles começaram a disputar a casa até que decidiram que tinham que levar o caso à Justiça do país.

A família contratou um advogado para a defender, mas a jovem não contratou ninguém porque ela não tinha dinheiro para pagar um advogado. No dia do julgamento no tribunal, antes de ela sair para ir ao julgamento orou à Deus e disse: Pai eles levaram tudo, e agora querem me deixar sem a casa, senhor tú és Deus. 

Confunda-os e age de qualquer forma para que eu possa ter a posse da casa.

Depois saiu e foi ao tribunal, sem mesmo contratar um advogado, ela aplicou a fé.

O advogado da família do malogrado apresentou-se e, começou a defender o caso e já estava a ganhar o caso e na vez da Jovem a porta do tribunal abriu-se e entrou um jovem Advogado, se apresentou, ninguém havia visto aquele jovem antes, ele defendeu o caso, ganhou o caso e o Juiz decidiu que a casa ficaria com a Moça.

Logo depois o advogado da moça saiu pela porta do tribunal, a jovem correu para lhe agradeçer mas não lhe viu, infelizmente o Jovem advogado tinha sumido, era um anjo enviado.

Deus é fiel. Ele é muito bom.  Ele é o nosso advogado.

Mons. Rubens Gondim Lóssio, um grande benfeitor de Crato – por Armando Lopes Rafael (*)

   Ele foi um homem notável. Um intelectual brilhante. Um sacerdote que deixou marcas por onde passou. Sua produção literária – original e profunda – atesta o seu valor.

   Rubens Gondim Lóssio nasceu na cidade de Jardim, Ceará, no dia 27 de maio de 1924, filho legítimo de Júlio Lóssio e Eleonor Gondim Lóssio. Fez o curso de humanidades no Seminário São José do Crato e o de Filosofia e Teologia no Seminário da Prainha, em Fortaleza. Ordenou-se Sacerdote Católico, no dia 20 de dezembro de 1947. Foi Cura da Sé Catedral de Crato e professor da Faculdade de Filosofia do Crato (embrião da atual Universidade Regional do Cariri–URCA) e de vários Colégios de Crato. Pertenceu ao Instituto Cultural do Cariri tendo sido o primeiro ocupante da Cadeira Dom Francisco de Assis Pires, naquela instituição.

Algumas realizações feitas na Catedral 

       Até o início da década 1950, a nossa vetusta catedral era um templo escuro e feio. Ao assumir a função de Vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Penha e Cura da Catedral, Mons. Rubens Gondim Lóssio construiu os dois braços do prédio (o da direita e o da esquerda) ampliando o espaço interno daquela igreja. Também procedeu à reforma do altar-mor da catedral.. Comprou novos bancos para aquele templo e dotou nossa principal igreja do bonito aspecto que ela hoje possui.

   No curato do Mons. Rubens foram construídas:

– A capela de Nossa Senhora das Graças
    O altar desta capela foi confeccionado, em 1952 – por iniciativa do Monsenhor Rubens Gondim Lóssio – em marmorite na cor marfim, por encomenda junto à Marmoraria Raia, da cidade de Fortaleza. Já a imagem de Nossa Senhora das Graças, também foi adquirida por Mons. Rubens e está colocada sobre um suporte na parede, acima do altar. Sob a mesa do altar fica um desenho, em alto relevo, das duas faces da Medalha Milagrosa. 

– A capela de Nossa Senhora de Fátima   
   Também construída por monsenhor Rubens Gondim Lóssio, cujo altar é de mármore branco, tendo por base uma placa de mármore preto. Na base do altar foi colocado um desenho de bronze representando o Coração Imaculado de Maria, cercado de espinhos. Pontifica nessa capela uma belíssima imagem de madeira, de Nossa Senhora de Fátima, medindo cerca de um metro de altura. Esta escultura foi esculpida em Portugal, em 1954, por Guilherme Thedin, o mesmo escultor da imagem-peregrina da Virgem de Fátima, que percorreu os cinco continentes, na década de 1950. Para a confecção dessa imagem – ofertada à catedral pelo Sr. João Bacurau – Mons. Rubens mandou de Crato para Portugal um toro de cedro. Esta capela foi inaugurada, em 8 de dezembro de 1955.

– A capela de São José
   Outra construção, feita no curato do Monsenhor Rubens Gondim Lóssio foi a Capela de São José, inaugurada em 1962. Essa capela guarda semelhança com a de Nossa Senhora de Fátima. Também o altar dessa capela é de mármore branco, tendo por base uma placa de mármore preto. O mesmo material, com a mesma cor, foi utilizado no piso da capela. Uma belíssima imagem, em tamanho natural, de São José, adquirida por Mons. Rubens, ainda hoje pontifica sobre o altar.

