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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Uma urgente Aula de História - Lúcia Hippólito


Nascimento do PT:

O PT nasceu de cesariana, há 40 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base. Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento de um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.

Crescimento do PT:

O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras. O PT lançava e elegia candidatos, mas não "dançava conforme a música". Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava com picaretas. O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto. Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros. Tudo muito chique, conforme o figurino.

Maioridade do PT:

E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas. Pessoas honestas e de princípios se afastam do PT. A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Junior. Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloísa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL.
Os militantes ligados a Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida, Frei Betto. E agora, bem mais recentemente, o senador Flávio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica.
Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido.

Quem ficou no PT?

Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT? Os sindicalistas. Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64. Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República. Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado. Cavando benefícios para os seus. Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do governo federal, naturalmente. É o triunfo da pelegada.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Raimundo Batista de Menezes - Por Antônio Morais.


Pra ver se engano a saudade vou contar uma historinha de Raimundo Menezes. Ele tinha um pouco da veia humorística do tio Mundim do Sapo.

Raimundo estava na Farmácia Veterinária  do Dr. José Wilton e passou um vendedor de bananas. Vendia bananas maçãs nunca vistas iguais, é sabido que é difícil encontrar no mercado, ninguém cultiva mais esse tipo de banana.

Separadas duas pencas, uma com  dez e outra com nove unidades. Raimundo Menezes chamou Tico do Leite  para ir levar as bananas em casa. Por curiosidade perguntou ao portador : Tico você sabe quanto é dez mais nove? Tico respondeu no ato: sei,  é 23 e partiu  para fazer a entrega.

Um freguês da farmácia, morador no sitio Queixado observou : Seu Raimundo essa daí ele  acertou no bambo.

Raimundo contava essa história e dava  uma gargalhada  prazerosa de se ouvir.

E POR FALAR EM MORTE... - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Se acalme. Não é conversa de assombração.

Vivemos tentando engabelar a morte. Procuramos negociar com "a mais indesejada das gentes", permanentemente.

Mesmo sabendo que o desfecho não será o desejado, o objetivo é permanecer um "tantinho" a mais entre os viventes.

Tal qual um velho sacerdote, já com a passagem só de ida, aconselhado por um arcebispo: "Deus deseja a sua companhia".

Arquejante, o padre respondeu: "Mas, aqui, na terra, tá tão "bonzim".

Quantas vezes delirei: "Quando a morte chegar, não vai me reconhecer. Vai que eu escapo".

Já falei em crônicas passadas que não preciso de intermediário. Com a morte, já me acertei.

Como Gontardo Callegaris, filósofo: "Só espero estar à altura deste momento”.

Vejam o que ouvi sobre a morte recente de um cronista que faleceu, subitamente, vítima de enfarto: "Uma boa morte. Morreu dormindo".

E tem "morte boa" à  disposição no último lance de nossa vida?

Por uns escritos que li, soube que Ariano Suassuna falava da morte como a Moça Caetana, de tocaia, pronta para dar o bote e levá-lo.

As tragédias de sua família, o assassinato do pai, o levaram a  pensar na Caetana todas as horas do dia, lendo os sinais de sua chegada.

Viveu até quase 90 anos, negociando com a Caetana.

De lampejos da morte, basta.

Não sei porque escrevo sobre assunto pouco palatável. Só sei que escrevo.

FORTALEZA BELA - Por Antonio Gonçalo.

Em Fortaleza- CE, há um leque amplo de opções, culturais, artísticas e comerciais, especialmente na região leste, onde um aglomerado de empreendimentos de vários gêneros, se destacam entre os setores de comércio shoppings, alimentação e hospedagem.

Entre esses ramos de empreendimentos, o "Polo Gastronômico da Varjota", cujos estabelecimentos localizam-se em um conjunto de ruas compreendidas entre o quadriângulo das Avenidas Virgílio Távora e Dom Luis, tem se destacado bastante nos últimos anos. 

Nas imediações, há uma diversidade de estabelecimentos dos ramos de restaurantes, lanchonetes, bares, bristrôs, hamburguerias, etc, e as vias públicas também receberam transformações específicas para o projeto urbanístico local. 

Julgo que tem ou teve sorte quem passou a residir ou a possuir imóveis nessa região. Há no local uma expressão latente de amplidão empreendedora e também de convivência pacífica. Sou um dos moradores do Bairro há 16 anos e posso confirmar esse estágio harmônico do lugar.

Sinto-me bem em morar aqui. Sou um interiorano duplamente apaixonado pelo sertão e a praia. Enveredo bem nos sonhos ou acordado, tendo visões nos "cafundós" de Várzea Alegre e Sertões de Quixadá, da mesma forma que exploro as areias da Praia do Futuro, o caldo de mocotó do Mercado Central e os aperitivos do Raimundo do Queijo, no Centro de Fortaleza.

Oh....Fortaleza bela!

JK, democracia e desenvolvimento - Por Antônio Morais.

Rio de Janeiro  primeiro de Fevereiro de 1956, 7 horas da manhã. O presidente chega  apressado e sorridente ao Palacio do Catete.

Minutos depois reúne-se com os ministros militares e da justiça. Objetivo : Acabar com o estado de sitio.

Os ministros resistem. Argumentando que ainda há descontentamento nas Forças Armadas. Melhor deixar para depois. 

Além disso, explicam que a revogação da medida depende do Congresso.

JK bate o pé. 

Governar sob o estado de sitio, não o farei. Impasse já nas primeiras  horas de governo! 

Não, o ativo trazia a solução na cabeça: Fulminar o estado de sitio com a liberdade de imprensa. Mostra, então, o comunicado oficial que, em seguida, manda a Agência Nacional distribuir.

Por ordem do Senhor Presidente da República, fica, à partir de hoje, suspensa a censura aos veículos de divulgação e publicidade.

sábado, 28 de janeiro de 2023

Do que trata o livro - Por Antonio Morais.

 

Eu não sou escritor, não sei escrever e nunca me preocupei com isso. Quando decidi  publicar a coletânea "Histórias, Causos e Proezas" estava ciente do crime de lesa literatura que ia cometer.

Trata o livro de personagens prestimosas de nossa cidade que marcaram a memória e a história do seu jeito e do seu modo, no seu segmento.

O chapeado "Noventa" recebeu de sua esposa uma bermuda como presente de aniversário.  A mulher  notando a decepção do marido perguntou : O que foi Noventa, não gostou do presente!  

A resposta veio no embalo : Vou guardar, no dia que Dom Vicente,  Filemon Teles, Pedro Felício e Cícero Pierre usarem eu  uso também. Isso é roupa para moleque.

PELÉ, MAGIA E MASSA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Vê-lo jogar era como assistir uma sinfonia. Algo imortal.

Comparado à erupção vulcânica de duas pernas, objeto de devoção no Mundo inteiro.

Chutes e passes certeiros. Com os pés, as astúcias de mãos.

Dribles sempre para ganhar território, sem humilhar os adversários.

A bola não colava no seus pés. Fazia parte deles.

Na área, a inteligência dos gênios para calcular espaço, tempo, adversários e bola, processando tudo em átimo de segundo.

O futebol e seu universo de poesia. O lugar onde ele pisou jamais será ermo.

Fez do futebol a alegria que nos faz suportar a vida normal.

Pelé, o rei eterno. Não foi, apenas, o melhor do Mundo. Foi o melhor para o Mundo.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Senador Dinarte Mariz - Por Antônio Morais.


Senador Dinarte de Medeiros Mariz.

Quem narrou o seguinte episódio ao então repórter Murilo Melo Filho foi o senador Dinarte de Medeiros Mariz : “o presidente Castelo Branco chamou-me ao Palácio das Laranjeiras para conversar sobre a sucessão no Rio Grande do Norte. 

Começou dizendo que quem realmente tinha votos lá no Estado era o meu adversário, Aloízio Alves. 

