Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 26 de fevereiro de 2023

Pessoas que marcaram o Cariri: Padre Antônio Gomes de Araújo - por Armando Lopes Rafael (*)

 

Pe. Gomes, nos tempos iniciais do seu sacerdócio

    Nascido em Brejo Santo, em 6 de janeiro de 1900,  Padre Antônio Gomes de Araújo foi um dos grandes historiadores do Cariri. Aliás, ele dizia que não se considerava um historiador e sim um pesquisador. Viveu mais da metade de sua vida em Crato, mas, próximo da morte, retornou para sua cidade natal, onde faleceu em 26 de janeiro de 1989.  

   Em 1950, Pe. Gomes venceu um concurso na Bahia com a monografia “Formação da Gens Caririense”. Escreveu muitos opúsculos dentre os quais: “Naturalidade de Bárbara de Alencar” (1953); “Pe. Pedro Ribeiro da Silva–Fundador e Primeiro Capelão de Juazeiro do Norte” (1955); “Apostolado do Embuste” (1956); “1817 no Cariri” (1962); “Povoamento do Cariri” (1973). Em 1971, a Faculdade de Filosofia de Crato reuniu alguns de seus trabalhos no livro “A Cidade de Frei Carlos”.

     Padre Gomes era um sacerdote irrequieto e sem papas na língua. Dizia ele que se não tivesse sido ordenado sacerdote teria optado pela carreira militar. Colaborou, longos anos, com excelentes trabalhos de pesquisa, nas revistas “Itaytera”, “A Província” e “Hyhyté”, bem como no jornal “A Ação”, órgão oficial da Diocese de Crato. O semanário “A Ação” foi dirigido, durante alguns anos, pelo notável Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira. Este mantinha uma coluna naquele periódico com o título “Alfinetadas”. Nessa coluna, Mons. Rocha fazia a defesa da doutrina católica e combatia implacavelmente as ideias socialistas/comunistas.

     Certo dia, ministrando uma aula de História do Brasil, no tradicional Colégio Diocesano de Crato, Pe. Gomes foi interrompido por uma pergunta de aluno:

   – “Padre, é pecado utilizar as folhas do jornal “A Ação” como papel higiênico? ”

Padre Gomes respondeu de chofre:

    – “É não! Livre-se das “Alfinetadas” de Monsenhor Rocha e faça bom uso”...

(*) Armando Lopes Rafael é historiador

5 comentários:

  1. Prezado Armando Rafael.

    Sou um admirador do Padre Gomes e, nunca li algo tão puro, tão bonito, tão igual como esse relato postado por você. Parabéns e muito obrigado por sua enorme contribuição para com o nosso Blog. Agradeço em nome dos leitores.

    ResponderExcluir
  2. Prezado Armando Rafael recado deixado no meu perfil.

    Pesquisando sobre os antepassados da família do meu pai, originária de Águas belas, PE, encontrei o nome do Padre Antônio Gomes de Araújo, neto de Basílio Gomes da Silva que no século 19, junto com seus pais e irmãos, saíram de Pernambuco para o Ceará.
    Ficaria muito grata se alguém pudesse me acrescentar informações sobre a história do padre e de sua família. Como também onde poderia encontrar seus livros.
    Atenciosamente,
    Márcia Ramos

    ResponderExcluir
  3. Márcia: as obras publicadas por Pe. Gomes (décadas 1950/1960) estão esgotadas. Procure na Internet as edições da revista Itaytera,órgão oficial do Instituto Cultural do Cariri (números 1 até mais ou menos número 17) que você encontrará trabalhos do Pe.Gomes.
    O avô dele, Cel. Basílio, foi chefe político em Brejo Santo, por sinal uma pessoa sensata e de credibilidade, e você encontrará referências a ele em alguns autores da história de Brejo Santo, a exemplo de Joaryvar Macedo, autor do livro "Império do Bacanarte".

    ResponderExcluir
  4. Prezado Armando Rafael - Eu considero o "Seminário do Crato" uma fábrica de intelectuais. Padre Antonio Gomes um dos religiosas mais cultos e preparados que passaram pela Diocese do Crato.

    ResponderExcluir