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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 29 de novembro de 2021

O CIRCO DA MINHA VIDA E "A LUTA DO SÉCULO" - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 

Criança que não gostava de circo não era "boa da cabeça". Eu adorava.

Sem explicações para isso, me fascinavam mais os pequenos circos, os mais pobres, que aportavam no Crato lá pelos idos de 1959 e 1960.

Talvez porque fosse mais fácil nossas entradas por baixo das lonas laterais, sem pagar ingresso.

As grandes companhias - Nerino e Garcia - nos pareciam inacessíveis.

Os circos chegados no Crato ocupavam terreno em frente à estação da RFFSA. Pertinho de onde morávamos.

Seus integrantes tinham a aparência de ciganos e falavam outros idiomas.

Foi nesse tempo que mantive contato com o Circo Continental.

Certamente, por dificuldades financeiras, já chegou sem a lona de cobertura. Mesmo assim, teve de funcionar.

Além dos espetáculos normais, acabou acrescentando uma atração para engordar sua bilheteria: uma luta de vale-tudo, no fim de semana.

O baterista do conjunto musical do circo, um negrão carioca, alto e forte, fez desafio a um lutador da cidade que tivesse a coragem de enfrentá-lo.

Apresentou-se João Índio (conhecido, muito tempo depois, como “João Peitudo”, que se dizia filho de Lampião), funcionário de uma vulcanizadora de pneus.

Na primeira luta, o baterista-lutador quase mata o representante cratense de "peia", o que motivou um pedido de revanche.

Foi a oportunidade para João Índio (ou “João Peitudo”, vá lá) se recuperar.

Ocorre que, quando João estava vencendo a segunda luta com nítida vantagem, o baterista-lutador meteu-lhe o dedo nos olhos.

Peitudo endoidou e, quando recuperou a visão, armou-se com o martelo do palhaço, que tinha uma espoleta da ponta, e correu atrás do seu oponente, já em carreira para o meio da rua.

Isso tudo com a "cabroeira" atrás, à base de vaias e apupos.

Eu estava, claro, no meio dessa "manifestação" patética e divertida.

Com muito esforço para se controlar o chafurdo, os ânimos foram felizmente serenados.

O juiz da luta atendia pelo nome de "Cochilão". A arrecadação obtida com as disputas foi boa e o pequeno Circo Continental seguiu o seu itinerário por outras cidades, com dinheiro em caixa para adquirir uma nova cobertura.

Ficou como forte e carinhosa lembrança na minha memória.

Um comentário:

  1. Prezado Wilton - Por falar em circo o dia que ri mais na minha vida foi aos 08 anos. O meu tio me levou ao circo. Tinha um palhaço chamado Borborema, foi a palhaço mais palhaço que vi na minha vida. Ele cantava : Deita tua cabecinha na linha do trem.... Ou Hoje tão longe da borracha da policia. kkkkk

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