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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 26 de outubro de 2024

182 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Em Várzea-Alegre, muitos conheceram Raimundo Anjos. O conheci trabalhando de coveiro no cemitério da saudade. Humilde, simples trabalhador e honrado.

Um dia ele fez uma viagem pras bandas do São Mateus, hoje Jucás. Na Fazenda Canastras, de propriedade do Cel. Mario Leal, antes e depois da casa da fazenda havia duas cancelas. A recomendação dada aos que por ali transitavam era que ao passar numa delas deveria soltar a cancela de modo que esta batesse para advertir os da casa da presença de pessoas.

Raimundo Anjos não sabia da tal recomendação e quando passou na primeira cancela não bateu. Quando chegou em frente à casa da fazenda, deu bom dia e o Cel. Mario procurou saber quem ele era, de onde vinha e para onde ia. Respondeu que era Raimundo Anjos, vinha de Várzea-Alegre e que ia para Cariús visitar uns parentes. Então o Cel. Mario lhe disse: Nós aqui costumamos bater as cancelas quando passamos para avisar que vem gente. O senhor entendeu? Entendi respondeu Raimundo seguindo viagem.

Na volta Raimundo passou pelo diabo da cancela e se esqueceu de bater. Quando menos esperou estava de frente com o Coronel. Como foi a viagem? Já está de volta? Porque não bateu a cancela? Esqueceu? Meninos botem ele pra dormir na camarinha e liberem apenas amanha para ele aprender a cumprir ordens.

Uns caboclos mais abusados que os seguranças do Bolsonaro, abufelaram Raimundo e jogaram num quarto escuro, fedorento e por cima com um formigueiro daquela miudinha mordedeira. Raimundo amanheceu o dia todo encalombado.

Sendo liberado, bateu a cancela que quase quebra e, passar pelas Canastras depois, nunca mais. Nem morto.



5 comentários:

  1. Esses causos são contados como falclore. O Cel Mario era austero , mas não chegava a tanto não. Era pura hospitalidade. Era generoso.

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    1. Conheci Cecém Leal, no Caipu, gente boníssima e de grande coração.

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  2. MORAIS
    PARABÉNS O BLOG DO SANHAROL STÁ CADA DIA MELHOR. AGORA COM ESSA NOVIDADE DE SE VISITAR O BLOG OUVINDO A RÁDIO DO CRATO FICOU ESPLENDIDO.
    BERNARDA

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  3. Prof. Bernarda.

    Radio Chapada do Araripe. Boa musica popular brasileira.
    Obrigado pela visita.

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  4. Morais esse Raimundo Anjo que você fala, era irmão do poeta nosso conterrãneo josé Gonçalves.
    Abraço.
    Mundim.

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