Ponderei: Vossa Excelência me perdoe. Mas, se o critério é este, quem devia estar aí no seu lugar era o Juscelino, que tem votos. Muitos, aliás".


Padre Coringa - Por Robson Pereira Sales.

Pe. Coringa, foi um grande sacerdote. Caridoso, humilde e muito humano. Não lhe faltava hombridade para enfrentar os dilemas pastorais na Paróquia.  

Certa feita, numa festa da Imaculada Conceição, Pe. Coringa como sempre fez, saiu a angariar donativos para à Igreja. Chegando em determinado sítio, encontrou um senhor, daqueles velhos bem brutos. Pe. Coringa, saindo do carro sucedeu-se o seguinte dialógo:

Bom dia, meu amigo, o que tem pra mim hoje?

O velho respondeu:

Pra padre pidão, eu tenho uma corda pra largar no espinhaço.

Pe. Coringa replicou com outra pergunta:

E pra Nossa Senhora da Conceição?

Tenho um saco de fava.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

À PROVA DE PRESSÃO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Um treinador de fora para a seleção brasileira é o assunto da hora.

Não pode ser qualquer um, vociferam.

Um bem sucedido treinador de Liga dos Campeões não enxerga treinar seleções como "algo maior".

Luiz Henrique, que já foi campeão da Champions há sete anos, está disponível. Medalhão menos estrelado.

Os de primeira grandeza estão presos a contratos milionários com clubes.

Com um espanhol, a barreira linguística não seria problema, segundo a CBF.

Uma outra coisa diz respeito a um técnico, de preferência, à prova de pressão.

Desde quando pressão em futebol é uma situação ausente?

Gostaríamos mesmo de saber como se testa treinador com reserva de paciência para suportar pressão.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Retidão e Caráter - Por Rosângela Moro.


 É assim. 

Retidão é para quem tem caráter.

Tem caráter  quem se mantem fiel  aos seus valores.

O  resto é narrativa desembestada.

Alto deve ser o seu caráter e não o tom da voz.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Desmonte e adispois se amonte - Por Antonio Morais.

Mundim do Sapo fez uma viagem de Várzea-Alegre ao Crato numa burra do seu irmão João do Sapo chamada Baronesa. Saiu do Sanharol às três horas da manhã e lá pelas quatro da tarde estava chegando ao sitio Palmeirinha dos Brito, de quem era primo e onde costumeiramente se arranchava.
Mundim tinha pressa de chegar ao Crato e no mesmo dia pegou o burro do leiteiro de Dr. Macário arriou e chispou para a cidade.
Quando estava atravessando o Rio Carás, mesmo no miolo do rio, águas cristalinas e límpidas, o burro se acuou, nem ia pra diante nem pra traz. Mundim lutou, relutou e nada. Ninguém fazia o burro sair do leito do rio.
Um transeunte vendo a luta de Mundim falou: meu senhor “desmonte e adispois se amonte” - Mundim seguiu a recomendação do caboclo e o burro saiu do rio esquipando.
Curioso com aquele detalhe Mundim procurou saber do caboclo velho a razão do: "desmontar e adispois se amontar"! Meu senhor é costume, respondeu: todo dia o leiteiro pára aí pra botar água no leite, e o burrim está acostumado.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Fome - Por Antônio Morais.

O brasileiro já está acostumado. Já não cobra mais compostura, decência,  planejamento, ação, seriedade, honestidade, caráter e vergonha na cara dos governantes. 

Todos são uma "Iniquidade" só. Seria exigir demais de Lula, Dilma, Temmer e Bolsonaro.

Infelizmente o brasileiro está sentindo falta é de feijão, arroz, farinha para matar a fome, a tremenda fome que o está matando pela inanição.

SEM O OUTRO NÃO DÁ - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Começo essa crônica com a impressão de que já a escrevi tempos atrás.

De qualquer forma, acreditamos que com palavras e frases diferentes. Nunca se sabe.

Quem não é vítima das repetições? Então, vamos lá.

Essa tirada sartreana de que "o problema são os outros" é muito mais esticada em sua compreensão do que imagina a nossa paupérrima filosofia.

Sugerimos uma consulta ao intelectual juazeirense Carlos Cláudio, para um mais profundo mergulho nessa água morna e mansa.

Isso não nos impede de dar um toque pelas beiradas do nosso entendimento com relação ao indispensável outro.

Ora, sem o outro, a vida não tem sequência. A gente vai mostrar a quem os nossos feitos?

"Deixa eu dizer prá tu" (forma de iniciar uma conversa, do filósofo Mossoró, do SVM): como chegar à área adversária, sem uma tabela com o outro?

Não se chega a lugar nenhum, sem um ataque apoiado. Perguntem aos técnicos e jogadores.

Outra. Sem Jane, o musculoso Tarzan teria berrado para o mato e os gorilas a vida toda. Certamente que usaria os cipós com intenções suicidas.

Pense em um rei momo sem rainha. Morreria na quarta- feira de cinzas, vítima do mais cruel abandono da parceira.

Experimentem viver em uma ilha, por mais paradisíaca que seja, apenas com o desenho de um rosto em um coco para puxar um papo somente com perguntas. Nem radinho de pilha ajudaria, criatura.

Antônio Maria, grande jornalista e compositor, mesmo cantando a solidão, não dispensou a companhia de uma leoa. Só para lembrar: foi casado com Danusa Leão.

Eu não disse que o pitaco sobre o assunto seria apenas pelas beiradas?

Se misturei alhos com bugalhos, paciência.

domingo, 22 de janeiro de 2023

PODER É FORÇA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Convencido estou de que a violência é a forma mais consistente de poder.

Acredito que o poder não é razão nem lei. Por fim, força.

E quem contrariar o poder vai pular os carnavais em um pé só. Se meta a besta, para ver.

O poder emana de quem, meu patrão?

E daí, que violência seja gerada pela falta de imaginação, se é instrumento para se chegar mais rapidamente ao poder.

Essa de tratar o poder como afrodisíaco é uma forma branda de falar sobre o assunto.

O poder age com o fígado e sempre está de mau humor.

Dizem que o poder mostra o ser humano exatamente como ele é. Sem tirar nem por.

Pela perda do poder, se atira no próprio peito. Ô bicho pegajoso é o poder de mandar e desmandar.

Tem quem abra mão do dinheiro pelo poder. O poder, ou nada feito.

Não interpretem essa croniqueta como uma ode ao poder da violência.

Tenho certeza de que a abordagem tem tudo a ver com os nossos dias. Não tem delírio.

Por isso, o comunista Lênin cunhou: "Fora o poder, tudo é ilusão".

JÁ TÁ NA HORA - Por Mundim do Vale


Padre Antônio Batista Vieira e o sobrinho Aldenizio Correia, o portador do recado.

José Odmar Correia, funcionário da coletoria estadual de Várzea Alegre, não trocava um pirão de corredor de boi por nada desse mundo. Toda sexta feira ele mandava Zé Belo comprar sem dizer que era pra ele, porque o corredor era vendido para as pessoas de poder aquisitivo menor.

Dona Balbina cozinhava o corredor mas na hora de bater o osso para extrair o tutano, quando não se cortava quebrava o prato. Era assim era toda sexta feira. Já bastante incomodada com aquela situação, resolveu falar para o esposo: - Ou Zé Odmar. Tá bom de tu acabar com esse negócio de pirão, porque se não daqui a pouco eu estou sem dedos e a casa sem pratos.

Pois vamos fazer o seguinte: Como eu gosto muito do pirão. Você cozinha e quando for pra bater o osso, você manda um dos meninos lá na coletoria que eu venho. Mas diga a ele que seja discreto, que eu não quero que ninguém fique sabendo que eu como pirão de corredor. Mande ele fazer um sinal, que eu já fico sabendo.

