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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 27 de setembro de 2021

MINHAS “INFANTILIDADES” - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 

Sou feito de amor e pieguice, e as boas coisas do passado não largam do meu pé.

Sobre o que devemos escrever senão a respeito de nossa existência, trajetória de vida e paixão, socorridos por algumas cápsulas do tempo?

Mesmo porque nossas experiências e sentimentos é que contam.

Fazendo uso das lentes da memória, vou chegar à minha infância, na cidade do Crato, nos anos 50 e 60, sempre ao lado do irmão mais velho, Ítalo, dividindo nossas paixões entre o cinema e o futebol.

Fazíamos o percurso entre os cines Cassino e Moderno, próximos um do outro e, no domingo, a matiné do último era ponto de ajuntamento para se assistir aos filmes, vender e trocar revistas em quadrinhos.

Quantas coleções tiveram de ser vendidas, em caráter de urgência, a preços de liquidação, para assistir aos seriados “Os perigos de Nyoka” e “A sombra do Escorpião”

No entanto, mais importante era o filme principal.

O cine Moderno, do “Seu” Macário de Brito, antes da reconstrução que o tornou o melhor cinema do Cariri, ficava pequeno, quente e desconfortável para atender ao publico formado pela garotada.

Mas valia a pena, até mesmo sentar no chão para assistir as aventuras de Durango Kid (Charles Starret), Rocky Lane, Roy Rogers, Gene Autry, Cavaleiro Negro, Zorro, Hopalong Cassidy e Rod Cameron.

Eram “os filmes de faroeste”, também chamados de “bang-bang”, acompanhados com aplausos, gritaria e apupos, por uma torcida juvenil que não sabia o que era desgosto.

E, de quebra, ainda tínhamos Gordon Scott, o nosso Tarzan preferido, com uma cabeleira e músculos de fazerem inveja.

Só que os grandes lançamentos de Hollywood não chegavam para o “bico da meninada”, por serem exibidos no horário noturno.

Filme para ser bom tinha de ter muita troca de socos, tiros, perseguições emocionantes, com a montaria de cavalos tão famosos quanto os artistas principais.

O melhor dessa festa toda era “contar o filme” para quem não o assistiu, introduzindo os exageros das lutas dos homens da lei contra os malfeitores.

Quando vou ao Crato, diante dos cinemas que não funcionam mais, faço uma regressão e me sinto (juro) naquela atmosfera de felicidade de minha infância, com o recheio das lembranças que nos são caras, ainda hoje.

Tudo era muito bom.

E nós sabíamos disso.

Um comentário:

  1. "Fazendo uso das lentes da memória, vou chegar à minha infância, na cidade do Crato, nos anos 50 e 60, sempre ao lado do irmão mais velho, Ítalo, dividindo nossas paixões entre o cinema e o futebol.

    Fazíamos o percurso entre os cines Cassino e Moderno, próximos um do outro e, no domingo, a matiné do último era ponto de ajuntamento para se assistir aos filmes, vender e trocar revistas em quadrinhos".

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