Minha pretensão para essa edição, era escrever sobre a proximidade dos
200 anos da independência do Brasil que será celebrado em 7 de setembro
de 2022. Este ano é o 199º aniversário do corajoso ato de Sua Majestade
Imperial Dom Pedro I, Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil. Aliás, há
dois anos, na data de hoje, 5 de setembro, eu fazia a entrega do Busto
do Imperador Dom Pedro I ao Museu Histórico Nacional, sediado no Rio de
Janeiro, em meu nome e no de meus colegas de pesquisa Cícero Moraes e
Paulo Salles, com trabalho artístico de Mary Bueno.
Foi um dia memorável. Mas, no último dia de agosto, por volta de 21hs,
tomei conhecimento do falecimento do Dr. Thomaz de Araújo Corrêa,
médico e benfeitor de Ipu e da região circunvizinha, casado com dona
Margarida Timbó de Araújo Corrêa, desde 1951. No momento em que soube,
quase não acreditei. Apesar de seus 97 anos de vida e 72 de medicina,
Dr. Thomaz me parecia eterno. Pensava nas comemorações de seu centenário
tendo ele fisicamente entre nós. De imediato meu veio à mente um
cântico que entoei e ouvi em várias ocasiões: “Fica sempre um pouco de
perfume/ nas mãos que oferecem rosas/ nas mãos que sabem ser generosas”.
Este espaço não seria suficiente para narrarmos a vida honrada de Dr.
Thomaz que foi narrada no livro “De Corpo e Alma: Trajetória de Thomaz
de Araújo Correa, Ícone de Ipu”, com mais de 600 páginas, organizado
pelo genro e pela filha dele, Dr. Emmanuel Teófilo Furtado e Dra. Luísa
Elisabeth Timbó Corrêa Furtado.
Dr. Thomaz chegou ao Ipu muito antes de que tivéssemos em Guaraciaba do
Norte os médicos Dr. Francisco Cardoso Martins e Dr. Egberto Martins.
Por isso, era a Ipu que recorríamos e lá encontrávamos o Doutor Thomaz
Corrêa. Nasci, no final de 1973, no sítio Correios (10km de Guaraciaba
do Norte) e as condições de saúde eram muito precárias naquela região.
Pego pelas mãos da parteira minha tia-avó Cristina Lira, nasci menino
frágil. Tive um seriíssimo problema nos ouvidos. Eram fortes dores, o
ouvido “estourava”. Pais zelosos que tenho, eles não mediram esforços
para que eu ficasse bom. Foram muitas as vezes que na madrugada saíamos
na velha caminhonete do papai para o Ipu. O papai sabia onde era a casa
do Dr. Thomaz e não se intimidava em chamá-lo. Saía aquele homem de voz
de timbre forte, culto e educado e ia atender àquele menino. Tenho
certeza de que se não fossem seus cuidados eu teria perdido uma de
minhas audições.
A vida é uma aventura constante. Um dia, já formado, ocupante de uma
cadeira na Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará – ALMECE
–, fui incumbido de fazer saudação a agraciados com Mérito Cultural e
Sócio-Honorário. Qual foram minhas surpresa e alegria ao ver entre os
Sócio-honorários o nome de Dr. Thomaz Corrêa, honraria que pude lhe
conferir quando também presidi a Academia Sobralense de Estudos e
Letras. Anos mais tarde, propus o título de Doutor Honoris Causa da
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), ao notável médico.
Nestes tempos complicados em que vivemos, não pude ir a Ipu despedir-me
de Dr. Thomaz. Seu filho Dr. Luiz de Gonzaga até pediu-me que eu não
fosse. Rezo por Dr. Thomaz com a sensação de que nosso grande médico
está junto ao médico de homens e de almas, São Lucas, no céu,
intercedendo por todos nós!
Minha gratidão, meus respeitos, Dr. Thomaz! Descanse na paz do Senhor!
(*) José Luís Lira é
advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do
Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito
Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina)
e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É
Jornalista profissional. Historiador e memorialista com mais de vinte
livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais
brasileiras.
Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil com relação a Portugal, em 07 de Setembro de 1822. Em 15 de Novembro de 1889 Deodoro da Fonseca proclamou a dependência mais cruel e perversa que poderia ser e existir. Criou a republica e o Brasil passou a ser um pais governado por homens sem decência, sem honradez, sem nenhum tipo de relacionamento com a honestidade e com o amor a pátria. Pais de canalhas.
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