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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 26 de abril de 2024

Engenho Lagoa Encantada - Por Bernadete Muniz.

Dr. Joaquim Fernandes Teles.

Estou aqui para pedir permissão para Compartilhar essas fotos da : Casa Grande e do Engenho da "Lagoa Encantada". Pois aí estão minhas raízes, a história de toda a minha família paterna, desde os meus tataravós. 

O meu Papai : Fideles Muniz do Nascimento foi um dos administradores da "LAGOA ENCANTADA", ele e o dono das terras naquela época, DR. Hermano Monteiro Teles. 


Fideles Muniz do Nascimento.

Eu nasci naquela Casa de Taípa, na entrada do terreno, perto da Cancela principal que dava acesso ao engenho, era um casinha pequenina, mas segundo o papai era tão bem feita, que todos achavam que era construída de tijolos, ele e o Dr. Hermano, diziam que queriam que a casa ficasse um brinco, pois ali iria residir o casal de amigos que seriam os chefes do engenho. 

Realmente, a casa ficou na história, pois os moradores diziam que alisaram tanto o barro, que ficaria mais segura que casa de tijolos, pois como era para seu FIDELIS, homem muito querido pelos moradores do local, que trabalharam com grande esmero. Pois é, casa pronta e seu Fideles, lá foi residir, com o tempo nasceu a primeira filha, Telma que a esposa do Dr. Hermano, foi logo dizendo, ela será a nossa primeira afilhada e, assim, além de grandes amigos tornaram-se compadres também. 

Tudo era uma maravilha, então veio a segunda filha, Salete e, com mais algum tempo veio a terceira, essa que vos fala, eu, Bernadete, só que quando os donos do engenho chegaram para me conhecer, disseram aos meus Pais, agora a Família aumentou e, vocês irão morar na Casa Grande. 

O meu papai entre assustado e feliz, disse, não compadre, aquela casa é de sua família, agradeço muito, mas continuaremos aqui, foi então que Dr. Hermano disse e, nós somos uma família só. 

Para o meu pai, que já considerava e tinha imenso respeito pela família Teles, foi um momento emocionante, quando passamos a residir na Casa Grande, os finais de semana, eram um festa, quando se reuniam as duas famílias, nunca, nunca houve a menor diferença no tratamento para conosco, todos éramos iguais. Engraçado né? 

Quando chegou a época para estudar, o meu pai disse e agora comprade como vou fazer para minhas filhas iniciar os estudos e, ele prontamente respondeu, Telma e Salete vão ser colegas dos meus filhos lá no Ginásio São PIO X. 

O papai disse, mas eu não tenho condições para arcar com as despesas, mas o Dr. Hermano disse, isso é comigo, providencie os documentos e leve-as até o colégio para fazer a matrícula. 

Só que a Bernadete, não gostou nada de ficar em casa sozinha, então disse ao pai e ao doutor, eu já sei Ler e escrever, quero estudar lá também, como os dois já conheciam bem a galêga deles quando queria algo, não pensaram duas vezes, arrume as coisinhas dela Rosinha, é o jeito, assim fui ser colega de Eurico Teles, o filho mais novo de Dr. Hermano.

Deus, quantas lembranças maravilhosas daquela época, onde o meu pai plantou as melhores safras de Cana de Açúcar, Arroz, Feijão e Milho, além de fazer a melhor cachaça da região. 

O nome de Lagoa Encantada, deu-se por causa de uma "Poça de Água" que tinha perto do engenho e diziam que ela era "ENCANTADA", eu nunca acreditei muito nessa história, pois sempre brincávamos perto e nunca vi nenhum príncipe e muito menos um sapo dourado por lá. 

Agora foi uma infância dourada que nós vivemos ali. Isso sim, é uma grande verdade.

