Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

AS UTOPIAS DESTRUIDORAS - Postagem do Wilton Bezerra, comentarista generalista.


Fotos : Wilton Bezerra e Paulo Elpídio de Menezes.

Amargas reflexões de um cidadão bem intencionado, sobrevivente de tantas e persistentes frustrações, sobre as circunstâncias de ser brasileiro:

Como chegamos, os brasileiros, à polarização política e ideológica que nos cega à luz da Razão e nos transforma em ativistas de causas improváveis?

Como a invenção retórica pôde vencer o bom senso e a lógica como instrumento e arma de contestação da realidade e de construção de metáforas fantasiosas ?

Como foi possível levar tão longe a exaltação do “eu” com a perversa desconsideração da liberdade de dissentir e discordar, base e fundamento de uma sociedade democrática?

Como foi possível criar-se uma comunidade de inconscientes ativistas e reservas de conflitos que opõem uns aos outros e levam ao confronto, favorecendo, segundo Pierre Bourdieu, “a ampliação da distância social e mental em relação ao mundo real”?

Como foi possível imaginar a tentativa de aproximar-se do “mundo real” mediante a fidelização a desvios ideológicos, dominados pelo radicalismo de utopias irresponsáveis para a negação do mundo social “real”?

Como venceremos esta longa noite de transfiguração na qual se escondem as luzes da inteligência e da liberdade?

Curso de Admissão ao Ginásio - Por Antônio Morais.


Foto em encontro  recente - Cesário, Antônio Morais e Dr. Humberto Macário.

Talvez a experiencia mais bonita que vivi foi quando decidi com o Cesário Saraiva Cruz criar um curso gratuito de Admissão ao Ginásio  para os alunos carentes da periferia do Crato em 1969. tínhamos 17 para 18 anos.   

Contávamos com as instalações  da Escola 18 de Maio, 08 salas, uma secretaria e um auditório. Cedidos pela benevolência  do presidente da União Artística Beneficente do Crato, Afrodísio Nobre da Cruz. 

A disposição nossa e de outros colegas de ensinar, e, como complemento para o material e merenda escolar fizemos uma visita  ao então prefeito Dr. Humberto Macário de Brito que de pronto autorizou a secretaria atender no que precisássemos.  No fim do ano, mais de uma centena de alunos ingressavam  no Colégio Estadual por nossas mãos.

Hoje, é muito comum encontrarmos nas ruas do Crato advogados,  professores, economistas, funcionários públicos nascidos no meio daqueles alunos.  Há dois padres derivados daquele nosso trabalho, um deles é  vigário da Igreja Nossa Senhora de Fátima em Fortaleza, e, costuma ligar aos domingos  e informar que celebrou a missa daquele dia em ação de graças e reconhecimento ao nosso trabalho de 48 anos atras.

Dr. Humberto Macário de Brito notabilizou-se, pela nobreza da humildade, pelo trabalho na defesa da vida, pelo caráter e índole de homem manso, porém, valente se preciso fosse.

Como médico salvou vidas, como homem publico deu exemplos de grandeza, nunca foi subserviente. Na politica foi  Prefeito, Deputado e Secretario Estadual da Saúde.

Homem independente, levado pelas coisas simples e pela admiração e respeito aos amigos. Na nossa ultima visita sentimos a alegria do convívio iniciado há quase 50 anos atrás.

Filho - Postagem Antônio Morais



Talvez a mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja a de ter um filho. Ser pai ou mãe é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.

Quando nascem, os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e graça. Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional. Dependem de nosso amor, dos cuidados que temos. E retribuem com gestos que enternecem. 

Mas os anos passam e os filhos crescem. Escolhem seus próprios caminhos, parceiros e profissões. Trilham novos rumos, afastam-se da matriz. O tempo se encarrega da formação de novas famílias. Os netos nascem. Envelhecem. E então algo começa a mudar. Os filhos já não têm pelos pais aquela atitude de antes. Parece que agora só os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas. 

Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância. E isso é uma dor imensa para os pais. Por mais que disfarcem, todo pai e mãe percebem as mínimas faíscas no olho de um filho. Apenas passaram-se alguns anos e parece que foram esquecidos, os cuidados e a sabedoria que antes era referência para tudo na vida. 

Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mais impertinente. Praticamente não ouvem mais os conselhos. A cada dia demonstram mais impaciência. Acham que os pais têm opiniões superadas, antigas. Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas. E tentam fazer os velhos pais adaptarem-se aos novos tempos, aos novos costumes. Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle. Quando eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber.

Raramente são ouvidos quando tentam fazer algo diferente. Passeios, comida, roupas, médicos, tudo, passa a ser decidido pelos filhos. E, no entanto, os pais estão apenas idosos. Mas continuam em plena posse da mente. Por que então desrespeitá-los? Por que tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento? E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor. 

Naquelas mãos trêmulas, há sempre um gesto que abençoa, acaricia. A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação. Um dia, o velho pai já não estará aqui. O cheiro familiar da mãe estará ausente. As roupas favoritas para sempre dobradas sobre a cama, os chinelos em um canto qualquer da casa.

Então, valorize o tempo de agora com os pais idosos. Paciência com eles quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente sobre doenças, quando se queixam de tudo. Abrace-os apenas, enxugue as lágrimas deles, ouça as histórias, mesmo que sejam repetidas, e dê-lhes atenção, afeto...

Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria.


A glória do homem virtuoso é o testemunho da boa consciência. Conserva pura a consciência e sempre terás alegria.

A boa consciência pode suportar muita coisa e permanece alegre, até nas adversidades. A má consciência anda sempre medrosa e inquieta.

Suave sossego gozarás, se de nada te acusar o coração.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

NO CAMINHO DE LAMPIÃO - Dr. Napoleão Tavares Neves.

Quatro anos antes de Napoleão nascer, Lampião passou pela casa de Né Rosendo pedindo para deixar sua montaria descansando e pegar emprestados oito cavalos, para chegar bem apresentado em Juazeiro do Norte. 

Obviamente, Manoel não negou. Pediu para o filho Rosendo Miranda, então com oito anos, ir ao curral buscar os bichos para o cangaceiro. Esperto, o menino tentou uma façanha arriscada: escondeu os cavalos que ele mais gostava e trouxe oito burros de cambito, que Lampião aceitou. A cozinheira da casa de Né, Antônia Lúcia, contou a Napoleão outra passagem de Lampião pelo Saco: quatro de seus cabras se juntaram ao temido Horácio Grande para roubarem a fazenda. Antônia e Manoel, armados com os dois únicos rifles da casa, colocaram os homens para correr. José Roque, também morador do avô, contou a ele que, em 1927, andando pelo meio do mato, entre Porteiras e Jardim, foi surpreendido pelo bando de Lampião. Roque só conseguiu fugir quando começou um tiroteio entre os cangaceiros e policiais que apareceram de repente.

Em 1938, Lampião morreu em Sergipe enquanto Napoleão acompanhava tudo arrastando o dedo indicador pelo mapa do Nordeste e ouvindo as narrações através do único rádio de Porteiras – o da sua casa. “Eu soube pela voz de João Ramos, da rádio PRE9, que Lampião tinha morrido na grota dos Angicos”, recorda, com uma memória espetacular. 

No ano seguinte, forçado a largar as brincadeiras no canavial e as viagens com os vaqueiros, Napoleão se mudou para Jardim, a fim de estudar. A tia Beatriz Neves, professora normalista na cidade, preferiu educar o garoto em sua casa, em vez de mandá-lo para a escola. Nos anos que se seguiram, Napoleão foi alfabetizado, se preparou para o exame de admissão no ginásio e acompanhou o desenrolar da II Guerra Mundial pelo rádio, correndo sempre para o mapa múndi. Foi quando descobriu que o mundo era maior do que o vale encantado do Saco.

Aprovado no exame de admissão no Colégio Diocesano, ele se mudou para o Crato, de onde voltava a cada 15 dias. O velho Farosa ficou sendo o portador que o acompanhava no trajeto a cavalo. Saindo do Saco às 5 horas da manhã, os dois chegavam no Crato às 17h. Era um dia inteiro de cavalgada e muita história, enquanto o caboclo sábio ia deixando seu conhecimento com o amigo ainda adolescente. 

