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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 31 de agosto de 2018

A crônica do fim de semana (por Armando Lopes Rafael)

A mídia às vezes é burra

    Que a mídia é contra Jair Bolsonaro até um cego pode ver. Não só a  mídia, também parcelas das universidades públicas, políticos corruptos, funcionários das estatais, e a "esquerdona" saudosa dos tempos do lulopetismo... Processos estão em curso contra Bolsonaro acusando-o de racista (falou no peso de um negro), machista (disse que a deputada Maria do Rosário não merecia ser estuprada), homofóbico (falou contra o Kit Gay para ensinar “ideologia de gênero” para crianças de seis anos). No meu entender, tudo frescura de operadores do Direito.

    Ora, nossos problemas são outros. E de difícil solução: corrupção generalizada, falência da saúde e segurança pública, privilégios, clientelismo, nepotismo e dezenas de outros com destaque para a violência que tomou conta do Brasil. A mídia noticia a mancheias esse caos. Todos os dias.  Ora, são  exatamente esses os problemas que o deputado Bolsonaro ataca todos os dias. O povo escuta os noticiários. Escuta as falas de Bolsonaro. Conculsão: a mídia vive a fazer propaganda para o Bolsonaro e não se dá conta disso...

       País esquisito esse Brasil! É o único do mundo onde um condenado em duas instâncias – por corrupção e lavagem de dinheiro – inelegível portanto, transforma sua cela em escritório político. Sem gastar nada, com segurança privilegiada da Polícia Federal e ainda fica debochando do Judiciário e do Ministério Público. O que, aliás, não é novidade, pois os dirigentes do PCC e CV comandam o crime organizado de dentro das prisões. E esse candidato é até incluído nas pesquisas eleitorais. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral–TSE, se arrasta –  numa vagarosidade de tartaruga –  para julgar se o presidiário sai, ou não, candidato a Presidente da República.

          A mídia é burra. Lula é esperto. Ele sabe que vale mais preso do que solto. E é isso que interessa a ele,  que se auto intitula “a alma mais honesta do mundo” e se diz “inocente”, porque não existem provas materiais da corrupção dele. Como se quem comete ilegalidade é burro para deixar rastro e ser flagrado no crime.
             É esse o "Brasil dos privilégios" que alguns segmentos políticos querem manter...

A vida eterna -- por Ivan Ângelo (*)

Wenceslau Braz
Presidente do Brasil entre 1914 a 1918

Biologicamente, vivemos milhões de anos, viemos de tetravós, trisavós, bisavós, avós, pais, e continuaremos vivos em filhos, netos, bisnetos, trinetos, tetranetos… Eternos.
    Quantos anos você quer viver? Quantos anos você pode — poderemos — viver? A ciência tem nos cutucado ultimamente com essas pegadinhas. Semanas atrás, VEJA mostrou o que tem sido feito para ampliar a durabilidade humana. Faz sete anos, um cientista apregoou a possibilidade de vivermos até os 150 anos ou mais, com a reposição de “peças” (órgãos) e outras tecnologias.

     Para que vivermos tão velhos? Qual é a graça, sem podermos correr atrás de uma bola, de um sonho, de uma garota? A juventude, enquanto a vivemos, parece eterna; não nos damos conta de que vivemos a esgotá-la; quando percebemos que se vai, ela nos parece breve e cruel. O grande feito científico seria preservar a juventude, não a velhice. A mágica do retrato de Dorian Gray. A terrível graça da juventude é que ela acaba; seu valor é o valor da beleza, do rosto liso, da agilidade, das carnes firmes — bens preciosos porque finitos, ou mais do que isso: efêmeros. Ela acaba, como acaba o dinheiro, como acaba a ingenuidade; só que o dinheiro podemos buscá-lo em alguma fonte, e não há fonte de onde jorre a juventude, a não ser na lenda.

    Uma interessante pesquisa italiana publicada recentemente na revista Science sugere que paramos de envelhecer aos 105 anos, daí para a frente seguimos funcionalmente estáveis até o dia fatal; outra pesquisa, canadense, sugere que o limite funcional humano é de 115 anos. O caso da francesa Jeanne Calment, falecida aos 122 anos, em 1997, seria exceção.

      Não vamos analisar a Bíblia, em que aparecem sete varões que viveram mais de 900 anos, dos tempos de Noé para trás, sendo Matusalém o medalha de ouro, com 969 anos; Jarede, o medalha de prata, com 962 anos; e o próprio Noé, o medalha de bronze, com 950 anos. Como pode? Talvez os escritores bíblicos precisassem que aqueles tempos, muito antigos até para eles, fossem descritos como extraordinários, e essas longuíssimas vidas seriam algumas entre as coisas extraordinárias que narraram.

     Baixando a bola: quem pode desmentir o narrador dos anais da freguesia de Caeté, em Minas Gerais, do fim do século XVIII? “No ano de 1790 faleceu Manoel de Souza, natural de Portugal, e morador no arraial do Socorro com 130 e tantos anos de idade, e em seu perfeito juízo.” Isso se lê na página 182 do Almanak Administrativo, Civil e Industrial da Província de Minas Geraes — 1864, e na página 183: “No arraial de São Gonçalo do Rio Abaixo, existiu Domingos Homem Rosa, natural das ilhas, casado, contava 116 anos, e há pouco faleceu, e sua mulher de idade de 117 anos ainda vive com algum vigor, e sempre se mantiveram com o suor do seu trabalho”. Minha hipótese é que algumas pessoas ficam menos estragadas do que outras.

      A idade do mais longevo de todos os presidentes do Brasil, o mineiro Wenceslau Braz, foi motivo de piada. Governou o país de 1914 a 1918, e só morreu 47 anos depois, em Itajubá, onde viveu até os 98 anos. Foi nome de ruas, avenidas e cidades ainda em vida. Conta-se que saiu com seu Fordinho para dar uma volta, já bem velhinho, e bateu de leve no carro de um jovem em frente à sorveteria. Disse logo que pagaria pelos danos e deu seu cartão ao jovem. Ele leu, olhou desconfiado, leu de novo, e perguntou: “Pera aí. Wenceslau Braz que número?”.

     Carlos Drummond de Andrade disse num poema: “Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver”. É isso. Nossa perda é afetiva, social, cultural. Biologicamente, vivemos milhões de anos, viemos de tetravós, trisavós, bisavós, avós, pais, e continuaremos vivos em filhos, netos, bisnetos, trinetos, tetranetos… Eternos.

(*) Ivan Ângelo,  jornalista. Publicado na VEJA-SP, 29-08-2018.

A Imprensa contra Bolsonaro ou contra si mesma? –– por Antonio Jorge Pereira Jr (*)

Publicado no jornal O POVO, 31-08-2018.

    Em dois artigos anteriores havia compartilhado com o leitor critérios para selecionar um candidato. Pensava especialmente nos indecisos. O primeiro texto propunha modo de reduzir racionalmente a quantidade de 13 a 1 (cenário de votação). No segundo, sugeri como pautar a própria escolha antes de ser pautado pelo marketing dos candidatos. Antes de continuar, digo ao leitor que estou indeciso quanto a meu voto. Isso me facilita observar alguns eventos. Por isso, hoje queria falar de outro risco: a tentativa da Grande Mídia de distorcer as eleições. A isso serve pensar no "fenômeno Bolsonaro".

      No começo de agosto Bolsonaro foi entrevistado no Rodaviva e no Globo News. Na última terça esteve no Jornal Nacional. Nos três ambientes os jornalistas se repetiram. Nas perguntas e no tom depreciativo, irônico, por vezes cínico. Julgavam-se hábeis para desbancar o topete do militar. No entanto, a pessoa que encontraram parece que estava além da caricatura. Não se exarcebou, de modo geral. Naturalmente não satisfará nunca parte dos eleitores. Mas soube atenuar o peso de perguntas com ênfase negativa. Conseguiu vender-se para parcela da população como simples e sincero, pelo estilo como respondia. Sua atitude facilitou notar a tentativa quase infantil dos jornalistas de colocá-lo entre bifurcações para "enquadrá-lo", armando-lhe declarações de autocondenação, praticamente estapafúrdias ("então o senhor vai tirar direitos dos trabalhadores?"; "então o senhor vai promover a tortura?). Nessas situações, ele desfazia as questões estruturadas com perguntas simples: "Onde a senhora leu isso, qual a fonte?". 

