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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 31 de maio de 2022

A arapuca bolsonarista - Por Diogo Mainardi.

A candidatura presidencial de Luciano Bivar é só uma arapuca para sabotar a Terceira Via e barganhar com Jair Bolsonaro.

“O presidente da União Brasil vai lançar hoje oficialmente sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto ao mesmo tempo em que seu partido liberou seus filiados para apoiar o presidente Jair Bolsonaro logo no primeiro turno”, diz o Estadão.

“Integrantes da legenda dizem que Bivar só entrará na disputa para negociar mais adiante sua retirada, em troca de espaço em uma aliança. Afirmam, ainda, que a candidatura tem como objetivo rachar a terceira via e auxiliar na tentativa de reeleição de Bolsonaro”.

A candidatura de Bivar não racha o eleitorado, porque ele não tem voto, mas racha os palanques estaduais e, sobretudo, o tempo de TV, que poderá ser usado para fazer propaganda clandestina do bolsonarismo.

A União Brasil cresceu um bocado, mas nunca vai se livrar de seu espírito ridiculamente nanico.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Juro que não entendo - Por Republiqueta de meia pataca.

 


Salve Sergio Moro.

Juro que não entendo como uma vida medíocre, cultura tosca, atitudes grosseiras e deselegantes, carreira militar desqualificada, contribuição parlamentar nula, inconsistência partidária, linguajar chulo, comentários impróprios a moral, total incompetência na diplomacia política influenciaram o voto em Bolsonaro.

Oligarquia dos Augustos Lima - Por Antônio Morais.

Acontecimento memorável, a Estrada de Ferro chega em Lavras da Mangabeira, território dos Coronéis. Aconteceu em 1917, no dia 03 de Dezembro, a chegada em Lavras do primeiro trem da Rede de Viação Cearense

Entre os passageiros vinham as personalidades mais importantes do estado, a começar pelo Presidente João Tomé Sabóia. Estava, pois, inaugurada a estação da ferrovia. Era o progresso, afirmavam os oradores, que estavam chegando ao interior do Ceara. A viagem foi considerada, na época, como verdadeira aventura. 

A locomotiva havia atravessado exatamente 491 quilómetros de latifúndios, distancia que separava a cidade de Fortaleza de nossa Senhora Assunção da cidade de São Vicente Ferrer. Durante o percurso os passageiros iam descobrindo o panorama económico e social da região devassada pela maquina. 

Aqui, os canaviais do Acarape, os cafezais de Baturité, ali, as fazendas de plantar e de criar de Quixadá, Quixeramobim e Senador Pompeu. O criatório dos rebanhos, a lavra de algodão, do milho, da mandioca, da carnaúba, do feijão. Acolá, o Iguatu com suas lagoas, seus arrozais, cana de açúcar, gados e algodão. 

E, no meio desta panorâmica, os homens a cuidar das lavouras e dos rebanhos, em tempo de paz, trabalhos do eito, meeiros e vaqueiros. Em tempo de guerra, cabras em armas. Moravam em casebres de taipa cobertos de palhas de carnaubeira ou coqueiros. Toda coronelzada das vinte e seis cidades da região sul estavam a esperar o presidente. 

Dona Fideralina, a matriarca do clã dos Augustos Lima, mandava e desmandava em Lavras da Mangabeira, colocando os filhos no Poder, ou dele apeando-os, conforme bem entendesse. Dona Fideralina, como verdadeira matrona sertaneja tivera muitos filhos, o que lhe assegurasse através dos anos uma numerosa descendência. 

Um dos filhos de Dona Fideralina, o medico Ildefonso Correia Lima, eleito deputado federal por varias legislaturas, seria representante do Ceara na Constituinte de l893. Outro o Coronel Honório Correia Lima, ocuparia por vários anos a Intendência de Lavras, ou fosse à prefeitura municipal. 

Entrando em desagrado com a genitora, o Coronel Honório foi deposto da Intendência e substituído pelo irmão Coronel Gustavo Augusto Lima. O ato teve lugar em fins de 1.907, contando com a participação de grupos armados a cuja frente se encontrava a própria Dona Fideralina

A partir de 1922, três anos após a morte de Dona Fideralina, os irmãos Coronel Raimundo Augusto e Coronel João Augusto deram continuidade a uma das oligarquias mais prolongadas já existentes no Ceará.

domingo, 29 de maio de 2022

RANKING DE DRIBLADORES - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 Erick e Mendonza do Ceará estão entre os dez melhores dribladores da série A.

O primeiro é o terceiro e o segundo o sexto.

Agora, tem o seguinte: o drible é a ginga de corpo sincronizada com o pés.

O drible é coisa de craque. O jogador comum faz a imitação.

O driblador finge que vai dar a bola para o adversário e a recolhe a tempo para o seu domínio.

Isso o Erick do Ceará (apesar de irregulares atuações) sabe fazer.

Tem outra situação tratada como drible que me parece diferente: tocar a bola para pegá-la na frente.

Acho, particularmente, tratar-se mais de uma ação técnica de velocidade.

Isso o Mendoza sabe fazer, pela velocidade que possui.

Ah, não se deve esquecer outro tipo de drible que exige habilidade: o elástico. A bola colada nos pés vai de um lugar ao outro, como um imã.

Arte que Rivelino aprendeu com um descendente de japonês e a praticava com maestria.

Como já escrevi em comentário anterior, o drible perdeu muito terreno para o passe.

Mas, ninguém tira desse comentarista a certeza de que o drible é a mais bela manifestação de arte do futebol.

sábado, 28 de maio de 2022

Há sempre um mal maior - Por Antônio Morais.

O certo é que  a grande maioria dos brasileiros que pensam condenam essa polarização criada por eles, criada com o voto deles.

Lula e Bolsonaro não há mal menor dizem. Por pior que sejam  não existem dois totalmente iguais. Há de existir um detalhe que os diferencia.

Lula é um corrupto contumaz, um vigarista vendido, um pilantra que com um discurso mentiroso, piedoso e chorão conseguiu ludibriar, enganar e fazer uma lavagem cerebral a ponto de fazer quem passa fome acreditar que está com a barriga cheia e o endividado imaginar-se rico.

Lula não me enganou, sempre foi um corrupto malandro e sagaz que de posse da caneta e do diário oficial manobrou e com a inteligência  e índole má conseguiu chegar onde está.


Juiz Sérgio Moro.

Bolsonaro para se eleger apropriou-se do trabalho do Juiz Sergio Moro na Lava Jato e depois de eleito deu as costas para o povo e traiu o eleitor que acreditou na sua conversa de freira moralista, que não passa de uma prostituta velha pregando a castidade. 


Dr. Ricardo Bebeano.

Bolsonaro, um covarde, traidor e ingrato, 15 dias depois da posse traiu o seu advogado e presidente do partido pelo qual se elegeu Ricardo Bebeano, dias mais tarde demitiu o general Santos Cruz, uma das glórias que ainda existe nas forças armadas brasileiras, traiu de forma vil o Juiz Sergio Moro para em seguida acabar com a Lava Jato e livrar os filhos e amigos milicianos do alcance da justiça, corruptos que mandam mais no governo do que ele próprio. 


General Santos Cruz.

Portanto eu não me enganei com Lula, não me permiti carregar essa culpa, quem me enganou e traiu o eleitorado que o elegeu foi Bolsonaro que  não merece ser reconduzido a um segundo mandato.

Péssimo com o Lula, muito pior com o Bolsonaro.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Os dois grandes derrotados - Por Diogo Mainardi.