Em um desses dias, descansando na mata em Barbalha, Napoleão viu um morro com cinco cruzes. “O que é isso, Farosa? É um cemitério?”, ele perguntou. “Não. Aí estão enterrados os Fuzilados do Leitão”, explicou onde estavam os corpos de Lua Branca e outros quatro homens supostamente envolvidos com o cangaço, fuzilados em 1928. Lua Branca era o último dos irmãos cangaceiros de Barbalha que ficaram conhecidos com Os Marcelinos. Bom de Veras e João 22 já haviam sido assassinados, sobrando apenas o mais novo deles. Quando a Associação Pró-Memória de Barbalha quis reconstituir o local onde os fuzilados estão sepultados, Napoleão foi a única pessoa a saber onde estavam.

Olhar feminino - Postagem do Antonio Morais.


Certa vez perguntaram a uma mãe qual era seu filho preferido, aquele que ela mais amava. E ela, deixando entrever um sorriso, respondeu: “nada é mais volúvel que um coração de mãe. E, como mãe, lhe respondo:
O filho dileto, aquele a quem me dedico de corpo e alma é o meu filho doente, até que sare.
O que partiu, até que volte.
O que está cansado, até que descanse.
O que está com fome, até que se alimente.
O que está com sede, até que beba.
O que está estudando, até que aprenda.
O que está nu, até que se vista.
O que não trabalha, até que se empregue.
O que namora, até que se case.
O que casa, até que conviva.
O que é pai, até que os crie.
O que prometeu, até que se cumpra.
O que deve, até que pague.
O que chora, até que cale.
E já com o semblante bem distante daquele sorriso, completou: o que já me deixou, até que eu o reencontre”.

Sérgio Zambiase.

“A Justiça tirou o direito dos pais educarem seus filhos” - Por Dona Irene Pirapora Ribeiro.

Mais antiga moradora da comunidade Cacimba dos Pombos, no Pirambu, a servidora federal aposentada Irene Pirapora Ribeiro, 84, diz que o aumento do número de jovens na criminalidade seria culpa da própria Justiça.

“Não havia filho mandando nos pais ou ameaçando os pais no tempo em que os pais tinham o direito de educar seus filhos. Agora a Justiça tirou o direito dos pais educarem seus filhos.

Não se pode dar uma palmada educativa, nem ao menos gritar para o filho”, comentou a mulher, que integra a Federação do Movimento Comunitário do Pirambu (Femocopi), a Federação das Entidades das Áreas de Risco de Fortaleza (FEARF) e o Conselho de Saúde Guiomar Arruda.

“Tenho uma filha de 59 anos, que sempre me obedeceu e me respeitou. Mesmo quando ela casou e teve dois filhos, a educação que eu dei para ela prevaleceu”, ressaltou.

Moradora de uma das áreas mais violentas de Fortaleza, a mulher de 84 anos afirma que muitos jovens ingressaram no crime, depois que os pais perderam a autoridade sobre seus filhos. “Antes diziam que era melhor o menino apanhar em casa, que apanhar da Polícia. E agora?”

Presidente Itamar Franco. - Por Antônio Morais.


Quando o ex-presidente e senador Itamar Franco faleceu, a presidente Dilma Roussef se apressou em disponibilizar um avião da FAB  para transladar o corpo para Minas Gerais.  

As filhas  do ex-presidente dispensaram a aeronave e levaram o corpo do pai num avião de carreira. Os velório e sepultamento se deram sem espalhafatos.

Leonel de Moura Brizola disse, um dia, que o Lula era capaz de pisar no  pescoço da mãe pelo puder.

O espetáculo teatral, o showmício patrocinado por Lula foi digno de um "Ariano Suassuna" deixou bem claro a declaração do Brizola.

159 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Uma freira vai ao médico fazer uma consulta e passa as informações preliminares do que padece : Não durmo, não como, sinto dores no corpo todo e o que mais me maltrata é esse soluço impertinente que não me deixa viver.

O medico pede calma, a examina e diz : A senhora está grávida.

A freira sai desesperada com cara de pânico. Uma hora depois, o médico recebe uma chamada da Madre Superiora do convento : Dr. o que o senhor falou para a irmã Aparecida?

Madre, como ela se queixava de um soluço e estava soluçando muito eu disse que ela estava gravida. Espero que com o susto ela tenha parado de soluçar.

Sim parou, mas, o padre Godofredo pulou da torre da igreja.

Bodas de ouro - Antônio Morais

Januário e Rosária fizeram 50 anos de casados. 

Bodas de Ouro não é brinquedo não, é prêmio que Deus concede a poucos. 

Os filhos do casal doaram de presente a estadia de uma semana no mesmo Hotel que os recebeu "dantes cinquentanos" para a lua de mel.

Acomodados no quarto do Hotel, o Januário se deitou na beirada da cama quase caindo. Do outro lado, bem do aceiro, Rosária reclamou : é danado naquele tempo nós ficamos bem agarradinhos. Lembra?

Januário, achando ruim como diabo se abufelou com a mulher. 

Rosária se queixa mais uma vez : Naquele tempo você dava umas mordidinhas na minha orelha!

Januário se levantou enfezado feito um "siri na lata" e saiu na direção do banheiro bufando de raiva.

Rosária perguntou : Ficou com raiva, ele respondeu : não, vou botar a dentadura, Veia besta.

O VARZEALEGRENSE - Postagem do Antônio Morais

O varzealegrense não é, na verdade, como o japonês: Feito na mesma forma! Seu tipo étnico, no entanto, em nada difere do clássico padrão nordestino. Por que seria diferente, mesmo sendo cabra da peste?

Moreno claro, pelo sol e pelo clima que o queimam, com um percentual ínfimo de negros. Fisionomia serena e simpática, sem refletir dramas ou amarguras. Olhos castanhos claros, dentes bem implantados - já agora, melhor cuidados. 

O cabelo é liso castanho.... pixaim é difícil encontrar, mesmo para remédio. Goza de boa saúde, o que lhe dá força e disposição nos trabalhos. Tem a mania de pensar que a Água do Machado lhe traz cardiopatias... Apesar disto - ou por isto - tem, existência bem ampla, sendo comum, muito comum, mesmo, viver até morrer.

Das suas características mais fortes, sem ser bairrismo de babar, permito-me referir a inteligencia. É de chamar a atenção. Posso garantir que é dos mais elevados o seu Q.I, pode ser analfabeto de pai e mãe, como Zefelipe - mas a inteligencia implode.

Aprende tudo, facilmente, e, com perfeição, tudo é capaz de fazer. Até, o que não presta. Não sei se, dos cearenses, foi o varzealegrense que de um bode tirou dois couros; mas, sei que ele é capaz disto e... mais do que isto.

Entre cem brasileiros, espalhados no mundo, um, pelo menos, é de Várzea-Alegre. Resumindo, um informe que, talvez, a ninguém surpreenda: Ainda não produzimos, em Várzea-Alegre, bebês de proveta. Os métodos de confecção continuam os conhecidos e clássicos, o que, afinal de contas, não parece causar mal estar ou desgosto, entre os fabricantes.

Foto do jornalista Joaquim Ferreira que atuou por várias décadas como locutor e comentarista da BBC em Londres, depois de ser demitido da amplificadora de Otacílio Correia, em Várzea-Alegre, por que tinha uma dicção ruim e deficiente. Pode?

Linguajar e Sotaques - Por Antonio Morais

Enquanto vivíamos, parcialmente, isolados do mundo e da civilização, sem jornais, radio, televisão, telefone e outras progresseiras, o sotaque permaneceu o mesmo, naquele modo de dizer as coisas, mansa, suave, arrastada e docemente.

Era naquele tempo:

Aquela gostosura de nega, nêguinho, padim, madinha, prumode, pruvia, purriba, purbaixo, nem mode coisa, avexado, disimpaciente, ingrisia, vigemaria, cadê, quêde, entonce, frivioca, xumbregage, preguntar, percurar, currulepo, nojenteza, pendença, sustança, bulandeira, triscado, desmastriado, desapear, arripunar, grunguzado, sarneia, pauta com o diabo, balseiro, bicho da peste, biroba, indagorinha, dernantonte, comer tampado, caquear, versidade, lambança, patuá, lambuja, piloura, quicé, teréns, sobrosso, miunçaia, munganga, batecum, caçuá, tresvariar, mãe do corpo, manquejar, estrupiado, bunda canastra, encangar grilo, impilicança, cumbuca,piar jegue, xilique, cambão, zonzeiras, barbicacho, cangapé, escruvitiar, ingasopar, caritó, cafuné, mandapolão, bralha, sacramentado, derrengado, cassaco, derna que, entramelado, malassombrado, estrupicio, grumitar, marmota, empazinado, entrambicar, desconchavado, estrupicio, grumitar e mil outros termos que dicionarios não registram. 

