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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 12 de setembro de 2020

Sacerdotes Católicos que ficaram no imaginário popular do Cariri

Padre Frederico Nierhoff

   Nascido em Gelsenkirchen, Alemanha, em 26 de janeiro de 1916, Padre Frederico foi o oitavo filho de um casal profundamente católico: Hermann e Adolfina Nierhoff. Iniciou ele seus estudos teológicos em Oberhundem, transferindo-se depois para a cidade de Lebenhan Grave, na Holanda. Ainda estudante de Teologia – curso feito na Congregação dos Missionários da Sagrada Família –  devido às incertezas da Segunda Guerra Mundial, o seminarista Frederico Nierhoff deixou a Alemanha, em 7 de março de 1938, com destino ao Brasil. Aqui  onde deu continuidade aos seus estudos, na cidade de Recife. Lá foi ordenado sacerdote, no dia 1º de maio de 1941. 

    Antes de residir em Crato, Padre Frederico Nierhoff exerceu atividades pastorais nas cidades de Picos e Pio IX (no Piauí), Saboeiro, Arneirós e Aiuaba (no Ceará). Em Crato, além de suas atividades no âmbito sacerdotal, Padre Frederico construiu escolas, postos de saúde e capelas, na zona rural, na então vasta Paróquia de São Vicente Ferrer. Era um homem de grande dinamismo e enorme capacidade de trabalho. 

   

Padre Frederico Nierhoff foi figura proeminente na cidade de Crato. Quando assumiu a Paróquia de São Vicente Ferrer – em 1948 – como segundo vigário, a igreja-matriz tinha proporções pequenas e acanhadas. Nos 20 anos em que administrou aquela paróquia (1948-1968), comprou imóveis vizinhos ao templo e ampliou a igreja. Também a casa paroquial foi remodelada e ampliada, possuindo um auditório, além de  ampla área anexa, destinada às crianças que se preparavam para a primeira comunhão. Construiu a Capela de São Miguel Arcanjo, hoje igreja-matriz da paróquia do mesmo nome.

    Deve-se, ainda, ao Padre Frederico a construção de um conjunto habitacional para pequenos agricultores do Sítio Malhada, zona rural de Crato.  Este conjunto recebeu o nome da mãe daquele sacerdote, Adolfina Nierhoff. Ainda hoje a comunidade do Sítio Malhada serve de modelo de assentamento rural com geração de emprego e renda.

     Nos anos 40 e 50 do século passado, o Cariri cearense era conhecido no Brasil como um dos maiores focos de tracoma, infecção que afeta os olhos e, se não for tratada, pode causar cicatrizes nas pálpebras e cegueira. Padre Frederico selecionou voluntários da zona rural de sua paróquia, para ajudar a "Campanha Federal Contra o Tracoma", iniciativa do Departamento Nacional de Saúde Pública. No início da década 60, essa moléstia tinha sido erradicada da zona rural do município de Crato.

    Tão logo chegou a Crato, Padre Frederico sentiu a importância do Lameiro como um local privilegiado, dotado de qualidade de vida e vocacionado ao lazer. Ali adquiriu um pequeno lote e denominou-o “Granja Betânia”. A partir da sua iniciativa, muitos cratenses começaram a comprar terrenos no Lameiro, construindo ali casas e bicas de banho, utilizadas geralmente nos fins de semana e feriados.

    Desgostoso com a redução da Paróquia de São Vicente Ferrer a um território de poucos quarteirões, no centro de Crato, Padre Frederico desligou-se, em 1969, da diocese de Crato e foi ser vigário de Custódia (Pernambuco).  Dali saiu para ser pároco e Vigário-Geral da diocese de Floresta (PE), onde, no dia 31 de outubro de 1975, sofreu um enfarte, enquanto dirigia um carro. Este, desgovernado, capotou ocasionando a morte do Padre Frederico. Sua repentina e inesperada morte foi muito lamentada em Crato, onde o Padre Frederico trabalhou com dedicação e carinho, junto aos mais necessitados e onde possuía muitos amigos.

Texto e postagem: Armando Lopes Rafael

Um comentário:

  1. Prezado Armando Rafael - Outro dia li um comentário do jornalista Luiz José Teles dos Santos a respeito do Padre José Ferreira Lobo. Ele dizia : Já não existem padres como antigamente.

    De pleno acordo com o seu depoimento eu lembrei que o padre José Ferreira Lobo foi vigário de Várzea-Alegre de 1928 a 1932. Nesse pequeno período mesmo com a terrível seca de 1932 ele destruiu a igreja antiga e construiu a atual, uma das igrejas mais bonitas do Ceará, a igreja de São Raimundo Nonato. Depois foi vigário de Farias Brito.

    Padre Frederico, além de muito trabalhador e operoso deixou um legado de amizade, estima e admiração em Crato e por onde passou. Parabéns pela postagem.

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