Esta coluna, não diria crônica, é para Matusahila Santiago, in
memoriam. Nos dias que passaram, 20, tivemos o dia do amigo, da amizade;
de Santa Maria Madalena, amiga de Jesus, tantas vezes erroneamente
interpretada, 22; a reconstrução da face de Santa Maria Madalena, equipe
que coordenei, em 2015, tendo à frente o designer 3D Cícero Moraes,
promoveu, também, a possibilidade de uma revisão histórica da santa a
partir dos evangelhos. Hoje, temos o dia nacional do escritor,
instituído, na década de 1960, por portaria do extinto Ministério da
Cultura, em alusão ao primeiro Festival do Escritor Brasileiro,
promovido pela União Brasileira de Escritores. O objetivo deste dia é
despertar o interesse pela literatura nacional e apresentar obras de
autores e autoras já consagrados junto a novos talentos.
E quantos escritores e escritoras poderíamos destacar neste dia?
Muitos... Alencar, Machado, Rachel, Capistrano, Olinto, Nélida, Sadoc de
Araújo, Guimarães, Natércia, Moreira e grande elenco. Também os jovens
escritores Léo Prudêncio, Mailson Furtado e tantos outros talentos,
alguns guardados em gavetas, mas, com talento imensurável. E não posso
deixar de citar os consagrados poetas Gerardo Mello Mourão, Adélia
Prado, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Jáder de Carvalho,
Osvaldo Chaves, Ximenes e o trem e tantos e tantos artífices da poesia
que cantaram dores, alegrias, amores e desilusões, pois que, embora
não-brasileiro, Fernando Pessoa dizia que “o poeta é um fingidor. Finge
tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras
sente”.
E o que diríamos de quem nasceu no dia nacional do escritor? Falo do
Poeta Maior do Ceará, Artur Eduardo Benevides, o Príncipe dos Poetas
Cearenses, nascido em 25 de julho de 1923, em Pacatuba (CE). Artur
disse, em verso, “Ai, deixa-me, pois ser apenas um poeta!/ O que fui,
até hoje, de alma repleta”. E foi poeta de alma repleta até seu último
suspiro, dado em 21 de setembro, nas vésperas da primavera de 2014. Tive
a honra de biografar o Príncipe Artur no livro “O Poeta do Ceará: Artur
Eduardo Benevides”. Eu era quase um menino. Aproximei-me do poeta,
tornei-me seu biógrafo e seu amigo. Era homem clássico, culto, sério e
poeta terno, apaixonado por sua musa e pelo sagrado, buscava entender os
mistérios e escreveu contos de mistério.
Poucos dias após seus 90 anos, fui fazer-lhe uma visita e perguntei se
ele estava escrevendo algo e sua resposta deu origem a um pequeno poema,
de minha autoria, em sua homenagem: Escrever é um vício/ Assim responde
o Poeta ao Estudante/ Que indaga:/ O Senhor está escrevendo?// Artur,
Artur Eduardo Benevides/ Poeta dos poetas e do Ceará/ Tua poesia, teu
vício, é sublime.// Que a vida nos oportunize/ Versos teus, para tua
musa,/ Para amenizar aquela “coisinha” pequena/ Que sentias em Rosário
(AR)/ E te fez retornar ao teu Ceará;/ A saudade, pois, em poesia//
Conforme afirmas,/ O que não for saudade é liturgia!/ Liturgia dos teus
90 anos!
Tentei concluir com versos de Madre Maria José de Jesus, a futura
santa, filha de Capistrano de Abreu, cuja poesia era apreciada por
Manuel Bandeira, mas, não encontrei. Biblioteca dividida em três
lugares, dá nisso. Aplausos ao escritor brasileiro, em seus livros, seus
versos, suas paixões!
(*) José Luís Lira é
advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do
Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito
Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina)
e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É
Jornalista profissional. Historiador e memorialista com mais de vinte
livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais
brasileiras.
"Subi no púlpito e pregar é fácil.
ResponderExcluirQuero ver descer dele e viver o que pregou".
O escritor sim, escreve o que vive, o que a alma sente.
Parabéns pelo sei dia.