A vidente - Coronel José Ronald Brito
Em certa localidade do Cariri, uma menina dizia ter começado a ver Nossa Senhora. O local da aparição não podia ser mais adequado; Junto a porteira de um curral existia um juazeiro e ali sobre a fronde da árvore, ela dizia ver a Virgem.
A noticia se espalhou e a romaria começou. Em poucas semanas o pátio em redor da árvore já não comportava os fiéis.
Barracas surgiram em todos os matizes e vendiam : velas, rozários, santinhos, medalhas, fogos, comidas e bebidas etc.
As aparições sempre aconteciam as quatorze horas. Vários crentes asseguravam já terem alcançado graças.
Nesta última aparição a santa se mostraria para todos os fiéis, mas não se sabe porque ela atrasou.
Era um mês de Outubro cinzento e abrasador; os periguinos já estavam cansados de rezar, comer e beber; o sol já pendia para as quinze horas e nada da aparição.
Irritados, os romeiros formaram uma comissão e foram até o pé do altar, que a esta altura já existia, pressionar a vidente.
Santinha a madona vem ou não vem?
E a menina sem preparo para enfrentar aquela situação singular, respondeu: Nossa Senhora mandou dizer que não vem não, porque a "putaria" aqui está muito grande.
A verdade é que o povo precisa de fé assim como a terra precisa da água da chuva, e, se pegar a qualquer coisa.
ResponderExcluir