Na sexta feira quando o corredor cozinhou a esposa mandou seu filho Aldenízio: - Vá meu filho. Chegue lá faça um sinal, que seu pai vem bater o osso.

Aldenízio saiu pela rua Major Joaquim Alves quando chegou no bar de André, viu o seu pai na porta da coletoria conversando com: Luís Proto, Raimundo Silvino e Bernardo Mariano. Antes que Zé Odmar notasse a presença do filho Ele gritou:  Pai. Pai. Ou Pai!

Com aquele barulho do menino, Todos olharam em sua direção. Aldenízio bateu com a mão direita aberta, sobre a esquerda fechada por três vezes dizendo:  Mamãe disse que fosse. Que já tá na hora.

sábado, 21 de janeiro de 2023

Clientes não faltavam - Por Antônio Morais.



Dr. José Correia Ferreira, um médico em 1936. O segundo filho da terra, o primeiro foi o seu tio Dr. Leandro Correia Lima, 1915. 

Clientes é o que não faltavam. Entra com o marido, um sujeito afogueado, torado no grosso, olhos de espanto, chapéu de couro, toco de cigarro de palha no canto da orelha, jeito de quem está vendo alma, por todos os lados. A mulherzinha parecia a alma que procurava. pequena, magra, amarela, cabelos zangados, uns "tics" no canto direito da boca, pra completar a coisa mais encabulada do mundo. Sentindo seu jeitão e a dificuldade que teria em lhe ouvir as queixas, procurei deixa-la a vontade. 

Depois de perguntar umas quatro vezes de que se queixava sem que ela desse uma palavra, perguntei ao marido: Sua Mulher é surda e muda? Não Fala? Foi então, que ela  rompendo o mutismo, falou: minha doença quem sabe é Zé.

O Homem pegou pressão, assim como quem está foleando formiga, e foi falando, ora soprando pra fora, ora, aspirando pra dentro.e tome verbo:

Seu doutor, esta mulher está se acabando viva. Não drome, não come, não tem sustança pra nada e tem uma dor de cabeça afitiva que quando dá na testa da pobrezinha só falta correr doida.

A muito custo conseguir tomar a pressão, examinar-lhes os olhos, sentir-lhe o pulso. Ela todo tempo se esquivando, se encolhendo, se afastando no mais inocente e desnecessário recato.Passado a receita, explicado repetidas vezes como usar os remédios, se foram com Deus e a Virgem Maria.

Decorridos umas três semanas, noutro dia de feira, volta o Zé e de melhor aspecto. Ao me ver, foi logo dizendo: Vim só lhe dizer, meu doutor, "qui a muié tá muito amiorada. quaje boia mermo". 

Deus ti proteja.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

O INFINITO AMOR DE DEUS - Por Vicente Almeida

E dizem que Deus quando fecha uma porta, abre uma janela.

Eu não acredito, nunca acreditei nessa história:

A porta citada neste adágio popular, é um obstáculo imposto pelos nossos preconceitos, que desaparecerá com o aprofundamento do amor ao próximo.

Veja o Vídeo:

Vicente Almeida

Juscelino kubitschek - Postagem do Antônio Morais.

Diamantina, final de 1910. Juscelino, o ladino e arteiro Nonô, de oito anos, apronta mais uma. 

A mãe resolve aplicar algumas palmadas corretivas. Era assim naquele tempo. Esperto o menino dispara para o quartinho humilde. Mas logo volta.

Dona Júlia senta numa cadeira dobrou o corpo dele sobre o colo e solta a mão três vezes no magro trazeirinho. 

Surpresa, nenhum choro, nem gemido, nem reclamações. Ela percebe algo escondido sob a surrada calça curta.

É um velho retalho de pano acolchoado. Finge que não viu, livra o garoto.

Ela segura o riso e agradece a Deus.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

À partir de 06 de Fevereiro de 2023, estará de volta - Por Antônio Morais.

O Jornal de Antônio Vicelmo estreará na Segunda-Feira, dia 06 de Fevereiro, na Rádio Somzoomsat Cariri FM 106.5 no horário das 06 as 07 horas de Segunda a Sabado.

Com a participação de Jota Lopes com as Noticias Policiais.

De parabéns a comunidade da região.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

MORREU GINA LOLLOBRIGIDA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Vocês não imaginam o meu frêmito, quando essa mulher aparecia nas telas dos cines Moderno e Cassino, do Crato.

Tempo dos "pentelhos alvoroçados". Por aí.

Eu dizia: "Não é possível que um dia eu não a conheça de perto”.

Ninguém sabia, na época, comecinho dos anos 60, traduzir o que eram "sex symbols" ou neo realismo italiano. Que a mulher era bonita demais, isso todo mundo sabia.

Entender o enredo do filme era coisa secundária. A prioridade do adolescente era se amarrar nos lábios da atriz de deslumbrante beleza.

Morreu em Roma, para tristeza de uma geração um pouco "mais pra trás", Gina Lollobrigida, uma das mais belas atrizes da era de ouro de Hollywood.

Contava 95 anos.

Retalhos do Passado - Por Pedrinho Sanharol.

 

Às vezes mergulho temeroso nas águas turvas do presente, no mundo triste, conturbado e violento e chego até o fundo, nas águas cristalinas do passado e passo a lembrar detalhes da minha infância vivida no sertão, onde tudo eram flores coloridas de diversas matizes.

Lembro-me da casa velha. Na sua lateral, existiam três pés de azeitonas, que davam frutos pequenos e roxos, atração dos galos de campina, sanhaços e sabiás que faziam a festa, quebrando com sonoros e encantos gorgeios, a monotonia de uma tarde ensolarada no sertão.

Na eira se acumulavam cascas de laranja da terra a secarem ao sol sendo preparadas, cuidadosamente,  para serem transformadas, mais tarde, em medicamentos caseiros ou em farmácias homeopática. 

Da goma e da mandioca  que, também, ficavam exposto ao sol, sendo que a mandioca, depois de seca,  tinha utilidade e servia de ração para gado e porcos.

Recordo-me do tanque, atrás da casa velha que tinha sua serventia, inclusive, era útil até como piscina para nossos banhos num dia de  muita chuva e calor, bem como, do tanque que ficava ao lado dos pés de siriguélas  e só era cheio uma vez por semana, com as aguas do açude trazidas pelas lavadas.

Era ali a morada dos sapos e rãs que, após as noites agitadas do inverno, coaxavam interminavelmente, perturbando, muitas vezes, a serenidade da noite clara, iluminada pela lua cheia.

Francisco Pedro de Oliveira.

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

REPENSANDO OS PROVÉRBIOS - Por Robson Pereira Sales.

Camões diz num soneto que o mundo é feito de mudanças. Isso contraria o Eclesiastes, para o qual não há nada de novo sob o sol. O mais prudente é chegar a um equilíbrio e reconhecer que as coisas mudam para permanecer iguais. Ou se tornam iguais a cada vez que mudam.

Se as coisas se transformam – mesmo mantendo sua essência –, transforma-se também a linguagem. Os provérbios, por exemplo. Eles são generalizações, e como tais expressam verdades aparentemente imutáveis. Mas será que não têm de se adaptar à evolução dos tempos? Sempre é possível, nem que seja por um artifício poético ou irônico, vê-los com nova roupagem.

Diz-se (ou melhor, Hobbes disse) que o homem é o lobo do homem. Ora, hoje ele é muito mais logro do que lobo. Nosso propósito é antes enganar do que devorar o semelhante. Passamos-lhe a perna nos negócios, nos concursos, nas relações sentimentais. E queremos que ele se mantenha vivo para presenciar nossa vitória – o que seria impossível caso o triturássemos entre caninos esfaimados. Retifiquemos, então: “O homem é o logro do homem”. 

