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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 23 de outubro de 2018

SAUDADE - Por Wilton Bezerra - Comentarista generalista.

O cronista e poeta Fabrício Carpinejar se supera a cada vez que escreve no jornal O Globo.

Na crônica “Nossa primeira emoção”, discorre sobre saudade com frescor e de forma magistral indaga sobre nosso primeiro sentimento quando viemos ao mundo.

“Na hora do nosso berro, em que o médico nos retira do corpo materno e nos espalma levemente, o que gritamos? Por que gritamos? Medo? Insegurança? Susto? Não creio. Assim como não creio que seja paixão pela vida, que só descobriremos mais tarde”.

Continua Carpinejar: “Confio que a nossa emoção inicial é a saudade. A nossa emoção fundadora é a saudade. Ou seja, chegamos ao mundo sentindo saudade. Quando respiramos nos seios, já com as palavras dos pais por perto, estamos tentando entender uma esquisita falta, um estranho apego pelo ventre. Éramos uma só solidão, uma só fome, um só corpo com a mãe. O parto não é o principio, é um segundo porto. Nosso nascimento gerou a experiência inexplicável da despedida. Enfim, chega-se à conclusão de que viver é se despedir e a primeira emoção é a saudade”.

Espero que o resumo não tenha ficado abaixo da maneira bela e delicada como Carpinejar escreve sobre um sentimento que, segundo um dito popular, quando não mata, maltrata”.

Numa outra vertente poética, a dos repentistas violeiros, nos deparamos com uma definição de saudade feita pelo poeta Antonio Pereira, jóia conhecida por todos os cantadores:

“Saudade é um parafuso,
que quando na rosca cai,
só entra se for torcendo
porque batendo não vai,
depois que enferruja dentro,
nem destorcendo sai.”


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