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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 4 de abril de 2024

200 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Januário acumulou riquezas, poupou alegrias. Pensou que ser feliz era juntar dinheiro, bens. E assim fez a vida inteira. Privou-se de tudo que não fosse necessidade e ficou rico. Desconheceu o que de bom a vida ofertava, não viveu.

Todo seu dinheiro era para emprestar a juros, vivia de usura. Sugou o quanto pode o sangue alheio. Um dia sua esposa Belisária adoeceu e no hospital o médico recomendou a internação.

Na secretaria ao ser informado que precisava fazer um caução de dois mil reais Januário perguntou a atendente : "Minha santa, e, se eu der o pano sai mais barato?"

Belisária faleceu, os filhos compraram o ataúde mais caro e luxuoso que encontraram, o padre celebrou missa de corpo presente, a igreja vazia de gente, só Januário chorava, não pela morte da esposa, mas, pelo custo do velório e do sepultamento. 

Dizia sempre : O meu dinheiro é para a maior precisão. Morreu também, se foi, sem nada levar. Está debaixo de uma pedra fria com as indefectíveis palavras - "Aqui Jaz - Belisária e Januário".

O pior é que o mundo está cheio de Januários, e, eu aqui me perguntando porque cemitério tem muro, se quem está dentro não sai e quem está fora não quer entrar.

4 comentários:

  1. Os Januários da vida esqueceram o Ser e optaram pelo Ter.

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    1. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkklkkkkkkkkkkkkkl este bateu todos os sovinas dos quais já ouvi estorias. Alguns claro do Crato kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. Meu Caro Cronista/Contista/Memorialista/Professor Morais. Acho que os muros do Cemitério protegem contra a invasão dos necrofilia, dos ladrões dos túmulos dos ricos, dos animais que possam fumar as covas rasas dos pobres, etc e tal.

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