Vivemos tempos pragmáticos e pouco dados a especulações filosóficas. A especulação que nos interessa hoje é a financeira, por isso proponho esta atualização para o axioma de Descartes: “Penso, logo invisto”. Trocar “existir” por “investir” ajusta-se melhor a uma época na qual se cultiva pouco o ser e se mede o valor das pessoas pelos... valores que elas têm no banco.

“O que os olhos não veem o coração não sente” é outra sentença que não bate muito com a realidade – mesmo porque pode ser facilmente contestada. Suponhamos que nossos olhos não vejam um buraco à nossa frente. Fatalmente cairemos nele, e duvido que em tal circunstância o coração não sinta e não responda com uma galopante taquicardia. Mudemos, pois, esse brocardo para alguma coisa como: “O que os olhos não veem pode nos fazer tropeçar”. Simples, prático, irrefutável.

“O futuro a Deus pertence” também deve ser visto com reservas, pois não expressa uma verdade universal. Um político nepotista, por exemplo, dirá com bem mais exatidão: “O futuro aos meus pertence”. E quem pode dizer que ele está errado?

A atual onda ecológica torna suspeita a afirmação segundo a qual “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. Ter um pássaro na mão sugere a atitude politicamente incorreta de comê-lo ou engaiolá-lo, enquanto que deixar os dois a voar concorre para a preservação da espécie. É um gesto de respeito à vida, que os ecologistas e os poetas agradecem. Proponho, então, uma variante menos ofensiva à natureza (se algum grupo preservacionista quiser aproveitá-la, fique à vontade): “Um pássaro na mão não vale a sua extinção”.

Para terminar, sugiro que se substitua o ingênuo “Quem sai aos seus não degenera” por algo mais condizente com a natureza humana. Levando em conta a força da genética, troquemos o verbo e passemos a dizer: “Quem sais aos seus não se regenera”. O povo há muito reconhece essa verdade, traduzida no conhecido provérbio: “Pau que nasce torto, morre torto”.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

CRÔNICA SOBRE O TEMPO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 

Papo sobre negócios não tem graça nenhuma. Cerveja e conversa sobre poesia e virtude são muito mais negócio.

Como tem quem fique doido em busca do dinheiro, caso o vil metal se transformasse em felicidade, o Mundo seria um hospício.

Mudando os lados do campo, reinicia-se o jogo, dizendo que a gente nunca deve se cansar de ser bom. Pode apostar nisso, indivíduo.

O lance é aproveitar o que a vida tem bom. E bem esperto, porque os ponteiros do relógio são nervosos ao devorar das horas.

Muita coisa já não faz sucesso como antes. É preciso ver o que está acontecendo.

Elementos disruptores recrudescem nos céus do País. E não é somente para assustar.  É à vera. Não se faça de cego.

O sujeito precisa se questionar, divergir, inventar e divagar. "Uma vida não questionada não merece ser vivida". Platão.

Primeiro, você faz as escolhas. Depois, as suas escolhas fazem você. É assim que tem que ser.

Não se sabe onde essa viagem vai terminar.

E camarada, vou lhe dizer o seguinte: a única fonte segura que temos, hoje em dia, é a amizade.

Gente vazia e fanatizada é o pau que rola.

Quer bem dizer que não sabias?

domingo, 15 de janeiro de 2023

O dedo na profissão - Por Antonio Morais.


O pai estava bebendo cerveja, comendo amendoim e vendo TV na sala, 'vigiando' a filha, que namorava na varanda. Sono chegando, cerveja fazendo efeito, o ouvido começa a coçar e o babaca vai cutucar o ouvido com um amendoim, até que a casca se rompe e o caroço entala no ouvido.

O cara fica desesperado, tenta tirar o amendoim com o dedo e empurra mais pra dentro. Pega uma tampinha de caneta e - Merda! O amendoim entrou mais ainda. Nisso, o sujeito, aos gritos, chama a mulher, que veio correndo. 

Ao ver a cena, se apavora e já queria levar o maridão bêbado para o hospital. O cara não queria - Que mico!- Sou um cara de posição, não posso me expor ao ridículo, e tal, e tal que verei.

A filha e o namorado entram na sala pra ver o que estava acontecendo.- Pai, que é isso! Que vergonha! Daí, diz o gaiato, namorado da filha:- Calma, que eu dou um jeito! Quando era escoteiro, era eu quem socorria os amigos! O entalado, sem graça, apavorado, e agora puto com aquele sujeitinho dando palpite, acabou aceitando ajuda. 

O sujeitinho mete dois dedos no nariz do sogrão e ordena: - Fecha a boca e sopra pelo nariz, com toda a força! E não é que o maldito amendoim pulou fora do ouvido! 

O namoradinho sai todo convencido, a moça ainda mais apaixonada. A mulher, encantada com o eficientíssimo rapaz, comenta pro maridão: - Viu que gracinha? Tão calmo, tão seguro nas emergências. 

O que será que ele vai ser? E o maridão, cada vez mais puto, responde: - Pelo cheiro dos dedos do danado, vai ser ginecologista!

A SAGA DE ANTÔNIO DANTAS SOBRINHO - Por Antônio Morais

Nasci no sítio Baixio, Várzea Alegre, Ceará, 1938. Filho de Lourenço Ferreira Lima e Luisa Dantas de Souza. Faço parte da décima geração descendente de Agostinho Duarte Pinheiro, donatário de uma sesmaria no Riacho da Fortuna onde fundou o sitio Monte Alegre. Um dos filhos de Agostinho, mudou o nome para José Ferreira Lima, com o intuito de obter mais uma sesmaria na região. Até hoje a família é conhecida como os Ferreira Lima de Monte Alegre. Por parte de meu pai, também sou descendente dos Alencar do Crato. Minha avo paterna era Ana Pereira de Moraes, irmã de Carlos de Alencar e outros. Por parte da minha Mãe, sou Neto de Manoel Dantas do Baixio. Meu nome é uma homenagem a um irmão do meu avô.
Eis a trajetória de minha vida.

No início de 1945 passei 2 meses aprendendo a ler numa escola de um vizinho. Em 1946, passei mais 2 meses completando que se chamava o primeiro ano de leitura, e em 1948, passei três meses com um amigo de meus pais cursando o primeiro ano primário em Juazeiro do Norte. Em 1949, por intolerância religiosa, minha mãe havia se convertido ao protestantismo, tivemos que sair do Baixio. Fomos morar numa localidade chamada Santa Luzia, perto da Mata do Nascimento, atual cidade de Dom Pedro, no estado do Maranhão.

Tal qual no Ceará, não havia escola naquele lugarejo, mas ainda tive a oportunidade de passar uns três meses numa escola de uma amiga de meus pais numa localidade vizinha. Em 1954, fui morar e aprender alfaiataria com um amigo numa vila mais distante chamada, Centro do Paciência, atual cidade de Governador Archer, onde meus pais moram atualmente.

Em 1956, por indicação de minha mãe, comecei a estudar no Instituto Batista do Cariri enquanto trabalhava numa alfaiataria em Juazeiro. Quando fiquei ali, tive muitas oportunidades de matar as saudades de Várzea Alegre e do Baixio, visitando e passando férias com meu avo, Manoel Dantas e outros parentes. 

Em 1958 fui expulso do Colégio Batista. Não tinha vocação religiosa! Mudei para Fortaleza onde passei um ano e meio trabalhando numa alfaiataria. Fiz um plano de sair de Fortaleza sabendo inglês, e pus-me a estudar sozinho. Todos os dias, durante um ano, aprendia dez palavras novas. Apenas aprendia a ler e escrever, mas foi muto importante porque meu primeiro emprego em São Paulo foi de tradutor de peças mecânicas, numa firma de pesquisa de petróleo filiada a Petrobrás. Ali havia muitos americanos e aproveitei para melhorar a pronuncia do inglês. Por influência deles, abri uma conta bancária nos Estados Unidos para onde enviava minha poupança para protegê-la da inflação e me preparar para uma eventual oportunidade de estudar no exterior.

