Logo vem da capital
Um mandato de prisão
Que se prendesse o Beato
E pro boi consumição
Foi triste o povo assistir
Ao boi morrer sem mugir
A carne ninguem quis não
De volta a Baixa Danta
Zé Lourenço trabalhou
Por mais de vinte e dois anos
Sua fama prosperou
Rezava e fazia o bem
Bondoso como niguem
Nem um inimigo deixou
Na revolta de quatorze
Não teve participação
Mesmo assim a soldadesca
Lhe moveu perseguição
Uma mulher foi esquartejada
Por ter ficado calada
E não dar viva ao capitão
Como todo componês
Que vive em terra arrendada
A gente de Zé Lourenço
Em vinte e seis foi despejada
Perdeu tudo o que plantou
A terra dos outros enricou
Para si não sobrou nada
Como em Juazeiro não cabia
O povo que ali chegava
Fugindo da seca grande
Que o nordeste assolava
Padre Cicero então mandou
E o Beato concordou
E pro Caldeirão se mandou
O lugar era ingrato
Pois agua ali não havia
Era um sucavão de serra
Dos piores que existia
Seu povo então trabalhou
Com muita fé e amor
Fez ali sua moradia
Em novecentos e trinta
O povo em mutirão
Fez um açude e barragem
Para aguar a plantação
Mais de mil ali morava
E todo mundo ajudava
Era tudo como irmão
Tinha engenho de rapadura
Plantio de algodão
Nas baixas plantava arroz
Na serra milho e feijão
Guardava o que se colhia
Num armazem repartia
Pra todos uma ração.
Até a proxima.

Dom Helder Câmara
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São 70 anos passados. A historia escrita por quem venceu e ao seu modo já esquecida, não se fala mais por que não interessa.
ResponderExcluirA igreja de vez em quando ensaia um movimento pros lados de lá. Reúne pessoas e reza missa na capela construída pela comunidade do Caldeirão, mas parece que teme que o povo saiba da responsabilidade que teve com o movimento a época. Atolada até o pescoço.