E não-é-sem-quê-nem-pra-quê, que lembro nosso velho linguajar.Era o varzealegrense autentico, sem miscigenação estrangeira,  de qualquer especie. Língua pura de gente pura.


Contrastes de Varzea-Alegre - Por Antônio Morais

Açude Olho D’agua, rebatizado Luiz Otácilio Correia.

Na parte da frente o criadouro de peixes e a parte ao fundo a parede e a chaminé. Você já ouviu falar num açude com chaminé? Lá em nós tem, mesmo no centro, na parte mais funda, está lá majestosa.

O maior açude publico de Várzea-Alegre, construído nas imediações da sede do município, no Sitio São Vicente se tornou mais um contrates a ser somado as centenas já conhecidos.

O açude resolveu o problema crônico da falta de água na cidade, alem de atender a população na atuação de vazantes e irrigações. Foi deveras complicado a sua construção. Problemas de indenizações mal feitas, liminares na justiça para impedir a construção, mas finalmente o açude foi construído quase na marra, graças ao prestigio político de lideranças locais. Na bacia do açude existia uma das maiores cerâmicas da região, a Cerâmica Peri, que foi totalmente coberta pelas águas ficando de fora apenas alguns metros da chaminé.

Quem chega, hoje em dia, ao açude Deputado Luiz Otacílio Correia pode divisar mais um contraste: O mar d'água e bem no meio uma chaminé. Quem já ouviu falar uma chaminé num açude? Em Várzea-Alegre tem. Portanto mais um grande contraste.

Abraçando o amigo Magalhães - Por Antônio Morais.

Não conhecia o meu parente, camarada e amigo virtual Magalhães Pereira Sales. 

No último Domingo o conheci pessoalmente. Uma figura de pessoa. Alegre bem humorado, levamos um lero muito bom sobre a verve varzealegrense. 

Nossos ascendentes são  descendentes de José Raimundo do Sanharol e consequentemente de Papai Raimundo.

Depois de algumas doses de wiski o amigo resolveu  tomar um banho de piscina.  A dificuldade foi encontra um sunga que coubesse o homem. 

Finalmente depois de testa  uns dez teve um  que  serviu na  marra, muito apertado.

Quando pulou  na água a piscina lavou por cima pareceria  uma enchente do Riacho do Machado.  

Fiquei muito feliz em saber  que é filho do Pedro de Salgueiro, meu amigo, parente e parceiro  nos campos de futebol  do Sanharol nos tempos de menino.


Velhice.


A velhice é uma idade que não dá para esconder. Ela é óbvia por si só. Talvez seja um dos seus segredos positivos. Tudo na vida tem um lado aproveitável.

Bill e Sam, dois amigos da terceira idade, encontravam-se no parque todos os dias. Um dia, Bill não apareceu por 4 semanas.  Sam ficou preocupado.

Passado um mês, lá estava sentado Bill!

Sam ficou felicíssimo e se aproximou de Bill. Por Deus, Bill, o que aconteceu com você?

Bill respondeu: - Eu estava na cadeia. Cadeia? - gritou Sam. - Por que motivo?

Bill disse:  Você conhece a Vanessa, aquela garçonete loira e deliciosa da padaria a que eu vou de vez em quando?

Claro que me lembro - falou Sam. - E daí?

Bem, um dia ela foi à Policia e me denunciou por estupro. E eu, com meus 89 anos de idade, fui todo feliz para a "Corte" e me declarei culpado. O desgraçado do Juiz me sentenciou a 30 dias por falso testemunho!

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Retalhos - Por Cora Coralina


Sou feito de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou.

Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior... Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade... que me tornam mais pessoa, mais humano, mais completo.

E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados... haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma.

Portanto, obrigado a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. 

Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias.

E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de 'nós'.

Memórias de Várzea Alegre

Letra do Pe. Gonçalves, Vigário de Várzea Alegre

Fundado por Dom Fernando Panico (mais outra realização deste grande bispo), funciona na Cúria Diocesana de Crato, o  Departamento  Histórico Diocesano Pe. Antônio Gomes – DHDPG, que reúne o maior acervo documental  sobre a história da Diocese de Crato. Para quem tem face book, acessando o  face daquele Departamento poderá  ler um escrito do Pe. José Gonçalves (Vigário de Várzea Alegre), escrito em 1909, intitulado  "A missão presbiteral, seus desafios e consequências”.
Abaixo, foto do Padre Antônio Gomes, quando era jovem e uma foto da cidade de Crato,no início do século passado, que são   a logomarca do DHDPG, no face book. O Departamento  tem como diretor o Pe. Francisco Roserlândio de Sousa.

AMOR MAIÚSCULO - Postagem de Antônio Morais


Um homem bastante idoso procurou uma clinica para um curativo em sua mão ferida, dizendo-se muito apressado porque estava atrasado para um compromisso. Enquanto tratava, o jovem médico quis saber o motivo de sua pressa e ele disse que precisava ir a um asilo de velhos tomar o café da manha com sua mulher que estava internada há bastante tempo.

Sua mulher sofria do mal de Alzheimer em estagio bastante avançado.
Enquanto terminava o curativo, o médico perguntou-lhe: se ela não ficava assustada pelo fato dele está atrasado. Não, disse ele. Ela já não sabe quem eu sou. Há quase cinco anos ela nem me reconhece.

Intrigado o medico lhe pergunta: Mas se ela já nem sabe quem o senhor é, porque essa necessidade de estar com ela todas as manhãs?

O velho sorriu, deu uma palmadinha na mão do médico e disse: É verdade... Ela não sabe quem eu sou, mas eu sei muito bem quem ela é.

Enquanto o velhinho saia apressado o jovem médico sorria emocionado.

A Câmara do meu tempo - Por Antônio Morais


Foto do ilustre e nobre vereador Jose Valdevino de Brito.

Lendo as noticias  das decisões da Câmara Municipal do Crato lembrei-me um texto do Osvaldo Alves de Sousa cuja titularidade é - A Câmara do meu tempo.

"Nem todos traziam pergaminhos, cultura, títulos ou anéis. Mas se nivelavam na honradez e nos bons propósitos  de corresponder, com gestos e atitudes, aos anseios da coletividade. Nunca resvalavam para o terreno movediço dos mercadores dos dinheiros públicos a embolsar polpudos subsídios, as custas da miséria alheia e em detrimento de obras essenciais ao desenvolvimento da cidade.

Companheiros da estirpe de José Kleber Calou, José de Paula Bantim, José de Alcântara Vilar, Dr. Derval Peixoto, Unias Gonçalves de Norões, José Valdevino de Brito, Joaquim de Sousa Brasil, Dr. Jósio de Alencar Araripe, honraram, durante o exercício do mandato, a missão dada pelo povo através do voto".

Opinião pessoal:

O limite entre a UDN e PSD era respeitado pela coerência. Nem uns, nem outros votavam contra o seu partido.

Sou apartidário, não voto em Crato,  não devo obséquio a nenhum politico, nunca fui a casa de um ou outro e, jamais irei.

Em síntese, creio que a atual Câmara Municipal do Crato esteja na linha de conduta correta. Não se omitindo do cumprimento de seus deveres. Não posso acreditar no que dizem as más línguas da Praça Siqueira Campos. 

Quanto as traições de hoje, somemos as traições anteriores. E, que sirvam de exemplos aos profissionais  que dependem do voto.

SEM TRÉGUA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Em solidariedade ao Fortaleza, o Sport do Recife entrou em campo, para o clássico diante do Náutico, com o uniforme do tricolor cearense.

Foi mais um ato de apoio recebido pelo Fortaleza como repulsa à covarde e violenta agressão de criminosos que fazem parte da torcida do rubro-negro pernambucano.

Concordo, em parte, que o clube não deve ser punido por isso. Em parte, repetimos.

As torcidas de verdade, também, não podem ser responsabilizadas. Mas,  criminosos que fazem parte foram longe demais.

