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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 24 de setembro de 2020

ESTÓRIA DO DENTE DE LEITE - Por Antônio Gonçalo de Sousa.

O "dente de leite" tem vida curta. Em épocas passadas o mesmo só tinha alguma ênfase quando ficava mole. Era sinal de que deveria ser arrancado. Mas à época, não tinha estória de levar o portador ao dentista. 

A extração era feita à base de cordão que, amarrado ao canino, era puxado com força para que, em questão de segundos,  ficasse ali só  a falha, que era chamada pejorativanente de "porteira".

Em um ritual simples, cada vez que um dente de leite era extraído,  a oração ensinada pelos mais velhos era rogada em coro pelos presentes: " mourão mourão, pegue seu dente podre e me dê um são".

Após esse ato, o dono do dente arrancado jogava-o de costas em cima do telhado da casa,  na certeza de que um outro nasceria firme e forte para substituí-lo...

2 comentários:

  1. A estória do dente relatada pelo o nosso memorialista, historiador e escritor Antônio Gonçalo de Sousa me faz lembrar os tempos de menino na casa do Sanharol. Pedro, o meu segundo irmão estava com um dente mole, no ponto de arrancar. Eu amarrei uma ponta da linha no dente e a outra ponta numa pedra e coloquei na sangra do badoque, estiquei bem e soltei, a pedra foi embora levando o dente. O grito foi tão grande que eu me arrependo até hoje da traquinagem. Mas, depois do serviço feito aminha mãe me pegou com um cipó de mufumbo e eu paguei a conta direitinho.

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  2. O procedimento cirúrgico tinha que ser rápido e preciso. O cliente não poderia ter chance de reclamar da dor.

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