Cinco minutos do José de Alencar, título estranho, depois descobri o romance mais bonito que li em toda minha vida.
Chegando atrasado “cinco minutos” a estação, um jovem elegante e romântico foi obrigado a esperar o ônibus das sete horas e, neste, viajava a senhorita que se tornou objeto de uma paixão, de um romance que recomendo a leitura. Depois de muitas idas e vindas, doenças, viagens, desencontros terminaram se acertando e eis o final da historia escrita por José de Alencar:
“Quando nos sentimos fatigados de tanta felicidade, ela arvora-se em dona de casa ou vai cuidar de suas flores. Eu fecho-me com os meus livros e passo o dia a trabalhar. São os únicos momentos em que não nos vemos.
Assim, minha prima, como parece que neste mundo não pode haver um amor sem o seu receio e a sua inquietação, nós não estamos isentos dessa fraqueza. Ela tem ciúmes de meus livros, como eu tenho de suas flores. Ela diz que a esqueço para trabalhar; eu queixo-me de que ela ama as suas violetas mais do que a mim.
Isto dura quando muito um dia; depois vem sentar-se ao meu lado e dizer-me ao ouvido a primeira palavra que balbuciou o nosso amor: — “Non ti scordar di me”. Olhamo-nos, sorrimos e recomeçamos esta história que lhe acabo de contar e que é ao mesmo tempo o nosso romance, o nosso drama e o nosso poema.
Eis, minha prima, a resposta à sua pergunta; eis por que esse moço elegante, como teve a bondade de chamar-me, fez-se provinciano e retirou-se da sociedade, depois de ter passado um ano na Europa. Podia dar-lhe outra resposta mais breve e dizer-lhe simplesmente que tudo isto sucedeu porque me atrasei cinco minutos.
Desta pequena causa, desse grão de areia, nasceu a minha felicidade; dele podia resultar a minha desgraça. Se tivesse sido pontual como um inglês, não teria tido uma paixão nem feito uma viagem; mas ainda hoje estaria perdendo o meu tempo a passear pela Rua do Ouvidor e a ouvir falar de política e teatro. Isto prova que a pontualidade é uma excelente virtude para uma máquina; mas um grave defeito para um homem.
Adeus, minha prima. Carlota impacienta-se, porque há muitas horas que lhe escrevo; não quero que ela tenha ciúmes desta carta e que me prive de enviá-la.
Ele não tem ciúmes de minhas flores, nem podia ter, porque sabe que só quando seus olhos não me procuram é que vou visitá-las e pedir-lhes que me ensinem a fazer-me bela para agradá-lo.
Nisto enganou-a; mas eu vingo-me, roubando-lhe um dos meus beijos, que lhe envio nesta carta. Não o deixe fugir, prima; iria talvez revelar a nossa felicidade ao mundo invejoso.
Cinco Minutos foi o primeiro livro que li.
ResponderExcluirLi como tarefa de casa, por determinação da professora Elita Otoni e, com a obrigação de escrever um resumo da historia. Li e reli varias vezes para conseguir uma boa nota escolar. A nota veio satisfatoria e a minha admiração por Jose de Alencar cresceu no meu conceito. Uma bela historia.
Recomendo a leitura.
É um livro pequeno e dependendo da edição traz A Viuvinha junto. São duas histórias lindas!
ResponderExcluirPrezada Artemisia.
ResponderExcluirConheço as duas edições. Uma historia romantica muito bonita. Pena que aquele romantismo esteja adormecido nos poucos que tiveram a oportunidade de lê e viver aquela epoca dourada de nossas vidas.
Obrigado pelo comentario. Os seus comentarios sempre agregam grandes conhecimentos as postagens.
Um bom Domingo, para familia e um grande abraço no amigo Jose Bezerra.
Antonio.
Morais, eu que fico muito grata por ter conhecido o Blog do Sanharol e suas belas postagens, relíquias culturais. Abraços da família toda para vocês.
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