     Não poucas vezes o jornalista titubeava ou dizia apoiar-se em uma fonte secundária. Ele então reconstruía a narrativa do fato e, a partir disso, respondia. Ao mesmo tempo, muitas desculpou-se por ter passado do ponto. Isso fez ele ganhar empatia de parte do público. E os jornalistas perderam credibilidade. Pelo menos de minha parte. O pacto de desconstrução pode ser observado no site do G1 e no jornal O Estado de São Paulo: nos dois veículos, todos os dias, enquanto os demais têm uma manchete neutra ou favorável, a do Bolsonaro é, sempre, negativa. Fiz tal análise nos últimos dez dias.   

       Até as escolas militares, reconhecidas pelo resultado acadêmico, foram depreciadas por custarem mais, em matéria do jornal O Estado de São Paulo. Balanço: como no filme "A dança dos vampiros", os repórteres estão a gerar o efeito reverso. As entrevistas serviram de combustível para os eleitores do Bolsonaro, que se tornaram mais engajados. Além disso despertaram a curiosidade de outros. Vale lembrar que parte da população se identifica com suas ideias e se sente depreciada quando a imprensa zomba de quem seria um representante dela. Por isso a atitude soa a desrespeito aos eleitores, para além da pessoa do candidato, atitudes que escapam da função da imprensa. Algo parecido foi visto na eleição de Trump. A desinformação, ao invés de gerar o efeito pretendido, teve resultado oposto. Provocou maior engajamento de seus eleitores. O tempo passou. Paradoxalmente, 15 meses depois da posse, Trump atingira maior popularidade que Obama em igual período.

       Por tudo isso, acredito que quando a imprensa se engaja contra Bolsonaro (ou contra outro qualquer) ela está agindo contra si mesma.

(*) Antonio Jorge Pereira Jr. E-mail: antoniojorge2000@gmail.com

Como será a sessão do TSE que pode definir futuro da candidatura de Lula - O estadão.


A expectativa no Tribunal Superior Eleitoral é de que o caso do ex-presidente seja levado ao plenário nesta sexta-feira, 31.

O registro feito pelo PT da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato, e a incerteza de sua presença no horário eleitoral no rádio e na TV provocaram uma divisão interna no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), opondo a presidente da Corte, Rosa Weber, e o relator do caso, Luís Roberto Barroso. 

A expectativa no TSE é de que o caso Lula seja levado ao plenário hoje, durante a sessão extraordinária a partir das 14h30.  

1. Quem pediu para barrar a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no horário eleitoral?

A Procuradoria-Geral da República (PGR) e o partido Novo. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu que o petista não fosse reconhecido nem como candidato sub judice, ou seja, que não tivesse direito de efetuar atos de campanha eleitoral, como usar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Raquel também solicitou que o ex-presidente fosse impedido de financiar sua candidatura com recursos públicos. 

O Novo, por sua vez, quer suspender os direitos de Lula realizar gastos de recursos oriundos do fundo partidário e do fundo eleitoral, impedir a participação do petista em debates e barrar a realização de qualquer tipo de propaganda eleitoral.

2. O que pode ser julgado pelo plenário do TSE na sessão extraordinária desta sexta-feira?

Está previsto na sessão extraordinária o julgamento dos pedidos de registro dos candidatos à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB) e José Maria Eymael (Democracia Cristã). A pauta do TSE está sujeita a alterações. A expectativa dentro do tribunal é a de que seja levado ao plenário os pedidos para barrar a presença de Lula no horário eleitoral, mas ministros não descartam a possibilidade de o próprio registro do ex-presidente ser julgado pelo tribunal.

3.O que acontece com o horário eleitoral do PT se o TSE barrar a presença de Lula?

O tema é alvo de controvérsia, segundo especialistas ouvidos pela reportagem. “Creio que, enquanto não houver a substituição, não pode haver programa. A lei trata de modo diferente as situações de substituição por morte em relação a impedimento de candidatos”, avalia o advogado eleitoral Fabrício Medeiros. Para uma fonte do TSE, o certo seria que a tela ficasse azul durante o programa eleitoral de Lula. Mas existem outras duas alternativas poderiam ser consideradas: redistribuir o tempo entre os demais candidatos ou até mesmo deixar o tempo com a coligação do PT, mesmo sem a presença do ex-presidente Lula.

Dinheiro precede a virtude na campanha de Lula - Por Josias de Souza.


Nesta sexta-feira, em sessão extraordinária, o Tribunal Superior Eleitoral deve julgar um pedido de liminar para que Lula seja impedido de participar do horário eleitoral. 

Também estão pendentes de julgamento na Justiça Eleitoral as impugnações da candidatura de Lula. A despeito de todas as dúvidas que assediam o seu projeto presidencial, o PT já destinou à campanha do candidato-presidiário R$ 20 milhões.

Repetindo: condenado a 12 anos e 1 mês de cadeia pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, considerado inelegível pela Lei da Ficha Limpa, preso em Curitiba há quase cinco meses, Lula recebeu do seu partido R$ 20 milhões —verba destinada ao financiamento de uma candidatura que está na bica de ser barrada pela Justiça Eleitoral.

O dinheiro repassado pelo PT às arcas eleitorais de Lula é público. No final de julho, a procuradora-geral da República Raquel Dodge disse que candidatos inelegíveis que gastassem verba pública teriam de devolver. 

O alerta não funcionou. Lula segue a ordem alfabética do dicionário, na qual o dinheiro vem sempre antes da virtude. A experiência mostra que reaver dinheiro do contribuinte que sai pelo ladrão é coisa tão difícil quando desfritar um ovo.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Lama ocupou 62% do tempo de Alckmin no JN - Por Josias de Souza.



Na entrevista que concedeu ao Jornal Nacional, Geraldo Alckmin tentou apresentar-se como candidato transformador pelo menos 18 vezes. Fez isso nas dez passagens em que repetiu a palavra “reforma”, seis das quais no plural. Ou nas oito ocasiões em que pronunciou os vocábulos “mudar” ou “mudanças”. A despeito do esforço, o presidenciável tucano revelou-se diante das câmeras uma novidade com aparência de pão dormido. Numa conversa de 27 minutos, a lama ocupou 62% do tempo.

Nos primeiros 17 minutos, Renata Vasconcelos e William Bonner abriram diante de Alckmin o gavetão das pendências tucanas: a companhia tóxica do centrão, com seus 41 caciques enrolados na Lava Jato; a convivência partidária com o réu Aécio Neves e o presidiário Eduardo Azeredo; a verba suja da Odebrecht, supostamente coletada pelo cunhado; o ex-secretário do governo paulista preso por desvios no Rodoanel; o operador Paulo Preto, com R$ 113 milhões escondidos no estrangeiro…

A reunião das encrencas apresentou ao pedaço despolitizado da audiência um fenômeno pós-Lava Jato: o fim da blindagem do tucanato. A cada nova resposta, Alckmin exibia ao telespectador a ferrugem que levou o PSDB a replicar a estratégia do PT. Antes, os tucanos acusavam os petistas de proteger corruptos. Agora, os petistas sustentam que protetores de corruptos são os tucanos. E a plateia fica autorizada a concluir que os dois lados estão cobertos de razão.

“Todos os partidos têm bons quadros”, disse Alckmin sobre sua aliança com o centrão. Aécio “foi afastado da presidência do partido”, alegou, como se ninguém tivesse notado que o achacador de Joesley Batista deixou o comando do partido voluntariamente. Azeredo “vai pedir o seu desligamento”, declarou o candidato, abstendo-se de explicar por que o preso continua ocupando uma cadeira na Executiva Nacional do PSDB.

“É mentira”, afirmou Alckmin sobre a delação em que executivos da Odebrecht revelaram a transferência de R$ 10,3 milhões do departamento de propinas da empreiteira para suas arcas eleitorais. O candidato levou a mão no fogo por Laurence Casagrande, o ex-secretário preso: “É um homem sério”. Tomou distância de Paulo Preto, o operador do tucanato paulista: “Já estava fora do governo quando eu assumi.”