Eu sou a menina loura, nascida na Lagoa Encantada, no dia 02 de Novembro, dia de finados, nasci sozinha, pois quando minha mãe disse, vai buscar Dona CEICINHA, só deu tempo meu Pai chegar na Cancela da Casa de Taípa e, minha MÃE me de à Luz, naquele quartinho só nós duas. 

Serei eternamente grata aos meus queridos pais, ao Dr. Hermano Teles e a Dona Euricinha sua esposa. 

OH! TEMPO BOM !

Quereres - Postagem do Antônio Morais.

 


Tanta coisa tenho ignorado.

Tanta meta já não mais almejo.

Tanta gente que deixei de lado,

E outras tantas que há tempo não vejo.


Tantas coisas que eu corria atrás,

Que queria e já não quero mais,

Que não tive, mas que tanto faz,

Pois ter paz é tudo que desejo.

Jenário de Fátima.


Em defesa do Anel de Tucum - Postagem de André Luis Bezerra.

Sem muitos rodeios, como o título deste texto bem sugere, farei aqui uma defesa do simples e singelo Anel de Tucum, que mesmo sendo algo tão simples, carrega sobre si muitas controvérsias. 

Antes de mais nada, quero aqui sublinhar a estranheza que brota da necessidade de se defender um anel. Afinal de contas nunca li nenhum texto sequer que defendesse um anel, brinco ou pulseira, por exemplo. 

Mas, como bem recorda o ditado popular: para bom entendedor meia palavra basta, a defesa aqui não é puramente do símbolo, mas do seu significado, expresso por ele, seu significante.

Obviamente, se algo precisa de defesa é porque foi ou está sendo atacado. Este é o caso do Anel de Tucum. Durante muitos anos vi este símbolo, e mais ainda o seu significado, com muita desconfiança e estranheza. 

Apesar de tê-lo usado em um breve tempo da minha juventude, nos primeiros anos de caminhada pastoral na igreja, à época não compreendia muito bem o seu significado. Todavia, entre uns e outros cliques na internet, deparei-me com diversas pessoas que alertavam acerca do “perigo” do uso deste anel. Assustei-me e depressa retirei-o do meu dedo anelar.

Dentre os estrondosos alertas feitos por estes “arautos da verdade” nas redes sociais sobre o suspeito anel estava o de que aqueles que o usam são adeptos de uma teologia perigosa. Chamada por alguns de “pior heresia de todos os tempos”, a Teologia da Libertação era apontada como o grande mal por trás do uso deste “anel preto”, como denominavam, com desprezo, o pequeno artefato.

Outro argumento que, pelo que me lembro, escutei pela primeira vez vindo da boca de um colega seminarista, era de que aquele anel, além de representar uma corrupção da fé, era também usado por membros da comunidade LGBT e que, por isso, deveria ser totalmente evitado por indicar também uma profunda corrupção da moral e dos bons costumes. 

Recordando este argumento, enquanto escrevo este texto, é impossível não me recordar de Dona Dorotéia ou de Perpétua, personagens de Jorge Amado.

Deixando de lado estas recordações, e detendo-me em episódios mais recentes que me levaram a escrever esta reflexão. Li em uma postagem no Instagram, carregada de um pesado tom apocalíptico, que afirmava a urgente necessidade de se abandonar o uso deste anel por parte dos franciscanos, que eram o público alvo daquele alerta. 

Num dos comentários desta postagem um jovem rapaz católico se lamentava: “Quem dera fossem apenas os franciscanos a usarem isso!”. Na mesma semana, ouvi um colega de seminário recriminando outro pelo uso do anel, dizendo: “Se eu fosse o seu bispo, não o ordenaria enquanto não retirasse esse anel!” Ouvi isso e em silêncio me mantive. Mas apenas um silêncio exterior, pois na mente refleti muito sobre o porquê de tanta querela em torno deste anel. 

Perguntei-me: se a origem deste anel remontasse a um dos rincões europeus, ele sofreria tal desprezo?

