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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 26 de outubro de 2024

201 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Leví de Abel, irmão de Chica do Rato, também era desprovido de juízo, ele arriscava uns improvisos, sem respeitar a rima, a métrica e nem a ética.
Transportava água da lavanderia, num jumento de Antônio Costa, sempre improvisando os seus versos. Eu me lembro de alguns:

A caçamba é cega/
Adonde bate aprega/
Sái do mei fí duma égua.

Antônio Costa/
Amuntado im minha costa.

Pedro Morais/
Caga na mão joga pra trás.

Zé Pereira/
Perdeu a cangáia
Ficou cum a isteira.

Ontõe Justino/
Trocou muito
Quando era minino.

Uma vez encontrou-se com o barbeiro Júlio Xavier e fez esse improviso:
Júlio Xavier/
Tanto chora
Cuma apanha da muié.

Júlio não gostou e deu uns cascudos no poeta.
Leví saiu dizendo na rua que ia embora pra Campina Grande, porque tinha sido desmoralizado. E lá em Campina os paraibanos respeitavam poeta.

Dona Dosa que era madrinha de Leví, quando soube chamou o poeta na sua casa para aconselhar: Leví chegou pediu a bênção ela abençoou e foi falando: Leví eu soube que você vai para Campina, então eu queria lhe aconselhar. Não vá fazer seus versos por lá não, porque o povo não lhe conhece e pode fazer como fez Júlio. 

Leví quase não deixou a madrinha terminar e foi logo dizendo:
É não madinha Dosa! É pruque esse povo de Rajalegue só quer ser as prega. Basta a gente cagar no mei da rua, que já fica todo mundo falando.
E tu acha pouco Leví?

É pruque eu gosto de prosa/
Amuntado im madinha Dosa.


8 comentários:

  1. Mundim.

    O amigo hoje amanheceu inspirado. Voce verificou que hoje voce resgatou mais 20 personagens prestomosas de nossa terra?

    Parabens.

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    1. Este faz parêa, com o poeta do absurdo. Aquele lá da serra de Teixeira. Zé Limeira.

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  2. AMUNTADO EM RAIMUNDIN

    Poeta Mundim do Vale
    Você vale o quanto pesa,
    Pois usa o verso na prosa,
    Prosa que muito embeleza,
    Vendo que a prosa no verso
    De Levi, não era ilesa.

    Raimundinho, realmente a poesia irreverente do inesquecível Levi não poupava ninguém. Todos eram lesados pelo seu tirocínio e pelas suas rimas. Ele não tinha a menor pretensão com o ético, e sim com a rima ou com o pé-quebado. Era um Zé Limeira desaviolado.

    Feliz Natal.

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    1. O poeta popular, encanta e inebriaga a todos.

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  3. Meu bom acadêmico Sávio
    Leví rimava asneira
    Não tinha o dom poético
    Que tem o Sávio Pinheiro.
    Mas tinha a irreverência
    Que teve o grande Limeira.
    Grande abraço poético.
    Bezerra de Morais.

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  4. É primo. Hoje eu me lembrei desse povo que querendo ou sem querer fez
    história na nossa cidade. Uns fazem
    de um jeito, outros fazem de outro.
    Mas tudo é nosso. É nossos costumes,nossos valores e nossa tradição, quem não gostar,que nos desculpem por estarmos mostrando a quem não viveu nessa época.
    Abraço a essa garotada mais nova do blog.
    Mndim do vale

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  5. A família do Abel era meia abilolada. Pelos versos conhece-se o Levi. Já Francisca, a conhecida Chica do Rato, andava nas ruas sempre muito pronta usando joias e vestes extravagantes. Certa feita, usava um relógio de pulso muito exagerado, e, o Pedro Piau disse : Chichica que relógio bonito! Que horas são! Ela deu uma cubada no relógio e respondeu : Vije seu Pedro, já é bem 10 se num já for 11 ou 12.

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    1. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk esta familia, era realmente divertida.

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