Passamos da metade do mês de setembro. Setembro da Independência do Brasil que daqui há dois anos será bicentenária. Setembro da primavera no Hemisfério Sul, onde está localizado o nosso Brasil e um dia antes da transição de estações, temos o dia da árvore. Nos caminhos que tenho percorrido, notadamente entre Guaraciaba do Norte e Sobral e vice-versa, tenho visto o pau d’arco embelezando as matas, as vias urbanas e rurais. Sua beleza dá uma certa nostalgia. É setembro ainda do Bispo Dom José Tupinambá da Frota que nasceu num mês de setembro e neste mesmo mês faleceu.
Os tempos que vivemos são diferentes. Um dos textos mais belos que li neste período foi “A primavera não sabia”, de Irene Vella, publicado, em francês, na primavera europeia, em março deste ano, e que o apresentador português Rui Unas emprestou sua voz e o fez viralizar. É uma beleza. O tempo presente se torna passado e se fala no florescer das árvores e das plantas com as pessoas em isolamento. O momento não é muito diferente. Embora o isolamento tenha sido amenizado no Brasil, a pandemia não passou. Perdemos pessoas amadas e muitas vezes nem sequer pudemos dar um último adeus... Mas, ainda assim, a primavera se aproxima. e eu sinto uma vontade de reler e até mostrar aos que não conhecem o poema de Olavo Bilac “As Velhas Árvores”, tão belo e sensato. Leiamos, recitemos:
“Olha estas velhas árvores, — mais belas,
Do que as árvores mais moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas . . .
O homem, a fera e o inseto à sombra delas
Vivem livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E alegria das aves tagarelas . . .
Não choremos jamais a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,
Na glória da alegria e da bondade
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!”
O momento é, também, de muitas queimadas, espalhadas Brasil afora. O
pantanal e a floresta amazônica são preocupações constantes, mas, também
próximo de nós vemos essa presença indesejada. Façamos nossa parte.
Preservemos a natureza e vivamos a primavera dia 21 próximo, tenhamos
responsabilidade pelo momento que vivemos para na próxima primavera
lembrarmos dessa primavera, embora no Nordeste só distinguimos mais
claramente as estações quente e fria, com aquela liberdade de ir e vir
mais acentuada. Com nossos alunos em salas de aulas, todos os
profissionais dando sua contribuição para que o projeto de quem nos
criou, Deus, tenha continuidade.
No texto que falamos,
inicialmente, lembra que “... chegou o dia da libertação. As pessoas
ouviram na televisão: ‘- O vírus perdeu!’. As pessoas saíram às ruas.
Cantavam, choravam, abraçavam-se os vizinhos... sem máscaras, nem
luvas...”. Ainda esperamos este dia e sei que as flores da primavera, o
frescor do inverno, a temperança chegará quando for anunciada a vacina
que nos dará uma nova liberdade. Durante este período penso que muito
aprendemos e, com limitações, fomos reaprendendo determinadas coisas. Ao
Senhor que é sempre da Vida, Nosso Deus, confiamos essas aflições e
espero que a Luz d’Ele oriente a ciência com a cura e nós todos, com a
paz que o mundo espera!
Feliz Primavera a nós todos!
(*) José Luís Lira é advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina) e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É Jornalista profissional. Historiador e memorialista com mais de vinte livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais brasileiras.
Prezado Armando - O texto de José Luiz Lira é de uma feitura primaveril e oportuna. No momento o Brasil se transformou num enorme matadouro. Morre gente, até ontem, 17.09.2020, 135 mil brasileiros, morre negro, morre índio, morre mulher, morre médico, enfermeiro, morre bicho, morre a mata, morre o rio, morre a democracia e, o pior, morre a justiça.
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