Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 14 de dezembro de 2021

175 - O Crato de Antigamente - Por Antônio Morais.


É de estarrecer o estado de pobreza reinante na periferia do Crato. Quem, por ventura ou desventura, visitar as favelas que proliferam nas circunvizinhanças dos bangalôs dos ricos, volta com o coração amargurado.

Vivendo a sombra da miséria absoluta, convivendo com lastimável estado de pobreza, centenas ou milhares de seres humanos vegetam a míngua de quaisquer assistência dos poderes públicos. Para os que vivem no conforto da modernidade o quadro simplesmente não existe. O problema, alem de trivial, não é deles. Não lhes interessa saber como vivem esses parias da sociedade insensível e ecocentrista.

Tive, oportunidade, há dias, de visitar uma das favelas do Crato. Choca os olhos e amarguram o coração o espetáculo de miséria dos desvalidos. Convivendo, em seu dia-a-dia, com a promiscuidade e exposta aos riscos da contaminação pelas moléstias que grassam na região. A pobreza citadina também é vitima da fome e da desnutrição. Em cada favela da urbes encontramos uma Somália em potencial. Realidade injusta que se confronta com os privilégios dos poderosos e a ladroagem de políticos, das mais diferentes mafias, em todo país.

Construir avenidas, praças bonitas e feéricas, viadutos gigantescos, pontes ornamentais, sambódromos de custos elevadíssimos, meter a mão nos dinheiros públicos, é tripudiar sobre a miséria de milhões de brasileiros e milhares de cratenses, afogados na agonia lenta dos tugúrios.

É bom atalhar a onde dos sofridos, a avalancha dos parias, antes que se consuma o estouro dos miseráveis, à busca da justiça social que lhes tem sido negada.

Osvaldo Alves.

4 comentários:

  1. Este texto do Osvaldo Alves de Sousa data da decada de 90. Continua atual. Diariamente a TV Verdes Mares mostra os bairros das principais cidades do cariri. Miseria, falta de assistencia, saniamento, limpesa publica, esgotamento, calçamento, tudo em fim.

    Um bairro do Juazeiro uma comunidade inteira vive a Lamparina. Pena que a midia não tem coragem de mostrar essas mazelas antes da eleição. Muito pelo contrario: Por dinheiro, mostra um mundo encantado e enexistente.

    ResponderExcluir
  2. O texto é atualíssimo, se naquela época havia pobreza, hoje há miséria!
    Quem tem a obrigação de denunciar é a população. É a sociedade que tem obrigação de ver e fazer valer os seus direitos.

    ResponderExcluir
  3. Morais:
    É verdade!
    A Avenida Padre Cícero – que liga Juazeiro ao Crato – possui uma iluminação feérica! Coisa que não existe nas estradas da Europa (até porque os carros são dotados de faróis e não necessitam de iluminação externa para a locomoção, à noite, dos motoristas ).
    Se você deixa essa Avenida e adentra num daqueles bairros pobres que a circundam ainda encontra palhoças iluminadas com lamparinas de candeeiro.

    ResponderExcluir
  4. Agora como dantes. A mesma lenga lenga, a mesma piega. Ilusões e enganação.

    ResponderExcluir