Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 21 de fevereiro de 2021

FEITOS DO MESMO BARRO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 


Quem nos fez (não existíamos, fomos criados) esqueceu de caprichar um pouco mais no quesito igualdade, só percebendo depois da coisa feita.

Não foi tão socialista assim.

Sei (não sou tão distraído) que fomos moldados extremamente diferentes, embora com o mesmo barro usado como material.

Por falar nisso, Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) não gostava de nada feito de barro, inclusive o homem.

Não nego: comprava, com prazer, aqueles bonequinhos de barro do mestre Vitalino que chegavam de Caruaru.

Quem se “invocou” também foi o cordelista Leandro Gomes de Barros: 

“Por que existem uns felizes,

E outros que sofrem tanto. 

Nascemos do mesmo jeito,

Vivemos no mesmo canto.

Quem foi temperar o choro,

E acabou salgando o pranto?”

Afirmo, de novo, que começar uma crônica dá um trabalho enorme a esse “rábula” da escrita, daí ficarmos com “pantim”(instigando de longe) até entrar no assunto que nem cobra pelo chão.

Quero falar de uma coisa que me dá “gastura”: a desigualdade, essa praga geradora da miséria humana.

Eu sou doido, ou muito besta, para ficar me perguntando sobre o gosto que tem desejar para si tudo que existe no mundo e deixar o próximo “lambendo os beiços”.

Quem teria sido o dragão da maldade que se meteu, no momento da criação, para enxertar essa coisa reimosa?

Vale lembrar a confissão de Oto Lara Resende, escritor e jornalista, que dizia se envergonhar do pouco que possuía, ele que preferia ser a ter.

Não estou reivindicando para mim o Nobel da humildade e pobreza (meu nome José é sinônimo disso) mas julgo que, se o ser humano buscasse “pissuir” o básico para viver, esta atitude seria uma enorme contribuição para combater a indomável desigualdade.

O problema é a boca aberta (tem um deputado com esse nome) e os olhos enormes da ganância humana que “botam gosto ruim”.

Um comentário:

  1. Amigo Wilton Bezerra, essa sua crônica é de uma preciosidade sem igual, feitura absoluta. Como Sergio Porto eu também não gosto muito do que é feito de barro. O pior é que estou sendo obrigado a conviver com a lama podre da verve politica do Brasil atual.

    ResponderExcluir