Entanto, o clube e os torcedores pacatos e ordeiros, precisam ser severos diante de tanta covardia.

Até aqui, posições solidárias e medidas punitivas anunciadas são insuficientes. As ações são piores do que o problema.

A bandidagem infiltrada nas torcidas,  precisa ser caçada sem tréguas.

Não podemos assistir a esse horror e achar (muitos acham) que o assunto já encheu a paciência.

Porque de uma coisa podem ter certeza: esses criminosos estarão sempre à espreita 

Mário Covas - Por Antônio Morais.


Dos grandes políticos da república brasileira o Mário Covas é sem duvida mais probo, honrado e ilibado.  Prefeito de São Paulo, Deputado Federal constituinte e senador da  republica. Governador de São Paulo de 01/01/1995 a 22/01/2001 quando se licenciou por motivos de saúde.

Faleceu em 06/03/2001. Deixou um legado politico que até hoje não conseguiram destruir. 15 anos depois de sua morte o seu partido se mantem no puder em São Paulo.

Um dia, eu vi e ouvir Mário Covas dizer : Duas coisas não se entendem, "politica e amadorismo". As decisões de hoje devem ter um olhar todo especial para futuro. Nada mais correto. 

Se não vejamos.

O Leão que hoje ruge, cospe no prato que comeu, ergue os braços, arrota grandeza, pode ser amanhã um gatinho capado e manso que humildemente se apresentará diante de vereadores e autoridades quando os tribunais de contas publicas estiverem a julgar sua administração. 

Certa feita, um grande líder de minha terra me disse : estou em duvidas, não sei se me candidato a deputado estadual ou federal. Respondi-lhe : alguém já lhe disse  que sua administração tem mais erros do que acertos?  Ficou em silêncio.

O tempo se encarregou de responder.

Barbara de Alencar, a Heroina - Por Antonio Morais.


Li no Blog do Crato e no CaririCult texto do Hugo Esmeraldo Sobreira e acompanhei as controvérsias dos comentaristas a respeito de Dona Barbara de Alencar.

Não sou pesquisador nem historiador mas como observador da historia entendo que a demagogia politica é capaz de tudo. Estou no Crato há exatos 47 anos e neste período já vi de tudo. Politicamente os que hoje estão juntos já foram divergentes noutras temporadas.

Já estive em eventos como convenções de partidos políticos, convenções para lançamento de candidaturas, comícios e outros movimentos de interesse da cidade do Crato. Em épocas recentes, houve candidatos e candidatas, do Crato, que antes mesmo de se apresentarem ao grande publico, estufavam o peito, encaravam a plateia e arrotavam ao microfone: Eu sou descendente de Barbara de Alencar.

Como o Crato, hoje em dia, não tem nem um filho na Assembleia Estadual, Câmara Federal ou Senado, ( o deputado Ely não teria sido eleito apenas com os votos do Crato e também não é descendente de Dona Barbara), eu estou convencido que o Seminário, o Barro Vermelho, a Batateira, o Muriti, a Grota, em fim o Crato não está tomando sua decisão politica com base no que foi ou deixou de ser Dona Barbara de Alencar.

 Talvez por conveniências os debatedores se aborrecem quando as suas ideias não são consenso, quando não há uma unanimidade em torno delas e partem, muitas vezes, para a agressão pessoal. Esquecem até que a melhor maneira de defender as suas ideias é justamente respeitando as ideias alheias.

De tanto ver imposições e agressões eu deixei de levar a minha singela opinião até porque sei que ela nada vale.

A morte do Boi mansinho - Por Dr. Floro Bartolomeu da Costa

Certo amigo (Delmiro Gouveia) ofereceu ao Padre Cícero um bonito garrote, mestiço de zebu, por ser raça ainda não conhecida naquele meio. Na impossibilidade de criá-lo dentro da cidade, confiou o tratamento do animal a um negro, de nome Zé Lourenço, residente no sítio "Baixa Dantas", do município do Crato.

Esse preto, quando ali chegou, já era "Penitente em sua terra", isto é, fazia parte de uma associação oficiosa, fundada pelos antigos missionários e ainda hoje tolerada por um ou outro padre.
Depois das perseguições religiosas ao Padre Cícero, começaram a fazer circular que Zé Lourenço, não tendo mais vida de penitente, abusava da crendice do povo, apresentando o "touro como autor de milagres".

Então se dizia que a urina do animal por ele era distribuída como eficaz medicamento para todas as moléstias, que dos seus cascos eram extraídos fragmentos para, em pequenos saquinhos serem pendurados ao pescoço, como relíquias, à moda do Santo Lenho; que todos se ajoelhavam em adoração diante do touro e lhe davam a beber mingaus e papas; enfim, tudo que uma alma perversa possa conceber.

Quando se procurava apurar a verdade, ninguém sabia informar, a começar pelos proprietários do sítio onde Zé Lourenço residia e trabalhava como rendeiro.

Os padres, não sei sob que fundamento, repetiam essas banalidades. O Padre Cícero, não obstante estar convencido da mentira, por diversas vezes tentou vender o animal; mas, não só Zé Lourenço, como também cavalheiros respeitáveis o impediam, fazendo sentir que além de ser inverdade o que espalhavam, o animal era um bom reprodutor e estava melhorando a raça do gado ali. Por isso mesmo todos os grandes e pequenos, o tratavam com carinho, mesmo porque era muito manso, donde veio a ser conhecido por "Mansinho".

Aconteceu que em um dos meses do ano atrasado, na ladeira do Horto, se deu um conflito entre um doido e alguns indivíduos  conhecidos por "Penitentes" e o inspetor policial do quarteirão.
Havendo ferimentos, foram presos os implicados por crime de natureza leve.

De acordo com o Padre Cícero, procurei, por meios brandos, conseguir acabar com a prática dos atos dos "Penitentes". Os próprios "Penitentes" concordaram com a minha resolução entregando-me, para serem queimadas, as vestes apropriadas que ainda possuíam e as respectivas cruzes, as quais mandei queimar no cemitério.

Eles me informaram que às vezes, praticavam aquele ritual pelo hábito de suas terras, com o consentimento dos vigários e na intenção de sufragarem as almas do Purgatório, o que realmente não me era estranho. Alguns amigos aconselharam-me nessa ocasião que eu desmascarasse os que acusavam Zé Lourenço de prática de feitiçaria. Respondi-lhes nada poder fazer, em virtude de ser ele morador no município do Crato.

Não sei quem informou o mesmo Zé Lourenço de que eu ia mandar prendê-lo.     O negro, supondo exata a notícia, no terceiro dia apareceu em minha residência. Foi quando o conheci pessoalmente. Mandei prendê-lo, e, apesar das suas declarações, dele obtive a promessa de ir morar no Juazeiro, para evitar os boatos.

Ao mesmo tempo fiz vir o touro, e, de acordo com o padre, vendi-o para o corte, sob a condição de ser abatido pelo comprador em frente à cadeia. Abatido o touro em frente à cadeia, em plena rua, às duas horas da tarde, perante centenas de pessoas, de acordo com o Padre Cícero, foi a carne conduzida para o açougue público, onde também foi vendida toda ela, não chegando para todos que quiseram comprá-la, visto ser da melhor qualidade.

Ao chegar a notícia, no Crato, de que Zé Lourenço não mais voltaria ao sitio Baixa Dantas, indo fixar residência no Juazeiro, recebi diversos telegramas, cartas e visitas de homens respeitáveis daquela cidade vizinha, empenhando-se para que eu não retirasse Zé Lourenço do seu sítio, tal a falta que ele fazia aos proprietários, pelo auxílio que lhes prestava nos trabalhos de agricultura, e em outros préstimos.

O pedido, porém, que calou mais no meu espírito foi o do capitão João de Brito, cunhado do nosso colega Deputado Hermenegildo Firmeza, o dono da terra da qual ele, Zé Lourenço, era rendeiro.
Consenti na volta do negro ao seu sitio, e assim terminou a história "das mil e uma noites" do touro "Mansinho".

Interrogando esses cavalheiros que se empenharam pela volta do negro, pelo motivo de não desmentirem os que o caluniavam, me responderam todos sempre assim terem procedido; mas que os boatos eram para desmoralizar o Padre Cícero e, dessa maneira, não podiam evitá-los.

