Dia 10 último, sexta-feira, que nos remete ao Santo Sacrifício de Nosso
Senhor Jesus Cristo, às 11 horas, faleceu o Padre Antônio Maurício
Melo, no Hospital de Guaraciaba do Norte, Ceará, em consequência de um
câncer. Pe. Maurício era o mais idoso dos sacerdotes filhos de
Guaraciaba do Norte e o único ainda vivo, ordenado na época em que a
Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres pertencia à Diocese de Sobral, no
paroquiado de Mons. Antonino Cordeiro Soares, a quem Pe. Maurício
devotava respeito e admiração.
Ele
nasceu no dia 23/01/1931, na cidade de Guaraciaba do Norte, então Campo
Grande, filho do Cel. Adriano Ribeiro Melo e de dona Gonçala Ribeiro do
Amaral. Foi batizado, solenemente, na Matriz de Nossa Senhora dos
Prazeres, pelo Pe. Nelson Nogueira Mota, no dia 08/02/1931.
Estudou as primeiras letras em Guaraciaba do Norte e, em 1945,
ingressou no Seminário São José, de Sobral, onde se matriculou em 8 de
fevereiro, aniversário de seu batizado. No Seminário de Sobral, concluiu
o Curso de Humanidades, em 1951, ingressando, no ano seguinte, no
Seminário da Prainha, em Fortaleza. Ali concluiu Filosofia e Teologia.
Foi ordenado Sacerdote por Dom José Bezerra Coutinho, então Bispo
Auxiliar da Diocese de Sobral, na Igreja da Sé de Sobral, no dia
08/12/1957. Sua primeira Missa foi cantada na Igreja Matriz de Nossa
Senhora dos Prazeres, em 13/12/1957.
Iniciou suas atividades sacerdotais em Nova Russas, como cooperador da
Paróquia de 1958 a 1965. Com a criação da Diocese de Crateús, Pe.
Maurício passou a exercer suas atividades sacerdotais em Tamboril e
Sucesso, entre 1966 e 1967. Não se adaptando às linhas pastorais da
nova Diocese, retirou-se, em 1968, para Nova Russas, onde residiu por
muitos anos, exercendo o magistério, mantendo-se fiel ao seu sacerdócio.
Prestava auxílio aos Párocos vizinhos, notadamente de Santa Quitéria,
Ipu e, em sua terra natal, cuja celebração na festa da Padroeira era
sempre esperada. Foi compreensivo conselheiro na administração do
Sacramento da Penitência e grande orador Sacro.
Em 16/12/ 1965 ele celebrou o casamento de meus pais, Izídio Ribeiro
Lira e Luíza de Araújo Lira e, há cinco anos, celebrou as Bodas de Ouro.
Os primeiros conceitos de que a santidade é dádiva a todos, eu recebi
do Pe. Maurício. Ainda menino assistindo a uma Missa de Finados, ele
recordou que no dia anterior era a festa de todos os santos. Recordo-me
que ele enfatizava que a festa do dia anterior era para o santo que não
havia sido canonizado pela Igreja, mas, que morreu em santidade. E
concluía: “Santo é aquele que faz ou fez a vontade de Deus”. Isso foi a
base de meus estudos hagiológicos e aquela sua frase me marcou. Era um
homem notável. Culto, de muitas leituras, de excelente conversa e sermão
aprofundado. Ele sabia e vivia o que pregava.
Era primo do Mons. Eurico de Melo Magalhães e do Pe. Odilo Lopes Melo
Galvão. Padre Maurício recebeu a recomendação digna de um sacerdote na
tarde daquela sexta-feira, no patamar da Igreja de Nossa Senhora dos
Prazeres, onde há 62 anos havia sido acolhido Padre Novo e o povo
osculou suas mãos ungidas de sacerdote. Naquela tarde, um sacerdote,
parentes e poucos amigos se despediram dele. Foi sepultado com os
paramentos sacerdotais que utilizou, com dignidade, por toda a vida.
Requiescat in Pace!
(*) José Luís Lira
é advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do
Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito
Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina)
e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É
Jornalista profissional. Historiador e memorialista com mais de vinte
livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais
brasileiras.
Vocação sublime e divina. Uma vida de dedicada a fazer o bem, às coisas de Deus.
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