Tem gente valente que gargalha na cara do medo, mesmo reconhecendo que a coragem é a maior virtude de um defunto.
Na verdade, só tem direito de reclamar da vida aqueles que, corajosamente, colocaram o pescoço em risco.
Arriscar é para quem consegue controlar o medo e seguir em frente.
Há um grande domínio do medo em nossa trajetória de vida, até mesmo quando somos jovens, inquieta pensar o que faremos diante das incertezas do futuro.
O jovem tem medo do futuro de águas incertas.
Nós temos medo da desgovernança, do desemprego, da fome, dos traficantes dominadores, da doença (quem mata não é a velhice, é a doença) de não poder pagar um plano de saúde decente, da aposentadoria sem futuro que causa depressão, do vírus que se renova, e medo dos que se levantam todos os dias para praticar o mau-caratismo.
Medo de topar o frete e voltar apenas com os restos de arroz da carroceria.
Nas lutas cotidianas, a gente descobre que a maior desgraça da felicidade é o medo,
Porque as dores a gente suporta, o que não se agüenta é o medo.
Ora, já se reconheceu que o medo tem até mesmo utilidade, o que não serve para nada é a covardia.
Talvez, quando se descobrir uma vacina que debele o medo, a existência se divorcie do susto.
Por falar em medo eu me lembrei de Pé Veio, um personagem muito conhecido de minha terra Várzea-Alegre. Perguntaram se ele tinha medo de morrer, ele respondeu que não. Tinha muito medo que Fatico morresse. Fatico era o patrão dele que não lhe deixava faltar nada, até o dinheiro pra tomar pinga nos dias de feira ele dava.
ResponderExcluirJá contei na Verdes Mares muitas histórias de pé véio. Há duas semanas, numa clinica, encontrei com uma neta dele. Ou seria bisneta ?
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