Se a entrevista de Alckmin teve alguma utilidade foi para demonstrar duas coisas: 1) O partido fundado por Franco Montoro, Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso fracassou na tarefa de formar novos quadros. Preocupou-se tanto em desconstruir Lula e seus súditos que esqueceu de reconstruir sua própria imagem. 2) Dezesseis anos depois de ter sido retirado do Planalto, falta ao PSDB uma agenda capaz de oferecer ao eleitorado a matéria-prima mais escassa no mercado eleitoral: esperança.

Cavalgando a inépcia dos rivais emplumados, Lula dá as cartas a partir da cadeia. E Jair Bolsonaro sapateia sobre Alckmin até em São Paulo, ameaçando desfazer o Fla-Flu que transformou as últimas seis sucessões presidenciais numa disputa particular entre PSDB e PT. Candidato dos sonhos da banca, Alckmin coleciona índices pífios nas pesquisas. Aposta que conseguirá chamar a atenção dos eleitores plantando bananeira no latifúndio televisivo que obteve graças à aliança com o rebotalho do centrão.

Na prévia do Jornal Nacional, o candidato tucano foi contestado mesmo naquilo que acha que fez de melhor: “A política de segurança de São Paulo é um exemplo”, declarou, em meio a questionamentos sobre a pujança do PCC, multinacional do crime sediada no Estado em que nenhum outro político governou por mais tempo do que Alckmin. A julgar pelo que o presidenciável tucano conseguiu exibir na entrevista, sua presença no segundo turno está garantida apenas até certo ponto. O ponto de interrogação.

CARIRIENSIDADE -- por Armando Lopes Rafael


Provérbios usados no Cariri

      Outrora, nas suas conversas corriqueiras, os caririenses tinham o costume de inserir – nos seus colóquios com vizinhos e conhecidos – os tradicionais “ditados populares”. Estes resumiam o jeito do povo de entender e viver a vida naquele tempo. Relembremos alguns desses conceitos morais, muito repetidos naqueles períodos passados: “Mato tem olhos, paredes têm ouvidos”; “Brigam as comadres, descobrem-se as verdades”; “Boi sonso é que arromba a cerca”; “Ladrão de  tostão, ladrão de milhão”; “Cajueiro doce é que leva pedradas”; “Não  há fogo ameno, nem inimigo pequeno”; “O bom remédio amarga na boca”; “A bocas loucas, orelhas moucas”; “Ser valente com os fracos é covardia”; “Quem vê cara não vê coração”; “Para desaforado, desaforado e meio”; “De pequena fagulha, grandes labaredas”; Mais fere má palavra do que aguda espada”; “Quem debocha não tem bom coração”.

O Cariri no tempo da UDN e  PSD
   
  Na tumultuada tradição republicana do Brasil, o Cariri viveu 20 anos de democracia plena.  Depois da queda da ditadura de Getúlio Vargas (mais uma), que perdurou de 1930 a 1945, nosso país vivenciou – entre 1945 ao início de 1964 – uma democracia plena. O Cariri teve prestigio político nesses anos.

    Tivemos, àquela época, uma geração de políticos respeitados pela população, e filiados aos partidos que haviam surgido pós-ditadura Vargas: PSD, UDN, PTB, dentre outros. Eles representavam as correntes de opinião da época. Quem se filiava a um desses partidos permanecia fiel a ele por toda a vida. Diferente de hoje quando os políticos mudam de legenda como quem muda de camisa.

     Naqueles vinte anos, elegeram-se, pelo Cariri, deputados federais políticos da envergadura moral de um Alencar Araripe, Joaquim Fernandes Teles e Leão Sampaio, todos da UDN. Pelo PSD tínhamos Wilson Gonçalves (deputado estadual, vice-governador do Ceará e Senador da República). Nos dias atuais, com mais de 1 milhão de habitantes, a Região do Cariri não tem um único deputado federal. Houve uma época em que, apesar da economia fraca, pequena população e isolamento da nossa região (em relação aos centros mais adiantados do Nordeste) o Cariri era um celeiro de bons políticos, pois muitos deputados estaduais cearenses eram originários dos municípios caririenses. A exemplo de Wilson Roriz, Conserva Feitosa, Filemon Teles, Pio Sampaio, Napoleão Araújo, dentre outros. Bons tempos aqueles. Hoje o Cariri tem pouca força politica.

Escritores caririenses: Monsenhor Francisco Holanda Montenegro
 
    Nasceu em Jucás (CE) em 25 de fevereiro de 1913 e faleceu em Crato, no dia 10 de abril de 2005. Foi diretor do Colégio Diocesano de Crato durante 50 anos. Sacerdote culto, sério, foi membro do Conselho de Educação do Estado do Ceará e professor da Faculdade de Filosofia de Crato.
      Era sócio do Instituto Cultural do Cariri, ocupante da Cadeira 9, cujo patrono é Dom Francisco de Assis Pires. Proferiu importantes conferências em instituições culturais do Nordeste brasileiro. Ao lado de suas exaustivas atividades de professor e sacerdote, fazia pesquisas que resultaram em vários livros importantíssimos para o resgate da história do Cariri.
    
       São de autoria de monsenhor Montenegro os livros: “As Quatro Sergipanas” (publicado pela Universidade Federal do Ceará, onde resgata a genealogia dos primeiros desbravadores do Cariri);  “Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira– O Apóstolo da Caridade” (biografia deste ilustre sacerdote); “Os Quatro Luzeiros da Diocese” (resgate da história inicial da Diocese de Crato através da biografia dos seus quatro primeiros bispos); “Fé em Canudos” (mostrando o lado místico do lendário Antônio Conselheiro, líder da comunidade de Canudos). Escreveu ainda vários trabalhos (publicados em revistas e jornais), com destaque para uma biografia de Dom Quintino, primeiro bispo da Diocese de Crato.
          Mons. Montenegro foi agraciado com diversas comendas e honrarias, dentre elas: a Medalha da Abolição (a mais alta comenda do Ceará); Medalha Justiniano de Serpa, da Secretaria da Educação do Ceará; Medalha do Mérito Bárbara de Alencar, da Prefeitura de Crato; Medalha Educador Emérito, do Ministério da Educação. Um valoroso intelectual, uma grande figura humana!

O papel das “elites” para o progresso do Cariri
     Em 1838, o naturalista escocês George Gardner esteve em Crato. De volta à Inglaterra assim ele descreveu (no livro “Viagem ao interior do Brasil) Crato e sua sociedade:  “Toda a população da Vila chega a dois mil habitantes, na maioria todos índios ou mestiços que deles descendem. Os habitantes mais respeitáveis são brasileiros, em maioria negociantes; mas como ganham a vida as raças mais pobres é coisa que não entendo”(...) “A moralidade dos habitantes de Crato é, em geral, baixa; o jogo de cartas é sua ocupação principal, durante o dia; quando faz bom tempo, veem-se grupos de todas as classes, desde os que se chamam “gente graúda” até as mais baixas, sentados nos passeios, à sombra da rua, profundamente absorvidos pelo jogo (...) “São então frequentes as brigas, que muitas vezes se resolvem a faca’.
      
Quando esse panorama começou a mudar

     O historiador cratense Irineu Pinheiro escreveu no seu livro “O Cariri”:

     “ (Somente) no meado do século XIX, começou a ascender o estalão moral da sociedade de Crato, que podemos considerar padrão de toda a zona caririense. Até então era inferior o nível de moralidade do lugar. Um dos motivos de aperfeiçoamento dos costumes foi a emigração para Crato de famílias, especialmente de Icó, cujo esplendor principiava a declinar. Fixaram-se na nova terra fértil, menos sujeita às crises climáticas, enriquecendo-a com seu labor e, portanto, civilizando-a, os Alves Pequenos, os Candeias, os Bilhares, os Garridos, os Linhares, os Gomes de Matos e outros cujas descendências se prolongaram até nós. Frutificaram os bons hábitos familiares dos recém vindos”.

