O título também poderia ter, romanticamente, um subtítulo: a história de um amor ou, ainda, mais realisticamente, o marido da Rainha Elisabeth II, da Inglaterra. A morte do Príncipe Filipe, nascido Príncipe da Grécia e Dinamarca, foi o principal noticiário dos últimos dias. Seu sepultamento ocorre neste sábado, na Capela de São Jorge, que fica no Castelo de Windsor, 2 meses antes de seu aniversário de 100 anos. Todos os que me conhecem sabem que vejo na monarquia constitucional como a melhor forma de Governo. O monarca atua como Chefe de Estado e é reconhecido como uma espécie de grande pai da Nação. Sua Alteza Imperial e Real Dom Bertrand de Orleans e Bragança, que celebrou 80 anos em fevereiro último, tetraneto de nosso primeiro Imperador, Dom Pedro I, diz com muito acerto que todo brasileiro aspira o ideal monárquico. Quantos reis no Brasil temos? Rei da música, rei do futebol, princesas etc., muitos. E presidentes? Só de instituições. A monarquia nos foi tirada, mas, nós não a esquecemos.
Voltando ao Príncipe Filipe, sua história é muito interessante. Filho do príncipe André da Grécia e Dinamarca e da princesa Alice de Battenberg que depois de viúva se tornou freira na Igreja Ortodoxa e foi sepultada em Jerusalém, Filipe nasceu na Grécia, pertencendo às famílias reais grega e dinamarquesa. Sua família foi expulsa da Grécia enquanto ainda era criança, durante o Golpe de 1922. Filipe estudou na França, Inglaterra, Alemanha e Escócia, ingressando na Marinha Real Britânica, em 1939, aos 18 anos. Numa ocasião, Filipe conheceu a Princesa Elisabeth, filha do Rei Jorge VI do Reino Unido. Consta que foi amor à primeira vista. Ela tinha 13 anos, ele 18 anos. Eles são primos de segundo e de terceiro grau. Para casar-se com a então Princesa Elisabeth e herdeira do trono do Reino Unido, em 20 de novembro de 1947, Filipe renunciou seus títulos gregos e dinamarqueses, converteu-se da ortodoxia grega para o anglicanismo e recebeu o título de Duque de Edimburgo. Tratou-se de uma extrema renúncia pessoal. Ele sabia que não receberia o título de Rei-Consorte da Rainha, mas, de Príncipe-Consorte. Que sua vida ficaria completamente atrelada à Rainha não só no aspecto sentimental, mas, em todos os aspectos. Ainda assim ele a tudo renunciou por amor à Princesa que ele viu se tornar Rainha e se tornou o pai do sucessor de Elisabeth no trono, Príncipe Charles (Carlos, em português), avô do Príncipe William (Guilherme, em português), que sucederá a Charles e assim sucessivamente.
Pelos mais de 70 anos de serviço à realeza inglesa, vimos o mundo todo se manifestar solidariamente à Rainha e sua Família. Os próprios ingleses sentiram a partida do Príncipe Filipe como se de alguém da família. Foram muitas as declarações neste sentido de líderes mundiais, destacando Sua Santidade o Papa Francisco, reis, rainhas, presidentes, chanceleres e outras personalidades, entre as quais Sua Alteza Imperial e Real Dom Luiz de Orleans e Bragança, chefe da Casa Imperial do Brasil e herdeiro de direito do trono brasileiro. O povo inglês lembrará o Príncipe Filipe, como nós, brasileiros, lembramos de Dona Leopoldina e Dona Teresa Cristina, imperatrizes, esposas dos Imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II.
Que Deus o guarde!
(*) José Luís Lira é advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina) e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É Jornalista profissional. Historiador e memorialista com mais de vinte livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais brasileiras.
Prezado Armando : Não há desencanto ou desventura maior do que você lê sobre os homens da monarquia e viver os corruptos, bandidos, canalhas da republiqueta atual. Não se aproveita ninguém.
ResponderExcluirO regime monárquico fica cada vez mais saudoso e interessante quando atravessamos situações políticas deprimentes e embaraçosas como as
ResponderExcluirque vêm acontecendo ultimamente no Brasil.