Zé Lourenço, que não freqüentava o Juazeiro, depois disso começou a freqüentá-lo aos domingos para ali fazer sua feira, e, durante o tempo que eu lá estive, nesses mesmos dias, almoçava comigo, em minha casa, onde se hospedava.

Há 10 anos, a ex-petista Heloísa Helena alertava o Brasil sobre o PT.


Em 2006, a então candidata à presidência, Heloísa Helena, fez severas acusações contra o ex-presidente Lula. Suas palavras circularam na internet por meio da transcrição de uma matéria do portal Terra:

A candidata do Psol à Presidência, Heloísa Helena, afirmou hoje que o presidente e seu adversário Luiz Inácio Lula Silva (PT) chefia uma quadrilha de “gangsters” capaz de “roubar, matar, caluniar e liquidar com qualquer um que ameace seu projeto de poder”. “Eu sei o que eles são capazes de fazer”, afirmou a senadora. As informações são da rádio CBN.

O portal Terra procurou a assessoria de imprensa da campanha de Lula, que rebateu a crítica dizendo ser uma “atitude destemperada” da candidata, que demonstra seu “desequilíbrio” com a queda nas pesquisas de intenção de voto. A assessoria informou ainda que o departamento jurídico do comitê vai procurar as “medidas cabíveis” neste caso.

Heloísa Helena declarou ainda que gostaria de enfrentar o presidente num debate. 

GENTE FINA - Martha Medeiros.

Gente fina é aquela que é tão especial que a gente nem percebe se é gorda, magra, velha, moça, loira, morena, alta ou baixa.

Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação. Todos a querem por perto. Tem um astral leve, mas sabe aprofundar as questões quando necessário. É simpática, mas não é bobalhona. É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados. Sabe transgredir sem agredir. Gente fina é aquela que é generosa, te ajuda, mas permite que voce cresça sozinho. Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não somente para agradar.
Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente. Num boteco de beira de estrada e num castelo no interior da Escócia. Gente fina não julga ninguém. Tem opinião, apenas. Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera. É o que mais se pode querer.

Gente fina não esnoba, não humilha, não trapaceia, não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa.
Gente fina não veio ao mundo para colocar areia no projeto dos outros. Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana mesmo sendo magra. Gente fina não faz fofoca, se coloca no lugar do outro. Gente fina é amável, honesta, verdadeira e confiável. Gente fina é que tinha de virar tendência. Se colocarmos na balança é ela quem faz a diferença. Gente fina é generosa, suas mãos tem sempre algo para oferecer. Jesus Cristo não julgou quando nos mandou amar. Se ama porque Deus a amor. Que Deus continui te abençoando. Para que sempre seja uma bênção para todos os teus amigos.

Zaqueu Guedes - Por Antônio Morais

Certa feita, Zaqueu Guedes foi intimado a comparecer a delegacia para resolver uma pendência com um vizinho, confusão esta gerada por algumas criações de sua propriedade.

É que o tal vizinho foi a delegacia denunciar os caprinos de Zaqueu que andavam comendo sua plantação.

O delegado vendo que Zaqueu era um cidadão respeitável e digno de consideração, tratou de solucionar o caso da melhor maneira possível.

Depois de muito discussão o homem da lei sugeriu o seguinte :

Zaqueu, o jeito que tem é o senhor levantar a sua cerca, para os bodes não pularem para o roçado deste seu vizinho.

Zaqueu coçou a cabeça, pensou um pouco e respondeu com mais uma das suas tiradas: Mas, Dotô, se eu levantar a cerca os bodes passam por debaixo.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Conselho de amigo é pra ser seguido - Por Antônio Morais

Ritinha, Aluísio e João Pedro. 

Semana passada estive no Sanharol para  participar do aniversário de trés anos do meu neto Aluísio. Na véspera fiz uma grande extravagância: jantei baião de dois com costela de porco e macaxeira torrada depois de ter tomado cinco doses de Rum com coca e limão.

No outro dia me bateu uma infecção lascada, uma febre de 40 graus que me levou a cama. Na hora dos parabéns, Raimundo Menezes foi até o meu quarto e disse: 

"Olhe, quando agente fica velho não pode fazer tudo que quer não, não pode comer tudo que ver pela frente não, são os doutores que falam: Velho só pode comer a continha que caga".

Sinceridade extrema - Por Antônio Morais


Geralmente as pessoas e famílias até, costumam contar vantagens e cagar goma para se apresentarem superiores diante dos outros. Em Várzea-Alegre não é diferente. Os gabolas têm cada uma que dar dez. Por outro lado, existem também, aquelas famílias que em suas singelezas tratam de amiudar e debochar ainda mais as suas condições.

O casal Antônio Leandro, Carmelita e os filhos fazem parte dos que estão na segunda hipótese. Colocam em qualquer achaque uma boa dose de humor para tornar a vida mais agradável, alegre e bem humorada.

Para complementar a renda da família o Antônio Leandro comprava leite e a Carmelita fazia um queijo de manteiga de finíssima qualidade. O melhor da cidade. Clientela de alto nível: prefeito, Juiz, promotor, padre etc.

Um dia, Manuel Leandro, o filho mais velho, foi fazer a entrega dos queijos e o padre tinha viajado, sobrou um. O Manuel saiu oferecendo o queijo de porta em porta.

Na casa de um cliente exigente, a mulher procurou saber se o queijo era bom mesmo, se era de boa qualidade e se tinha bom sabor. “Só comprarei se me der garantia finalizou"!

Minha senhora, disse o Manuel, eu não posso dar a garantia que a senhora exige porque desse queijo a única coisa que eu como é o soro, depois de dormido três dias para tirar a nata e quando já está azedo.

Aí é o que se pode chamar sinceridade extrema.

Experiência antiga - Historias do Cel Santana.

Certa feita o Cel. Santana, chegou a casa de uma sua parenta nas redondezas de Missão Velha, a qual se encontrava chorando muito, ao que foi interpelada pelo coronel, o que estava acontecendo? Ela, lhe disse que havia desaparecido uma tesoura de ouro, que fora herança da sua avó e que suspeitava de umas mulheres que estavam apanhando um feijão na sua roça, em número de oito trabalhadoras rurais.

O Cel. Santana, pediu calma e perguntou a que horas aquelas mulheres voltariam da roça, tendo a sua parenta dito que ao final da tarde; lá para as quatro e meia da tarde.

À hora marcada, o coronel chegou a casa da sua parenta e mandou que as mulheres desocupassem os lençóis, jogando o feijão ao pé da parede e mandou que pegassem quatro lençóis daqueles e cada uma, pegasse numa ponta do lençol e tentassem rasgá-lo, a certa altura o Cel. Santana, disse: “a mulher que roubou a sua tesoura minha prima, não vai conseguir rasgar o lençol! ao que uma das circunstantes, disse: “não Coronel eu vou conseguir!”, então aí o Cel. Santana, mandou que ela fosse buscar a tesoura e entregasse a sua legítima dona.

Terminando assim o segredo do roubo da tesoura.

Lembrando Delfonso - Por Antônio Morais


Vi para o Crato em 1969. Fiquei na casa de uma parente, estudava no Colégio Estadual Wilson Gonçalves. No ano seguinte o meu pai alugou uma casa e vieram  morar  comigo meu irmão Pedro Morais e o primo Expedito Morais. No dia 30 de Abril de 1970 pela manhã recebi a visita do amigo Delfonso. Sua vinda ao cariri tinha a finalidade de assistir o jogo entre Cruzeiro e Fortaleza, na inauguração do estadio Romeirão.

Na tarde do dia 30 fomos eu, Pedro e Delfonso no carro do meu nobre amigo Cesário Saraiva Cruz ao Aeroporto Nossa Senhora de Fátima, na Serra do Araripe, ver a equipe do Cruzeiro. Pouca gente presente, o avião pousou os jogadores desceram todos muito elegantes, de terno, com as mochilas penduradas no ombro, não se via um brinco, pilsen ou tatuagem. Ficaram todos aguardando o ônibus que ia levá-los para o hotel em Juazeiro do Norte. 


Delfonso, na sua singeleza, parecia não acreditar no que via. Olhava o Raul assim como se olhasse Perna Santa, Dirceu Lopes e Piaza como se fosse Seu Tonho de Cota e Tinteiro, via em Tostão um Nenên de Canuta. Craques que marcaram a seleção de Várzea-Alegre  nos velhos tempos.