       A chegada a Crato dessas famílias vindas de Icó (uma cidade dotada, à época, de bonitos prédios e bom comércio, com uma população profundamente católica e mais educada do que as das vilas caririenses) teve influência decisiva para a mudança da vida religiosa, política, social e cultural do Cariri.  Antônio Luís Alves Pequeno, um dos chegados de Icó, tinha a patente de Coronel da Guarda Nacional. Praticavam hábitos e conduta de um homem empreendedor e logo se tornou influente no cenário político da cidade. Foi Presidente da Câmara Municipal, em 1853, pouco antes de o Crato ser elevado à categoria de cidade. Construiu o primeiro sobrado de Crato, feito nos moldes dos existentes em Recife.

 As elites caririenses do passado

     A partir daí começaram os frutos benéficos dessa elite. Nestes tempos medíocres e confusos, ora vivenciados – de maneira mais visível no nosso querido e sofrido Brasil – a maioria da população desconhece não só o significado da palavra “elite”, mas, e, sobretudo, o real papel que uma verdadeira “elite” exerce para a formação da sociedade na qual está inserida. A elite (hoje erroneamente confundida com o sinônimo de “burguesia” ou de "rico") se constituiu – no final do século XIX e durante as décadas iniciais do século XX –  numa força para a construção de uma sociedade saudável e fraterna. No Cariri – daquela época – as verdadeiras elites formavam a parcela mais educada, mais preparada, a que conservava os valores éticos, morais, religiosos e sociais. Barbalha, por exemplo, possuiu, naqueles tempos passados, uma elite assim. Ela formava a camada social honrada, respeitada, digna e filantrópica.  Deve-se àquela essa elite o que a “Terra de Santo Antônio “conquistou de melhor em favor daquela comunidade, cujas realizações perduram até os dias atuais.
   
Zuca Sampaio, arquétipo da elite barbalhense
O Chalé de Zuca Sampaio, em Barbalha

      José de Sá Barreto – mais conhecido como Zuca Sampaio – foi um arquétipo da elite barbalhense no período acima citado. Ele tinha consciência de que seus bens patrimoniais, seu prestígio social e até seu talento pessoal deviam ser postos em favor dos menos favorecidos. Que o seu trabalho como cristão e cidadão deveria elevar o estamento social da sua cidade natal. E fê-lo dando aos seus afazeres a finalidade de beneficiar sua família, seus amigos e as pessoas necessitadas da sus comunidade. 
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída pelas
famílias barbalhenses no inicio do século XX

        Zuca Sampaio trabalhava, o dia inteiro, no seu estabelecimento comercial, com ligeiro intervalo para o almoço. Próximo ao pôr-do-sol, passava na sua residência para o jantar. Em seguida, pegava o candeeiro, livros, cadernos, lápis e ia ensinar as primeiras letras no “Gabinete de Leitura” (instituição por ele fundada) e destinada à alfabetização de pessoas carentes de Barbalha. Ali, ministrava a doutrina cristã, os princípios morais e o amor à pátria. Foi o leigo católico de maior projeção daquela cidade. Presidiu, por longos anos, a Conferência de São Vicente de Paulo (da qual foi um dos fundadores), amparando a pobreza de Barbalha.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

“Um escárnio poucas vezes visto na história pátria” - O Antagonista.


O Estadão, em editorial, diz que Jair Bolsonaro e Lula representam um perigo para a democracia.

“No caso do ex-capitão, preocupam a sua visão simplista dos problemas nacionais, a sua inexperiência administrativa e a sua admiração incontida por métodos violentos, inclusive por torturadores, e isso basta para vê-lo como um grande perigo. Já Lula da Silva, graças ao formidável aparato de propaganda petista, consegue se fazer passar, aqui e no exterior, por grande democrata, embora seus atos – pelos quais está preso – e suas palavras – contra as instituições – revelem o exato oposto disso.”

O jornal cita, em particular, os ataques do presidiário ao Judiciário:

“O sistemático ataque de Lula da Silva e dos integrantes de sua seita ao Judiciário, ao Congresso e à imprensa deveria ser igualmente percebido no exterior como uma ameaça concreta à democracia. Há muito tempo, o lulopetismo demonstra profunda ojeriza a aceitar os princípios democráticos, especialmente o contraditório e os limites impostos pela lei – que, de acordo com a doutrina lulopetista, só se aplica aos outros.

A ousadia de alguns juízes de condenar e mandar prender o morubixaba Lula da Silva por corrupção e lavagem de dinheiro, fazendo cumprir o que está na lei, serviu para escancarar de vez o caráter autoritário do PT. O partido recrudesceu sua campanha contra o Judiciário, exigindo que Lula receba tratamento especial. Mais do que isso: Lula está descaradamente usando a atual campanha eleitoral para se livrar da punição a ele aplicada e, se der, voltar à Presidência da República. É um escárnio poucas vezes visto na história pátria.”

Bolsonaro e a bancada da Globo - Por Antônio Morais.


O sucesso de Bolsonaro é proporcional à decadência do sistema político. Pela segunda vez, o capitão empurrou a Globo para a defensiva. 

Entrevistadores incompetentes  insistiram numa briga   do presidente com o seu ministro da fazenda, coisa que não existem ainda, nem o presidente nem o ministro. 

Na parte do salario igual para homem  e mulher o Bolsonaro arrasou :  Declarou para banca, eu gostaria que vocês  ganhassem igual, apontando para os dois.

Como é gritante  a diferença de salario entre  o Bonner e a Renata, a repórter,  então  ficou furiosa, e, de maneira  deselegante, grosseira e mal educada respondeu :  O meu salário diz respeito a mim.

FUTEBOL E FRESCURAGENS - Por Wilton Bezerra.



Para começo de assunto, vamos explicar o seguinte: o termo frescuragem não tem nada a ver com homossexualismo.
Quer dizer o quê? Preocupação fútil, sofisticação dispensável, adorno supérfluo e outros tipos de faniquitos.
E o futebol, como tudo na vida, está sujeito a frescuragens.
Para bater o centro, inventaram esse tal de “circo das celebridades”. Nele, estão as celebridades e, por imitação, as sub-celebridades.
É uma espécie de junção de jacaré com cobra d’água.
A primeira medida do “cobra” é se tornar inacessível, colocar fones nos ouvidos para não atender ninguém e adotar o “não me toques”.
Indispensável a proteção de seguranças marrentos, dispostos a chupar o sangue pela carótida de quem ousar se aproximar.
Ah! Tem, ainda, as tatuagens que não querem dizer absolutamente nada.Ou podem significar para o boleiro uma marca de rico e famoso.
Só que os pernas de pau usam e abusam das tatuagens.
Pintar o corpo é uma velha mania do ser humano. É sempre bom lembrar que nascemos bichos.
Já os treinadores fazem uso constantes de treinos secretos, que acabam não trazendo nada de surpreendente.
Recentemente criaram o “treinador de raiz”.
Já expliquei o que vem a ser isso em crônica passada.
Os dirigentes, afora as conhecidas “atrocidades”, criaram as assessorias de imprensa para dificultar o trabalho da crônica esportiva.
As “coletivas” soam muitas vezes ridículas pelas escolhas de quem deve ser entrevistado.
Para finalizar, os estádios agora têm DJs a comandar um barulho infernal, como se futebol fosse festa de peão boiadeiro.
Tem muitas, mas muitas coisas mais que no espaço não cabe.
E tome pasteurização. E muita frescuragem.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Confiança cega de Ciro é prima do ‘eu não sabia’ - Por Josias de Souza.



A retórica de Ciro Gomes ao falar de corrupção é normalmente encrespada. Mas o presidenciável do PDT repetiu em entrevista ao Jornal Nacional: “Se eu for eleito, o Carlos Lupi terá no meu governo a posição que quiser, porque eu tenho a convicção de que ele é um homem de bem.” Ciro soou categórico: “O Carlos Lupi tem a minha confiança cega, absolutamente cega.”

William Bonner recitou a ficha corrida do presidente do PDT: Lupi responde a inquérito no Supremo sobre a possível compra de apoio político para Dilma Rousseff, em 2014; foi delatado como beneficiário de uma mensada de R$ 100 mil no esquema de corrupção do ex-governador fluminense Sérgio Cabral; é réu por improbidade administrativa no Distrito Federal; a Comissão de Ética da Presidência da República recomendou sua demissão quando ocupava o cargo de ministro do Trabalho sob Dilma, o que acabou acontecendo.