Mas, apesar desta ou daquela campanha contrária a seu uso, o Anel de Tucum, como sabemos, tem uma origem muito mais antiga do que os seus detratores comumente imaginam. Este anel, feito da semente do tucum, uma palmeira muito comum na região amazônica, tem suas origens ainda no Brasil Império. 

Este anel era utilizado por indígenas e negros escravizados para simbolizar seus pactos matrimoniais, sinais de amizade e de associação, já que não podiam ostentar anéis feitos de metais preciosos como faziam os seus senhores. 

Acontece que, décadas depois, o uso deste anel foi adotado por muitos cristãos que, sabendo desta história, passaram a utilizá-lo como símbolo de compromisso com a causa indígena e com a causa dos mais pobres e desfavorecidos. 

O Anel de Tucum foi amplamente difundido entre líderes religiosos católicos. Muitos padres, religiosos e religiosas passaram a usá-lo com este significado. Apesar de membros de outras denominações cristãs também terem adotado o uso deste anel, a sua maior adesão se deu no seio da Igreja católica, principalmente durante a segunda metade do século XX, quando a Igreja católica respirava os novos ares trazidos pela janela aberta do Concílio Vaticano II. 

Neste mesmo período histórico se demarca o nascimento da famigerada Teologia da Libertação, sobre a qual não nos aprofundaremos, haja vista não ser esse o objetivo desta reflexão. O importante é que muitos daqueles que seguiam as novas perspectivas teológicas, pastorais e sociais propostas pela Teologia da Libertação adotaram também o uso do tal anel preto. 

Certamente, devido a este fato histórico, é que o anel se tornou sinal daqueles que procuravam reformar a Igreja segundo novos moldes, sejam os propostos pelo Concílio Vaticano II, sejam os pregados por esta ou por aquela Teologia da Libertação, com todos os acertos e erros, virtudes e exageros que todos sabemos que existiram. Façamos, pois, diante de tudo isto, algumas considerações sobre o uso do Anel de Tucum. 

Em obediência à verdade, que me leva à justiça, inicio apresentando alguns dos principais argumentos contrários ao uso do anel. Elencarei novamente aquelas alegações que escuto com mais frequência. O primeiro e principal argumento de todos é o de que aqueles que usam o anel se demonstram adeptos da Teologia da Libertação, que segundo eles é uma heresia perigosa, inclusive já condenada pela Igreja. Outra razão por eles apresentada é de que o seu uso é indevido pelo fato de o anel também ser usado pela comunidade LGBT, como uma espécie de sinal de identificação desta ou daquela preferência sexual ou de identidade de gênero.

Por outro lado, apresento também os argumentos favoráveis ao uso deste anel, alegado principalmente por aqueles cristãos que fazem o seu uso ou que simpatizam com aqueles valores significados por ele. 

O primeiro deles é o de que o Anel de Tucum é símbolo de uma vida de simplicidade evangélica, onde a riqueza de um anel de ouro ou de prata é substituída pelo uso de uma aliança de valor irrisório; para outros, o Anel de Tucum serve como uma espécie de lembrete àqueles que o usam de sua opção preferencial pelos pobres, principalmente na sua luta por uma Igreja mais pobre e servidora. 

Assim, diante dos argumentos apresentados de ambas as partes, faço as minhas considerações, o meu juízo. Dizer que o simples uso de um anel significa, de imediato, a pertença a uma corrente teológica específica, demonstra o uso de um julgamento apressado e irresponsável sobre uma pessoa em toda a sua complexidade. 

Outro problema naqueles acusadores é a sua profunda ignorância a respeito da Teologia da Libertação, a qual condenam sem o mínimo conhecimento teológico, baseados, pelo menos em sua maioria, em manchetes que ostentam a condenação da então Congregação para a Doutrina da Fé a uma Teologia da Libertação de cunho marxista, apenas. 

