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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 22 de fevereiro de 2025

Um dia depois - Por M. Luzia Gregório de Olveira.

Dr. Raimundo Sátiro e Dr. Menezes Filho.

Um dia depois, quando todos vão embora e a casa se transforma em silêncio, estamos sós com nossa dor, tão íntima, tão nossa. 

Os móveis permanecem no mesmo lugar, os quadros ainda pendem das paredes, as xícaras descansam sobre a mesa, mas tudo parece diferente. O tempo parece suspenso.

Sentados na borda da cama ou na cadeira da cozinha, compreendemos a efemeridade da vida. Que mágica é essa, tão repentina, que nos faz passar da presença para a ausência sem aviso, sem despedida? 

Como pode um instante separar o riso do choro, a conversa do silêncio, a companhia da solidão? O que nos resta é orar, pedir clemência a Deus por nós e por quem partiu.

A casa é a mesma, mas o tempo parece não saber disso. O que antes era rotina agora se torna um eco de lembranças. O som dos passos no corredor, o barulho da porta se abrindo, a voz chamando pelo nome — tudo isso continua vivo na memória, mas já não preenche os cômodos como antes. 

O coração, prematuramente afogado em saudade, tenta entender essa ausência que se impõe com tanta força, tornando cada pequeno detalhe um lembrete de quem se foi.A vida, tão frágil, segue seu curso implacável, indiferente à nossa dor. O sol ainda nasce, as horas ainda correm, o mundo não para, embora por dentro tudo pareça ter desmoronado. 

Precisamos continuar, olhar pela mesma janela, buscar a esperança nos dias que virão, ainda que a alma relute, ainda que o coração não compreenda.

E assim seguimos, com a saudade nos acompanhando como uma sombra. De vez em quando, nos pegamos chorando sozinhos no quarto, evitando olhar para o horizonte, como se desviar os olhos pudesse adiar o inevitável. Mas, pouco a pouco, aprendemos a conviver com a ausência, a transformar a dor em lembrança e a manter vivo, dentro de nós, aquele que partiu.

Um comentário:

  1. Várzea-Alegre e sua gente perderam um de seus filhos mais dedicados e aplicados nos mais diversos segmentos da sociedade.

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