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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 6 de maio de 2021

A MORTE DOS ESTADUAIS E A GLOBALIZAÇÃO - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

 Quando o mundo foi tomado de assalto pela globalização, ouvi a conversa e perguntei se era uma coisa boa ou ruim.

Todas as transformações passaram a ser atribuídas e justificadas pela globalização, em sua marcha inexorável.

“Tudo vai ficar interligado, modernizado e facilitado mundialmente, sem que o nosso senso de pertencimento deixe de ser respeitado e celebrado”, foi a primeira explicação que me deixou  satisfeito, mesmo sem entender a profundidade.

Frases de efeito se seguiram para garantir que o parangolé era de primeira qualidade: “O universal pelo regional” e uma sacada de Tolstoi na qual me amarrei: “Fale de sua aldeia e estarás falando do mundo”.

Me esgueirei pelos cantos da sala o máximo que pude para dizer que, no futebol, essa “tal globalização” não veio para apreciar nossas essências municipais ou estaduais.

Enquanto matam a pauladas os campeonatos estaduais, as taras da globalização vão dizimando as rivalidades locais, substituindo-as por uma construção de realidades interestaduais e intercontinentais.

A ordem, ainda oculta, pelos interesses políticos de federações e clubes, é no sentido de por fim a essa história de que os campeonatos estaduais guardam, na alma, alguma essência regional  de valor

Sem hipocrisia, deviam anunciar logo a caminhada rumo à elitização, com fundo musical do tango, da rumba e do merengue, desprezando-se o resfolego da sanfona.

Daqui a pouco, em nome da ganância financeira globalizada e da falta de compromissos com o futebol, a própria Copa do Nordeste será vista como competição que atrapalha Copa do Brasil, Brasileirão, Sul-Americana e Libertadores.

No mais, é assistir a agonia dos resilientes, que mais lembram cadáveres insepultos.

Um comentário:

  1. Texto de razoabilidade impar com a marca e o lastro de quem conhece do riscado. Como dizia Mundim da Varjota, um caboclo de minha terra : "Quem num for, num vai".

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