Ciro não se deu por achado. “A mim me surpreende. Na minha opinião, essas informações não estão assentadas”, tentou argumentar. “A informação que eu tenho é que ele não responde por nenhum procedimento. Réu ele não é —com certeza, ele não é.” Bonner reiterou a informação. Mas Ciro não deu o braço a torcer. Absteve-se até mesmo de se imunizar com uma frase do tipo “não tenho compromisso com o erro…” Preferiu manter a mão no fogo por Lupi.

Sempre que pode, Ciro chama Michel Temer de “escroque”. Afirma que, eleito, desmontará o MDB, porque o partido “só existe para roubar”. Declarou também que só cogitaria alianças com PP, DEM e assemelhados, depois de um acerto com PSB e PCdoB, “porque a hegemonia moral e intelectual do rumo estará afirmada.”

Hoje, o centrão encostou sua má fama na candidatura de Geraldo Alckmin, o PSB virou linha auxiliar do PT federal e o PCdoB está sentado no banco de reserva à espera do momento em que entrará em cena como vice na chapa a ser encabeçada pelo poste petista Fernando Haddad. Restou a Ciro a hegemonia moral proporcionada pela companhia de Carlos Lupi.

Consideradas todas as circunstâncias —das rasteiras que recebe de Lula aos tropeços de sua língua—, Ciro faz uma boa campanha. Continua no jogo. Mas deveria chamar o presidente do seu partido para uma conversa franca. Nela, faria um pedido. Algo assim: “Meu querido companheiro Lupi, não permita que eu diga sobre você nenhuma mentira que não possa ser provada.” Do contrário, Ciro acabará se dando conta de que sua “confiança cega” é prima de um bordão desgastado: “Eu não sabia.”

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Tomar conta do Brasil - Por Antônio Morais.



Luiz Inácio, o Pajé apoderou-se  do Judiciário, do legislativo e da pobreza. O judiciário perdeu a confiança e o respeito  do povo, o legislativo  foi a lama e a pobreza  encontra-se na miséria extrema.

Lula pensou : Os idiotas vão tomar conta do Brasil; Não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos. Mas, a vida é como um restaurante. Ninguém vai embora sem pagar a conta. O Pajé está pagando, bem caro por sinal.

domingo, 26 de agosto de 2018

PELAS PESQUISAS, GRITA ANTICORRUPÇÃO ERA HIPOCRISIA - Claudio Humberto.

Após anos de investigações, denúncias e condenações de políticos ladrões, na Operação Lava Jato, o Brasil dá sinais de que não passava de encanação toda aquela aparente indignação com a ladroagem. 

A 43 dias das eleições de 7 de outubro, o líder nas pesquisas está preso por corrupção, segura a lanterna das pesquisas o único candidato a presidente que nunca foi político e no Congresso serão 75% reeleitos.

Na Câmara, centro de tantos escândalos, estudo indica que 25% dos deputados não serão reeleitos, porque resolveram tomar outro rumo.


sábado, 25 de agosto de 2018

Crato precisa reformar o seu brasão e a sua bandeira – por Armando Lopes Rafael


O atual brasão de Crato

   Há uma coisa que incomoda o sentimento cívico dos habitantes de Crato: tanto a bandeira como o brasão desta cidade são pobres e de pouco significado.
    Comecemos comentando o brasão oficial. Foi o Sr. João Ranulfo Pequeno quem desenhou o Brasão do município de Crato, criado pela Lei Municipal Nº. 349, de 15 de novembro de 1955.

Abaixo reproduzo um texto de autoria de Evandro Rodrigues de Deus sobre o assunto:

“O desenho foi criado por Pe. Antônio Gomes de Araújo que solicitou ao técnico-desenhista cratense João Ranulfo Pequeno a execução do projeto. O Padre Gomes não só sugeriu o desenho, mas redigiu o histórico do símbolo determinado da seguinte forma:

AS DUAS HASTES DE CANA-DE-AÇÚCAR – A principal produção agrícola do município;

UM PENACHO DE ÍNDIO – Pois a base étnico-sócio-cultural da cidade tivera, denso aldeamento indígena, que evoluiu ao ponto de em 1838 a população, na sua quase totalidade, constituía-se de 2.000 índios ao todo, puros e mestiços.

UM ARCO-ÍRIS, UM SOL E UMA CRUZ – Respectivamente significam a união de todos os povos que constituem nossa cidade, a liberdade e a Fertilidade, e o cristianismo.

A LEGENDA "LABORE" – Significa trabalho. É uma representação do progresso, da civilização e da cultura, triângulo em que o Crato se enquadra desde os primórdios.

O ESCUDO – De origem galesa e no seu centro uma rosácea em contorno vermelho, e nas extremidades de quatro CC, que significam, a acepção popular – Cidade de Crato, Cabeça de Comarca – com que se marca a fogo, desde os tempos remotos, a criação de animais graúdos, simbolizando a riqueza primitiva de nossa terra, que foi a pecuária, é o símbolo característico do Crato.

A FRASE CRATO COM  A DATA "17 OUT"E O "NÚMERO 1853" – Registra a data em que o município foi elevado à categoria de cidade.

      Agora o meu comentário: O Pe. Antônio Gomes de Araújo foi um grande pesquisador e historiador do Cariri, mas não era especialista em Heráldica. Se fosse não teria colocado um “penacho” de índio, no nosso brasão,  coisa inexistente na Heráldica. Ao invés do “penacho” deveria ter colocado  uma coroa, pois nossa origem primeva remonta à “Vila Real do Crato”. Outra coisa: a data constante no brasão. Ao invés de 17 de outubro de 1853, deveria constar “21 de Junho de 1764”, data da criação da Vila Real do Crato. Inclusive, é no dia 21 de junho que comemoramos o dia do Município e não no dia 17 de outubro.

E a bandeira?
 A atual bandeira de Crato

     A bem dizer ela não existe. Pois é representada apenas por um pano branco, tendo ao centro o escudo “anti-heráldica” que comentamos acima. Nossa bandeira deveria ser composta por duas cores horizontais. A parte superior, na cor azul celeste, representando o azul límpido do céu sobre a Chapada do Araripe. Já a parte inferior, deveria ser na cor verde, representando as matas da floresta do Araripe. Na faixa superior, poderia constar um sol nascente -- simbolizando o alvorecer --, na cor amarela, pois "Araripe", na língua indígena significa: “Lugar onde surge o sol”.
      Teríamos, então, um escudo dentro da heráldica e uma bandeira original e bela.

       Não perco a esperança de que um dia o Crato terá um prefeito culto, inovador e com visão de futuro. O aperfeiçoamento do nosso brasão municipal e a criação da nossa bandeira municipal deveria ser o primeiro decreto a ser enviado à Câmara de Vereadores por esse ansiado prefeito.
Texto de Armando Lopes Rafael

Enquanto os museus de Crato continam fechados...

Juazeiro cria pontos de Memória Institucional

A Fundação Memorial Padre Cícero foi o primeiro de cinco locais contemplados pelo projeto
A ideia é criar um circuito de exposições que contem a história de Juazeiro do Norte e dos seus equipamentos públicos. No caso do Memorial, pelo vasto material pesquisado, foi possível a publicação em livro ( Fotos: Antonio Rodrigues )
Fonte: "Diário do Nordeste", 25-08-2018 -  por Antonio Rodrigues 

Juazeiro do Norte. A Fundação Memorial Padre Cícero - que completou 30 anos de inauguração - foi o primeiro de cinco locais contemplados pelo projeto Ponto de Memória Institucional, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult). De uma pesquisa iconográfica, documental e também das lembranças dos moradores do entorno da instituição, resultou na exposição "Sob as bênçãos do Padim" e no livro "Memorial Padre Cícero e outras histórias", lançados no último dia 16.

A ideia é criar um circuito de exposições que contem a história de Juazeiro do Norte e dos equipamentos públicos contemplados. No caso do Memorial, pelo vasto material pesquisado, foi possível a publicação em livro. Os próximos trabalhados serão Teatro Marquise Branca, contando a história do espaço e da personalidade da atriz Marquise Branca; a Estação Ferroviária, com a história da chegada do trem; a Biblioteca Possidônio Bem e o Núcleo de Arte, Educação e Cultura Marcus Jussier.

