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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 7 de julho de 2020

A VENDA DO JUAZEIRO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.


Em Juazeiro do Norte, lá pelos anos 1970, Praxedes Ferreira, desportista, treinador, formador de times, benfeitor do futebol da cidade e conhecido por passagens folclóricas, estava desempregado e resolveu fundar um time.
Juntou jogadores que estavam sem clube, decidiu sobre as cores da camisa, filiou a equipe à Liga Desportiva Juazeirense (LDJ) e lançou o Juazeiro Esporte Clube.
O apoio para dirigir a nova agremiação vinha de duas pessoas: o empresário Francisco Silva Lima (também como jogador, dono da camisa 9) e o desportista Tenente Lemos.
O Tenente andava sempre com um rádio de tamanho razoavelmente grande, onde acompanhava tudo que acontecia no futebol e, principalmente, jogos da loteria esportiva.
Quem desejasse saber das últimas do esporte, se informava com o “Tenente do Rádio”.
Praxedes lutava com dificuldades financeiras para manter o Juazeiro, porque alguns jogadores recebiam pequenos salários.
Certo dia, às vésperas de mais um Torneio Intermunicipal da APCDEC, o desportista Valdemiro Dantas, de Missão Velha, socorreu-se do seu sobrinho Ednaldo Dantas, em Juazeiro, para contratar jogadores, em ritmo de urgência, e formar a seleção da cidade.
Ednaldo, de pronto, sugeriu que o tio procurasse Praxedes Ferreira para conseguir, por empréstimo, jogadores do Juazeiro Esporte Clube.
O treinador fechou questão: só faço negócio na base da venda do time todo, com jogadores, camisas e chuteiras.
Negócio fechado, as emissoras noticiaram a venda do Juazeiro, na base da porteira fechada, só não seguindo o nome da equipe.
Ao saber do negócio feito por Praxedes, o Tenente Lemos, com o seu indefectível rádio, ficou furioso e desceu a rua São Pedro em direção às Lojas Credilar, de propriedade do outro dirigente do Juazeiro, Francisco Silva Lima, um gozador de mão cheia.
Ao chegar à loja, o Tenente perguntou em voz alta: “Silva, você está sabendo que Praxedes vendeu o Juazeiro”?
Bem tranquilo, Silva respondeu: “Soube Tenente. E o pior é que ele vendeu o time, incluindo o senhor e esse seu rádio”.
Na foto.o Juazeiro com o Tenente Lemos, primeiro em pé, da esquerda para direita, Praxedes Ferreira, primeiro da direita para esquerda e Silva Lima como centroavante.

Um comentário:

  1. Figuras folclóricas do futebol de Juazeiro. Ninguém fez mais pelo "esporte bretão" que Praxedes.

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