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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 9 de outubro de 2019

O FUTEBOL E O “RESULTADISMO” - Por Wilton Bezerra. Comentarista esportivo do Sistema Verdes Mares.

As coisas no futebol são tão dinâmicas que o assunto “resultadismo”, levantado pelo ex treinador do Ceará, Enderson Moreira, já está caducando, em função de outras bossas, novidades, conceitos, blá, blá, blá.
Já me posicionei sobre o tema em comentários passados, mas não custa nada renovar a conversa.
“Resultadismo” é o culto ao resultado; o positivo, acrescente-se.
Imagina-se que quem se guia no futebol considerando apenas os resultados, nem precisaria ir aos estádios, bastando esperar o desfecho do placar e até dedicando o seu tempo e atenção a outra coisa.
Beleza estética do jogo, nem pensar; o importante é a vitória, meu prezado, e não se fala mais nisso.
Nelson Rodrigues, que era uma flor de obsessão, dizia: “O que se espera numa reles pelada é a poesia”.
E aí, eu explico.
Entre os que acompanham futebol existem os que torcem e os que apreciam o ludopédio.

Aos que torcem, só interessa o resultado; aos que apreciam, tão somente a beleza estética do jogo.
Sou um apreciador da bela modalidade.
Indo mais longe na narrativa, chegamos a uma boa disputa entre os “estatísticos”, uma febre atual, e os “esteticistas”.
Uns se agarram de forma frenética aos números; outros preferem enxergar o futebol como grande arte.
Sou um “esteticista”.
Fato é que o debate entre futebol bonito e o de resultados não vai acabar nunca.
Só acho abominável a rendição de muitos à sentença absurda de que o importante é vencer, se necessário, jogando mal.
Vagner Love, atacante do Corinthians, acaba de dar sua contribuição como resultadista: “Prefiro jogar mal e ser campeão”.
Não restam dúvidas de que isso é a herança da Copa do Mundo de 1982, quando caímos fora, jogando o melhor futebol da competição na derrota para a Itália.
Até hoje, esse resultado retroalimenta a questão do pragmatismo tático, escravo do resultado.
Ainda esta semana, ouvi de um comentarista uma observação sobre o Corinthians: “Como o time do Carile tem a capacidade de ganhar jogando mal”.
Terrível, não?
Cruyff, o holandês genial, sempre sustentou: “Jogar bem e perder não tem sentido. Jogar mal e vencer não tem graça”.
Futebol vai muito além do inferno dos resultados.
Valeu ?

Um comentário:

  1. No Brasil atual o que vale é o resultado. Não importa se jogando mal, se com a ajuda do VAR ou de que jeito for. Vale a lei do Paulo Maluf, feio é perder.

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