 

Ciro Gomes fez o melhor comentário sobre a pesquisa publicada nesta quinta-feira:

“Se o Datafolha estiver correto, você tem dois grandes derrotados flagrantes: Bolsonaro, o grande derrotado, viva, isso é o que todos nós democratas lutamos pra acontecer. Mas há um outro grande derrotado, que me preocupa muito, que é o Brasil.”

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Reflita - Por Antônio Morais.



Millôr Fernandes lançou um desafio através de uma pergunta: Qual a diferença entre o politico e o ladrão?
Caro Millôr, após longa pesquisa cheguei a esta conclusão: A diferença entre o politico e o ladrão é que o politico eu escolho, o outro me escolhe. Estou certo?
Fabio Viltrakis - Santos - São Paulo.

Eis a replica do Millôr.
Puxa, Viltrakis, você é um génio... Foi o único que conseguiu uma diferença.
Parabéns.

Nunca - Por Antonio Morais.



" Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe de sua própria dor e renuncia. Uma coisa é você achar que está no caminho certo; outra é achar que o seu caminho é o único".

Recordando a pouca vergonha - Por Antônio Morais.

Há cerca de um mês, o ministro José Mucio Monteiro levou a José Dirceu uma proposta de Roberto Jefferson: O homem-bomba do mensalão, o ex-deputado responsável pela saída de Dirceu da Casa Civil e por sua cassação queria um encontro com ele. 

Dirceu recusou. E não se falou mas no assunto.Seria o primeiro encontro dos dois desde que Jefferson pronunciou sobre Dirceu duas frases que fizeram historia durante a CPI do mensalão. 

"Vossa excelência provoca em mim os instintos mais primitivos" e "Sai Zé, rápido". O que será que Jefferson, agora com os instintos menos primitivos, queria de Dirceu? 

Coração de Dom Pedro I está guardado numa igreja de Portugal

 

          No último dia 6 de maio, o Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, teve a grata satisfação de visitar a Igreja de Nossa Senhora da Lapa, em Porto, na Região Norte de Portugal. Naquele hierático recinto – construído entre 1756 e 1863, pela Venerável Irmandade de Nossa Senhora da Lapa – encontra-se sepultado, na Capela-Mor, o coração do Imperador Dom Pedro I, indômito tetravô de Dom Bertrand.

     Dom Pedro I (Rei Dom Pedro IV de Portugal) deixou seu coração à Igreja em testamento, pelo apoio que recebeu de Porto, a Cidade Invicta, na Guerra Civil Portuguesa, que travou contra o irmão, o Rei Dom Miguel I de Portugal, para devolver o Trono à Soberana legítima, sua filha, a Rainha Dona Maria II de Portugal. Desde 1972, ano do Sesquicentenário da Independência do Brasil, o corpo do Imperador repousa na Cripta Imperial sob o Monumento à Independência do Brasil, em São Paulo. Permanece em Portugal apenas o coração do Imperador Dom Pedro I, na igreja objeto desta postagem.

Fonte: Facebook do Pró Monarquia

Dom Bertrand sendo recebido na igreja de Nossa Senhora da Lapa
Interior da igreja que guarda o coração do imperador Dom Pedro I

 

Bom dia - Postagem do Antônio Morais.

"Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão, poderá morrer de saudades, mas não estará só".

Capitão Virgulino - Por Antônio Morais.

Que tempos, que costumes. Lampião é condecorado com o titulo de Capitão da legalidade.

Dr. Pedro Albuquerque Uchôa, Inspetor Agrícola do Ministério da Agricultura, se encontrava em Juazeiro do Norte quando da visita de Lampião a essa cidade.

Virgulino Ferreira da Silva, solicitou a patente de Capitão, em cumprimento a promessa de Dr. Floro Barbolomeu da Costa, quando do convite por este formulado a Lampião, a que viesse se juntar ao seu grupo para combater a Coluna Prestes. Padre Cícero pediu ao Dr. Pedro Uchôa que redigisse e assinasse o documento de concessão, visto que ele era a única autoridade civil existente em Juazeiro e presente naquela ocasião.

Regressando a Fortaleza, Dr. Pedro Uchôa é interpelado pelos amigos e por seus superiores, que queriam explicações quanto ao fato de ele haver dado a patente de Capitão a Lampião. Uchôa, perguntaram-lhe: Por que você deu a patente de Capitão ao Rei do Cangaço? Porque ele não me pediu a de Coronel! Respondeu.

terça-feira, 24 de maio de 2022

O potencial de Ciro - Por Diogo Mainardi.

O potencial de votos de Ciro Gomes é praticamente igual ao de Lula. 

De acordo com a pesquisa do Ipespe, publicada ontem, o primeiro tem 54% e o segundo tem 56%.

Mas como disse o dono do Ipespe, Antonio Lavareda, em reportagem da Crusoé, no Brasil prevalecem “o voto estratégico no candidato que se rejeita menos e o voto randômico que não tem motivação consistente”. Esses dois fatores fazem com que, nas pesquisas, Ciro Gomes seja esmagado por Lula. Seu potencial de votos, de fato, é formado por 11% que “com certeza” votariam nele e 43% que “poderiam votar”. O de Lula é o contrário: 44% votariam nele “com certeza” e só 12% “poderiam votar”.

É por isso que Ciro Gomes precisa combater o “voto estratégico” propagandeado pelo MinCulPop lulista, mostrando que, assim como Lula, ele também é capaz de derrotar Jair Bolsonaro no segundo turno.

A propósito: o potencial de votos de Jair Bolsonaro é de apenas 40%, 32% “com certeza” votariam nele e 8% “poderiam votar”. 

Como disse Lavareda, ele já bateu no teto.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

A chance de Tebet - Por Diogo Mainardi.

Pedro Cerize publicou: “Eu vou votar em Simone Tebet!

Toda vez que declaro voto em alguém, o sistema degola o candidato”.

Eu também passei por isso: com Mandetta, com Amoedo, com Leite, com Moro.

No caso de Tebet, ela só tem alguma chance de não ser degolada se continuar com 1% nas pesquisas até o comecinho da campanha eleitoral. 

O sistema já mostrou o que quer: um candidato para ser derrotado.

UM DRIBLE NA DEPRESSÃO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Não sei ficar calado, nem para mim mesmo.

Ainda mais quando tenho a me ouvir a numerosa plateia representada pela escassa presença de uma só pessoa: minha "mulé", Araci.

Saio dos muxoxos e vou aumentando os decibéis da minha forma de falar gritando.

Foi Barbara Heliodora, especialista em Shakespeare, que disse: "Temos que falar alto para que sejamos ouvidos."

Claro, se referiu aos atores de teatro.

Como que narrando um filme que acabei de assistir, digo o que estou sentindo: saudade.

De repente, sou envolvido por lembranças, mesmo que esteja ocupado na transmissão de um jogo de futebol.

Subitamente, recordo de pessoas que já se foram. E  mesmo de quem não vejo há um bom tempo.

E, também, de fatos que marcarama nossa caminhada nessa vida de "bailarino."

Uma visita inesperada. Dessas que nos levam a uma outra dimensão da alma.

Passo a achar tudo sem o menor sentido.

Indago: "Que porra é essa, se tudo, aparentemente, está bem?"

Mesmo porque basta uma risada de Irene para me tirar do porão.

Como gostava de dizer o saudoso confrade Itamar Monteiro, antes de uma escrachada gaitada: "Qualquer paixão me diverte".