Consequência da pouca ou nenhuma leitura de Gustavo Gutiérrez, Comblim, Leonardo e Clodovis Boff, etc. 

Inclusive pouca leitura dos escritos do cardeal Gerhard Müller, que escreveu com Gutiérrez algumas obras, dentre elas: “Ao lado dos pobres: Teologia da Libertação”, publicada pela editora Paulinas.  

Muitos (digo por aquilo que constato na maioria dos discursos que ouço contrários à Teologia da Libertação) sequer se deram ao trabalho de ler, direto da fonte, um único texto que exponha este ou aquele tipo de Teologia da Libertação, a partir dos próprios autores. 

Contentam-se com comentários esdrúxulos e irresponsáveis, cuja profundidade é análoga a de um pires. 

Outra acusação falaciosa, e muitas vezes marcada de hipocrisia, é a de que o seu uso deve ser evitado para evitar uma espécie de proximidade estética com os LGBTs. Repito: faço estas considerações a partir da minha experiência com os detratores do Anel de Tucum. Muitos, para não dizer muitíssimos, daqueles que usam este argumento à la Dorotéia, ou mesmo, à la Perpétua, para não dizer, à la fariseus, caem em grande hipocrisia. 

Tenho observado que muitos dos que criticam o anel pela sua adoção por parte da comunidade LGBT, são os mesmos que frequentemente adotam diversos costumes, trejeitos e gírias da mesma comunidade. Enquanto criticam os usuários do Anel de Tucum por se assemelharem aos LGBTs, estes mesmos pregadores da moral e dos bons costumes tratam-se entre si por pronomes femininos ao mesmo tempo em que conhecem e utilizam todo o vocabulário das gírias do mundo gay. Como já disse: caem em grande hipocrisia.

Contudo, não são todos que cometem este último deslize. Para estes eu argumento: se um símbolo usado por determinado grupo considerado imoral ou herético pela boa e sã doutrina católica passar a gozar da mesma reprovação daqueles que dele fazem uso, devemos então começar a condenar com mesma ênfase os paramentos advindos do paganismo romano, as batinas usadas por corruptos e pedófilos, as manifestações de piedade popular originadas na superstição, as formas de organização eclesiástica absorvidas das cortes medievais, por exemplo. Tudo isso sem falar no apoio a políticos ditos conservadores, cujas forças políticas residem sobre base maçônica e/ou liberal. 

Um símbolo não pode ser acorrentado perpetuamente a um significado! Exemplo maior disso é a Cruz, que de sinal de maldição, foi ressignificado e tornou-se sinal de salvação.

Já tendo me delongado demais, e sem querer tomar ainda mais o tempo do leitor, concluo esta defesa com uma reflexão acerca da importância da unidade da Igreja.

Sendo uma das notas que caracterizam a Igreja verdadeira de Jesus Cristo a unidade é algo que deve ser zelado e preservado com nossos maiores esforços. Por isso pergunto: alguém que divide a Igreja de Jesus entre aqueles que usam e entre aqueles que não usam o Anel de Tucum estão a colaborar com a unidade da Igreja? 

Aqueles que promovem perseguição e/ou ridicularização deste ou daquele devido ao uso de um simples sinal, estão a trilhar o caminho de Jesus, que desejou que todos fossem um (cf. Jo 17, 21)? Estas perguntas ficam para a reflexão. Sem mais delongas, termino dizendo: não há nada mais tradicional do que defender a unidade da Igreja.

A FEIÚRA DO FUTEBOL - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 

Jogo brusco e excessos de cautela.  Marcação com disposições diferentes e o fito de "não deixar jogar".

Um time alijando o outro. Desarme confundido com agressão.

Troca de passes defeituosa e nenhuma solução individual. Faltas, uma atrás da outra.

O futebol mal jogado aborrece e nos incentiva a ver outra coisa.

O pior é a mídia esportiva passar pano para tudo isso.

