O "dente de leite" tem vida curta. Em épocas passadas o mesmo só tinha alguma ênfase quando ficava mole. Era sinal de que deveria ser arrancado. Mas à época, não tinha estória de levar o portador ao dentista.
A extração era feita à base de cordão que, amarrado ao canino, era puxado com força para que, em questão de segundos, ficasse ali só a falha, que era chamada pejorativanente de "porteira".
Em um ritual simples, cada vez que um dente de leite era extraído, a oração ensinada pelos mais velhos era rogada em coro pelos presentes: " mourão mourão, pegue seu dente podre e me dê um são".
Após esse ato, o dono do dente arrancado jogava-o de costas em cima do telhado da casa, na certeza de que um outro nasceria firme e forte para substituí-lo...
A estória do dente relatada pelo o nosso memorialista, historiador e escritor Antônio Gonçalo de Sousa me faz lembrar os tempos de menino na casa do Sanharol. Pedro, o meu segundo irmão estava com um dente mole, no ponto de arrancar. Eu amarrei uma ponta da linha no dente e a outra ponta numa pedra e coloquei na sangra do badoque, estiquei bem e soltei, a pedra foi embora levando o dente. O grito foi tão grande que eu me arrependo até hoje da traquinagem. Mas, depois do serviço feito aminha mãe me pegou com um cipó de mufumbo e eu paguei a conta direitinho.
ResponderExcluirO procedimento cirúrgico tinha que ser rápido e preciso. O cliente não poderia ter chance de reclamar da dor.
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