Ou seriam os efeitos desse mundo louco que nos enlouquece e nos leva, de repente, a outras "estações?"

Ao atingir o paroxismo da sensação que nos invade, suspeito que seja o inferno da depressão "tomando chegada".

Aí, dou um drible desconcertante na questão, ao raciocinar como os antigos: "Depressão é uma doença de quem é rico".

Me deixo engabelar pela sentença e emendo outra, bem ao gosto popular: "Sai de mim, abacaxi, que eu tomei leite."

Lembrando o genial frasista e publicitário Carlito Maia: "Se me fecham as saídas, escapulo pela entradas".

Se tocaram?

domingo, 22 de maio de 2022

Ciro contra o "corrupto" - Por Diogo Mainardi.

O MinCulPop lulista está fulo porque, durante um debate no YouTube com um de seus propagandistas, Ciro Gomes chamou Lula de “corrupto” e, quando o propagandista balbuciou que o “corrupto” foi “inocentado”, ele respondeu:

“Não foi inocentado, isso é mentira do PT, Lula teve seus processos anulados”.

Em seguida, o propagandista defendeu o voto útil em Lula, argumentando que é preciso derrotar Jair Bolsonaro no primeiro turno. 

Ciro Gomes interrompeu-o:

“Eu ganho do Bolsonaro também. Você não percebe o mal que faz à juventude brasileira. Vamos aceitar um corrupto, cuja visão de mundo é a apologia da ignorância, brother de empreiteira, porque achamos que o Bolsonaro é… Ô irmão, faz 25 anos que o Lula não entra num avião de carreira. Eu não ando em jatinho de empreiteira, não ando em jatinho de plano de saúde, não ando em jatinho de empresário de educação privada, financiado pelo Fies.”

sábado, 21 de maio de 2022

O mau perdedor - Por O Antagonista.

Jair Bolsonaro “foi um mau militar, foi um mau deputado federal e é um mau presidente da República”, diz o Estadão, em editorial.

“Se as pesquisas de intenção de voto se confirmarem, em breve será também um mau perdedor.

Só isso deveria bastar para que qualquer cidadão minimamente cioso do valor das liberdades democráticas, seja qual for a orientação político-ideológica, não confiasse ao atual presidente da República nem mais um voto sequer. Mas sabemos que a realidade não é assim. Malgrado a tragédia de sua administração em múltiplas áreas, Bolsonaro ainda conta com o apoio de mais brasileiros do que seria merecedor.

Por isso, é extremamente reconfortante observar que as instituições republicanas, a imprensa profissional e independente e muitas organizações da sociedade civil, cada uma a seu jeito e dentro dos limites de sua responsabilidade, têm se erguido contra a sordidez de um presidente que se presta dia e noite a sobressaltar o país com seus fantasmas, em vez de cuidar dos problemas verdadeiros que afligem milhões de brasileiros.”

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Crato, município modelo - Por Antônio Morais.

José Valdevino de Brito, vereador por diversas legislaturas.

O Crato já foi modelo, a todo mundo causava admiração.... Essa era a primeira frase da música vitoriosa de campanha de um candidato no inicio da década de 70 do século passado.

Naqueles tempos não muito distantes, a "Câmara de Vereadores do Crato" era composta por representantes dos mais diversos segmentos da sociedade. 

Médico, advogado, professor, agropecuarista, jornalista, comerciante, presidentes de associações as  mais diversas, homens com profissão e atividades definidas e independentes que não faziam do cargo um meio de vida ou de subsistência.

Eleito vereador, fazia do cargo objeto de contribuição e colaboração junto ao executivo na apresentação e aprovação de projetos do interesse da população. 

Existiam situação e oposição, a lealdade a direção e aos estatutos do partido estava acima de qualquer outro interesse ou objetivo.  

Prefeito não se reunia com vereador. A relação entre os poderes era extremamente republicano. 

Prefeito na prefeitura, vereador na Câmara.

Se o eleitor cratense deseja e espera um "Crato Modelo" outra vez, tem que pensar e decidir assim.

E X P E R I Ê N C I A - Autor desconhecido.


Uma velha senhora foi para uma caçada na África e levou seu velho vira-lata com ela. Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido. Vagando a esmo, procurando o caminho de volta, o velho cão percebe que um jovem leopardo, o viu e caminha em sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço...
O cachorro velho pensa:
 "Oh, oh! Estou mesmo enrascado!" Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de apavorar-se mais ainda, o velho cão ajeita-se junto ao osso mais próximo, e começa a roê-lo, dando as costas ao predador. Quando o leopardo estava a ponto de dar o bote, o velho cachorro exclama bem alto:
Cara, este leopardo estava delicioso! Será que há outros por aí?
Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspende seu ataque, já quase começado, e se esgueira na direção das árvores.
Caramba! Pensa o leopardo, essa foi por pouco! O velho vira-lata quase me pega!
Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteção para si, informaria ao predador que o vira-lata não havia comido leopardo algum... E assim foi, rápido, em direção do leopardo. Mas o velho cachorro o vê correndo na direção do predador em grande velocidade, e pensa:
Aí tem coisa!
O macaco logo alcança o felino, cochicha-lhe o que interessa e faz um acordo com o leopardo.
O jovem leopardo fica furioso por ter sido feito de bobo, e diz:
Aí, macaco! Suba nas minhas costas para você ver o que acontece com aquele cachorro abusado!
Agora, o velho cachorro vê um leopardo furioso, vindo em sua direção, com um macaco nas costas, e pensa:
E agora, o que eu posso fazer?
Mas, em vez de correr (sabe que suas pernas doídas não o levaria longe...) o cachorro senta, mais uma vez dando costas aos agressores, e fazendo de conta que ainda não os viu, e quando estavam perto o bastante para ouvi-lo, o velho cão diz:
Cadê o mentiroso e safado daquele macaco? Tô morrendo de fome! Ele disse que ia me trazer outro leopardo para mim e não chega nunca!

MORAL DA HISTÓRIA:
Idade e habilidade se sobrepõem à juventude e intriga.

Bolsonaro diz que população vivia melhor no governo Lula - Por O Antagonista.


Em conversa hoje com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro disse que a população vivia melhor no governo Lula.

Ao comentar a elevação no custo de vida e a inflação recorde em Abril, na casa dos dois dígitos, o presidente da República afirmou:

“Falam que no tempo dele [do governo do ex-presidente Lula] o povo vivia um pouco melhor que hoje. Lógico que vivia, concordo. Temos um pós-pandemia do ‘fique em casa’, uma guerra; mas lá atrás, quando se vivia melhor, poderia ter vivido muito melhor se não tivessem roubado tanto”, disse o presidente da República.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Os erros de Sérgio Moro - Por Mário Sabino.

Na terça-feira da semana passada, em entrevista a Claudio Dantas, no programa Papo Antagonista, Sérgio Moro (foto) disse que apoiaria Luciano Bivar para a presidência da República, no caso de o cacique da União Brasil ser candidato ao Planalto. Sérgio Moro tem o direito de apoiar quem ele quiser, assim como também o de decepcionar os seus eleitores.