Foi duro ouvir uma análise dando conta de que um atacante teve bom desempenho porque marcou bem o adversário.

Fica difícil entender que um atacante precisa ser um exímio marcador.

O que dirão os artilheiros?

E a preocupação em jogar é irrelevante? Não rola, inventem outra.

Vamos botar, na conta disso tudo, uma nova mania dos times: "Poupar" craques da equipe em grandes clássicos.

Estamos falando de Palmeiras e Flamengo, mas não é difícil encontrar disputas parecidas.

Quem quiser futebol valendo, mesmo, tem que ir para a televisão.

Na Europa, os campeonatos oferecem espetáculos ao gosto do telespectador.

É só conferir.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

O engenho Lagoa encantada - Postagem do Antonio Morais.

Desde o Séc. XVIII, a região do Cariri teve como uma das principais atividades agrícolas e mercantis, o plantio e o comércio de derivados da cana de açúcar, dado o contexto climático favorável a essa cultura.

A partir do Séc. XIX, ergueram-se na região engenhos gigantescos, com uma capacidade produtiva invejável, adotando as máquinas a vapor como força motriz do processamento da cana, dentre eles, o Lagoa Encantada, localizado em um brejão afamado por um causo de assombração, que pode ser lido clicando aqui.

O Lagoa Encantada foi um dos pioneiros na aplicação de máquinas e implementos agrícolas, e no uso de insumos responsáveis por enriquecer a terra e aumentar a produtividade, uma via oposta a grande maioria dos senhores de engenho do Cariri, conservadores nas práticas agrícolas, e com pouca capacidade de investimento.

Quem passa na estrada da Vila São Bento, de longe consegue avistar sua enorme chaminé. Aos olhos forasteiros, o Lagoa Encantada pode ser confundido com uma indústria abandonada, dada sua arquitetura e estrutura, que mesmo aos frangalhos, ainda impressiona.

Adentrando os limites da propriedade, é possível verificar a existência de casas de taipa e antigos alojamentos de funcionários, alguns ainda em uso. A casa grande, infelizmente, foi demolida já há alguns anos, mas abaixo deixo uma foto feita na década de 1950.

Casa grande do Lagoa Encantada – FONTE: Engenhos de Rapadura do Cariri – J. de Figueiredo Filho

Atualmente dedicado a pecuária, incluindo o manejo de búfalos, o vasto terreno ainda respira ares canavieiros, o visitando consegue com facilidade imaginar aquela vastidão repleta de cana, sendo ceifada e transportada pelos cambiteiros, com suas cantigas, que se complementavam com os homens das fornalhas, tachos e outras estruturas do processo produtivo.

Roberto Junior.

TREINADORES X "ENTENDIDOS" - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 


Daqui a pouco, não haverá no Mundo número suficiente de treinadores para clubes brasileiros.

De uns tempos para cá, a preferência tem sido por orientadores estrangeiros.

Sul-americanos e portugueses lideram folgados as listas dos escolhidos.

A compulsão da cartolagem por dispensa e contratação  atende, também, à uma vasta freguesia na crônica esportiva e nas redes sociais.

Só não vira comentarista esportivo quem não quiser.

Os resultados é que vão ditando o ritmo dos despautérios ditos e ouvidos.

Os treinadores, claro, dão suas contribuições. A mania de ser autoral é a desgraça de muitos deles.

Mas, a luta é desigual para os técnicos. De um lado a falta de maior equilíbrio do gestor. Na outra ponta, a passionalidade do torcedor.

E como se fosse pouco, a multidão de "entendidos" da crônica e redes sociais.

Vai ver não passamos, também, de mais um "entendido".

Como afirmou um desses filósofos que o futebol criou: "Treinador do futebol brasileiro é uma ilha de burrice cercada de inteligência por todos os lados".

"Inteligência", sim.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Se exiba pelo caráter e não pela ausência dele - Por Antonio Morais.

