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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 17 de julho de 2020

O PALCO PERTENCE AOS JOGADORES - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

O futebol cearense já atravessou fases tenebrosas, por culpa exclusiva da cartolagem e seus bastidores. Foi o período em que se dizia de forma eloquente: “No futebol, jogo se ganha fora de campo”.
Mas, esse “fora de campo” não traduzia políticas esportivas salutares. Ao contrário, representava a esperteza inconfessável das “manobras extra-campo”
Quem não se lembra das famigeradas aberturas que imperaram, vergonhosamente, em nossos campeonatos? Felizmente, esse tempo já pertence a um passado que só merece ser lembrado para que não seja repetido.
Nesse aspecto, se materializa a máxima de que “o passado já passou e não pode ser modificado”. Me apego a esse gancho, para estendê-lo ao futebol brasileiro e sua teimosa classe dirigente, ao rejeitar o palco como lugar exclusivo para os artistas da bola.
Não me refiro nem ao vendaval de desonestidade, responsável por abalos morais sofridos pelo futebol nos últimos tempos. Aí, a luta era para saber quem roubava mais. Falo, sim, das tentações pelo protagonismo por parte de quem deveria ter noção exata do seu lugar fora do proscênio: o dirigente. E é bom adiantar: dirigir clube de futebol não é “bico”.
O campeonato carioca já foi decidido e o Flamengo foi campeão, mas não podemos deixar passar esse registro, pelo que aconteceu num dos jogos das semifinais.
No Fla X Flu, que deu a Taça Rio ao tricolor, assistiu-se na “preliminar” o que se denominou de “A noite dos tribunais”. Nas horas que antecederam ao jogo, foram oferecidos ao público os piores momentos de um “clássico de liminares” para se saber quem exibiria a pior transmissão televisiva do acontecimento.
Somos levados a crer que os mandatários desejam o futebol preso ao arcaísmo de suas ações, para que coloquem suas caras na fita. Não dá para aceitar um verdadeiro culto ao que não serve mais. O resultado disso só pode ser esse: calendário irracional e ausência de uma liga de clubes forte, com práticas modernas.
Na vida, existem dois tipos de pessoas: as que chegam para passear e as que vem para trabalhar. O palco é onde se trabalha, com a arte dos verdadeiros artistas, que não estão a passeio. A vaga do canastrão à procura dos holofotes está em outro lugar.

Um comentário:

  1. A CBF sempre foi uma dinastia. Sempre foi dirigida pelos mesmos donatários. A Federação do Rio de Janeiro sempre foi a mais viciada nos vícios da CBF. As mudanças começaram na Fifa, e, se estenderam para a CBF e graças a Deus as coisas estão começando a melhorar. Parabéns Wilton pela bela crônica.

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