Como defendi muito o ex-juiz da Lava Jato — repito que nunca assisti a tamanha perseguição contra um cidadão honesto, como a de que ele é vítima –, estou em boa posição também para criticá-lo. A verdade é que, como político, Sérgio Moro é um ótimo ex-juiz. E eu nem vou falar muito sobre o erro que ele cometeu ao demorar demais para sair do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro, visto que o atual presidente, desde o primeiro dia do seu mandato, mostrou-se resolvido a fazer o diabo para defender o filho mais velho, Flávio Bolsonaro, no caso das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro — objetivo plenamente atingido ontem, com o arquivamento da denúncia pelo Ministério Público fluminense, depois que as decisões do juiz do caso e as provas contra o moço e os seus parceiros foram anuladas por STJ e STF, respectivamente. A demora para cair fora propiciou ao inimigos da esquerda colar ainda mais a imagem de Sérgio Moro à de Jair Bolsonaro — e aos inimigos da direita de lhe aplicar com mais força o epíteto de “traidor”.

O adjetivo voltou a ser usado por integrantes do Podemos, ao serem surpreendidos por Sérgio Moro com o anúncio da sua desfiliação do partido, onde permaneceu por apenas cinco meses. O ex-juiz descobriu que não teria os recursos necessários para bancar a sua campanha presidencial e também que não contava com a boa vontade dos integrantes do Podemos para lançar-se ao Senado. Mudou-se para a União Brasil, deixando um monte de gente “órfã” para usar outra palavra usada pelos seus ex-companheiros de agremiação nos jornais, além de ressentida. Alguém precisava ter dito antes a Sérgio Moro que, mesmo na política, campo onde há menos inimigos do que se imagina, o ressentimento é prato que muitos conservam na geladeira. Dois meses antes de sair do Podemos, Sérgio Moro não ajudou a si próprio, ao relativizar o apoio de partidos políticos. Num evento promovido por um banco, ele afirmou: “Trouxemos o MBL para o Podemos e atraímos o apoio do Vem Pra Rua. A aglutinação da Terceira Via vai se dar entre um projeto e a sociedade civil. E isso está se dando em torno do meu projeto”, afirmou Moro. “O MBL tem uma comunidade enorme, uma comunidade jovem. Esses apoios muitas vezes são mais relevantes que os dos partidos políticos”.

Dirigentes do Podemos espalharam que a mudança de Sérgio Moro para a União Brasil foi tanto mais espantosa porque ele próprio teria vetado a aliança entre os dois partidos uma semana antes de transferir-se para o segundo. Ainda que seja lorota, a mudança causou perplexidade geral, porque sem nenhuma garantia de que o novo partido, cheio de dinheiro e tempo de televisão, lhe daria a candidatura presidencial ou ao Senado. Mais, ele adentrou um habitat que lhe é abertamente hostil ou, no máximo, amigavelmente hipócrita. Qual seria a imagem mais apropriada para definir Sérgio Moro na mesma agremiação de ACM Neto, Luciano Bivar e Milton Leite? Talvez o de uma zebra no meio de leões.

Ele entrou na União Brasil pelas mãos de Luciano Bivar, que disse, sem ser desmentido, que não armou uma armadilha para Sérgio Moro, não, ao atraí-lo para um partido que lhe negaria a candidatura presidencial. Luciano Bivar teria, inclusive, avisado o ex-juiz sobre o que seria uma incerteza não apenas presidencial, mas senatorial. Parece que, agora, Sérgio Moro começa a vencer resistências internas ao seu plano B, o de se candidatar ao Senado por São Paulo.

A que preço? O de integrar-se à paisagem leonina, apoiando a candidatura de Luciano Bivar ao Palácio do Planalto, no caso de ela se concretizar. A chance de esse senhor ser eleito é nula. O líquido e certo é que, com a candidatura presidencial dele, o dinheiro do fundo eleitoral destinado ao partido poderá ser gasto até o último centavo, sem necessidade de ser devolvido aos cofres públicos, como prevê a legislação. Como Sérgio Moro deveria ter aprendido quando era juiz, político nenhum gosta de rasgar dinheiro.

terça-feira, 17 de maio de 2022

"O que é ruim pode piorar" - Por O Antagonista.


Jair Bolsonaro “não somente não entregou a modernidade prometida em 2018, como franqueou o poder ao que há de mais atrasado no país”, diz o Estadão, em editorial sobre o escandaloso Centrãoduto. 

“Como tudo o que é ruim pode piorar, a estratégia de votação iria além do tradicional ‘jabuti’. É isso mesmo: sob Bolsonaro, o Centrão acrescenta mais um termo à semântica política nacional: o ‘jabuti-surpresa’, emenda a ser proposta em plenário, no momento de votação da urgência do projeto de lei. 

Na prática, mais uma forma de levar parlamentares a votar - e aprovar - leis com trechos desconhecidos”.

LIBERA OU PROÍBE O SHORTINHO? - Por Antônio Gonçalo de Sousa.

 

Não é preciso ser ingênuo para entender que alguns fatores sociais, econômicos  e culturais mudam ao longo do tempo. Notório é entender também que respeito e costume devem se somar e não dividir. As últimas gerações têm passado por transformações importantes, mas há um sentimento de que alguns modismos querem ser enfiados na sociedade de goela abaixo. 

Nas redes sociais há um fato novo que vem circulando causado por alunas de um estabelecimento de ensino de um estado do sul do país, que querem usar shortinho curto dentro da escola.  A celeuma criou maior alvorosso pelo fato de uma delas ter sido tirada de dentro da sala de aula. 

A proibição do Short curto em algumas escolas é porque em todo lugar que frequentamos há um código de vestimenta. Não se vai a um casamento de camisa regata e chinelo, do mesmo modo que não é costume irmos à praia de smoking. O respeito à etiqueta, por mais que em alguns casos seja enfadonho, deixa claro que alguém não vai a uma audiência em um tribunal usando biquini.

Devemos usar roupas condizentes com a ocasião. E a escola deve ser um lugar de aprendizado e não de exibição. Inclusive, lembremos que por ocasião da matrícula escolar pais e/ou responsáveis assinam, dentre outras coisas, termos de convivência e responsabilidade, onde consta código de conduta para a respectiva dependência da unidade escolar.

Por fim, seria bom que os jovens entendessem que, às vezes, é ruim seguir normas de bom senso e respeito. Mas nem todas as regras são injustas apenas pelo fato de não gostarmos delas. Como pais, também temos obrigação de repassamos aos "pimpolhos" que, na vida, na escola e no mercado de trabalho temos que conviver e aprender com as diferenças.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Igualmente iguais - Por Antônio Morais.

 

Lula e Jair Bolsonaro são igualmente iguais. Igualmente ruins. Entre os dois não existe mal menor. Quando vejo um falando torço pelo outro, quando vejo o outro falando torço para que seja o derrotado. 

Comigo não há problema porque não voto pra nenhum deles. Minha decisão está tomada. Não tenho predileção por politico malandro, pilantra e corrupto. 

Quando vejo Lula falando sinto vontade de vomitar. 

Quando vejo o Bolsonaro vomito.

O povo merece, tanto que está brigando nas ruas e praças por seu malandro predileto. Que faça bom proveito.

DUAS LUAS - Por Xico Bizerra

Estava reparando o céu e avistei mais de uma lua. A de São Jorge estava lá, com dragão e tudo. A outra, vazia de santos e animais, clareava tanto quanto aquela. Sempre me ensinaram que apenas uma lua morava num céu tão grande. Para que tantas estrelas e uma lua só? Todos a vêem grande, solitária e indecifrável. Fiquei a imaginar que aquela segunda lua talvez se prestasse para substituir a lua primeira quando chegasse o sol. Mas não: quando o sol desponta a lua não mais há, já foi passear no Japão ou noutras terras distantes. E agora? Como vou explicar ter visto duas luas? Só posso garantir que jamais vou esquecer que numa noite de setembro beirando o outubro que se achegava reparei o céu e vi mais de uma lua e elas clareavam o chão com a mesma intensidade. No meu céu cabe uma lua dupla e ambas são verdadeiras. Melhor guardá-las só pra mim, acreditar na verdade das duas luas e esconder de todos que as vi para que não digam que estou aluado. Duplamente aluado.

