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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 22 de abril de 2019

Gestão Bolsonaro roda como parafuso espanado - Por Josias de Souza


Prestes a entrar no seu quinto mês de existência, o governo de Jair Bolsonaro já consolidou uma marca: a ineficiência. É perceptível o refinamento, o cuidado, o acabamento extremo e, sobretudo, o custo com que a gestão do capitão atinge a ineficiência. A aparência é de um parafuso rodando a esmo, com a rosca espanada.

Para dar certo, o governo precisa aprovar as reformas que prometeu. Esperava-se que fosse ágil, para aproveitar o vigor pós-eleitoral. Mas a força das urnas se dissipa. E Bolsonaro não obteve no Legislativo senão uma coleção de reveses —da imposição do pagamento de emendas orçamentárias ao repasse direto das verbas federais às prefeituras.

Nesta semana, com os joelhos dobrados, o Planalto tenta arrancar a reforma da Previdência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, primeiro e mais simples estágio do processo de tramitação legislativa. Se fizer as concessões que lhe foram exigidas pelo centrão, talvez consiga passar para a fase seguinte, a discussão de mérito numa comissão especial. Coisa bem mais dura de roer.

O pacote anticrime, prioridade número dois do governo, não chegou nem à fase inaugural. Num esforço para evitar que a iniciativa murche, o ministro Sergio Moro (Justiça) levou a cara às redes sociais. Passou a borrifar explicações pretensamente didáticas no Twitter.

A dificuldade de atarraxar as reformas faz com que até o estilo de Bolsonaro comece a ser contestado. O que era visto como frescor antissistêmico, intolerância com velhas práticas e maestria tuiteira de repente virou ingenuidade de calouro, falta de articulação política e imperícia virtual a serviço da fabricação de crises.

Líder do governo na Câmara, o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) foi ao Twitter no final de semana para encontrar-se com o óbvio. Desse encontro resultou uma pilha de tuítes constrangedores. Num deles, o líder de Bolsonaro reconheceu que falta ao Planalto uma base congressual: "Ela simplesmente não existe."

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