Nome de rua em Fortaleza e de Museu no Cariri, o impressionista Vicente Leite é um exemplo de que, quando existe talento, o universo conspira a favor.
Nascido no Crato, mas morando em Fortaleza, ele vê, aos 20 anos, a sua vida se transformar: de humilde e anônimo guarda do Presidente da Província do Ceará passa a estudante da Escola Nacional de Belas Artes. E, logo depois, já seria um dos artistas mais premiados do seu tempo.
As amedalhas, viagens, exposições. tudo conquistado pela garra daquele que transpôs para tela, com engenho e arte, os tons e as reminiscências das terras caririenses.
Vicente Rosal Ferreira Leite nasceu no Crato no dia 28 de Maio de 1.900. Até os seis anos de idade, morou numa casa, no Bairro Batateiras, que até hoje espera tombamento do poder público.
Na juventude, transferiu-se para Fortaleza. Para sobreviver na capital foi trabalhar como guarda municipal no Palácio do Presidente da Província, na época João Tomé de Saboia e Silva.
E foi Saboia e Silva o primeiro a perceber o talento daquele soldado tímido e arredio. Ao avaliar algumas telas pintadas por ele, o Presidente da Província ficou tão impressionado com a "leveza e expressão do traço", que deu-lhe uma bolsa para que ele fosse estudar na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Ele tinha 20 anos.
Lá, matriculou-se, em 1920, no curso livre de pintura. Na sala de aula, onde aprendeu tudo sobre a teoria e as novas técnicas de pintura, dividia o espaço com alguns dos nomes mais consagrados das artes brasileiras.
Vicente Leite assistiu aulas ao lado de Cândido Portinari, que chegou a retratá-lo em 1923, e de outros artistas como Osvaldo Teixeira, Lula Cardoso Aires e Orlando Teruz.
Trabalha sem tréguas, sem comer e sem dormir. Sofre e sonha. De que lhes servem noventa e cinco mil reis dados por conta do Estado, como pensão? Ele como bom filho, os reverte em benefício de sua pobre mãe.
Esforçado e dedicado logo obteve reconhecimento. Do publico e da critica.
Vicente Leite então com 24 anos, começou a receber todas as premiações, as quais um pintor poderia aspirar em sua época.
Mensão honrosa no no Salão Nacional de Belas Artes em 1924. Medalha de Bronze, em 1926 e Medalha de Prata, em 1929.
Dois prêmios, no entanto, foram particularmente importantes para ele : Exposição de Paris em 1935, e o Prêmio de Viagem em 1940, suplantando o outro finalista José Pancetti.
Ao ganhar esse prêmio ele teria o direito de morar dois anos na Europa estudando e trabalhando, financiado por uma Bolsa de Estudos dada pelo governo brasileiro.
Mas ele nem pode comemorar muito, a conquista do prêmio e da viagem : Morreu prematuramente no Rio de Janeiro no dia 15 de Outubro de 1941.
O poder publico não deve nem pode esquecer a memória de Vicente Leite. O museu que leva o seu nome precisa ser restaurado em toda sua plenitude.
ResponderExcluirCom urgência.