Xico Bizerra

VISÃO SOCRÁTICA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Sócrates, pai da filosofia ocidental, pensava o seguinte: "Entre os mais felizes, estão os que carecem de menos coisas".

Eu sempre fui socrático e não sabia.

Sinceramente, certas pessoas deveriam ter vergonha de ostentar o absurdo de patrimônio que possuem, quando muitos não têm onde cair vivos.

Internalizei que essa desigualdade é que traz tanta miséria ao Mundo.

Socraticamente, sempre achei, e acho, que o ideal é ter, de preferência, um emprego, pegar, ao final de cada mês, um dinheirinho que pague as contas e os nossos pequenos prazeres.

Quando constituí família, sempre, carreguei na carteira uma listinha de compromissos mensais, cumpridos rigorosamente.

Iniciativa para  empreendedorismo nunca fez parte da minha agenda

Ainda aguentei (não sei como) ser dono de uma equipe esportiva de rádio.

A preocupação com a responsabilidade de pagar salários, a pesada carga de impostos, as obrigações sociais, todo final de mês, e o vai e vem da publicidade, me fizeram entender que a empreitada de ser patrão não era negócio para mim.

O bar, que mantive durante um ano, foi uma iniciativa que visou apenas reunir amigos.

Dei um basta nessas iniciativas, em nome de mais sossego na vida.

O pequeno patrimônio material adquirido já distribuí entre os filhos.

Pensei: um lugar para não dormir na chuva, um carro usado para circular e o dinheirinho para a ração é tudo que preciso para viver.

Adicionando-se a isso manter a família por perto.

Mais socrático, impossível.

domingo, 15 de maio de 2022

240 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.

A noite que transformaram dona Bárbara de Alencar numa "anã" -- por Armando Lopes Rafael


Na noite de 21 de junho de 2016, Data do Município de Crato, o prefeito Ronaldo Gomes de Matos “O Fenômeno”, inaugura um “monumento” no calçadão da Praça da Sé. Criticada por ser uma cidade “pobre de monumentos”, a Cidade de Frei Carlos recebia um “busto” de Bárbara de Alencar, uma figura emblemática no episódio que se convencionou chamar de “desdobramento da Revolução Pernambucana de 1817 na cidade de Crato”.
Tratava-se, na verdade de um simulacro de monumento. Uma anã, colocada rente ao chão, simbolizada a heroína dos cratenses. Sinceramente, dona Bárbara merecia ser homenageada com um monumento à altura da sua memória.
Sobre esse “busto” assim foi noticiado no Blog Plim-plim do Cariri, mantido pelo Sr. André Lacerda:
     “Inaugurado o busto da heroína Bárbara de Alencar no município do Crato, parece brincadeira, ou alguma criança brincando de argila, me desculpe o artista, mas até agora eu fico imaginando de quem foi a brilhante ideia, se a guerreira estivesse viva, era capaz dela ter um enfarte fulminante, já não bastasse a cara torta e mal feita da santa”. (SIC)
 Passados quase dois anos da introdução daquela “aberração” ainda não se viu um protesto à altura contra aquela coisa horrorosa, capaz de motivar a retirada da “anãzinha” que fere os foros da memória histórica de Crato. Triste! 

Sobre a  Revolução Pernambucana de 1817 em Crato:  mito e realidade
     A participação de Crato na Revolução Pernambucana de 1817 tem sido o episódio histórico desta cidade mais exaltado, nos últimos pós–proclamação da República. Costuma-se dizer que a história é sempre escrita pelos vencedores. Os revolucionários republicanos de 1817 – derrotados pela contrarrevolução do monarquista cratense Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro – passaram a ser exaltados como heróis, após o golpe militar que impôs a forma de governo republicana no Brasil, em 15 de novembro de 1889. Os feitos desses republicanos de 1817, no Cariri cearense, são divulgados em proporções maiores que os reais, tanto nos meios de comunicação, como por parte de alguns historiadores. Do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro pouco se fala. Quando se escreve sobre o efêmero movimento que foi a Revolução Pernambucana de 1817, em terras do Cariri cearense, omite-se a decisiva participação do Brigadeiro Leandro, ao debelar aquela revolta. Omite-se, também, a coragem pessoal e cívica de Leandro Bezerra Monteiro naquele episódio.

   Aliás, o historiador cratense J. de Figueiredo Filho, apesar de simpático às ideias republicanas foi veraz ao escrever: “Muito se tem discutido em torno da Revolução de 1817, na Vila Real do Crato. Foi movimento efêmero, que durou apenas oito dias. Ocorreu a 3 de maio de 1817, em consonância com a revolução que eclodiu em Pernambuco. Foi abafada, quase ingloriamente, a 11 do mesmo mês. É verdade que a vila bisonha de então não estava suficientemente preparada para a rebelião que, para rebentar, em Recife, necessitara da assimilação de muitas páginas de literatura revolucionária, da luta entre brasileiros e portugueses, em gestação desde a guerra holandesa e do preparo meticuloso, em dezenas de sociedades secretas, além de fatores econômicos múltiplos”. (01)

   Passados 200 anos daquele episódio e analisando de forma objetiva vários escritos e opiniões dos pesquisadores regionais chegamos à conclusão de que o que ocorreu no Cariri, em 1817, não foi uma simples disputa entre clãs familiares, como alguns historiadores escreveram no passado. Tratou-se, na verdade, de um confronto de ideias. De um lado, o proselitismo e ações concretas em favor dos ideais revolucionários e republicanos, feitos por membros da ilustre família Alencar, um dos clãs mais importantes do Sul do Ceará. O povo não apoiou os Alencares, que lutaram para impor uma ideologia estranha à mentalidade da sociedade caririense de então. Do outro lado, opondo-se a essas ideias republicanas, esteve Leandro Bezerra Monteiro, um homem dotado de profundas e arraigadas convicções católicas e monarquistas. 

   Relembre-se, por oportuno, que a fidelidade à Monarquia, por parte de Leandro Bezerra Monteiro e seu clã, motivou a concessão – partida do Imperador Dom Pedro I – da honraria ao ilustre cratense do primeiro generalato honorário do Exército brasileiro. Àquela época, embora em desuso, o posto de brigadeiro correspondia – na escala hierárquica do Exército Imperial – à patente de general.
    No mais, outro historiador cratense, José Denizard Macedo de Alcântara fez interessante análise sobre a mentalidade vigente na população do Cariri, à época da Revolução Pernambucana de 1817.  A conferir:
    “Um bom entendimento dos fatos exige que se considere a realidade histórica, sem paixões nem preconceitos. Ora, dentre os dados da evolução histórica brasileira há que se ter em conta o seguinte:
a)    a sociedade brasileira plasmou-se, em mais de três séculos, à sombra da monarquia absoluta, com todo o seu cortejo de princípios, hábitos, usos e costumes, não sendo fácil remover das populações esta herança cultural, tão profundamente enraizada no tempo;

b)    daí o apego aos Soberanos, a aversão às manobras revolucionárias que violentavam suas tradições éticas e políticas, os reiterados apelos de manutenção da monarquia absoluta, que aparecem, partidos de Câmaras Municipais – os órgãos públicos mais aproximados das populações – mesmo depois que Pedro I pôs em funcionamento o sistema constitucional de 1826;

c)    o centro de gravidade desta sociedade eminentemente rural era sua aristocracia territorial, única força social de peso na estrutura nacional, repartida em clãs familiares, e profundamente adita ao Rei, de quem recebia posições públicas e milicianas, além de outras benesses, sentimento este que mais se avolumara com a transmigração da Família Real, em 1808, pelo contato mais imediato com a Coroa, bem como pelos benefícios prestados ao Brasil, no Governo do Príncipe Regente;

d)    sendo insignificante a sociedade urbana, era mínima a capacidade de proselitismo da vaga liberal que varria o mundo ocidental, na época, restringindo-se a uma minoria escassa, embora ativa e diligente. (02)

    Donde se conclui que não houve simpatia, nem apoio da sociedade caririense às ideias republicanas da Revolução Pernambucana de 1817, difundidas no Sul do Ceará pelo seminarista José Martiniano de Alencar.