No dia primeiro de Maio de 1970 foi inaugurado o Estádio Romeirão em Juazeiro do Norte - CE. Jogaram  Cruzeiro e Fortaleza, o primeiro gol do estadio foi margado por Natal e o Cruzeiro venceu por 3 x 0.

Sempre que encontrava o Delfonso ele dizia -  Antonio, mais o Natal jogava  bonito...

CONFIANÇA QUEBRADA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Esse é o paradoxo que me faz "dar por perdidas" determinadas discussões.

O homem (não é perda de tempo tentar compreendê-lo) 

tem náusea de sua existência, mas, às vezes, parece conformado com isso.

Não fosse assim, não ficaria  satisfeito em preencher o seu  grande vazio existencial com jornais de TV, telenovelas, paixão política e BBB.

Crônica é, também, ferramenta para implicar.

Seria melhor dedicar tempo a descobrir, por exemplo, o que faz o Mundo girar. O amor ou a confiança?

O que desejo nesse pequeno espaço não é debater a questão.

Todas essas "preliminares" servem para que eu diga o seguinte: quando a confiança se quebra, tudo mais vai pro inferno. Inclusive, o amor.

Quando a confiança é violada, em qualquer esfera de nossas vidas, não tem força que segure a nossa amargura.

A sensação de ter sido cego ou ingênuo é ruim demais.

Quando as pessoas não são o que aparentavam ser, a indignação é enorme.

E olha que a palavra transparência nunca foi tão pronunciada. 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Pedro Gançalves de Morais - Primeiro Escritor de Várzea-Alegre,

Nosso historiógrafo Pedro Tenente. Era homem inteligente, pesquisador dos nossos feitos, conhecedor de nossa estória e historia.

Quando, em Várzea-Alegre, se quisesse saber de qualquer coisa relacionada com nossa gente, a solução seria única. Perguntar ao Pedro Tenente. Das famílias mais tradicionais da terra, gozava da estima de todos pelo seu espírito jovial, sua prestimosidade.

Andei consultando para esta monografia uns escritos seus: Rápidos traços sobre fatos e coisas, publicação de Ramos e Pouchain, ano de 1935. Confesso, com profunda honestidade, minha inata aversão a contar estórias ou historias, até boatos.

Mas não me apetece, mesmo: não faz e nunca fez meu gênero! Procuro dar uma contribuição singela, lembrando o que se passou, nesses idos e vividos tempos, na nossa Várzea-Alegre. Debasto o mato, faço a picada, quem vier e quiser macadamize a estrada.

Nada teria feito, não fosse a preciosa ajuda do meu amigo Acelino Leandro, para quem, endereço os apupos e aplausos que surjam: disse-o, desde as primeiras linhas. Ele, sim, como Pedro Tenente e Pedro Piau, gosta do angu e lhe conhece os meandros e segredos.

O exaustivo trabalho que tenho tido, as despesas que advirão, as chatices do brinquedo, coisa que poucos consideram, me ensinaram que, outra desta, nem pagando promessa.

Na Praça Siqueira Campos - Por Antônio Morais


Nos bons tempos da Siqueira Campos, Francisco Justo, Luiz Américo Sobrinho, Dr. Jefferson Albuquerque, Euclides Francelino de Lima, Orestes Costa e Maildes Rodovalho levavam um lero depois de uma acalorada plenária do Rotary Clube do Crato. 

Determinada hora, a discussão descambou para economia, inflação, divida externa, uns a favor, outros metendo o pau no governo. 

O ranso regional contaminou a conversa e o Maildes falou: A renda per capta do Crato é muito superior a do Juazeiro do Norte. Luiz Américo Sobrinho zuou com Maildes - tu sabes o que é renda per capta?

E, Maildes, renda per capta é, ren, ren, ren, renda per capta é, é - todos riram com o gaguejado e, o Maildes virado num siri sapecou : Renda per capta é a puta que pariu.

Foi riso a granel.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

RESGATE HISTÔRICO E CULTURAL DE VÁRZEA-ALEGRE - POR ANTONIO MORAIS

Fundado em 1965 com 28 socios o Lions Clube de Varzea-Alegre nasceu grande.  Já em 1967, dois anos depois  recebia  o premio de "Melhor Delegação" na Convenção Leonística da cidade de Sobral. Teve atuação marcante em todos o segmentos  da sociedade notadamente na construção do CREVA - Clube Recreativo de Varzea-Alegre. 

O video a seguir  resgata  um dos encontros do Lions em nossa  cidade com a presença de leões de varias regiões, inclusive  do Armando Martins Governador do Distrito de Lions por varias vezes. O video resgata também parte da nossa cultura.  Os bonecos do Damião são um show a parte, sem se falar "Nos Caquim" meninos bons de sanfona. No geral um  bom video que vale a pena ser visto por aqueles que gostam de cultural  e arte..

Abraços a todos.



Decicado ao casal Jose Batista Rolim e Iacy Menezes Rolim - Estão no video.

NÃO TEM JEITO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Temos que ser estóicos, diante do que não pode ser mudado.

Torcer, para muitos, se tornou uma enfermidade.

As agressões sofridas pelos jogadores do Fortaleza, em Recife, representam mais uma demonstração de violência que já se tornou rotineira. 

Uma parte considerável de torcedores se transforma em celerados e espalha o terror.

No jornalismo, se o cachorro morde o homem, o fato não merece atenção. Agora, se o homem morde o cachorro, o fato merece ser repercutido.

Quando a gente toma conhecimento que num conflito entre policiais e torcedores da "Mancha Verde", um componente dessa torcida do Palmeiras mordeu um cachorro do policial, aí se tem uma dimensão do problema.

De nada adiantam as promessas de solução, notas e atos de solidariedade. Vai tudo continuar da mesma forma.

Eu já disse e vou repetir neste comentário: essa gente tem que ser caçada a pauladas.

Mesmo que a guerra esteja perdida, essa é a única saída que enxergamos para lidar com o problema.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Fonte de águas cristalinas - Por Antonio Morais.

Existe entre os municípios de Farias Brito e Altaneira uma fonte de águas cristalinas. Diz a cultura popular que quem beber da sua água se torna namorador. Passamos esta informação para João Pedro , Ítalo Costa e Felipe. Vejam a reação deles. Quase secam a fonte. 

REPRISE PARA OS DEVOTOS DE SÃO RAIMUNDO - POR ANTONIO MORAIS

Estamos há aproximadamente dois dias para a abertura oficial da festa de São Raimundo Nonato em Varzea-Alegre. Neste periodo rebuscamos no tempo as memorias, lembranças e reliquias de nossa religiosidade. Inicialmente eramos uma população na sua quase totalidade Catolica, Apostolica Romana. Nos tempos atuais com o surgimento de novas religiões temos igrejas pra todo gosto. Antes a festa de São Raimundo era eminentemente religiosa, hoje é social. As barracas, a bebedeira, zoada dos sons tomaram o lugar antes da salva e da novena, em termo de presença do publico.

Não podemos negar ser um ponto de encontro dos velhos amigos. Muitas controversas da nossa historia religiosa estão sendo esquecidas, e na ausencia delas se criam novas memorias bem ao gosto dos interesses atuais. Alguem sabe dizer que a imagem trocada não era São Braz e sim Santo Ambrosio?

Quem passou a informação que a imagem de São Raimundo Nonato que se encontra na Casa de Saúde do Dr. Pedro Sátiro foi um presente do Padre Jose Otávio de Andrade para minha avó Josefa Alves de Morais, se enganou, precisa saber que essa imagem de São Raimundo pertenceu a Maria Teresa de Jesus, esposa de Raimundo Duarte Bezerra, papai Raimundo, passando pelas mãos zelosas de seu filho José Raimundo Duarte, de sua neta Isabel de Morais Rego, de sua bisneta Josefa Alves de Morais.

Quando o Dr. Pedro Satiro iniciou construção da Casa de Saúde São Raimundo recebeu a visita de sua avó Josefa Alves de Morais, que ao se aproximar disse: Pedro, eu não posso oferecer coisas materiais, mas aqui está São Raimundo para te iluminar e abençoar tua obra e teu trabalho.

Este video é dedicado a todos os varzealegrenses que deixaram nossa terra e dela vivem cheios de saudades. Especialmente para aqueles que nos anos sessenta viram e ouviram Mestre Antonio, Milita, Romana, Mestre Chagas, Prejo, Jairo Diniz e Padre Otavio cantando a novena a moda antiga.
Deus, vindi em nosso auxilio!!