Em 1963, comecei a namorar uma americana, e por influência do meu futuro sogro, pedi um visto de emigrante no consulado americano. Emigrei para os Estados Unidos no fim daquele ano. Logo em seguida, fui aceito na Universidade de Wisconsin, em Stevens Point, via um exame de admissão, pois não tinha educação formal. Como não tinha recursos para custear os estudos, a universidade me concedeu uma bolsa de estudos do legislativo estadual.

Em 1966, casei com Marilyn, que fora minha namorada em são Paulo e havia retornado aos Estados Unidos antes do meu visto de imigração. Foi ela quem me deu apoio moral e cuida muito bem de mim até hoje. Em 1968, ganhei uma bolsa de estudos para o mestrado na mesma universidade no campus principal, em Madison. Ali encontrei muitos brasileiros dedicados e preocupados com o destino do nosso país. Eles me influenciaram para que voltasse para o Brasil.

Em 1970, fui convidado, por indicação de um professor, para lecionar na Universidade de Brasília. Quando cheguei ao departamento de economia, acanhado e tímido academicamente, fiquei surpreso em saber que era o primeiro com mestrado lecionando naquele departamento. Logo, com 31 anos de idade, assumi interinamente a chefia do departamento onde promovemos uma reforma acadêmica que deu bons resultados até hoje.

Em 1972, voltei para os Estados Unidos com uma bolsa de estudos da Fundação Ford e apoio da Universidade de Brasília para me preparar para o Ph.D. na universidade de Cornell, estado de Nova York. Ali, tive a oportunidade estudar com ilustres brasileiros, com José Serra, Luciano Coutinho, Yoshiaki Nakono, Sérgio Mindlin, Lívio Reis de Carvalho e outros brilhantes colegas. Senti muito orgulho daqueles amigos. Tínhamos uma intensa vida intelectual e de preocupações com o destino da pátria. Estes se dedicaram a vida acadêmica e política. Eu fiquei sempre ligado a vida acadêmica.

No primeiro dia de aula em Cornell, agosto de 1972, nasceu meu filho Lourenço e na semana que conclui os exames para o Ph.D. nasceu minha filha, Tania. Em 1975, passei 3 meses em São Paulo, levantando dados para minha tese de doutorado. No início de 1976, defendi uma tese comparando o desempenho econômico entre firmas brasileiras e estrangeiras operando em São Paulo.

Em 1978, participei de um programa do MEC, lecionando para professores da Universidade do Piauí dentro do programa PICD. Em 1979, fui convidado pra lecionar no Colorado College, uma pequena universidade na cidade de Colorado Spring nos Estados Unidos. Passei um  ano de licença naquela cidade. E em 1981 voltei brevemente pra passar mais uma temporada lecionando ali.

Em 1985, havia acabado de sair da direção do Instituo de Ciências Sociais da UnB quando recebi um honroso convite do Governo do Canada para visitar o país e participar de um seminário dirigido a administradores. Em 1986, voltei para os Estados Unidos e passei 6 meses na Universidade de Harvard com uma bolsa da Fundação Fulbright. Tive a oportunidade de me especializar na área de investimentos e administração de projetos. 

Em 1988, participei durante 45 dias de um programa das Nações Unidas e Banco Mundial, preparando técnicos do Banco Central de Moçambique, na capital Maputo, antiga Lourenço Marques.

Em 1990, voltei para os Estados Unidos acompanhando meu filho que ia estudar engenharia no Instituo Politécnico de Worcester, estado Massachusettes. Nesse  período, 1990-93, lecionei no Framingham State College, perto de Worcester. Neste último ano, minha filha também entra para universidade, na cidade de Oshkosh, Wisconsin.

1993 - 2001, todos os anos, passamos as férias nos Estados Unidos, acompanhando os os filhos, Tania fazendo graduação e Lourenço, a partir de 1994, fazendo o mestrado na universidade da California, em Davis.  

Aposentei-me da universidade de Brasília em 2001 e passei a lecionar, administração pública e planejamento estratégico na Escola Nacional de Administração Publica, ENAP em Brasília.

Em 2005, voltamos definitivamente para Wisconsin e inverti o percurso, agora passamos mais tempo nos Estados Unidos e menos em Brasília, onde ainda me considero residente. 

Atualmente, desenvolvo trabalhos práticos, analisando os mercados financeiros e operando com ações e moedas. Quase todas semanas escrevo uma pequena resenha sobre esses temas e que são publicadas em alguns sites na Internet. A coleção completa pode ser lida neste site, www.investmax.com.br Todos os trabalhos na Internet são do pseudônimo, Professor Metafix.
Nota final.

Por trás dessa saga existe uma mensagem que aproveito para dirigir especialmente aos jovens de Várzea Alegre e aos leitores desse Blog. Apesar de não possuir a escolaridade de praxe, pois juntando todos os dias que passei nas escolas rurais e em Juazeiro, não chega a ser um ciclo completo do primário, nunca deixei de estudar sozinho até chegar a universidade. Sempre trabalhei pra me sustentar, mas as noites eram minhas e as dedicava aos estudos. 

Considero o sucesso como dependente de dois ingredientes; aquele que vem de dentro, a vontade; o outro, o que vem do ambiente. A inspiração vem do fora pois só podemos ver longe quando pisamos ombros de gigantes. Os professores são importantes e indispensáveis. Não realizamos muito sem que aja algum incentivo ou estimulo externo.

Felizmente, para manter a disciplina, trabalhei com um PMA – plano, metas e ação. Para minha surpresa isso foi fundamental na minha formação. Por exemplo, quando decidi aprender inglês, o plano era chegar em São Paulo com um conhecimento literário que me desse apoio para o trabalho e para os estudos. A meta era aprender, pelo menos, dez palavras por dia. A ação era escrever repetidas vezes as palavras nas duas línguas, traçando uma imagem mental do significado. 

Assim, como fiz com o inglês, todas as outras etapas foram planejadas. E como disse Shakespeare – a consciência nos transforma em covardes –  eu tinha medo de falhar.

Observo que as pessoas trabalham com um plano estratégico. Entretanto,  a maioria não executa, e fica apenas nas intenções. Neste caso, é necessário examinar as forças internas e externas, e trabalhar com metas num ambiente apropriado. 

Nosso cérebro funciona melhor dentro de um quadro de referência. Reconhecia minhas fraquezas e minhas forças e tentei eliminar as primeiras e fortificar as outras. Esse é o primeiro quadro. O segundo é ter uma meta e cumprir todos os dias uma parcela dela. O terceiro quadro, é o meio ambiente. Os estímulos e as forças externas vem do ambiente, se ele não for  propício, não atingimos nosso potencial. 

Na falta de escolas, tentei me colocar em ambientes que me dessem força. Coloquei-me sempre ao lado dos interessados no saber. Fugi dos pretendentes que não tinham a inteligência emocional para entender que a ignorância sai bem mais cara do que o saber. Reconheci o ditado que diz  – mostra-me com quem andas que saberei quem tu és.

Fácil? Não! Simples? Sim! O importante é o desafio; subimos montanhas não porque seja fácil, mas porque elas são lindas.  Não se faz aquilo que é bom porque seja útil, mas porque engrandece a alma. – Tudo vale a pena se alma não for pequena. Navegar é preciso – como disse Fernando Pessoa. Acima de tudo, procurava a felicidade e continuo cultivando-a até hoje. Não tenho riquezas porque sempre fiz tudo para dignificar o espirito.  Não mudei e ainda mantenho meu jeito alegre e brincalhão característico dos várzea-alegrenses.

Agradeço a Antonio de Morais, administrador deste Blog e pela atenção dispensada e a todos várzea-alegrenses que se dedicam a construir um lugar descente par se viver. Estes são meus heróis. 

Merrill, Wisconsin, EUA, 2 de setembro de 2012.

