Fonte: “Diário do Nordeste”, 27-06-2020, por Carolina Mesquita
As
águas do Rio São Francisco chegam ao Ceará trazendo mais do que a
garantia do abastecimento para o consumo humano em período de estiagem. O
agronegócio local também comemora e será efetivamente beneficiado,
abrindo possibilidade de expansão da produção. Segundo o secretário
executivo do agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e
Trabalho do Estado (Sedet), Sílvio Carlos Ribeiro, o Ceará possui
potencial para quadruplicar a área irrigada, totalizando 300 mil
hectares.
Atualmente, segundo Ribeiro, são apenas 70 mil hectares utilizados. Com
mais recursos hídricos disponíveis, o crescimento da produção é
natural. "É um momento histórico e importante para a economia. Até hoje,
tínhamos a necessidade de ter segurança hídrica para diversos setores
da economia. Desde 2012, quando começamos a enfrentar essa seca sem
precedentes, o agronegócio vem com essa preocupação. Essa nova
disponibilidade de água permite fazer um investimento, desenvolver a
área irrigada, sabendo que será possível produzir por dois, cinco, dez
anos. É um conforto maior", afirma.
Exportação
Além da área irrigada propriamente dita, o Ceará tem diferenciais que
também devem atrair mais investidores daqui para frente, entre os quais
condições logísticas favoráveis à exportação e certificações de áreas
livres de pragas, além do atual comportamento do câmbio e a abertura de
mercados internacionais para a produção brasileira.
Tendo isso em vista, a fruticultura deve ser uma das atividades mais
beneficiadas com a Transposição. Por ter valor agregado mais alto que os
grãos, por exemplo, e boa aceitação no mercado externo, as frutas
passam a ser o foco dos negócios. Com produtos de maior valor, a
participação do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB) cearense pode
crescer em ritmo ainda maior que a área irrigada.
"Se
nós só dobrarmos a área irrigada atual, para 140 mil hectares, apenas
com fruticultura, o PIB agropecuário será bem maior do que se
mantivéssemos as safras já existentes", ressalta Ribeiro.
Com
a disponibilidade de recursos hídricos, novas colheitas poderão passar a
ser cultivadas em solo cearense, hoje muito concentradas apenas no
melão e melancia, além de garantir a produção de culturas permanentes,
como a banana e a laranja.
"Tendo
essa segurança hídrica, podemos diversificar as frutas no Estado. E
mesmo quando se tiver pouca chuva, não teremos de deixar de plantar,
como antes. Outros mercados estão se abrindo, como a China para o melão.
Se começarmos a exportar para lá, teremos de ter mais área", aponta
Luiz Roberto Barcelos, presidente da Associação Brasileira dos
Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas)".
Ele ainda ressalta que as culturas com maior valor agregado e
possibilidade de dar retornos mais consistentes serão as principais
beneficiadas devido ao alto custo para a utilização das águas do Rio São
Francisco. "Vários setores serão beneficiados, inclusive a pecuária com
alimento para o gado. A fruticultura, sem dúvidas, será muito
beneficiada", aponta Barcelos.
Como previa o Bispo da Bahia o único erro do projeto de transposição das águas do São Francisco era o fato da obra ser eleitoreira. 20 anos para ser concluída e com um custo que vai demorar um bom tempo para o retorno deste numerário. No mais só elogios e aplausos.
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