– Os altares laterais da catedral construídos no curato de Mons. Rubens
      Nos corredores laterais da Sé de Crato foram construídos dois altares de alvenaria, com base de marmorite. O da esquerda é dedicado a Santa Teresinha do Menino Jesus, e o da direita, a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

O escritor
   Mons Rubens Gondim Lóssio escreveu e publicou os seguintes trabalhos: “O desafio da Universidade nova”, 1971; “A serviço da palavra sob o impacto da mudanças”, 1973; “UNICAP em resposta ao desafio do Nordeste”, 1973; “Caracterização geral dos candidatos ao vestibular unificado”, 1977; “Ensino superior em Pernambuco: sistema de acompanhamento”, 1970; “Nossa Senhora da Penha de França: padroeira do Crato”, 1961; “Renúncia à Catedral e Paróquia de N. S. da Penha”; 1969, e diversos outros trabalhos publicados em revistas científica, seminários, encontros e reuniões.
    Recebeu “Menções Honrosas”, Diplomas, Certificados e Medalhas pelos relevantes serviços prestados à educação e à sociedade dos Estados de Pernambuco e do Ceará.

Algumas de suas iniciativas na comunidade
    Mons. Rubens era um espírito dinâmico e empreendedor. Dotado de cultura invulgar foi um homem querido, admirado e respeitado pela comunidade cratense. Sua passagem entre nós deixou rastros inapagáveis. Deve-se a ele a mudança de alguns nomes dos atuais distritos do município de Crato. Citemos alguns: o então povoado Ipueiras foi denominado oficialmente  de Dom Quintino, em homenagem ao primeiro Bispo de Crato. A antiga vila Conceição recebeu o nome de Santa Fé. Já a localidade Passagem das Éguas teve sua denominação mudada para Monte Alverne. Todos são progressistas distritos de Crato. Na área citadina, o antigo bairro Rabo da Gata, graças a iniciativa do Mons. Rubens passou a ser chamado oficialmente de Alto da Penha.

Outras iniciativas
    Mons. Rubens adquiriu algumas casas (existentes no fundo da catedral) demoliu-as e lá construiu salas para reuniões e um amplo auditório, tudo incorporado ao edifício da Igreja-Mãe da Diocese de Crato. Este auditório, por iniciativa do penúltimo Cura da Catedral – Pe. Francisco Edmilson Neves Ferreira – (hoje Bispo de Tianguá-CE) recebeu o nome de “Auditório Mons. Rubens Gondim Lóssio”. Justa homenagem.

     Vale registrar que, ainda por iniciativa do Mons. Rubens, foi confeccionado – em 1954 – um belíssimo monumento de bronze, para assinalar a promulgação do Dogma de Assunção de Nossa Senhora, pelo Papa Pio XII, o qual foi colocado na Praça da Sé. No ano anterior – 1953 – Mons. Rubens havia mandado erigir outro pequeno monumento, este comemorativo à passagem da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, em Crato. Este pequeno monumento encontra-se até hoje no jardim do lado direito da Catedral de Nossa Senhora da Penha.
 
     Ao tempo que foi Vigário e Cura da Catedral de Crato, Mons. Rubens manteve atualizado o "Livro de Tombo", lá escrevendo todos os registros da sua dinâmica administração, quer na área pastoral, quer na  social, bem como registrando suas pesquisas feitas  sobre a história religiosa de Crato.

 Sua saída de Crato
    Desgostoso com o desmembramento feito na Paróquia de Nossa Senhora da Penha, a qual ficou reduzida a poucos quarteirões no centro de Crato, em 1969, Mons. Rubens deixou a Diocese do Crato e fixou residência na cidade de Recife, Pernambuco, onde veio a ocupar o cargo de Magnífico Reitor da Universidade Católica de Pernambuco, de janeiro de 1971 a janeiro de 1978.

     Sobre seus últimos dias, o cronista Antônio Morais escreveu, recentemente, que ele pediu dispensa do estado clerical e, depois de obtida essa permissão, casou no dia 22/12/1978 com a pernambucana Vitória Maria Leal. Do seu casamento nasceu, em 13 de maio de 1980, uma filha, registrada pelo nome  Delame Maria Leal de Lóssio. 

    Rubens Gondim Lóssio faleceu em Recife, em 04 abril de 2005, legando aos pósteros o exemplo de um cidadão honesto e inteligente, profundamente devotado ao serviço da comunidade. Ainda hoje seu nome é lembrado com profundo respeito pela comunidade cratense, a quem serviu com competência e idealismo, por várias décadas da sua profícua existência. (Texto e pesquisa de Armando Lopes Rafael)

(*) Armando Lopes Rafael é historiador. Sócio do Instituto Cultural do Cariri e Membro-Correspondente da Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris, de Salvador (BA).