Abraços,

Antonio Dantas

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Viagem ao passado - Por Antônio Morais

Há muito tempo me abstenho de enfrentar a saudade. Desta feita me dispus. Saí pelos caminhos por onde aos seis anos percorria com habilidade e maestria. 

Passei no local onde ficava a casa de Vicente Felix, que passava a manha fazendo um bodoque e um peão para me agradar. Dele nem a casa existe mais, só as lembranças. 

Estive no Carrancudo local onde pastorava as vacas com o meu avô e cometi um crime ambiental, matei um beija-flor com o meu bodoque e comi o coração cru porque segundo a lenda ficava certeiro, um bom atirador. 

O crime é prescrito, não deu resultado. Vi o riacho do Condado com suas águas barrentas e violentas em que atravessava no tum-tum do meu pai. Estive no sitio Garrote onde cair do pé de cajarana e quebrei um braço. 

Em fim, como em um filme, vi passando uma vida feita de traquinagens, malinações e coisas de crianças.  Só me arrependo do que não fiz.

Ao retornar para casa, fui ao meu arquivo e juntei a estas lembranças a música: "E por isto estou aqui". 

Para completar as saudades a música me fez lembrar de um pic-nic no Açude Velho, na época mais dourada de minha vida. Uma radiola de pilhas e um disco de vinil.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Preciso é - Por Xico Bizerra


Preciso é e por preciso ser falarei palavras de ferro suficientes para enferrujar a orgia dos tiranos; por necessário, servirei água das pocilgas para que eles bebam e se vomitem, também vomitando a lama dos dizeres vãos bem na cara de quem mente; por indispensável, terei pés para atravessar a linha acidental do lado de cá ou a de um oriente que não se orienta e que é aqui; por tudo, por todos, ajuntarei forças para clamar por justiça, por mais escondida que ela esteja e lutarei para que desapareçam os que atentam contra o lado de cá, que desapareçam os que atentam contra o lado de lá, que desapareçam os que atentam contra qualquer lado. 

Que falte coragem aos homens-bomba que atam à cintura a sentença de morte de mais de cem, de uma só vez. Que sobre vergonha aos que motivam os homens-bomba, tenham eles a cor, a raça ou o credo que tiverem. 

Mas, também, depois do não calar, do beber, do gritar e do andar vou cantar versos de flor para perfumar o coração da amada que me espera numa cama com lençol de cambraia tão branca quanto a paz que reclamo e que um dia há de vir acompanhada de uma sabiá também cantando, no alto de uma mangueira verdinha e cheia de frutas doces como serão os dias que sonho. 

Se não para isso, para que servimos? 

Princesa do Cariri - Por Antônio Morais.

Outrora, ou, mais precisamente, há seis décadas, uma cidade situada em verdejante vale,  na encosta da Chapada do Araripe, ostentava na condição de cidade de nível cultural elevado, o simbólico titulo de  Princesa do Cariri.

Tinha naquela época, intensa vida sócio-cultural, vibrante e bastante significativa. Digna de reconhecimento, sem precedentes, pelas comunidades vizinhas que a admiravam e buscavam como fonte perene e alternativa de progresso e desenvolvimento.

Abrigava, em seu meio, sem distinção ou sinal de preconceito, pessoas de diversas camadas sociais advindas de regiões circunvizinhas, movidas pelo desejo de encontrar um modo de viver com mais dignidade, inclusive, encontrar campo mais propicio à educação de seus filhos.

A cidade além de hospitaleira, oferecia, sob o ponto de vista sócio-econômico e educacional, estrutura bem mais avançada em relação às demais, isto é, possuia bons colégios públicos e privados, educandários e seminários, de nível intelectual elevado, além de deter razoável e ascendente comércio.

Noutro horizonte tinha a princesa, ainda, o privilégio de possuir bons hospitais, clubes recreativos, rádios, cinemas e, também, teatros e museus coisas que caracterizam e projetam, de forma bem definida, o grau de desenvolvimento de uma grande cidade.

Francisco Pedro  de Oliveira.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Parte da Minha Vida - Blog do Antônio Morais.

Estamos num momento de reflexão. EU SOU O BLOG DO ANTÔNIO MORAIS, e, na minha singeleza e humildade sinto-me meio capenga, meio triste, meio borococho e desanimado. 

Nada melhor do que uma boa música  para abrandar a mente.


Parte da minha vida.

O ÍDOLO E O CLUBE - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Discute-se, sem um resultado convincente, quem é mais importante para um clube: o ídolo ou os títulos ?

Vou logo adiantando que o ídolo, por maior que seja, não pode ser maior do que o clube.

A conquista de títulos é que torna uma equipe respeitada além fronteiras. Já disse isso uma centena de vezes.

Só que muita gente pensa diferente e acha que os grandes ídolos são indispensáveis para a popularização e crescimento de um clube de futebol.

Aí, chovem os exemplos do Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha e o Flamengo, que se tornou dono de maior torcida do Brasil, porque teve, no passado, Leônidas da Silva, o "Diamante Negro"

Só acho que esse debate não se adequa a outros esportes, como automobilismo e o tênis, por exemplo.

Nesses casos, quando os ídolos ficam maiores que o esporte, as modalidades perdem interesse quando eles deixam de competir.

Mas, aí é outro papo.

Com relação ao futebol, o ideal é somar o prestígio do ídolo com as conquistas do clube.

Óbvio ululante.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

PREOCUPADO COM O DESTINO DE NOSSA NAÇÃO - Por Antonio Gonçalo de Sousa.



Neste momento, preocupado com o que poderá se desenrolar após as manifestações que, ontem a tarde, transpassaram a linha do racional na capital do nosso País, me veio que, o apóstolo Paulo ensinava que a oração e o entendimento podem transformar nossas vidas e até os nossos governos. 

Prafraseio um amigo, citando ainda Timóteo 2, 1:4  - “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”.

Faço parte da maioria do povo brasileiro que não apoia o tipo de ação perpetrada pelos manifestantes, que  ontem atacaram e depredaram prédios e instalações públicas em Brasília. Contudo, diante do agravamento do revés e refregas banais entre membros das diversas instituições do país, era de se esperar um final trágico, embora não tanto quanto pode-se ver nas imagens emitidas, em tempo real, pela imprensa e  diversas mídias.

Assim, que após o dia de ontem vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito, prevalecendo os bons valores e costumes e, é claro, com a aplicação rigorosa da investigação imparcial e da punição para os verdadeiros culpados.

Deus no comando.

Valente é o cachorro - Por Antonio Morais.

Em um avião, um homem está sentado na janela quando chega outro homem e senta na poltrona do corredor e acomoda um lindo labrador preto na poltrona do meio.
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O cara que está sentado do lado da janela olha para o cachorro com certo receio e pergunta:- Por que permitiram ao senhor embarcar com esse cachorro? O dono do cachorro explicou que era agente do esquadrão de combate às drogas e que o cachorro era o melhor farejador da equipe e que o nome do animal era Valente e que, se ele tivesse interesse, quando o avião decolasse, ele mostraria as habilidades do animal o colocando para trabalhar em pleno vôo.
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Quando o avião decolou, o agente falou:- Veja isso! - E ordenou para Valente: “Busca”!Valente pulou da poltrona, andou pelo corredor e finalmente sentou determinado ao lado de uma mulher por alguns instantes. Em seguida voltou para o seu assento e colocou uma pata no braço do agente. O agente falou:- Bom menino! Virou para o outro passageiro e falou: A mulher está carregando maconha, vou anotar o assento dela e as autoridades irão prendê-la quando aterrissarmos. Ele não é maravilhoso?
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Mas ainda não acabou…. Busca! Valente saiu novamente pelo corredor e sentou ao lado de um homem durante alguns segundos. Retornou ao seu assento e colocou duas patas no braço do agente. O agente falou:- Aquele homem está de posse de cocaína, vou anotar seu assento e comunicarei às autoridades para as devidas providências. O cara da janela estava maravilhado com o cachorro e o agente mais uma vez ordenou que Valente fizesse nova busca.
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Valente saiu pelo corredor, sentou por alguns instantes e voltou correndo para sua poltrona. Deu um uivo agudo e começou a cagar todo o assento. O cara da janela estava realmente espantado com o comportamento do animal e ficou sem entender como e por que um animal tão bem treinado estava se comportando daquela maneira. Perguntou ao agente:- O que está acontecendo com ele? E o agente sem conseguir disfarçar o nervosismo respondeu:- Ele acabou de encontrar uma bomba!