Referências bibliográficas:

(01) FIGUEIREDO FILHO, J. História do Cariri. Vol. I. Edição da Faculdade de Filosofia do Crato, 1964.  p.61
(02) ALCÂNTARA, José Denizard Macedo de. Notas preliminares in Vida do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro. Secretaria da Cultura, Desporto e Promoção Social do Ceará, Fortaleza, 1978. p.26

 (*) Armando Lopes Rafael é historiador. Sócio do Instituto Cultural do Cariri e Membro–Correspondente da Academia de Letras e Artes Mater Salvatoris, de Salvador (BA).
 

239 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


Terremoto no Ceará.

Depois dos terremotos ocorridos no Haiti, o Governo Brasileiro resolveu instalar um sistema de medição e controle de abalos sísmicos, que cobre todo o país. O então recém-criado Centro Sísmico Nacional, poucos dias após entrar em funcionamento, já detectou que haveria um grande terremoto no Nordeste do país.

Assim, enviou um telegrama à Delegacia de Polícia de Icó, uma cidadezinha no interior do Estado do Ceará. Dizia a mensagem: "Urgente. Possível movimento sísmico na zona. Muito perigoso. Richter 7. Epicentro a 3 km da cidade. Tomem medidas e informem resultados com urgência".

Somente uma semana depois, o Centro Sísmico recebeu um telegrama que dizia: "Aqui é da Polícia de Icó. Movimento sísmico totalmente desarticulado. Richter tentou se evadir, mas foi abatido a tiros. Desativamos as zonas e todas as putas estão presas.

Epicentro, Epifânio, Epicleison e os outros três irmãos estão detidos, e serão removidos para penitenciária mais próxima.

 Não respondemos antes porque houve um terremoto da porra "aqui" em ICÓ!

Nunca se iluda - Por Antônio Morais



Nunca se iluda, gente ruim não muda. Você espera que a pessoa amadureça e ela vai lá e apodrece.

Muitos irão gostar de você apenas enquanto puderem te usar, a lealdade termina quando os benefícios acabam. A ingratidão é o preço do favor não merecido.

Nada que eu posto é pessoal, muito menos direcionado a alguém. São simples mensagens, frases, imagens, piadas e brincadeiras, para fazer rir e passar o tempo.

Há tanta falsidade que a vida nos faz acreditar que caminhar sozinho nem sempre é o mal maior.

237 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


O gado descia mansamente no rumo do sertão.
O trovão reboava no nascente como marco incontestável do limite entre a seca que findava e a quadra chuvosa que já se prenunciava.
O gado tinha secado do capim mimoso dos sertões, enfastiado com o capim agreste da chapada do Araripe onde passara toda a seca.
Eram 200, 300 reses tangidas por quatro vaqueiros, meu pai na guia e eu no coice do gado.
A musica dos bois era a nota marcante daquela alegre tarefa. Tudo era alegria!
De repente, no lambedouro do Auto do Mulungá, um touro mestiço do pescoço grosso, cioso da sua liderança naquele rebanho, parou, deu um urro muito forte e retorcia as moitas com os chifres, dando saltos inopinados.Todo o resto do rebanho aproximava-se do touro e o repetia em lânguidos berros cheirando o chão! Todos paramos instintivamente, como autômatos.
O vaqueiro Zé Félix, muito místico, tirou o seu chapéu de couro e o colocou no peito em reverência àquela inusitada cena como igual jamais vi na vida!
Em seguida, o touro mestiço retomou a guia do rebanho e continuou a caminhada. Fomos verificar a causa daquela tocante cena. Era a ossada ainda verde e recente de uma rês que morreu naquela lambedouro onde as reses sempre iam ao cair da tarde em procura do sal da terra para satisfazerem a sua carência de sal. Dali pra frente os aboios diminuíram de intensidade, Esquece-la, jamais e eu tinha 12 anos de idade e era aprendiz de vaqueiro. O tempo inexorável, vai se acumulando sobre mim, mas aquela bucólica cena fica cada vez mais viva na minha saudosa sensibilidade, nunca vi humanos chorarem tão intensamente os seus mortos. A natureza tem os seus mistérios!

O choro do gado - Napoleão Tavares Neves é médico, radicado em Barbalha; escritor e cidadão atuante; Autor de vários livros. Pertence a diversos institutos culturais do Ceará.

O Imperador Dom Pedro II era rico?

Logo de cara a resposta é não. Durante seus 48 anos de reinado, Dom Pedro II recusou a proposta do parlamento para o aumento de seu salário por pelo menos três vezes, dizia que despesa inútil era furto a nação e o que ganhava era o suficiente para manter-se e manter sua família.

   Contudo, o soldo do Imperador não servia apenas para ele próprio: pagava os estudos de brasileiros na Europa e nos Estados Unidos, como foi o caso do compositor de óperas, Carlos Gomes, e o pintor Pedro Américo, entre muitos outros estudantes que eram mantidos pelo Imperador.

    Por três vezes o Imperador viajou para Europa e o parlamento sugeriu que lhe fosse dado uma soma em dinheiro já que seria uma viagem onde o Imperador representaria a nação no exterior (embora ele viajasse como cidadão comum), porém mais uma vez, Dom Pedro II recusou a ajuda em dinheiro.

     Quando do golpe republicano em 1889, enquanto estava a caminho do exílio, o Marechal Deodoro lhe ofereceu cinco contos de réis, que equivalia a 4.500 kg de ouro como compensação, ao que Dom Pedro recusou a oferta e condenou a ação. Morreu pobre e com dificuldades, sua única riqueza era um travesseiro com terras de todos os estados brasileiros.


Fonte: Face do Círculo Monárquico do Cariri

235 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


O padre e as duas malas - Mozart Cardoso de Alencar.

Era um ano de copioso inverno. O Bispo havia transferido o padre de uma paróquia para outra. A saída da cidade tinha que ser feita atravessando obrigatoriamente o leito de um rio, que ao pé do subúrbio, e nesse dia o rio estava cheio, transbordando.

O padre chega a margem do rio e entrega duas malas ao caboclo, dono de uma balsa de paus flutuantes com que explorava o comercio do transporte de pessoas e de cargas para a outra margem. Entrega as malas e vai dizendo: essa mala aqui é da igreja, ela conduz coisas sagradas: O cálice, a âmbula, as hóstias, as galhetas de vinho, paramentos, opas, quadros e estatuetas de santos, tenha todo cuidado com ela. Essa outra é a mala que leva apenas minhas roupas, e meu dinheirinho.

