Em 1958, quando a seca foi definida, o meu pai chamou os moradores e disse: deixem as famílias em casa que não deixarei faltar alimentos, porém procurem um serviço, um trabalho já que aqui não temos.
Vicente Félix e o sobrinho Expedito arrumaram os teréns e partiram sentido Icó. Quando chegaram às Lavras de Mangabeira, propriedade do Cel. Raimundo Augusto procuraram serviço. O Cel. recebeu bem e perguntou: vocês sabem cambitar cana do corte para o engenho? Sabemos responderam os dois numa só voz. Pois bem, peguem um burro cada e estão autorizados a começar o trabalho.
Tenho uma recomendação a fazer: Todo dia cedinho coloquem um litro de milho na mochila de lona com água para amolecer, quando vocês forem almoçar darem aos animais. O serviço ia bom danado, não tinham de que reclamar. No terceiro dia, na hora do almoço, Cel. Raimundo Augusto saiu andando observando os animais e, notou que um estava com dificuldade de comer o milho. Tirou a mochila fora e o milho estava seco, não tinha sido botado de molho.
Então perguntou: quem está trabalhando com esse animal? O encarregado respondeu: é seu Expedito! Seu Expedito venha cá. Eu num falei para você que botasse o milho de molho cedinho para dar para o animal ao meio dia? Nhor sim. E porque você não fez. Porque esqueci! Pois agora você vai comer.
Expedito levou à tarde, à noite e a manha do outro dia comendo milho cru. Quando terminou arribou dizendo: O diabo é quem fica. A disciplina do Coronel Raimundo Augusto não chegava a tanto não, o fato deve ser folclore. Expedito voltou foi com saudade da mulher.
Voltaram os dois e nunca mais foram para aquelas bandas.
ResponderExcluirNão duvido, que esta seja uma versão verdadeira. No passado, o castigo era certo.
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