O BANDEIRINHA QUE SABIA DAS COISAS - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Confesso meu fascínio pelos pequenos estádios de futebol. Eles são únicos.  

De preferência os que têm poucas arquibancadas. A separar o torcedor do jogo apenas o alambrado.

Gramado quase inexistente. O campo de jogo com barro e algumas manchas de capim de burro, graças a uma neblina durante o dilúvio.

Nos "estadiozinhos" todo mundo se conhece. A ponto de se perguntar ao porteiro: "Meu amigo Sebasto já chegou ?

Jogadores, treinadores e árbitros, sofrem com as pressões e insultos da torcida, como se ela estivesse dentro de campo

No pequeno estádio o torcedor acha que a aquisição do  ingresso lhe dá o direito de esculhambar todo mundo.

Nesse ambiente tensionado, os bandeirinhas são os que mais sofrem pela aproximação do torcedor apoiado no  alambrado.

Já  flagrei uma "recepção"  dada a um bandeirinha que chegava à borda do campo: "Já chegou, né, ladrão sem vergonha. Trabalha direito se não vai levar umas lapadas".

Mas, um certo dia, o bandeira levou a melhor com o torcedor, por conhecê-lo bem.

"Tu sabe o que tua mulher tá fazendo numa hora dessa ?" Vociferou o torcedor.

Ao identificar o autor do xingamento, o bandeirinha devolveu: "A minha tá trabalhando em casa. A sua está lhe botando chifre com fulano de tal".

Coube ao xingador se afastar, esqueirando-se de fininho, morto de vergonha.

O bandeirinha sabia das "coisas".

domingo, 8 de janeiro de 2023

Memória do passado - Por Antônio Morais


Olira de Antônio Belo, vestindo um modelito idealizado por Dona Balbina Diniz. Festa de São Raimundo, inicio anos 40 do século passado.

Em 1932, o nordeste brasileiro se abateu com a maior seca do século passado. O governo criou "campos de concentração" em algumas localidades do estado, entre as quais Crato e Senador Pompeu. Abriu frentes de serviço para construção  de açudes e barragens.

O Estreito, hoje Lima Campos. foi a obra que reuniu o maior contingente de retirantes da região sul do estado. 
Antônio Belo, deixou a Serra do Kinkunkar, no Quixará, deslocando-se para o Estreito com toda família. Viagem peregrina, penosa, a pé.
Terminada a construção da barragem, e aproximando-se um novo inverno, Antônio Belo tratou de retornar ao Kinkunkar. 
Quando passava pelo Sanharol, se arranchou na casa de João do Sapo, conhecido das idas e vindas com as boiadas para Fazenda Pitombeira. Reclamava do tempo, não havia disponibilidade para preparar as terras  para um novo plantio.

João do Sapo acabara de se mudar com  a família para o chalé construído pelos mestres Joaquim Piau e Antônio de Sousa, o solar Luiz Menezes. Portanto a casa desocupada estava disponível. 
Antônio Belo e família ocuparam a casa cujas "cajaraneiras" ainda existem como testemunhas, no exato local onde fica, hoje em dia, a residência do Dr. Menezes Filho.
Entre os filhos de Antônio Belo ouvir falar muito do Júlio e Olira, foto acima. Viveram no Sanharol por muitos anos. Fizeram grandes amizades. Retornaram para Farias Brito onde voltaram a viver no seio familiar.

Pela foto concluiu-se fartamente que não era apenas o velho Antônio que era belo, Olira também era. De 1935 a 1942, Olira foi a babá do meu amigo Raimundo Menezes. 
Que não deixemos a história  do Sanharol cair no garrafão da vala perversa e profunda do esquecimento.

Carlos Frederico Werneck de Lacerda - Por Antônio Morais


Muito mais do que suas obras como primeiro governador do antigo Estado da Guanabara, muito mais do que seus textos ou discursos como proprietário de jornal e político, muito mais do que todas as suas realizações pessoais e profissionais, o jornalista Carlos Lacerda passou à história brasileira como o pivô do atentado que provocou o suicídio do presidente Getúlio Vargas, na manhã do dia 24 de Agosto de 1954. Com a política no sangue (seu pai, Maurício Paiva de Lacerda, foi deputado federal; seu avô por parte de pai, Sebastião Eurico Gonçalves de Lacerda, foi ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas no governo do presidente Prudente de Morais), Carlos Frederico Werneck de Lacerda, embora registrado em Vassouras (RJ), nasceu no Rio de Janeiro, na época Distrito Federal, em 30 de abril de 1914, coincidentemente, no mesmo dia e ano em que viria ao mundo o cantor e compositor baiano Dorival Caymmi. Iniciou a sua carreira profissional em 1929, escrevendo alguns artigos para o "Diário de Notícias", em uma seção dirigida por uma mulher que marcaria época na literatura brasileira - Cecília Meireles. Três anos mais tarde, durante o governo provisório comandado por Getúlio Vargas, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, mas não chegou a concluir o curso. Em seu livro "Depoimento", Lacerda justifica a decisão. "A advocacia era uma profissão muito estranha, porque os casos que me interessavam não davam dinheiro, e os casos que davam dinheiro não me interessavam". A intensa atividade política que marcaria a vida de Carlos Lacerda começou justamente quando estudava Direito. Neste período, aproximou-se dos ideais comunistas e da Ação Libertadora Nacional (ALN). Em 39, rompeu com essa ideologia e passou a escrever artigos anticomunistas. Na década de 40, mais precisamente em 1945, Carlos Lacerda assina a sua ficha de filiação à UDN (União Democrática Nacional), tornando-se vereador pelo Distrito Federal, dois anos mais tarde. Logo que assumiu o mandato, começou a fazer campanha em favor da completa autonomia do Distrito Federal, defendendo a eleição direta para prefeito -o cargo era uma prerrogativa do presidente da República, que nomeava o administrador. Ainda em1947, renuncia ao mandato de vereador, inconformado com a decisão do Senado, que retirou da Câmara Municipal o poder de examinar os vetos do prefeito. Em 1949, Carlos Lacerda dá uma grande guinada em sua vida, ao fundar o jornal "Tribuna da Imprensa", diário que foi o principal porta-voz da oposição durante o segundo governo do presidente Getúlio Vargas (1951/54). Já casado, o jornalista liderou uma campanha contra o jornal "Última Hora", de Samuel Weiner, acusando-o de ter se beneficiado de um empréstimo fraudulento do Banco do Brasil para colocar o seu maquinário em funcionamento. A partir daí, os ataques diários ao governo do presidente Getúlio Vargas passaram a ser uma rotina na "Tribuna da Imprensa". Finalmente, no dia 5 de agosto de 1954, aconteceu o episódio que marcaria definitivamente Carlos Lacerda na história do Brasil e levaria o presidente Vargas à morte, provocando uma crise sem precedentes na vida republicana do país. Atentado Ao voltar de um comício realizado no Colégio São José, no Rio, o jornalista foi atingido por um tiro quando chegava à sua casa, localizada à rua Toneleros. O atentado, que deixou Lacerda ferido no pé, provocou a morte do major-aviador Rubens Florentino Vaz, que dava proteção ao jornalista. No mesmo dia, ainda no Hospital Miguel Couto, para onde foi levado após ser baleado, Carlos Lacerda responsabilizou "elementos da alta esfera governamental" pelo crime. Uma semana depois, Lacerda publicou um editorial na "Tribuna da Imprensa", pedindo a imediata renúncia do presidente Vargas. Isolado politicamente e percebendo que integrantes de sua guarda pessoal estavam envolvidos no atentado, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no peito. A confirmação da morte do político gaúcho provocou um grande quebra-quebra em vários jornais do Rio e Carlos Lacerda foi obrigado a permanecer escondido por quatro dias. Em setembro de 1954, um mês após a morte de Vargas, o jornalista pediu o adiamento das eleições, marcadas para o dia 3 de outubro. Carlos Lacerda temia que a comoção nacional levasse o partido do presidente (PTB) a dominar o cenário nacional. Mesmo sem alcançar sucesso em sua empreitada, Lacerda foi o deputado federal mais votado em seu partido. No dia 5 de dezembro de 1960, acontece o auge de sua carreira política - o jornalista foi empossado como primeiro governador da Guanabara e inicia uma ampla reforma administrativa no Estado. No ano seguinte, as divergências entre o governador e o presidente Jânio Quadros, que ajudou a eleger, tornam-se explícitas. Em outubro de 1961, já com Jânio Quadros fora do poder, o jornalista vendeu a "Tribuna da Imprensa" para Manuel Francisco do Nascimento Brito, alegando dificuldades financeiras. Após o golpe militar de 1964, Carlos Lacerda viajou para a Europa e para os Estados Unidos para defender os ideais do novo regime, mas o seu apoio do governo do presidente Castelo Branco durou pouco. Em um artigo publicado na revista "Manchete", o jornalista informou que estava interessado em disputar a Presidência da República. "Entendo que a Revolução ou não tem programa, ou tem o meu programa, que não é só meu, porque é nosso, do povo", escreveu. No entanto, a suspensão das eleições diretas para a escolha do presidente da República colocou um ponto final nas pretensões de Carlos Lacerda. Com a instituição do Ato Institucional número 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968, o jornalista foi preso e teve os seus direitos políticos cassados por dez anos. Em seguida, voltou a trabalhar por pouco tempo como jornalista, antes de dedicar-se às atividades editoriais na "Nova Fronteira" e na "Nova Aguillar", empresas de sua propriedade. Carlos Lacerda, morto no dia 21 de maio de 1977, também trabalhou como tradutor e deixou uma obra que ajuda a compreender a sua participação na história política do Brasil.
Netsaber - Biografias.