Como surgiu o Seminário São José de Crato – por Armando Lopes Rafael


   O Seminário São José de Crato foi fruto de um desejo de Dom Luís Antônio dos Santos, primeiro bispo do Ceará, com o objetivo de ampliar a divulgação da Boa Nova de Cristo e salvar almas, no território da sua vasta diocese, a qual, à época, compreendia todo o nosso Estado. 
    Para concretizar esse anelo, e depois de ter recebido sugestão nesse sentido, em 1871, do recém-ordenado Padre Cícero Romão Batista, Dom Luís encaminhou – em 1872 – dois padres lazaristas, – padres Guilherme Van den Sandt (alemão) e José Joaquim de Sena Freitas (português nascido no arquipélago dos Açores) – para realizarem uma missão religiosa, em terras do Cariri cearense. Os dois missionários lazaristas ficaram encantados com o progresso da cidade e com o entusiasmo com que a população acolheu as missões.

     Os dois padres receberam orientação para angariar doações visando à construção de um Seminário Diocesano, na cidade de Crato. Depois disso Dom Luís Antônio enviou para Crato o padre italiano Lourenço Vicente Enrile, para acompanhar a construção do vasto prédio, que seria erguido em grande terreno doado pelo coronel Antônio Luís Alves Pequeno, no aprazível subúrbio, à época conhecido como Grangeiro, hoje denominado bairro do Seminário. Logo faltaram os recursos para dar continuidade à construção. Então Dom Luís Antônio resolveu deslocar-se de Fortaleza para Crato, ficando ele próprio à frente dos trabalhos. Aqui chegou no dia 31 de dezembro de 1874.
       Durante sua estada em Crato, foi-lhe preparada uma residência episcopal pelo seu grande amigo e compadre, coronel Antônio Luís Alves Pequeno, que arcou também com as despesas de cama e mesa de Dom Luís Antônio e sua comitiva. A residência ficava num sobrado localizado na esquina da atual Rua João Pessoa com Praça Juarez Távora. Como sempre, a população de Crato acolheu com festas, respeito e muita alegria o primeiro Bispo do Ceará. Era diferente a mentalidade da população cratense no século 19!

        Pôs-se Dom Luiz à frente da construção, mas, dada a grandiosidade da obra, o Seminário São José foi inaugurado, em 07 de março de 1875, em barracões provisórios, feitos de taipa e cobertos de palha, enquanto a construção dos blocos de alvenaria tinha prosseguimento. O povo cratense apelidou os barracões de taipa de “seminarinho”. Este funcionou com salas-de-aulas, dormitório, refeitório, cozinha e uma pequena capela até o mês julho, quando foi concluído o lado sul do atual prédio do Seminário São José.

         Estava realizado o grande sonho de Dom Luís, dotar Crato do seu Seminário, que vem funcionado, com algumas interrupções nos primeiros anos, até os dias atuais. Nos início de agosto, Dom Luís Antônio retornou a Fortaleza para nunca mais voltar às terras caririenses. Em 1881, Dom Luís foi transferido para Salvador, como Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil, e lá permaneceu até 11 de março de 1891, data do seu falecimento. Foi sepultado na capela do Santíssimo Sacramento da Catedral de Salvador.
Uma curiosidade: A fama de que Crato é uma cidade ingrata para com seus bispos vem de longe! Não é de agora, quando até desclassificados "coroinhas" usam as redes sociais para criticar (e até caluniar) essa autoridade religiosa.  Dom Luís Antônio dos Santos fez muito pelo Crato. Mas, sequer, existe uma rua em Crato com o nome dele. Já em Aracati, onde Dom Luís esteve apenas em visita pastoral, existe um grande monumento comemorativo da sua viagem àquela cidade jaguaribana. Erigido em comemoração à primeira visita pastoral de Dom Luís Antônio dos Santos, primeiro bispo do Ceará, situa-se à entrada norte da rua Coronel Alexanzito. Consta de uma pirâmide de alvenaria, com altura de aproximadamente 10 metros. Numa das faces do monumento encontra-se a seguinte inscrição: “Esse monumento da primeira visita pastoral que aos 30 dias de julho de 1863 se dignou fazer a esta cidade o Exmº. e Revmº. Sr. Dom Luiz Antonio dos Santos, primeiro Bispo desta diocese do Ceará e em testemunho de inteira veneração à pessoa de seu primeiro prelado, fez construir esta pirâmide a cidade de Santa Cruz do Aracati”. O local onde se encontra o referido monumento chama-se "Praça Dom Luiz".
E o Crato? O memorialista Huberto Cabral vem tentando, pelo menos, que a omissa Câmara de Vereadores desta cidade denomine de Dom Luís, a minúscula pracinha recém-construída pelo Governo do Ceará e localizada em frente ao Seminário São José.
(Texto e postagem de Armando Lopes Rafael)

ALEXANDRE ARRAES DE ALENCAR


Nasceu em Araripe-ce, no dia 13 de Fevereiro de 1895, filho de Miguel Arraes e Dona Maria Silvinha de Alencar Arraes. Cursou o primário em sua cidade natal e apenas 1 ano de seminário em Fortaleza. Casou-se com a Sra. Noemi de Alencar e teve oito filhos : Aline, Maria Edneida, Dr. Miguel Edson, Eldenora, Emanuel, Teresinha, Maria Silvinha, José Arraes Sobrinho.

Trabalhou no Jornal O Povo como telegrafista com o pseudônimo de Aloísio do Amaral. Foi um grande líder empreendedor e idealista, seu sonho era proporcionar o desenvolvimento industrial no Crato e com um capital de 7 contos de Reis fundou a firma Almino Comercio e Indústria S.A.

Candidatou-se a prefeito e em 27 de Setembro de 1937 e assumiu a Prefeitura de Crato. Mostrou-se bastante hábil em sua administração. Ciente da importância das riquezas da Serra do Araripe e da necessidade de defender a natureza fundou o "Horto Florestal Municipal". Foi um profundo conhecedor das riquezas da Chapada do Araripe e de todos os seus recursos naturais. Sabia a localização exata de todas as fontes, veios d´água, clareiras e árvores da localidade. Grande orador e incentivador da educação. Discípulo de Eça de Queiroz, de quem herdou fortes influências literárias, escreveu sobre o assunto do qual era grande conhecedor com tal estilo e elegância que chegou a ser comparado com o mestre.

Político querido e respeitado, sempre consultava a opinião pública buscando atender aos anseios da população. Inaugurou o serviço de água encanada e luz elétrica. Combateu a erosão no leito do Rio Granjeiro e seminário, impedindo a construção de casas no local. Fundou o Grupo Escolar Municipal e o posto anti-rábico no hospital São Francisco, restaurou as estradas de rodagem, construiu pontes, pavimentou grande parte da cidade, fundou a biblioteca municipal e incentivou os grêmios cívicos, escolares e literários.

Fiscalizava pessoalmente todas as atividades do município. Faleceu no dia 15 de Agosto de 1943, ainda como Prefeito Municipal, ficando imortalizado na memória do povo cratense.

Foto - Ladeira do Belmonte - Crato - ce, próximo ao Serrano Atlético Cratense.


ESTRELAS E LUARES - Por Xico Bizerra

Ficava na parte alta da cidade e tinha nome de mulher: Cristina’s, assim mesmo, com apóstrofo e tudo. Lugar chique, o jantar era servido à sombra do céu e com a mesa salpicada de luares. Isto é o que me disseram, lá nunca fui. Até que passei pertinho, certa noite, e vi o neon anunciando a casa, mas não entrei; nem podia, era apenas um estudante e só em sonho poderia entrar ali. Soube, tempos depois, que o restaurante fechou: o proprietário vendia ilusão e ilusões. À chegada da Polícia, escondiam-se sob as mesas algumas estrelas brancas e um raio prateado de luar. Os lustres estavam apagados e as toalhas sujas de lagosta. Chovia.

Xico Bizerra.

