A
escultura de Nossa Senhora da Penha, ora venerada no altar-mor da nossa
Catedral, foi adquirida pelo primeiro bispo de Crato, Dom Quintino
Rodrigues de Oliveira e Silva, em 1920. Em artigo publicado na revista
Itaytera, Mons. Rubens Gondim Lóssio escreveu que a imagem “foi adquirida na Europa”. Entretanto, está gravado na base da estátua: “Luneta de Ouro, Rio, 1920”, como
a comprovar que ela foi adquirida através da famosa loja de esculturas
religiosas localizada, àquela época, à Rua do Ouvidor, no Rio de
Janeiro, então capital do Brasil.
No entanto, esta imagem só chegou a Crato em 1921. Uma curiosidade:
quando da sua recepção houve fortes e ostensivas reações, advindas de
segmentos da comunidade cratense, contrárias a substituição da “Imagem
Histórica” (venerada desde 1745) pela nova escultura adquirida por Dom
Quintino. A prudência deste fê-lo retardar a entronização da nova
imagem. Dom Quintino, viria a falecer em 1929 sem colocar a nova
representação de Nossa Senhora da Penha na Sé Catedral de Crato. Coube
ao segundo bispo diocesano, Dom Francisco de Assis Pires – empossado em
1932 – aguardar mais sete anos até a solenidade de entronização da nova
estátua da padroeira dos cratenses.
Por isso, durante 17 anos, a escultura da Virgem da Penha permaneceu
guardada no interior da Catedral. Sobre ela escreveu Monsenhor Rubens:
“De
tamanho bem maior que o natural, (Nota do articulista: mede cerca de 1,80m e foi esculpida em madeira) em atitude de quem aparece para defender o pastorzinho
Simão, prosternado ao lado direito, enquanto o temível crocodilo se
arrasta à esquerda, o vulto impressionante tem uma beleza encantadora.
Trazida com dificuldades até esta Cidade Episcopal, teve a Imagem
festiva recepção, em 1921, quando o povo acorreu ao seu encontro, na
estrada do Buriti, onde se congregaram cerca de 32 zabumbas. Todavia,
continuou ela guardada, até que, preparada a mentalidade do povo e feita
a reforma da Capela-Mor por Dom Francisco de Assis Pires, colocaram-na
no altivo e gracioso nicho de onde preside às funções do Culto e aos
destinos do Crato. No dia 1º de setembro de 1938, foi-lhe dada a bênção
do Ritual e, a partir de então, não tem ela cessado de conceder a todos
as maiores graças e as melhores bênçãos”.
Em 2006, devido aos trabalhos de conservação efetuados no interior da Catedral a estátua de Nossa Senhora da Penha foi retirada – pela
primeira vez – do alto do nicho, no qual estava há 68 anos. Esse
acontecimento levou muita gente à Catedral, na manhã de uma
segunda-feira, 03 de julho daquele ano. Entretanto, após a descida da
imagem, uma surpresa: constatou-se a existência de várias rachaduras na
escultura de madeira.
Preocupado, o então Cura da Catedral, Padre Edmilson Neves Ferreira
(hoje Bispo Diocesano de Tianguá), procurava um profissional para
recuperar a estátua. Atendendo ao seu apelo mantive contato com a
Prof.ª. Olga Paiva, funcionária do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional–IPHAN, 4ª Superintendência Regional sediada em
Fortaleza. Esta indicou para o trabalho a restauradora italiana Maria
Gabriella Federico. O restauro da imagem durou cerca de três semanas. E,
depois de recuperada – pela primeira vez – a terceira imagem da
padroeira do Crato percorreu, em procissão, as ruas da cidade que a tem
como Imperatriz e Protetora.
Estava programada para 2020, na festa da Padroeira de Crato (celebrada
anualmente de 22 de agosto a 1º de setembro), as comemorações do
centenário da imagem da Virgem da Penha. Assolada pela pandemia chinesa do coronavírus,
o principal templo cratense (a exemplo das demais igrejas católicas do
Brasil) se encontra fechado há quatro meses. Oxalá nossa Mãe Santíssima
escute as orações dos seus fiéis e faça cessar os malefícios dessa
enfermidade epidêmica, amplamente espalhada por todas as nações da
terra. Só assim os cratenses poderiam comemorar à altura os cem anos da
sua querida Imperatriz e Padroeira.
A minha avó Josefa Alves de Morais era uma eterna devedora de Nossa Senhora da Penha. Qualquer afregelo ela se pegava com nossa senhora e fazia uma promessa. Quando ele estava de saída de Várzea-Alegre para pagar a promessa em Crato ele dizia - Se Nossa Senhora da Penha ajudar que eu faça uma boa viagem ano que vem irei novamente.
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