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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 12 de dezembro de 2023

332 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Onde localizar o memorial do Padre Antônio Vieira? – Editorial do Blog do Antônio Morais

O homem

Pe. Antônio Batista Vieira nasceu em 14 de junho de 1919 no sítio Lagoa dos Órfãos, no sopé da Serra dos Cavalos, município de Várzea Alegre (CE). Era filho de Vicente Vieira da Costa e Senhorinha Batista de Freitas. Faleceu em 2003. Foi um dos mais importantes filhos do Ceará. Concluídos os estudos de Filosofia e Teologia foi ordenado sacerdote na cidade de Crato, em 27 de dezembro de 1942.

Durante muitos anos foi professor polivalente do Seminário São José e construiu a igrejinha de São Francisco, imponente prédio localizado no Barro Vermelho (hoje bairro Pinto Madeira, na cidade de Crato). Em 1964 graduou-se em Economia e Planejamento pela Universidade da Califórnia, na cidade de Los Angeles.

Publicou – nos jornais de Crato e Fortaleza – dezenas de centenas de artigos, onde primava pela objetividade e observação, características visíveis da sua privilegiada inteligência. Deixou, pelo menos, quinze livros publicados. Em meio às suas atividades como Vigário da cidade de Icó (CE) foi eleito deputado federal, em 1967 pelo MDB (partido de oposição ao regime militar implantado no Brasil em 1964). Teve seu mandato arbitrariamente “cassado”. Deixou Brasília e foi lecionar na cidade do Rio de Janeiro, aonde – entre 1970 e 1974 – cursou Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, licenciando-se, ainda, em Filosofia, Ciências e Letras. Foi fundador do Clube Mundial do Jumento e sócio da Associação Cearense de Imprensa.

O Memorial do Padre Antônio Vieira

Ao falecer, o Padre Antônio Vieira deixou um grande acervo de anotações, livros, diplomas, condecorações, objetos de uso pessoal, enfim, uma riqueza de fragmentos materiais que se constituem numa narrativa da sua própria existência. Lamentavelmente, as autoridades da cidade de Várzea Alegre não tiveram sensibilidade de reunir num imóvel apropriado esse rico acevo, os quais se constituem num motivo de honra e orgulho para qualquer cidade civilizada, que teve o privilégio de incluir no rol de filhos ilustres uma pessoa do porte do Pe. Antônio Vieira. Está claro que as autoridades de Várzea Alegre desconhecem a grandeza do seu filho ilustre. Uma figura universal. Pois, se assim não fosse, já teriam disponibilizado um local apropriado, na sede do município, para preservar a memória do Pe. Vieira.

Sabemos que o acervo deixado pelo Pe. Antônio Vieira se encontra no sitio Cristo Rey, propriedade da sua família. Consta que esses familiares pretendem transformar esse valioso patrimônio num memorial, com o objetivo de preservar a história daquele famoso sacerdote. Convenhamos que um memorial localizado na zona rural, distante vários quilômetros do centro citadino não atrairá, como deveria, a visita das pessoas, principalmente das novas gerações, a quem mais interesse usufruir desse pequeno museu.

Por que não trazer esse memorial para Crato?

Agora o desfecho lógico deste escrito. Pe. Antônio Vieira viveu longos anos da sua existência na cidade de Crato. Aqui foi estudante, sacerdote, diretor do jornal “A Ação” da Diocese, construiu igreja, foi professor de várias gerações tanto no Seminário São José, como nos colégios particulares de Crato. Sabemos que ele tinha muita consideração por esta cidade. 

Sabemos que Crato se orgulha de se auto intitular, “Capital da Cultura”, embora seja pobre no setor de memoriais/museus. Pelos serviços que o Pe. Antônio Vieira prestou à cidade e a Diocese de Crato, julgo que já é tempo de as forças vivas da “Cidade de Frei Carlos” iniciarem um movimento – através das suas instituições mais importantes: Prefeitura/Secretaria de Cultura/Departamento Histórico da Diocese de Crato/ Clubes de Serviços/ Fundações – para trazer para Crato o futuro memorial do Pe. Antônio Vieira. Não fariam nada mais do que justiça a esse notável homem.

Sabemos que em 2019, o Governador Camilo Santana iniciará a construção do Centro Cultural do Cariri, na cidade de Crato. Quem sabe uma ala daquela instituição não viria a abrigar o rico acervo deixado pelo Pe. Antônio Vieira? Com a palavra as lideranças políticas, a Prefeitura Municipal, o Instituto Cultural do Cariri, a Universidade Regional do Cariri, a secretaria de Cultura do Crato, para que iniciem, o quanto antes, um movimento a fim de sediar na “Princesa do Cariri” o Memorial Padre Antônio Vieira?


5 comentários:

  1. Como varzealegrense lamento profundamento o desinteresse das autoridades locais por uma personalidade admirada universalmente.

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  2. Morais:
    Muito oportuna sua sugestão para a cidade de Crato vir a sediar o MEMORIAL PE. ANTÔNIO VIEIRA. O velho prédio do antigo Seminário da Sagrada Família (depois utilizado como Hospital Manoel de Abreu) no bairro Recreio, foi comprado pela Prefeitura e doado ao Governo do Ceará quer o transformará no CENTRO CULTURAL DO CARIRI.
    Todo o amplo terreno (e mais alguns lotes que foram recentemente adquiridos e anexados recentemente pela Prefeitura de Crato, para abrigar um estacionamento e um anfiteatro) será utilizado para esse CENTRO CULTURAL, que será similar ao DRAGÃO DO MAR, de Fortaleza. Lá bem que poderia ser instalado o MEMORIAL DO PADRE ANTÔNIO BATISTA VIEIRA, bastando que a família do ilustre morto faça a doação do rico acervo, atualmente em poder da família Vieira.
    Parabéns pela brilhante ideia.

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  3. Ainda existe pelo menos dois inedito do Padre Antônio Vieira.
    Seria um grande serviço à memória dele. a públicação da obra desse grande escritor.
    Bem como a reedição de livros raros e fora de edição m, desse ilustre varzealegrense.

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