O caboclo lança-se sobre o dorso dos vagalhões das águas barrentas guiando a frágil embarcação. Poucos minutos depois, lá do meio do rio, grita o caboclo: seu Padre, o peso é demais. A balsa vai virar, é preciso empurrar dentro do rio uma das malas, qual é a que eu salvo? Ao que o padre aflito em desespero, respondeu: salve a do dinheiro! E o poeta ironizou:

Salve a mala do dinheiro!
Deixe a do santo afogada!
Com dinheiro eu compro santo!
Com o santo eu não compro nada!.

Curiosidades católicas - Por Antônio Morais.

A Paróquia de Nossa Senhora da Penha foi a segunda criada no Cariri. A primeira foi a Paróquia de Nossa Senhora da Luz, de Missão Velha, que posteriormente mudou a denominação para Paróquia de São José dos Cariris Novos, tendo São José como novo Padroeiro.

Apesar de ter 251 anos de sua criação oficial, a Paróquia de Nossa Senhora da Penha só teve 25 Vigários, hoje chamados Párocos, pois muitos deles tiveram longo paroquiado, principalmente no Brasil Colônia e Brasil Império quando a Igreja era ligada ao Estado e os párocos eram nomeados “Vigários Colados” pelo Rei ou Imperador.

Quem foram os Párocos da atual Catedral de Crato.

01 - Padre Manoel Teixeira de Morais.

02 - Padre Antônio Lopes de Macêdo Júnior.

03 - Padre Antônio Teixeira de Araújo.

04 - Padre Antônio Leite de Oliveira.

05 - Padre Miguel Carlos da Silva Saldanha.

06 - Padre Miguel Felipe Gonçalves.

07 - Padre Pedro Antunes de Alencar Rodovalho.

08 - Padre Joaquim Ferreira Lima.

09 - Padre João Marrocos Teles.

10 - Padre Manoel Joaquim Aires do Nascimento.

11 - Padre Antônio Fernandes da Silva Távora.

12 - Padre Antônio Alexandrino de Alencar.

13 - Padre Quintino Rodrigues de Oliveira Silva, depois nomeado Bispo de Crato.

14 - Padre Pedro Esmeraldo da Silva.

15 - Padre Joviniano Barreto.

16 - Padre Plácido Alves de Oliveira.

17 - Padre Francisco de Assis Feitosa.

18 - Padre Luiz Antônio dos Santos.

19 - Padre Rubens Gondim Lóssio.

20 - Padre João Bosco Cartaxo Esmeraldo.

21 - Padre José Honor de Brito Filho.

22 - Padre frei Joaquim Dalmir Pinheiro de Almeida.

23 - Padre José Josias Gomes de Araújo.

24 - Padre Francisco Edimilson Neves Ferreira.

25 - Padre José Vicente Pinto de Alencar da Silva.

Texto do Armando Lopes Rafael.

234 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


Veja a natureza: Após uma grande tempestade o céu se torna mais claro, o ar se torna mais leve, as folhas ficam mais verdes e cheias de vida.

Ás vezes ficam alguns destroços, porém nada que não possa ser reconstruído depois de uma forma mais firme e segura.

Todos os reveses e dissabores que passamos na vida têm o grande poder de nos transformar. Após a ”tempestade” em nossas vidas se soubermos tirar proveito das lições nos tornaremos mais fortes e confiantes.

Se você estiver passando por um desses momentos em sua vida não se revolte nem queira enfrentar a tempestade com ira.

Acalme-se e espere confiando que Deus nosso Pai está ao nosso lado nos amparando e nos dando a força que necessitamos para passarmos por aquelas dificuldades. Não percamos a fé e a esperança pois nada acontece por acaso.

Em tudo há uma razão.

Procuremos tirar um aprendizado de tudo não esquecendo que após a tempestade um novo ciclo se inicia sendo que estaremos mais lúcidos e conscientes para seguirmos a nossa jornada rumo à paz que buscamos e que certamente encontraremos um dia na eternidade!

233 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.

Os festejos dedicados a Nossa Senhora da Penha – Imperatriz e Padroeira de Crato – são realizados há 251 anos. E se constituem na mais tradicional e longeva manifestação religiosa popular feita nesta cidade. A mais antiga referência a esta festa data de 1838, e foi feita por George Gardner, naturalista, botânico memorialista, intelectual, pesquisador, escritor, ensaísta e cientista escocês, que esteve em Crato naquele recuado ano.

Autor do livro “Viagem ao Interior do Brasil”, publicado em Londres em 1846 (e somente traduzido para o português e editado no Brasil quase cem anos depois) George Gardner descreveu – no livro citado – a festa da Padroeira de Crato, da qual destacamos o seguinte trecho:

“Durante minha estadia em Crato foi celebrada a festa de N. Senhora da Conceição, (Gardner equivocou-se quanto à invocação da Virgem Maria patrona da Cidade de Frei Carlos, pois o certo é Nossa Senhora da Penha) precedida de nove dias de divertimentos, cujas despesas correm por conta de pessoas designadas para conduzi-los; enquanto durou a novena, como é chamada, os poucos soldados que havia na vila não cessaram quase, dia e noite, de dar tiros e as procissões, iluminações, girândolas de foguetes e salvas, com um pequeno canhão em frente da igreja, trouxeram ao lugar um constante alvoroço”.


Uma das muitas histórias desta festa.
A crônica histórica de Crato guarda ainda o registro de que o primeiro Intendente deste Município, após o advento da República – cargo que hoje corresponde ao de Prefeito – o cidadão José Gonçalves da Silva, durante 29 anos seguidos (de 1900 a 1929) foi o coordenador da Festa de Nossa Senhora da Penha. Consta que estando uma vez no Rio de Janeiro, ao embarcar no navio que o traria de volta ao Ceará o Sr. José Gonçalves da Silva, homem de pequena estatura, caiu no mar e na hora da aflição pediu o auxílio de Nossa Senhora da Penha para não morrer afogado.

Retirado das águas fez um voto de assumir a coordenação da festa da Padroeira de Crato, o que cumpriu até sua morte, ocorrida em 4 de julho de 1930. O certo é que, em quase dois séculos e meio de realização, os festejos a Nossa Senhora da Penha, têm importância não só na tradição religiosa desta cidade, mas servem como instrumento de socialização e divulgação da capacidade empreendedora e artística da sociedade cratense. Basta lembrar que a cada 22 de agosto, véspera do início do novenário em louvor à Virgem da Penha, que coincide com o Dia do Folclore, dezenas de grupos da tradição popular se encontram na Praça da Sé para homenagearem sua padroeira.

Armando  Lopes Rafael.

232 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


Nossa homenagem aos historiadores e atores pelo seu dia! Foto do Grupo Teatral de Amadores Cratenses, fundado em 1942.

Identificação :

Waldemar Garcia.
Icléia Teixeira.
Salviano Saraiva.
João Ramos.
Taís Linhares.
Joaquim Felipe.
Carlos Pedro.
Amarílio Carvalho.
Ribamar Cortez.

