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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 25 de outubro de 2024

166 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.



José Alves de Morais, seu Izé ou Tibola, filho de Raimundo Alves de Morais e Ana Feitosa Bitu, também tinha as suas tiradas.

Seu Izé eu conheci, sua residência era bem próxima da nossa casa do Sanharol. Quando eu tinha lá os meus 08 anos ele me deu um presente de um “quicé” eu fui apanhar arroz com ele e Bibia sua esposa e pela primeira vez me sentir realizado, pois a honra dos do Sanharol naqueles tempos era ser um bom apanhador de arroz.

Muito estimado pelos sobrinhos que o chamavam carinhosamente de “Tibola”. Ele era baixinho e gordinho e deve ter sido o Mundim do Sapo o autor de tão assemelhada característica: Tio+bola = “Tibola”.

Na década de 60 fizeram uma viagem ao Crato, José Bitu Filho, Mundim do Sapo e Zé de Ana. Meio de transportes: lombo de animais, finalidade da viagem: José Bitu fazer compras, Mundim do Sapo visitar amigos e parentes e Zé de Ana fazer companhia aos dois.

Quando chegaram no sítio Quebra, na casa de mãe Pastora, se arrancharam, soltaram os animais na roça, jantaram baião de dois com costela de porco torrada enquanto o bucho coube.

No outro dia cedinho pegaram a “chepa” para o Crato. Zé Bitu era apaixonado por artesanatos de couro: arreios, chicotes, arreadores, cabrestos. A primeira loja a adentrarem foi à Casa do Vaqueiro de Chicô Leonel.

Zé de Ana era deficiente auditivo, ouvia com dificuldade, apanhou um chocalho que estava em cima do balcão levou a altura do ouvido balançou e disse: o chocalho de Zabelê. Zé Bitu falou: guarda esse chocalho Izé! Ele elevou o chocalho à altura do ouvido e balançou novamente e disse: chocalho de Zabelê!

O dono da Loja observou o movimento e disse: o que é homem de Deus, esse chocalho eu comprei hoje de manhã a um rapaz do sítio Quebra.

Zabelê era a burra que Zé de Ana viajava, e, durante a noite um cabra roubou o chocalho, já tinha vendido a Chico Leonel e certamente estava tomando a grana de pinga com os amigos na feira.


5 comentários:

  1. Dedico esta postagem, de Zé de Ana do Sanharol, e outras que virão a seguir, a esses conterrâneos que tem raízes fincadas em Várzea-Alegre. Zé de Ana viveu numa época de difícil comunicação, uma carta de Crato a Varzea-Alegre levava 15 dias para chegar. Jornais não circulavam, TV e radio não existiam, e era admirável o conhecimento de seu Izé. Sabia em que estado Negrão de Lima era governador, o Otavio mangabeira, Jose Américo de Almeida, Carvalho Pinto, Ademar de Barros, era torcedor do General Teixeira Lot. Não sei de onde tirava tanta noticia política. Foi o maior Udenista que conheci.

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  2. Você apanhou duas figuras maravilhosaas do fundo do Baú nessa duas postagens: Vicente Pitá, e Dona Pastora.
    Lugar onde se arranchavam, eram o maior exemplo da hospitalidade que gozavam os nossos antepassados.
    E ainda ficam querendo apagar as nossas memórias saudosistas.
    Dá-lhes grande Morais.

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  3. Elmano.

    A primeira viagem que fiz ao Crato, foi montado num burrinho chotão do meu avó Pedro Alves Bezerra. Me hospedei na vinda e na volta na casa de Vicente Pitá. Nunca vi tanta hospitalidade.

    Um grande abraço.

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  4. Já cresci na época das novidades. Primeiro o rádio a pilha, depois, a energia elétrica e a televisão. Mas nem todos os lares podiam desfrutar dessas riquezas. Mesmo assim, algumas pessoas da época se destacavam por possuirem informações atualizadas sobre política, indústria, comércio etc.

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