A coordenadora de Documentação e Memória da Secult, a historiadora Regivânia Rodrigues, explica que o projeto foi idealizado pelo ex-secretário Alemberg Quindins, ao perceber que algumas ações de patrimônio poderiam valorizar a memória dos equipamentos públicos de Juazeiro do Norte. "A ideia era trabalhar a história desses equipamentos e da personalidade homenageada", explica. No entanto, ela percebeu que a maioria destes espaços estava em localizações pontuais da cidade e que era importante trazer informações sobre seu entorno. "O objetivo não é só trazer a questão econômica, política, mas o cotidiano das pessoas. Por exemplo, com a chegada do trem, o que mudou? Como as pessoas se relacionavam com esse episódio?", justifica.

Memorial

O Memorial Padre Cícero foi o primeiro, não só pela sua importância local, mas pelo fluxo de visitantes do Nordeste, principalmente durante as romarias. Lá, há uma série de objetos que pertenceram ao Padre Cícero e fotografias que narram a história do Município. O equipamento tem uma média anual de 80 mil visitantes, mas, só no ano passado, pelo menos 60 mil passaram pelo museu. "É um equipamento que lida com as pessoas como um local que guarda as relíquias de um santo. É simbólico", garante a historiadora.

A exposição "Memorial Padre Cícero e outras histórias" está instalada em caráter permanente, apresentando, de forma resumida, o conteúdo disponibilizado no livro. Nela, há imagens dos antigos prédios que ocupavam o local onde hoje fica a Fundação Memorial Padre Cícero. Além disso, há uma breve história do desenvolvimento social da cidade e as relações com aquele espaço. Já o livro "Memorial Padre Cícero e outras histórias" compila informações históricas sobre a criação da instituição e sobre ocupação da área central de Juazeiro. Por fim, faz destaca eventos, personagens e lugares.

Povo sem memória é povo sem história: nomes antigos das ruas de Crato --por Armando Lopes Rafael




"Um povo sem memória é um povo sem história.
E um povo sem história está fadado a cometer,
 no presente e no futuro, os mesmos erros do passado".
Emília Viotti da Costa  

    Começou, nos primeiros anos do século XX – por iniciativa dos vereadores desta cidade, e isso foi feito ao longo de várias legislaturas – o triste costume de mudança dos nomes das ruas e praças de Crato. Essas alterações sempre atenderam a interesses menores dos vereadores e foram feitas sem ouvir a população, resultando disso na destruição de denominações tradicionais, que eram preservadas por várias gerações de cratenses.

   Tenho em mãos um artigo publicado na Revista do Instituto do Ceará, com o título “Descrição da Cidade do Crato em 1882”, de autoria do Dr. Gustavo Horácio. Este escrito cita, a certa altura, o fato de que – naquele recuado ano – a cidade de Crato possuía 11 ruas, conhecidas por Ruas: de Santo Amaro, da Pedra Lavrada, das Laranjeiras, do Pisa, Formosa, Grande, do Fogo, da Vala, da Boa Vista, Nova e do Matadouro.

     No mesmo artigo, são nomeados os becos e travessas do Crato antigo, a saber: Travessas: do Cafundó, da Caridade, dos Candeia, da Matriz, dos Sucupira, de São Vicente, do Charuteiro, do Cemitério, da Ribeira Velha, do Barro Vermelho, da Califórnia, do Pequizeiro, da Taboqueira, das Olarias, da Cadeia e do Pimenta.      Infelizmente, a mudança voraz dos vereadores cratenses resultou na mudança dessas tradicionais, poéticas e curiosas denominações.

      Não sou contra a designação de nossas ruas com nomes de pessoas já falecidas. Apenas acho que deveriam escolher como patronos das nossas artérias urbanas pessoas que gozaram de bom conceito ou foram prestadoras de relevantes serviços à cidade e ao Brasil. E, principalmente, depois de a lei aprovada pela Câmara Municipal, os vereadores não poderiam mais mudar o nome de uma rua.          Ademais, não se justifica a mudança feita nas antigas e tradicionais denominações das ruas de Crato, apagando um pouco da história e da memória coletiva da Princesa do Cariri.

       Anos atrás, a Câmara de Vereadores de Independência – município localizado no Sertão dos Inhamuns, no Ceará – aprovou um projeto de lei, dispondo sobre a identificação de ruas, praças, monumentos, obras e edificações públicas daquela cidade. O projeto de lei passou a exigir – para qualquer mudança na denominação de ruas e praças – um pedido antecipado, contendo lista com assinaturas de pelo menos cinco por cento do eleitorado daquele município.

        Idêntica providência deveria ser adotada pela Câmara de Vereadores de Crato. Só assim acabaria a farra irresponsável da mudança indiscriminada dos nomes das ruas da Cidade de Frei Carlos...

Queda na taxa de impopularidade anima Temer - Por Josias de Souza.


Michel Temer está animado. Amargava uma taxa de reprovação de 82%. Mas o Datafolha informou há três dias que a desaprovação caiu 73%. Mal comparando, o presidente passou a se comportar como se fosse um ovo frito fazendo o caminho de volta. Ficou tão animado com a perspectiva de se tornar um galeto, que ignorou o fato de ter apenas trocado a frigideira pelo espeto. A menos que ocorra um epidemia nacional de amnésia, chegará ao final do mandato bem passado.

Temer recuperou a autoestima. Voltou a se dar bem consigo mesmo. Considera-se “injustiçado” pela imprensa, relatou um auxiliar. Queixa-se de Henrique Meirelles, que não o defende na campanha. Mas declara-se convencido de que a história se congratulará com ele, reconhecendo-lhe os méritos. Herdou de Dilma o caos, realçou o assessor. Poderia ter optado pela resignação. Mas encarou a conjuntura, impedindo que as coisas piorassem.

Temer contabiliza como grandes feitos algumas providências que os adversários criticam na campanha eleitoral —o teto nos gastos públicos, a reforma trabalhista, a troca do modelo de exploração do óleo do pré-sal, a reformulação do ensino médio… Acha que há tempo para aprovar uma reforma da Previdência antes do final do ano, entre a abertura das urnas e o Natal.

A maioria dos brasileiros gostaria muito de viver no país que o presidente descreve com tanto entusiasmo, seja ele onde for. É como se no Brasil de Temer o presidente da República não carregasse duas denúncias criminais nas costas. É como se o inquilino do Planalto não respondesse a um par de inquéritos por corrupção. É como se os 13 milhões de desempregados tivessem tomado chá de sumiço.

No Brasil de Temer, a única coisa a lamentar é que os jornalistas não terão mais um Temer para chutar depois que ele for embora, em 1º de janeiro de 2019.

ELEIÇÕES DO VAMPETA - Por Wilton Bezerra, Comentarista esportivo da TV Diário e Rádio Verdes Mares ·



“O Flamengo finge que me paga e eu finjo que jogo”. Vampeta, ex-jogador, guindado a filósofo e contador de “causos” do futebol.

Nos debates dos presidenciáveis, com pouquíssimas exceções, a mentira tem construido seu império.

Para cada pergunta feita, uma mentira como resposta.
Os candidatos fingem ter soluções sérias para o Brasil e os eleitores fingem que acreditam.

Só pode. Basta olhar as pesquisas e certas reações.
Conclui-se que o mentiroso não tem as pernas curtas. Vai mais longe do que se pode imaginar.

É duro de agüentar a apologia que se faz da mentira, nessa terra descoberta por acaso.
Considerar natural o fato do político fazer da traição à verdade o seu instrumento de trabalho é confirmar que, na vida, os mentirosos são bem sucedidos.

Na verdade, isso é que reconhecemos na nossa líquida sociedade como indiferença pelo sofrimento alheio.

Não dá para ter grandes ilusões com esse futuro que nos aguarda. E o homem sem ilusões está ferrado.

O brasileiro precisa ter discernimento na hora de escolher. Ligar o “desconfiômetro” diante de propostas rasas e absurdas.

