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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 3 de abril de 2024

199 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


“Madame” Glorinha, a quinta em pé da esquerda para direita. São João do Cabaré da Glorinha em 1959. Não pense que era só de damas, os homens do Crajubar não se permitiam ser fotografados.

Mas, eu peço permissão ao leitor para contar a história de José das Meninas, assim chamado porque seus nove filhos eram mulheres. José das Meninas – casado com Dona Hortência – católico fervoroso, e devoto de São Raimundo Nonato.

Vivia do trabalho pesado na roça e da criação de pequenos animais. Quando "Das Dores", a filha mais velha, foi a um passeio em Crato, hospedou-se no Cabaré da Glorinha. Gostou do lugar. E melhorou seu padrão vida.

Sabendo das dificuldades das irmãs, que haviam ficado em Várzea-Alegre, mandou buscá-las, uma por uma, sempre que a idade permitia para lhe adjutorar nas labutas do empreendimento. A atividade prosperou, deu bons lucros. Mas, o pai era insatisfeito com as informações recebidas dando conta do oficio e funcionalidade das filhas.

Um dia, Das Dores, já rebatizada de "Santinha" resolveu ir à Várzea-Alegre para visitar os pais. Quando tomou chegada, o velho pai não deu nenhuma atenção. Com a mãe foi a mesma coisa.

Então, ela resolveu se queixar: Não vejo vocês há 10 anos, vi visitá-los e sou recebida com esse desprezo e essa indiferença? Eu trouxe até uma ajuda para vocês, mas, já que é assim vou voltar. Minhas irmãs mandaram 10 mil para o senhor, mas, diante de tamanha desconsideração vou devolver o numerário para elas, e, nunca mais boto os meus pés aqui...

O velho, já bem mais calmo, coçou a cabeça, pensou, pensou mais um pouco e perguntou: Minha filha, "que mal pregunte": qual é mesmo a profissão de vocês por lá?

Das Dores, braba como um siri na lata, respondeu a todo pulmão: "Prostituta".

Então, o velho já manso disse: Minha filha, "me adiscurpe", eu pensava que era "protestante". Se acomode, vá tomar um banho na cacimba, durma um bocadin para descansar da viagem, que a sua mãe vai abater um capão cevado para o almoço.

E arrematou: Tá vendo Hortência? conversando é que se entende, "as bichinhas nem têm curpa". Tudo é fuxico desse povo invejoso do Sanharol.


5 comentários:

  1. Respostas
    1. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkmkkkkkkkkk né não ?!

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  2. Postagem feita com humor, estilo agradável e claro. Não deixa de ser uma face da sociedade cratense de décadas atrás.

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  3. Unknown - Eu gostaria de me dirigir a um não anônimo, mas, faço assim mesmo. Eu nunca me ausentei do Ceará. Uma ou duas vezes ao Recife ou Natal para ver o Santos jogar. Mas, na década de 70 do século passado fui a São Paulo assistir a inauguração da Agência do Bic situada na rua da Quitanda 77, a primeira fora do Ceará. Maluf era o governador do estado e estava presente, inclusive o prédio da agência pertencia a ele.

    Quando ele se dirigiu a uma turma perguntou por cada um. Quando eu disse que era do Crato ele falou : Terra da Glorinha. Veja só a importância da mulher.

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  4. Ô povo fuxiqueiro e sem noção kkkkkkk

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