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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 15 de setembro de 2019

Nossa Senhora das Dores nas origens de Juazeiro do Norte – por Armando Lopes Rafael (*)


Hoje é o dia da festa de Nossa Senhora das Dores, Rainha e Padroeira de Juazeiro do Norte. Daqui a oito anos essa tradicional devoção completará 200 anos naquela cidade


    Podemos afirmar, com toda segurança, que a cidade de Juazeiro do Norte teve início como fruto da devoção a Nossa Senhora das Dores. Embora a maioria das pessoas atribua ao Padre Cícero Romão Batista a fundação de Juazeiro do Norte, renomados historiadores afirmam ter sido o cratense Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro o fundador do núcleo primitivo, que deu origem da atual cidade. Amália Xavier de Oliveira, no livro O Padre Cícero que eu conheci, esclarece o que motivou a construção de uma capela na Fazenda de propriedade do Brigadeiro Leandro.

“Ordenara-se sacerdote, o Pe. Pedro Ribeiro de Carvalho, neto do Brigadeiro, porque filho de sua primogênita, Luiza Bezerra de Menezes, e de seu primeiro marido, o Sargento-mor Sebastião de Carvalho de Andrade, natural de Pernambuco. Para que o padre pudesse celebrar diariamente, sem lhe ser necessário ir a Crato, Barbalha ou Missão Velha, a família combinou com o noveL sacerdote a ereção de uma capelinha, no ponto principal da fazenda, perto da casa já existente. A capela foi consagrada a Nossa Senhora das Dores, cuja imagem foi trazida de Portugal. (livro citado, páginas 33-35)

    Deve-se, pois, ao Brigadeiro Leandro a iniciativa da primeira urbanização da localidade – ainda conhecida por Tabuleiro Grande – com a edificação da Casa Grande, de uma capela, além de residências para os escravos e agregados da família. A realidade histórica nos mostra: quando o Padre Cícero chegou ao “Joaseiro”, para fixar residência, em 11 de abril de 1872, como sexto capelão, já encontrou um povoado formado em torno da capelinha de Nossa Senhora das Dores.

      Contava o lugarejo, à época da chegada deste sacerdote, com 35 residências, quase todas de taipa, espalhadas desordenadamente por duas pequenas ruas, conhecidas por Rua do Brejo e Rua Grande. No povoado – à época da chegada do Padre Cícero – residiam cinco famílias, tidas como a elite do vilarejo: Bezerra de Menezes, Sobreira, Landim, Macedo e Gonçalves. É verdade, porém, que o povoado só veio a ter alguma projeção a partir da ação evangelizadora do Padre Cícero. E o vertiginoso crescimento demográfico da localidade só começou em 1889, motivado pela ocorrência dos fatos protagonizados pela Beata Maria de Araújo, que passaram à história como “O Milagre da Hóstia”.

 (*) Armando Lopes Rafael é historiador

Um comentário:

  1. Fatos que a história precisa agregar a si. O certo é que toda cidade teve o seu nascedouro em torno de uma igreja, em torno da religião, da fé, de Deus.

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