Vale lembrar o grande repentista Pinto do Monteiro, “a serpente do repente”:

Eu não tenho confiança
Em cabra que tem berruga
Cachorro da boca preta
Terreno que pouco enxuga
Comida que doido enjeita
E casa que cigano aluga

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Mudaram os tempos? Por Armando Lopes Rafael



  Vale a pena compartilhar as palavras proferidas pelo Prof. Sidney Silveira, num desses muitos “encontros monárquicos” que vêm sendo realizados, ultimamente,  neste nosso Brasil continental.     Afirmou ele:

“A vanguarda, hoje, é ser ‘reacionário’; é olhar para o passado, com a coragem de afirmar valores que não são os que, hoje, contemporaneamente, predominam ”.

   Observa-se, e isso está nas mídias e redes sociais, que, no Brasil, voltou-se a reviver, e agora com maior intensidade – principalmente entre os jovens – um anseio, melhor dizendo, uma difusão de um ideal, buscando o retorno à forma de governo, inopinadamente interrompida há 128 anos, quando a nossa Pátria – que era uma grande família com um destino comum e bem definido a cumprir – respirava o ar de uma honrada e respeitada monarquia.

   Em plena segunda década do século XXI, em meio à saudade de quando, no nosso país, as coisas davam certo, paira no ar uma pergunta que não quer calar: Valeu a pena o Brasil ter sido transformado numa República?

   A verdade é que o brasileiro comum está cansado dessa instabilidade política que tomou conta do nosso país; está saturado com os sucessivos escândalos e decepções vindas das atuais lideranças políticas e administrativas; está perplexo (para usar um termo suave) com essa crise permanente causada pelos partidos políticos e por parte dos nossos homens públicos; pessoas sem credibilidade e que não representam a maioria da população brasileira. O brasileiro cansou da violência que tomou conta da nossa nação. Exauriu a paciência com a péssima saúde pública, com a deficiente educação pública, com o caos da segurança pública que nos são ofertadas pelos governos.
     Ou como se diz comumente: nossas crises chegaram ao fundo do poço...

Em 2018, os sem-TV testam o poder da internet - O Antagonista.

O TSE confirmou o tempo que cada presidenciável terá para vender o seu peixe no horário eleitoral. Escancarou-se o paradoxo: Alckmin, sem voto, dispõe do maior latifúndio eletrônico da temporada: 5 minutos e 32 segundos de propaganda no rádio e na TV. Bolsonaro, primeiro colocado nas pesquisas sem Lula, terá 8 segundos —mal dá para dizer o nome. Nesse mato, quem não tem TV caça com a internet.

De acordo com levantamento do Ibope, 70% do eleitorado ainda se informa por meio da TV. Mas a proliferação dos celulares transformou a internet no segundo canal de acesso das pessoas às informações sobre política. A exemplo de Bolsonaro, candidatos como Marina (21 segundos) e Ciro (38 segundos) também terão derramar suor nas redes sociais para compensar o nanismo eletrônico.

As perguntas que boiam na atmosfera são: A TV ajudará gente sem voto como Alckmin a decolar? A internet será suficiente para impedir a desidratação de gente como Bolsonaro? O embate TV versus celular ganhou em 2018 uma dimensão que não teve em nenhuma outra eleição. O eleitor brasileiro já deu demonstrações de que, com boa propaganda, acredita até em ovo sem casca. Resta saber que peso terá cada meio na difusão das mensagens.

CARESTIA E BOTIJA - Por Wilton Bezerra - Comentarista esporttivo



O Brasil de hoje tem 63 milhões de inadimplentes e uma massa de 13 milhões de desempregados.

Basta ir ao supermercado todo mês para que se desminta esta história de inflação rigorosamente controlada.

Como dizia Mário Lago: “No final do mês sobrava um dinheirinho. Hoje, no final do dinheirinho sobram meses.

Antigamente, a isso se dava o nome de Carestia.
Entrando no assunto futebol, objetivo da crônica, devo dizer que CARESTIA era o nome de um centroavante do Atlético de Souza, time do interior da Paraiba, grande artilheiro, que vi em ação várias vezes, nos ano 1970.

Confesso que foi o nome mais esquisito de jogador de futebol que tomei conhecimento.
Para completar, vale registrar que o seu companheiro de ataque atendia pelo nome de BOTIJA.
Carestia e Botija. Inflação e riqueza juntos.
Não é, Dr. Hélder Moura?
Sou do tempo em que o trabalhador desportista dizia: “O dinheiro do futebol tá guardado”.
A gurizada vendia garrafas e latas, juntando grana para assistir os jogos.
Eram defesas contra a carestia, quando o preço do ingresso ainda ficava ao alcance da patuleia.

O tempo passou e o futebol foi aos poucos tirando o povo pobre dos estádios.
Os clubes que foram fundados, tendo como base a massa da populações menos favorecidas, desenvolvem esforço no sentido de baratear o preço do ingresso, através de planos especiais.

Não tem sido o esforço suficiente. A imagem de um torcedor velho e pobre num estádio de futebol viralizou como uma coisa impossível de acontecer.
O futebol precisa voltar a caminhar em direção aos seus aficionados.
E eles estão, principalmente, entre os mais curtos de grana.

Um time popular como o Flamengo, cobrar o ingresso mais barato de um jogo seu ao preço de 180 reais é um despautério.
Por falar nisso, vale lembrar os versos do grande repentista, João Furiba, em tempos que inflação era carestia:

“É porque o feijão de corda
Já está custando cem
Farinha por cento e dez
E milho caro também
Se Deus não pisar no freio
Não vai escapar ninguém.”

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Bolsonaro: “Essa bandidagem vai morrer” - O Antagonista.


Do alto de um carro de som durante uma carreata por uma das avenidas de Araçatuba, no interior de São Paulo, Jair Bolsonaro disse há pouco que, se eleito, deixará de repassar dinheiro da União para movimentos e organizações de direitos humanos.

Ele disse, segundo registro do G1:

“Conosco não haverá essa politicagem de direitos humanos, essa bandidagem vai morrer porque não enviaremos recursos da União para eles. Em vez de paz, essas ONGs prestam um desserviço ao nosso Brasil. Precisamos de alguém sentado na cadeira presidencial que respeite a tradicional família brasileira, que tenha Deus acima de tudo, como lema nosso.”

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

GUERRA DA GLOBO CONTRA O PT : LULA E HADDAD VETADOS NO JORNAL NACIONAL


O Antagonista.

Rede Globo em guerra aberta com com o PT. Depois de anunciar que não cobrirá a agenda de Lula que, mesmo preso, é o mais ativo dos candidatos a presidente, o Jornal Nacional vetou o candidato a vice na chapa presidencial do PT, Fernando Haddad, nas rodadas de entrevistas de 25 minutos com candidatos a presidente; com Lula ao redor de 40% nas pesquisas, o grupo da família Marinho está em guerra com pelo menos metade do país.

213 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Casal José André e Dona Tonia  bisnetos de José Raimundo do Sanharol, com Ana Thays pertencente a  sétima geração.

Pedro Alves de Morais, Pedrinho do Sanharol, casou duas vezes. A primeira com Maria Alves Bezerra, conhecida por Nenen, filha de Manuel Leandro Bezerra, e a segunda vez com Maria Bezerra de Morais filha de Mariana de Morais Rego, como vemos ambas as esposas eram sobrinhas legitimas.

Filhos do primeiro casamento:

01 – Manuel Alves de Morais
02 – José Alves de Morais
03 – Antônio Alves de Morais

Do segundo casamento:

04 – João Alves de Morais


Estes quatro filhos do Pedrinho deixaram uma grande descendência. A progressão é mais que geométrica.