"Não é preciso mostrar beleza aos cegos, nem dizer verdades aos surdos. Basta não mentir para quem te escuta e não decepcionar os olhos de quem te vê.

A decepção não mata, mas faz muito sentimento bom morrer. 

O tempo desmascara as aparências, revela a mentira e expõe o caráter".

Dr. Marchet Callou - Postagem do Antônio Morais.

O Dr. Marchet Callou foi o primeiro dentista do Cariri, aqui chegando em 1937. Era uma extraordinária figura humana: bonachão, poeta de rara sensibilidade, escritor, orador, boêmio no bom sentido,  desapegado das coisas materiais. 

Em todo universo, Marchet Callou fazia uma coisa que somente ele sabia: em vez de colocar inseticida para as formigas do seu jardim, ele colocava açúcar  para alimentá-las. 

Em telefonema para o Padre Agostinho Mascarenhas pediu que, em face da pressa, uma confissão urgente.

Diante do confessor, Marchet Callou  disse para espanto do padre: Eu só tenho um pecado, mas o cometo todo dia: jogo no bicho e nas loterias em geral.

Isso não é pecado, mas uma contravenção penal, vá na capela e reze cinco "Ave Marias" de penitência. Seu pecado está perdoado.

Marchet ao abrir a bíblia encontrou um papelzinho com o numero 31, escrito.

Olhando para esposa Elba Marchet disse : "Um palpite". E, lépido saiu para jogar aliviado  com o perdão do seu confessor.

terça-feira, 23 de abril de 2024

LUGARES - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.


Leio, em uma velha publicação, entrevista com o ator Procópio Ferreira, pai da magnífica Bibi Ferreira.

Por que não mais visitou Paris? Foi uma das perguntas.

Ao que respondeu o grande artista: "Meus amigos não estão mais por lá. E os lugares são as pessoas".

É isso. O lugar é a soma de almas de pessoas que o criaram.

Sem alma, um lugar vira um não lugar.

Como definiu Agualusa: "A alma é uma luz muito pequenina escondida no coração. É o que continuamos a ser depois de ser..."

Passo, às vezes, diante de lugares que frequentei e não ouço nem sussurros, quanto mais vozes. 

Fico, irremediavelmente, melancólico. 

Antes, espaços onde a vida fluia e ninguém atrapalhava. Bagagem volumosa de afetos.

Lugares que abrigaram tanta vida. Ecos de pessoas, vestígios de vidas vividas.

Prazer de viver engolido pelas mudanças do tempo.

O que nos resta: descobrir novos lugares e reconstruir, no presente, a felicidade experimentada no passado

Cora Coralina - Por Cora Coralina


Sou feito de retalhos. Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma. Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou.

Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior... Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade... que me tornam mais pessoa, mais humano, mais completo.

E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também. E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados... haverá sempre um retalho novo para adicionar à alma.

Portanto, obrigado a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. 

Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias.

E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de 'nós'.

Cora Coralina.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

A TECNOLOGIA E O PRIMITIVO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Posso até me perder nesse assunto. A guerra não é a praia que frequento.

Entanto, há coisas que mexem com a alma da gente. 

Estamos num Mundo de guerras e retaliações. O Oriente Médio é um barril de pólvora.

Com a escalada tecnológica, paradoxalmente, parece que retornamos ao primitivo.

Leio horrorizado que já se faz uso de uma máquina bélica de poder tecnológico altamente letal. 

Ela tem o nome de Lavender, um sistema de Inteligência Artificial que define alvos e os executa em massa.

Sua utilização se daria matando, indiscriminadamente, populações civis.

Isto é, o que a tecnologia antes prometia como avanço é hoje um perigo.

Não é difícil deduzir que esse tipo de “avanço” nada mais é do que um enredo selvagem e criminoso.

O homem não é mais o mesmo depois de tais invenções.

O que temos pela frente é o horror.