A sala de aula sempre me oprimiu.
A pergunta de um professor diante dos colegas me deixava apreensivo.
Nesse tempo, ao contrário de hoje, não gostava de plateia.
Mas, como gostava de ler conteúdos de pouco valor e sobretudo de ouvir rádio, fui "desarnando", para fazer o que faço hoje.
Ouvir. Eis a palavra mágica, mais importante do que falar.
O médico e escritor Rubem Alves disse o seguinte: "Anúncio de curso de retórica já ouvi muito. De escutatória, dificilmente."
Todo mundo quer falar. Poucos querem escutar para aprender a falar.
Por falta de educação, o que não falta é quem atrapalhe quem está falando.
Por essa e outras razões, falar besteira virou profissão no Brasil.
Por força da minha função de comentarista esportivo no rádio, sempre me expressei oralmente.
Ocorre que a escrita me fascinou, pela maior elaboração dos assuntos.
"Verba volant, scripta manent"("As palavras voam. Os escritos ficam.")
As minhas primeiras crônicas escritas eram horrorosas.
Mais pareciam anúncios de cartomantes: nenhuma preocupação com pontos e vírgulas.
Foi uma luta para "colocar no papel" o que o cérebro produzia.
Não cheguei ao ideal, mas posso garantir que aprendi muito.
Depois de toda essa peroração, o que quero dizer mesmo é o seguinte:
estou elaborando, ao lado do editor Eduardo Freire, o livro “Crônicas e Causos”.
Quedei-me aos pedidos de amigos e poucos leitores e resolvi colocar em 200 páginas o que ouvi, li e vivenciei.
E devo confessar que, a princípio, pouco receptivo com a ideia de um livro, estou muito satisfeito com a sua feitura.
E diria que essa obra está sendo para mim como um caminhão novo para um motorista.
Aguardem mais um pouco.
Espalhem em todas ruas e becos que “Crônicas e Causos” está no forno.