CARIRIENSIDADE (por Armando Lopes Rafael)



O poeta Zé de Matos

As cidades são feitas de poesias e de pessoas”, diz um velho adágio. A ser verdade este aforismo, está explicado porque, ainda hoje, a memória de Zé de Matos continua presente em Crato e no Cariri. Dele pouco se sabe. Exceto que era analfabeto, pobre e boêmio. Sequer se sabe a data e o lugar do seu nascimento, embora ele dissesse que veio ao mundo em Crato. Faleceu em 1904. Provavelmente em Caririaçu. Restaram dele a tradição oral de suas improvisações poéticas, sempre inspiradas quando estava sob o efeito de conhecido produto dos alambiques caririenses. Abaixo duas delas:

‘Terra boa é o Cariri,
tem mangaba e tem pequi,
tem muita moça bonita
e cabra bom no fuzi.
Mas arredó de sete légua
tem cabra fi duma égua,
que nega até um pequi”

Noutra ocasião, Zé de Matos versejou sobre as “famílias tradicionais”

“Nunca vi Teles valente
nem Quezado trabalhador,
Pinheiro inteligente
e Alencar rezador
da Família dos Bezerra
só o Zeca dos Currais
mesmo assim não é certo,
dá prá frente e dá prá trás”

As reservas fossilíferas do Cariri

    A Chapada do Araripe, caracterizada por sua rica biodiversidade, foi pioneira na criação da primeira floresta protegida do Brasil. Há mais de setenta anos – quando não se falava em ecologia ou biodiversidade – através do Decreto n° 9.226, de 02 de maio de 1946, o Governo Federal criou a primeira reserva florestal do Brasil: a Floresta Nacional do Araripe. Em 1997, ela foi ainda mais protegida, desta feita com a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) da Chapada do Araripe.
        Lá fica, também, outra riqueza que remonta a milhões de anos: as maiores jazidas fossilíferas do período cretáceo em todo o planeta. São os fósseis de peixes e até de pterossauros. A Bacia Sedimentar da Chapada do Araripe é considerada um dos mais importantes sítios paleontológicos do mundo.

A verticalização de Juazeiro do Norte


    Até o início do presente século, poucos eram os grandes edifícios existentes na conurbação Crajubar. Capitaneada por Juazeiro do Norte, as construções de grandes prédios residenciais se alastram pelas áreas citadinas do Crajubar. Maior cidade do Cariri, Juazeiro do Norte passa por um processo de verticalização. Esta cidade se tornou um polo de desenvolvimento de uma das mais ricas regiões do Ceará. A Terra do Padre Cícero conta com uma boa infraestrutura atendendo às diversas áreas, como educação, saúde, malha aeroportuária e rodoviária, dentre outras. A economia de Juazeiro do Norte exerce hoje influência sobre uma população estimada em três milhões de habitantes, espalhada por municípios limítrofes do Cariri com os estados da Paraíba, Pernambuco e Piauí e todos as cidades do centro-sul do Ceará.

O livro do mês de agosto


    Raro é o mês do ano que não temos lançamento de um novo livro em Crato. No último dia 14 de agosto – data do Jubileu de Prata da ordenação episcopal de Dom Fernando Panico – amigos deste bispo lançaram o livro “Corações ao alto”. Uma publicação com depoimentos e testemunhos sobre o edificante ministério deste bispo, nas duas dioceses de onde foi titular: Oeiras–Floriano (PI) e Crato (CE). Organizado por Enoque Fernandes de Araújo e publicado pela Gráfica JB, de João Pessoa (PB), o livro tem 174 páginas e 9 capítulos. Cada um escrito por Armando Lopes Rafael, Pe. Acúrcio de Oliveira Barros, Madre Maria Aparecida Couto (Abadessa do Mosteiro Beneditino de Juazeiro), Eduardo Henrique Valentim, Aroldo Braga, Irmã Annette Dumoulin e Maria do Carmo Pagan Forte.
 
    São revelados, no livro, detalhes pouco conhecidos de Dom Fernando Panico, destacando sua fidelidade ao Evangelho, o serviço aos pobres, aos romeiros do Padre Cícero e ao compromisso com uma Igreja orante e missionária, onde é realçado o perfil da ação evangelizadora do atual Bispo-emérito de Crato.

O livro do mês de setembro

      Abaixo, o convite para o lançamento do livro póstumo de Manoel Patrício de Aquino (Nezinho) que ocorrerá na noite do próximo dia 6 de setembro, na sede do  Instituto Cultural do Cariri.

Missão Velha e a “Proclamação da República”

A belíssima igreja-matriz de São José de Missão Velha

      Leitor de “Caririensidade”, o historiador missãovelhense João Bosco André escreveu-nos para concordar com a nota (publicada na coluna da semana passada), sobre o mandonismo dos “coronéis”, novos detentores do poder municipal, após o golpe militar de 15 de novembro de 1889.  Aquela quartelada derrubou a monarquia constitucional do Brasil e impôs – sem apoio popular – o regime republicano na nossa pátria.   No livro que João Bosco André escreveu (“Documentos para a história de Missão Velha”, na página 114) ele resgata o fato de a Câmara de Vereadores, daquela cidade, a exemplo da de Crato, só reconhecer o novo governo republicano 1 (um) mês e 5 (cinco) dias depois da queda da monarquia.

     Qual o motivo dessa demora? João Bosco André dá sua versão:  “Vê-se claramente que os vereadores de Missão Velha estavam reticentes (em cima do muro) com medo de o novo regime republicano não dar certo”. Não só isto. O historiador missãovelhense complementa o comentário: “O Vereador Róseo Jamacaru, renunciou (ao mandato) em 13 de fevereiro de 1890 (três meses depois do golpe militar), alegando que seus colegas vereadores eram mais monarquistas do que republicanos”.

Escritores do Cariri: Raimundo de Oliveira Borges

   Nasceu na vila de São Pedro do Crato – depois São Pedro do Cariri, (hoje Caririaçu) – em 02 de julho de 1907.Faleceu com mais de 102 anos, em 10 de julho de 2010. Jurista, historiador e escritor. Foi diretor das 3 Faculdades pioneiras de Crato: a de Filosofia, a de Ciências Econômicas e a de Direito. Presidente, em vários mandatos, do Instituto Cultural do Cariri. Escreveu cerca de 30 livros sobre os mais variados temas, frutos de meticulosas pesquisas, a exemplo de “O Coronel Belém de Crato, um injustiçado”; “Memória Histórica da Comarca do Crato”; “O Padre Cícero e a Educação em Juazeiro”; “Serra de São Pedro”; “Crato intelectual”.
   Foi Secretário da Prefeitura de Crato; Promotor Público em várias comarcas e, depois de aposentado, advogou por várias décadas. Foi político. Presidente, diversas vezes, da Expocrato; do Rotary Clube de Crato e da Associação dos Criadores de Crato. Prestou relevantes serviços à região Sul-cearense, a exemplo da Campanha de Eletrificação do Cariri.
   Ao falecer, seus filhos transformaram sua residência (localizada no centro de Crato, em frente à Reitoria da URCA) no “Memorial Raimundo de Oliveira Borges”. Um grande escritor, um exemplar cidadão e chefe de família; um homem de bem a toda prova!

História: Quem fundou Juazeiro do Norte? A opinião de Amália Xavier de Oliveira

Juazeiro Primitivo - óleo sobre tela de Assunção Gonçalves.
A casa grande, à esquerda, pertencia ao Brigadeiro Leandro.À
direita,a capelinha  de Nossa Senhora das Dores.

     A educadora e historiadora Amália Xavier de Oliveira sempre defendeu que foi o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro o fundador de Juazeiro do Norte. Num dos livros que escreveu (“O Padre Cícero que eu conheci: verdadeira história de Juazeiro do Norte”, 3ª edição, Editora Massangana, 1981, página 33) Amália afirmou:

Com o falecimento do Brigadeiro, ocorrido em 1831, as terras onde havia sido edificada a capelinha de Nossa Senhora das Dores e as que foram destinadas ao patrimônio da mesma, passaram aos herdeiros do Brigadeiro, ficando no espólio de dois de seus filhos: Gonçalo Luiz Teles de Menezes e Joaquim Antônio Bezerra de Menezes. Estes doaram aquelas terras ao patrimônio de Nossa Senhora das Dores conforme ainda hoje existe e cuja escritura está no Cartório de Crato. Estas duas certidões cujas cópias tenho em meu poder e poderão ser vistas no original do 1º Cartório de Crato, são suficientes para confirmar que o fundador do Povoado de Juazeiro, iniciado com a construção da Capelinha, foi o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro e os primeiros povoadores foram os seus descendentes, existindo ainda hoje muitos deles aqui representados pela família Bezerra de Menezes espalhada em todo o Ceará e ainda em diversos estados do Brasil"(Grifos meus).