Não se deve levar ao pé da letra os aforismos que contém exageros, mesmo porque, muitos são tiradas irônicas.
Nelson Rodrigues, o maior frasista do Brasil, na minha opinião, dizia, por exemplo, que “o dinheiro compra até o amor verdadeiro”.
Claro que não se pode aceitar isso como verdade, afinal, o amor verdadeiro independe da força que a grana tem.
Sem o amor verdadeiro, não existe família, amizade entre os seres humanos, nem conceito de pátria.
Aliás, aproveitando a ênfase do assunto, diríamos que estão em falta no nosso país duas coisas: amor e dinheiro.
Como piada, se diz que o cachorro só é o melhor amigo do homem porque não conhece dinheiro.
Mais ainda: se o dinheiro, como muitos consideram, for coisa do diabo, para conhecer o “coisa ruim”, basta ficar sem dinheiro.
Usei todo esse preâmbulo para um esclarecimento junto ao distinto público: o que desejei dizer em crônica passada foi que sempre busquei viver com pouco dinheiro, em luta contra o poder totalitário do vil metal.
Jamais pugnei pela ausência total do poderoso “papel bordado”na vida das pessoas.
Ora, o dinheiro é indispensável, muito ou pouco para pagar as contas do fim do mês e, se pintar um saldo, serve para quitar o nosso divertimento.
O dinheirinho pinga como recompensa pela nossa labuta diária e está muito claro na Constituição que todo trabalho deve ser remunerado.
Em tempos passados, o aperreio é atemporal, o grande compositor e ator, Mário Lago queixava-se: “No final do mês, sobrava um dinheirinho. Hoje, no final do dinheirinho sobram meses”.
Dias atrás, ouvi ou li uma sentença que me chamou a atenção: “Há dois modos de um homem ser rico neste mundo. Ele pode ter muito dinheiro ou pode ter muitos amigos. Não pode ter ambos”.
Enfim, repetiria o que disse anteriormente: ser rico é não desejar mais do que possuímos.
Por favor, não interpretem essa despretensiosa croniqueta como um esforço de auto-ajuda. A pretensão é somente a de fazer com que as pessoas pensem.
Há bastante tempo, a ala de compositores da Mangueira deixou um recado forte e direto: “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”.
Prezado amigo Wilton Bezerra - Eu gosto muito de suas crônicas são todas de uma razoabilidade impar.
ResponderExcluirEssa sobre "monetização" da vida me diz muito respeito. Trabalhei minha vida profissional com dinheiro dos outros o que se torna bem mais dificil. Em meados da decáda de 70 do século passado, BIC - Banco industrial do Ceará S/A tinha três agências.
A do Crato que eu era o gerente, a de Juazeiro era gerenciada por José Afonso de Oliveira e Felipe, e, a de Fortaleza gerenciada por Dr. Antônio Pompeu de Araujo e Eudimário Bezerra.
Quando deixei o banco na decada de 90 já eram 50 agências espalhadas Brasil a foro e até no exterior.
Hoje, não mais existe. Nas voltas que o mundo deu a China levou.