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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 2 de junho de 2019

502 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Em 1966, a bodega de Alberto era infestada de ratos. Também. Ele queria mais o que? Queijo é o maior atrativo para ratos.

Alberto adquiriu umas ratoeiras daquelas que pega o rato matando, mas não deu certo porque não deu conta da demanda. Depois que uma disparava os outros ratos não chegava mais perto. Foi aí que ele foi até na venda de Cacaria e comprou uma daquelas de arame, que além de pegar o rato vivo, chega a capturar até meia dúzia deles, porque o rato vivo atrai os outros.

Quando era para sacrificar os ratos, Alberto pegava o gato Mimi de Domicilia. o Peludo do Tenente Etelvino, e o Come Rato de Antônia Canela, convidava ainda, eu, Chico Neném, Sílvio Romero e Luizão Pagé.

Todo dia pela manhã era uma festa. Ele soltava de um em um e aqueles que escapavam dos gatos, morria nos pés dos exterminadores. Num desses dias, ele estava com seis ratos na ratoeira. Cinco foram mortos e ficou um para o ritual final. Quando o último foi solto nós ficamos gritando:
Pega o rato! Chuta o rato! Mata o rato!

Naquele momento Chichica passava no outro lado da rua para tomar um café da casa de Dona Zulmira, e achou que aqueles gritos de guerras fossem com ela. levantou os braços numa atitude agressiva e gritou: Chica do Rato é a mãe de vocês. magote de vagabundos!

Com aquele esparro e aquela surpresa, nós e os gatos ficamos passivos, sem entender nada e o último rato que estava condenado a morte, escapou sem levar nem um beliscão.

No dia seguinte Alberto contou que chegou muito cedo na bodega, abriu a porta só pela metade, deu uma olhada disfarçada para a ratoeira e viu que tinha quatro ratos presos, onde um deles era o sobrevivente do dia anterior. Fechou a porta bem devagar e ficou na escuta, quando ouviu o gato que foi contemplado pela intervenção de Chichica, falar para os outros: Ei galera. Se Chica do Rato não passar por aqui nós tamos é lascado!
Um outro rato perguntou: Tamos lascados porque?

Porque Alberto chegou, abriu um pedaço da porta e eu vi Mimi, Peludo e Come Rato ali na calçada. E debaixo da castanhola estão; Luizão Pagé, Sílvio Romero, Chico Neném e Raimundinho Piau.

Mundim do Vale.


3 comentários:

  1. Esse é literalmente um poeta Fabuloso. (Fábulas do Mundim). Abraços!

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  2. Prezado Mundim.

    Todo apelido tem uma razão se ser. Não nasce a toa. Foi muito bom conhecer a historia da origem do nome Chica do Rato.

    Parabens por mais uma boa historia.

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