sábado, 7 de janeiro de 2023

Humor lunganiano - Por Antonio Morais.

01 - O amigo de seu Lunga o cumprimenta:- Olá, seu Lunga! Tá sumido! Por onde tem andado?- Pelo chão, não aprendi a voar ainda... 

02 - Na cerimônia de casamento, Seu Lunga segura a mão da noiva e o padre pergunta:- Você aceita Maria dos Prazeres como sua legítima esposa?- Não, claro que não! Eu, minha noiva e os convidados viemos até a igreja pra jogar sinuca e tomar birita com o padre! 

 03 - Na década de 70, Seu Lunga chega num bar e fala pro atendente:- Traz uma cerveja e bota o disco de Luiz Gonzaga pra eu ouvir!- Desculpe seu Lunga, não posso botar música hoje.- Mas por que?- Meu avô morreu!- E ele levou os discos, foi? 

 04 - Durante a madrugada, a mulher do seu Lunga passa mal: Lunga! Ta me dando uma coisa - Receba!- Mas é uma coisa ruim!- Então devolva!

O livro da minha vida - Por Antônio Morais.

Eu não  vou arrancar  folhas do livro da minha vida. As páginas que eu virei são lições que aprendi.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Reminicências de um tempo feliz - Por Pedrinho Sanharol.



Ao visitar minha terra natal, vi com tristeza na alma, o quanto a minha cidade - se modificou nessas últimas décadas.

É verdade que se passaram vários anos e as marcas do tempo a deixaram inconfundível.

A cidade como é natural, cresceu, e as pessoas que hoje a habitam são outras, e os hábitos também. 

Para mim, além dessa crucial realidade, a cidade perdeu a magia e o seu atrativo. Está literalmente desarrumada, e o que é pior, conta, presentemente, com uma quantidade excessiva de motocicletas que além de tumultuá-la, ocupam desordenadamente todos os seus espaços, tanto nas ruas, quanto nas praças, vindo a causar, sem medo de errar, desarmonia e desassossego.

Suas praças e prédios, antes majestosos para nós, parecem até que deixaram de ter vida, perderam o brilho e a cor, razão que tem  nos levado tantas vezes a indagar - Cadê!

Trista de uma cidade que não luta e nem sabe preservar a riquesa que representa seu patrimônio histórico, incluindo-se, neste contexto, seus prédios, praças e monumentos.

Francisco Pedro de Oliveira.

Sonhos - Peninha - Com Caetano Veloso.

Todo Domingo é assim. Os seguidores vão-se. Uns para praia, outros para as fazendas, alguns para aos clubes recreativos, e, o Blog fica só esperando o retorno.

No começo era apenas uma brincadeira, quem sabe amanhã seja mais feliz. A musica é bem melhor do que o silêncio.

Vale a pena ouvir.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

ACORDA, HUMANIDADE! - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Estão pensando que aguardente é água?

Pois, aguardente não é água, não.

Já chegamos a 2023 e tem gente que não se tocou, ainda.

Vacilou, perdeu a vaga. O jogo vale três pontos e decisão por pênaltis foi na Copa.

Sobreviver só não basta. Sem cara de paisagem, prezado amigo.

Não inventaram vacina contra a dificuldade. É bom se aluir.

O que é nossa vida, senão a folhagem antes da foice?

Tem que ficar esperto.

Nem sempre é possível desafiar a morte e esticar a vida.

Mas, é bom avisar o seguinte: nossa vida é um conjunto de últimos momentos.

Certas coisas e pessoas não são tão boas como a gente imagina. E aí, fica sem jeito.

Viver, seja qual for o lugar habitado, é a permanente luta do bem contra o mal.

Nem Nostradamus é capaz de prever o que está para acontecer.

Para encerrar essa croniqueta, recheada de "preste atenção", vou dar uma força: "Todos nós seremos famosos por 15 segundos. Um story de cada vez".

Sacaram ?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

A festa da padroeira - Portagem Pedrinho Sanharol.

O cenário para grande festa em homenagem à Padroeira do Crato - Nossa Senhora da Penha, era a Praça da Sé, lugar onde os devotos e o povo, em geral, com júbilo, comemoravam durante dez a quinze dias.

Até a década de 60 era uma solenidade importante para a cidade. O povo participava intensamente dos festejos, comparecia literalmente demonstrando, em torno da grande praça, alegria e tranquilidade, imagem pura de uma época em que numa festa de cunho popular, não existia lugar para violência.

Na praça, durante as comemorações, os namorados passeavam envolvidos pelo som de um ou mais alto-falantes, ao invadirem o ambiente com as músicas, na maioria das vezes de estilo romântico.

Ouviam-se de quando em quando, anúncios de mensagens de amor de muitos apaixonados que, platonicamente, perdidos na multidão, declaravam seu sentimento, por meio da música que fazia sucesso na época.

Enquanto o povo se divertia comendo cachorro quente e chupando rolete de cana, a sociedade do Crato se reunia na quermesse, em frente a Sé Catedral, bebendo e arrematando por preços, às vezes elevados, galinha assada, bolos e animais vivos carneiros, bezerros e bois doados por fazendeiros da região. 

A alegria e descontração ao comando do vigário ou de pessoas comprometidas com a organização da festa, estendia-se até altas horas da noite.

Francisco Pedro de Oliveira.