Colaboração do Dr. José Bitu Cortez.

sábado, 14 de maio de 2022

Padre Cícero, um Bezerra de Menezes

  Abaixo, postagem antiga feita em  de outubro de 2013, pelo historiador Daniel Walker (in memoriam) no Blog Portal de Juazeiro:

Padre Cícero, um Bezerra de Menezes 


   Alguns ancestrais do Pe. Cícero pertenciam à Família Bezerra de Menezes. Quem lê estudos mais aprofundados sobre a biografia de Cícero Romão Baptista, o padre secular que revolucionou a Povoação do Joazeiro, entre 11 de abril de 1872 - quando chega na povoação para residir, na companhia de sua família (a mãe Joaquina Vicência – chamada Dona Quinô, duas irmãs – Mariquinha e Angélica, e uma escrava, Terezinha) e 20 de julho de 1934, quando falece - deve ter encontrado alguns destes registros. As suas tetravó e trisavó paternas, respectivamente, Petronila Bezerra de Menezes e Ana Maria Bezerra de Menezes, filha de Petronila, eram relacionadas por genealogistas como oriundas da contribuição étnica da família, dos troncos existentes entre velhos povoadores da Bahia, de Pernambuco e de Sergipe, especialmente. Contudo, as ressalvas eram feitas, admitindo-se que eventualmente fossem estes ancestrais consanguíneos.

   Levantamentos mais recentes mostram de forma inequívoca, as relações familiares destes avoengos com as mesmas heranças espanholas e portuguesas já referidas para a ancestralidade do Brigadeiro Lndro Bezerra Monteiro. O nono filho do casal Bento Rodrigues Bezerra e Petronilla Velho de Menezes, se não teve uma grande importância no povoamento do Cariri, menor não é o significado de sua descendência, especialmente, para Juazeiro do Norte, pois representou o berço do patriarca da extensa Nação Romeira, o reverendíssimo padre Cícero Romão Baptista . Assim:
1. João Bezerra de Menezes matrimoniou-se com Maria Gomes, e foram os pais de:
2. Petronila Bezerra de Menezes que casou com o Cap. João Carneiro de Morais, e geraram:
3. Ana Maria Bezerra de Menezes, que desposou o Cap. Francisco Gomes de Melo, pais de:
4. José Gomes de Melo, capitão, de cujo enlace com Ana de Farias, tornaram-se pais de:
5. Vicência Gomes de Melo, que uma vez casada com José Ferreira Castão, foram os pais de:
6. Joaquina Vicência Romana (ou Joaquina Ferreira Castão – Dona Quinô), de cujo casamento com Joaquim Romão Baptista Mirabeau, foram os pais de:
7. Padre Cícero Romão Baptista.

   Por conseguinte, o Pe. Cícero Romão Baptista é um Bezerra de Menezes. Neste caso, sem nenhuma dúvida, este parentesco com os povoadores do Sítio Joazeiro se verifica bilateralmente, pelos lados materno e paterno. (Daniel Walker e Renato Casimiro)  

Postado por Daniel Walker às 15:02

231 - O Crato de Antigamente - Postagem do Antônio Morais.


Benevenuto e Jorvina moravam numa casinha de taipa no sitio Umburana, em Crato. Raimundo, seu filho mais velho se apaixonou por uma danada, acesa, que foi não foi, aparecia com um namorado novo, fato aquela época, pouco recomendado para uma moça prendada. 

O pai chamou o filho em particular e começou a aconselhar fazendo ver que  aquela cabrocha não era a nora que ele desejava. Benevenuto mostrava os defeitos e Raimundo apresentava uma solução em cima da bucha. Meu filho, essa moça é muita falada, muito acesa. Pai pode ser que eu apague o fogo dela. 
Foram a cima, foram a baixo, dona Jorvina que escutava a arenga se zangou, entrou na conversa e foi na ferida, bem onde o preconceito, à época, era motivo de condenação e morte: A falta do selo  de garantia, a virgindade. 

Meu filho, pelo bem de "Nossa Senhora Protetora dos Traídos", essa moça não serve para casar com você, ela  já é "furada"!
Raimundo coçou o cangote, balançou a cabeça e fechou a prosa dizendo: Mãe, que besteira é essa, eu quero num é pra carregar água não.

230 - O Crato de antigamento - Por Antônio Morais.


Texto do Dr. José Flávio Vieira.

Em bons tempos, tinha sido um considerável garanhão, desses de causar sensação no rebanho. Mas o tempo fora passando com sua inexorabilidade e, a lei da gravidade, por fim, venceu. Tentara tudo: afrodisíacos, simpatias, promessas, macumba, mas o que caíra por terra não mais dava sinais de querer alçar vôo. Buscou, por último, mentir como os colegas que carregavam também sete décadas nos costados, mas terminara por se resignar, porque ninguém já mais acreditava nas peripécias sexuais que inventava, capazes de fazer inveja a um Don Juan ou a Giacomo Casanova. Semana passada, porém, estava numa bodega vizinho a sua casa, lá na Ponta da Serra, quando viu a promissora novidade pela televisão: já se estava vendendo na Farmácia a felicidade de botica, a alegria de velho, a ressurreição dos mortos: um tal de Viagra.

“Bobina” - assim o chamavam os amigos dando uma idéia de como aquela sua parte nobre se encontrava enrolada - pôs a melhor roupa, deu uma desculpa qualquer à mulher- mas já a olhando com um sorriso maroto - e pegou a “sopa” para o Crato, nervoso como se buscasse seu paraíso perdido , o Shan-gri-lá , ou sua terra prometida. Desceu na Praça Francisco Sá, tremendo como um adolescente que pela primeira vez adentra um bordel. Passou diante de algumas farmácias - tão abundantes na cidade, como a doença em seu povo - e saiu procurando pacientemente, como quem toma chegada para matar passarinho.

Finalmente, criou coragem e, escolhendo uma menos movimentada, entrou, procurou o balconista mais velho e sussurrou-lhe, nervoso, alguma coisa inaudível. Como o despachante o interrogasse sobre o que queria, disse que precisava de alguma coisa para o “palpite”. Não tendo o comerciante entendido o seu pedido, informou ao cliente que a Casa Lotérica era na outra esquina. “Bobina”se impacientou, teve vontade de desistir, mas a causa era nobre e, novamente, solicitou, agora com mais clareza: “Quero aquele remédio que faz velho virar moço, já tem aqui?”

Finalmente foi entendido e o moço, solícito e misterioso, lhe trouxe a maravilha do século, com o sigilo e o cuidado de quem transporta nitroglicerina. “Bobina” pagou satisfeito e saiu, guardando, rápido, o embrulho no bolso, como se temendo o SNI ou a Polícia Federal. Tomou o ônibus de volta, como um noivo que parte para noite de núpcias. Antes de perpetrar a segunda lua-de-mel, no entanto, preferiu comemorar a descoberta da fonte da juventude, no primeiro botequim que avistou no retorno a Ponta-da-Serra.

Tomou um pifão sensacional. O relato sobre o que aconteceu após o álcool, tivemos dos seus inseparáveis colegas. Voltou bêbado cambaleando para casa e, antes de entrar, ingeriu os quatro comprimidos azuis e mágicos, de uma só vez. Aí se deu a tragédia. Segundo os amigos , ele saiu “dispinguelado”: “ofendeu” três cabras e um pai de chiqueiro que estavam no terreiro, furou a jarra d’água da cozinha, tentou estuprar o papagaio que olhava desconfiado e temeroso da sua caqueira e só parou quando levou o maior coice do jumento de lote, quando assediava a jumenta na manga, a tratando intimamente por Carla Perez.

Quando pergunto como ele está agora, os colegas de bar fecham a conversa sorridentes: “Meu Senhor, foi Quilowatt demais na instalação e a Bobina pifou....”