O dia que Crato foi consagrado a Nossa Senhora de Fátima -- por Armando Lopes Rafael


Era o dia 27 de janeiro de 2000. O Palácio Alexandre Arraes, sede da Prefeitura Municipal de Crato, estava lotado. Ante uma belíssima imagem de Nossa Senhora de Fátima, o então Prefeito, Moacir Soares de Siqueira, visivelmente emocionado, comandava a solenidade de Consagração da Cidade de Crato ao Imaculado Coração de Maria, com a leitura do texto a seguir transcrito.

“Ó Virgem Senhora de Fátima, a cidade de Crato, prostrada aos vossos pés, crê e espera, deseja e implora a realização de vossa grande promessa: Por fim, o Imaculado Coração Triunfará!


E nós, enquanto Prefeito deste povo fiel, em união com o Santo Padre o Papa João Paulo II, com o nosso Bispo Dom Newton Holanda Gurgel, e todo o clero, aclamamos desde já este triunfo, que fará raiar no mundo o Reinado de vosso Divino Filho, Cristo Jesus, nosso Redentor.

E, ao mesmo tempo, suplicamos a graça de sermos instrumentos em vossas mãos para edificação deste Reinado, que só será verdadeiramente de Jesus, se for inteiramente vosso! Sois Vós, Senhora, a Estrela da Esperança e a Aurora do Terceiro Milênio. Foi por Vós que Nosso Senhor Jesus Cristo veio ao mundo, e será por Vós que ele reinará no mundo.

E nós, vossos filhos de Crato queremos buscar em primeiro lugar este Reino, o Reino de Jesus em Vosso Imaculado Coração, bem certos de que todas as outras coisas nos serão dadas por acréscimo.

Para selar oficialmente este propósito, nos Vos consagramos – tanto quanto nos outorga nossa autoridade de representante civil deste povo católico – nós consagramos ao vosso Sapiencial e Imaculado Coração nossa cidade, com todas as suas famílias e instituições.
Aceitai, Senhora, esta consagração. Nós a depositamos em vosso Coração Imaculado, para assim nos consagrarmos mais santa e plenamente ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Divino Filho.
Assim seja.”
A emoção e o silêncio de todos os presentes dava a entender que Nossa Senhora tinha aceitado esta consagração e parecia dizer a cada coração: “Fiquem tranquilos. Por fim, meu Imaculado Coração triunfará.”

O que significa uma consagração

O interessante é que a cidade de Crato se antecipou em onze meses a uma decisão adotada, em novembro de 2000, pelo Papa João Paulo II, dedicando o terceiro milênio a Nossa Senhora! Mas, o que significa uma “consagração”? Utilizado as palavras de Maria Emmir Nogueira, co-fundadora da Comunidade Católica Shalom, podemos sintetizar assim.

“Em hebraico, a palavra Kadosh significa “santo, separado”. É um termo utilizado em referência a Deus, o único Santo. Para as pessoas “santificadas”, ou “separadas” para Deus, posse exclusiva de Deus, que chamamos “consagradas”, os judeus utilizam o termo Kiddushin, que se refere, entre outras coisas, à santificação pelo casamento, quando o noivo é separado, exclusivo para a noiva, e vice-versa, e ambos são separados para Deus. O mesmo termo é utilizado para o povo de Israel, povo “separado para Deus” através de uma aliança. A este povo Deus refere-se inúmeras vezes, do Gênesis ao Apocalipse, como “esposa”, “noiva”, “desposada”, amada (cfe. Ez 16; Os 2,42-5 e 3; Ap 22,17; Ef 5,25).


Desse modo, consagrar uma pessoa, um casal, um povo, um local (...) é torná-lo santificado, porque exclusivamente pertencente ao Santo, que é Deus”. (...) Quando nós católicos utilizamos a palavra “consagrar”, mantemos o mesmo sentido: “separar para Deus”, “tornar sagrado”, “tornar santo porque pertencente exclusivamente ao Santo que santifica tudo o que lhe pertence, tudo o que “toca”.

Assim, naquela singela iniciativa de 27 de janeiro de 2000, o Prefeito Moacir Soares de Siqueira – com a legítima autoridade de que estava investido – ao consagrar o Crato a Nossa Senhora de Fátima, separou para Deus esta cidade e seus moradores, oficializando-os – no âmbito civil – como propriedade da Virgem Santíssima. Esta, certamente, cuidará ainda com mais carinho e desvelo maternal, tanto da cidade como do seu povo, que já lhe pertenciam por desígnios de Deus, e cuja pertença foi ratificada por suas autoridades civis constituídas...
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael

A Cigana – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

O mês de novembro do já distante ano de 1963 transcorria lentamente. Nas rádios, ouvíamos insistentemente o sucesso do momento, a extraordinária canção de Tom Jobim, “Garota de Ipanema”, uma música que ainda hoje é sinônimo de Brasil pelo mundo afora, assim como “Aquarela do Brasil” é confundida com o nosso hino. No Crato, o rebuliço das mocinhas era a chegada de uma cigana que, instalara sua tenda num terreno baldio, ao lado da estação do trem, bem defronte da Drasa, a revendedora dos fusquinhas. A tal cigana era festejada porque segundo muitos acreditavam, adivinhava tudo e previa muitas coisas para o futuro, principalmente o príncipe encantado tão ansiosamente aguardado pelas sonhadoras. Eu ouvia dizer que até alguns rapazes foram vistos consultando a tal cigana. E a fila dobrava o quarteirão.

Para mim, aquele mês de novembro ficou gravado na memória como um marco significativo de muitas perdas. É que no inicio do mês, eu sofri uma grave contusão no joelho, durante uma disputadíssima partida de futebol de salão, um esporte muito em moda no Crato daquela época. Fiquei o mês inteiro preso à cama, com um extraordinário inchaço no joelho esquerdo, que deixou minha perna dobrada em ângulo de noventa graus. Não podia andar e sequer levantar-me da cama.

Uma das conseqüências dessa lesão teria sido a remota possibilidade da seleção brasileira tricampeã mundial de futebol em 1970 haver sido definitivamente desfalcada de um esforçado ponta-esquerda cratense. Uma grande perda minha e sorte do Rivelino. Além do mais, um tímido sonhador foi retirado da vida social da cidade por mais de um mês, isto é; da Praça Siqueira Campos.

Para fugir da monotonia daqueles dias, eu lia tudo que me chegava às mãos, desde Machado de Assis até as fotonovelas da revista “Capricho”. No Colégio Diocesano, por ordem do Monsenhor Montenegro, as minhas notas do mês de novembro foram repetidas, pois àquela altura já me encontrava aprovado por média. No final do mês, já estava completamente recuperado.

Em janeiro do ano seguinte, eu pisava firme com as duas pernas, sem nenhum vestígio da lesão que me prendera à cama durante um longo mês.

Certo dia, eu estava vindo do São José para o Crato, e ao descer de um ônibus defronte da estação do trem, avistei ao lado, a tal tendinha da cigana. Já não havia mais a extensa fila de antes. Não tive dúvidas. Entrei movido mais pela curiosidade, pois nunca dei muita bola para essas coisas de cartomante ou adivinhas. Não sou daqueles que acreditam em bruxarias. Para mim isto não existe. Acho mais importante deixar que as coisas aconteçam e confiar na proteção divina.

Entretanto, parece que algumas pessoas possuem algum tipo de percepção extra-sensorial, capaz de comunicar-se com os outros por algum processo telepático. A tal cigana poderia ser uma dessas. Mas acho que ela deu mesmo foi um tremendo chute. Assim que eu entrei, ela bateu com toda força na bola e acertou em cheio: “Você esteve doente, problema na perna, não foi?” Depois previu que eu faria um grande concurso nos próximos três anos, e que morreria rico e no exterior. Ao indagar em qual país, ela respondeu: “na minha terra, a Espanha!”.

Repito que eu nunca dei importância a essas tais previsões. Do meu passado, aquela charlatona acertou alguma coisa cobrando escanteios. Quanto ao futuro, tirando o previsível concurso vestibular, acredito que a cigana acertou na riqueza. Mas não necessariamente riqueza de bens materiais, como ela insinuava. A esta altura, estou mais preocupado em “ajuntar tesouros que nem a traça corrói ou os ladrões roubam”. Se eu hoje sou rico, é de felicidade, o que já uma grande fortuna.

Não foi possível ainda testar a outra previsão da artilharia daquela cigana com uma viagem à Espanha. Tenho certeza que algum dia eu e Magali iremos conhecer a Europa, inclusive a Espanha. E esperamos voltar vivos.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo