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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Reflexões sobre o Crato nos tempos monárquicos e republicanos

Oficialmente o Crato tem 279 anos de existência



   Mais da metade desse tempo, a população cratense viveu sob o regime da Monarquia (1740–1889, ou seja, 149 anos) e o restante (1889-2019, ou seja,  130 anos) sob a forma de governo republicana. Mas, no imaginário do cratense, não ficou nada marcado da atual República. A começar pelas comemorações populares. O aniversário do golpe militar que implantou a República – em 15 de novembro de 1889 – nunca foi comemorado em Crato. Nesta cidade o povo comemora muitas datas: 7 de setembro, 21 de Junho, 1º de setembro (Nossa Senhora da Penha), 19 de março (São José) festeja as datas de São Francisco, dentre outras. Agora, “comemoração” no dia 15 de Novembro – data da “Proclamação” da República – nunca se viu.

Lançamento da mais completa biografia da Princesa Isabel

    Por falar em monarquia, o Instituto Cultural Dona Isabel a Redentora, sediado em Brasília, e a editora Linotipo Digital, de São Paulo, lançarão no próximo dia 28 de setembro – aniversário da Lei do Ventre Livre, em 1871, e também da Lei dos Sexagenários, em 1885 – o maior livro já escrito sobre a “Princesa Isabel”, no próprio palácio onde ela residia, em Petrópolis (RJ). A obra tem 888 páginas e mais de 70 ilustrações.

    O nome do livro é pomposo, como a biografada: “Alegrias e Tristezas: estudos sobre a autobiografia de D. Isabel do Brasil”.  Fruto de mais de vinte anos de pesquisas da historiadora e arquivista Maria de Fátima Moraes Argon e do historiador e advogado Bruno da Silva Antunes de Cerqueira, o livro contém muito material inédito para os leitores que, nas últimas décadas, foram apresentados a uma princesa ora alienada, ora inapta e, por fim, praticamente ausente do processo que levou ao fim da escravidão no Brasil. Ponto alto dos estudos que Bruno chama de “isabelistas” é identificar que o golpe da República em 1889 não foi contra D. Pedro II e sim contra a filha, que no Pós-Abolição poderia ter sido a real garantidora dos direitos dos negros.

 Influência da imperatriz exilada

Mausoléu da Família Imperial, no interior da Catedral São Pedro de Alcântara, em Petrópolis. Lá, se acham sepultados os Imperadores Pedro II e Teresa Cristina e a Princesa Isabel e o Conde d'Eu

   Nesse livro existe documentos inéditos mostrando que mesmo do exílio a Princesa Isabel influiu na vida social brasileira, de modo restrito. Foi dela a “promessa”, em pleno momento do banimento da família imperial, de que no alto do Corcovado seria erguida uma estátua a Jesus Cristo. Suas amigas fiéis, no Rio de Janeiro, sobretudo a filha do Almirante Tamandaré, idealizaram o Cristo Redentor, na década de 1900, algo que absolutamente nunca se comentou. O monumento teria ainda uma estátua em tamanho menor da Princesa Isabel como “redentora” do Brasil. 
   As novas autoridades republicanas não incentivaram essa outra estátua. Por fim revela-se, no livro, que a adesão à República de 1889 não foi grandiosa como se acredita e que muitos nobres, sobretudo os titulados pela princesa em suas regências, morreram desgostosos, no ostracismo, sem jamais reentrar para a política.

Crato não possui nenhuma rua com o nome da Princesa Isabel

   Diferente de Juazeiro do Norte e Barbalha, a cidade de Crato não possui nenhuma rua denominada de “Princesa Isabel”. Existem na Cidade de Frei Carlos três ruas, denominadas oficialmente de “Imperador Dom Pedro I”, “Pedro II” e “Imperatriz Leopoldina”. Mas nenhuma homenageando a Princesa Isabel. Quando será que os vereadores de Crato terão sensibilidade de corrigir essa injustiça?

Sobre a Rua Imperatriz Leopoldina

    Oficialmente, existe em Crato a Rua Imperatriz Leopoldina (foto ao lado). Trata-se de uma artéria urbana, com início paralelo ao lado direito da Avenida Padre Cícero – sentido Crato-Juazeiro. A Rua Imperatriz Leopoldina dá acesso ao Parque Getúlio Vargas/Morro da Coruja, localizado no atual bairro Nossa Senhora de Fátima (ex-Barro Branco). a denominação dessa rua foi dada através da Lei nº. 1.774 de 10 de junho de 1998, aprovada pela Câmara de Vereadores e sancionada pelo então prefeito Raimundo Bezerra. Até hoje não foi providenciada as placas para serem colocadas nessa rua localizada no atual bairro Nossa Senhora de Fátima.

Por: Armando Lopes Rafael

Um comentário:

  1. Cheguei ao Crato em Fevereiro de 1969. Encontrei um Crato altivo, soberano, altaneiro. Crato cidade da cultura e princesa do cariri.

    As associações de classes e os clubes de serviços capitaneados pelo presidente da Associação Comercial do Crato Thomaz Osterne de Alencar faziam a defesa dos maiores interesses do município.

    A classe política, prefeito, Deputado Estadual, Deputado Federal e Senador se irmanavam na cobrança junto ao Governo Estadual e Federal.

    O tempo foi passando, o contingente eleitoral foi aumentando, as lideranças políticas se apequenando, e, de quase duas décadas para cá não contamos com representação Estadual e Federal.

    Nesses últimos anos o que mais se viu foi choradeira e reclamação contra o poder Estadual. Dizem que não prestigia a cidade, que desvia obras e até que retira as já existentes para os municípios vizinhos. Estamos vivendo o imaginário.

    As entidades de classes fazendo abaixo assinado contra uma ideia do Governo de fortalecer a Urca dotando-a de condições necessárias para atender as demandas, ocupando o espaço onde hoje está o já superado "Parque de Exposições".

    Propõe também o projeto que se construa um novo parque mais espaçoso e adequado a atualidade da era moderna, com investimentos de 25 milhões de reais. Como o povo não quer não mando: falou seco o Governador, para um repórter já aborrecido com razão.

    O Parque pertence ao Estado. O Governo pode fazer dele o que bem entender. Alguém já esqueceu que há anos o Governador Beni Veras veio fazer a abertura da exposição e o prefeito do Crato Walter Peixoto foi impedido de adentrar no Parque pela Policia?

    Só fazendo depois de encerrada a solenidade e que o Governador se retirou do local? Os políticos vizinhos estão rindo com a tolice dos cratenses. Devem está loucos que o empreendimento não vingue. E, certamente se oferecendo para que o levem para a sua terra.

    Lembrem-se senhores bairristas: A Urca é o maior empreendimento do Crato e os Campus de Iguatu e Juazeiro já superam o contingente do Campus do Pimenta em Crato.

    É por essa razão que nas eleições estaduais acontece o estouro da boiada.

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