Morreu, ontem, 13 de agosto, aos 96 anos, o cirurgião dentista, escritor e intelectual Geraldo Menezes Barbosa. Ele estava internado no Hospital da Unimed, em Juazeiro do Norte, onde ocorreu seu óbito por volta das 22:45h.
Quem foi Geraldo Menezes Barbosa
Nascido em 06 de junho de 1924 na cidade de Crato-CE Seus pais: José Barbosa dos Santos (jornalista) e Francisca de Menezes Barbosa. Fez Curso Primário e Ginásio em Crato. – Curso Científico no Liceu do Ceará em Fortaleza _ Curso superior em Odontologia na UFC e Curso superior em Pedagogia pela CADES-MEC além de 26 Cursos de extensão sobre Saúde e Cirurgia bucal, Previdência Social, Assistência ao Menor, Cidadania, Relações Humanas e para a Vida, Meio Ambiente, Psicologia, Filosofia, Parapsicologia, Hipnodontia, Jornalismo, Rádio e TV, Economia, Política, Direito do Menor, Ação Social Sessenta anos de participação direta no desenvolvimento da cidade de Juazeiro do Norte. Foi vereador e presidente da Câmara Municipal, em 1960, quando sancionou o primeiro Código de Postura da cidade.
Foram mais de 60 anos de jornalismo, quando lançou o jornal Correio do Juazeiro , em 1949, criando a Associação Juazeirense de Imprensa e suas crônicas diárias no CRP. É jornalista registrado na Associação Cearense e Imprensa com carteira de sócio efetivo datada de 1950 e membro da Associação Cearense de Rádio e Televisão. Dedicou 50 anos como Diretor e professor da Escola Técnica de Comércio de Juazeiro, 30 anos como professor de Biologia da Escola Normal, Colégio Moreira de Souza e seis anos no Colégio Salesiano de Juazeiro do Norte. Dez anos como cronista na Rádio Iracema, 5 anos na Rádio Educadora do Cariri e 45 anos na Rádio Progresso de Juazeiro, como sócio fundador, diretor, formador de opinião pública, com uma crônica diária. Editor da Revista Memorial.
Escreveu mais de 20 livros sobre a História do Juazeiro, Crônicas, Literatura. Durante mais de 50 anos foi sócio do Lions. Diretor Secretário da Comissão Pró Eletrificação do Cariri (1950) Lutou pela instalação do Aeroporto Regional e abertura da Estrada Barbalha-Unha de Gato nos anos 50\60. Trabalhou para criação do primeiro Banco de Sangue e sua instalação no Hospital São Lucas. Foi sócio proprietário do Hospital Santo Inácio. Lutou pela instalação das agências do Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Caixa Econômica e da Receita Federal. Fundador da Sociedade de Amparo aos Mendigos, em 1956, hoje com 40 asilados e com assistência social e hospitalar no seu grande prédio da Rua São José Diretor da Escola Técnica de Comércio durante 50 anos.
Criou e instalou a Faculdade de Engenharia de Operação de Juazeiro, com apoio do Gov. Adauto Bezerra (1975) hoje Centro de Tecnologia da URCA. Criou o Aeroclube de Juazeiro, ainda funcionando, e o Teatro Escola. Professor e palestrante do 2º Batalhão de Polícia e do Tiro de Guerra. Recebeu certificado de reconhecimento expedido pelo 4º. Exército e Medalha de Ouro do Mérito Militar expedida pela Polícia Militar do Ceará e de várias instituições. Fundador do Lions Clube de Juazeiro em 1956, primeiro presidente e depois Governador do Distrito de Lions Internacional, empossado nos Estados Unidos e também Orador Oficial do Conselho de Governadores.
Foi Delegado Regional do Conselho Regional de Odontologia e do Sindicato dos Odontologista do Ceará e Presidente da Comissão do Centenário de Juazeiro (2011). Membro titular da Academia Cearense de Odontologia, da Academia de Cultura de Lions Internacional, da Sociedade Brasileira dos Odontólogos Escritores e do Instituto Cultural do Vale Caririense. Escreveu 26 mil crônicas, lidas diariamente na Rádio Progresso de Juazeiro.
(Currículo publicado no ESCAVADOR)
Prezado Armando - A região do cariri, o Ceará e o nordeste são uns eternos devedores do trabalho do Dr. Geraldo Menezes Barbosa. Tive a honra de conviver com ele nas labutas do Lions de quem era um grande entusiasta do movimento. Homem educado, bom, e muito culto. Segue abaixo uma crônica postada no nosso Blog escrita por ele para o Rei do Baião Luiz Gonzaga :
ResponderExcluir"Faz muito tempo, mas aconteceu. Vale a pena lembrar. Após abastecer meu veiculo, a margem da BR 116, descobri sentado, no restaurante, ao lado do seu motorista, o famoso Luiz Gonzaga, de boné e óculos escuros, tendo o olhar voltado para estrada. Estava absorto, talvez lembrando sua terra no Exu ou estimulado pelo cheiro da carne assada que vinha do alpendre.
Luiz trazia no rosto desenhos profundos de um homem amargurado, emagrecido, ombros caídos, em nada se assemelhando aquele biotipo amorenado, monumento vivo de braços valentes repuxando os pulmões da sanfona, estremecendo a plateia no melhor ritmo do reinado do baião daqueles velhos tempos.
Aproximei-me dele para tocar-lhe o ombro, em sinal de identificação amiga dos nossos bons momentos da Radio Progresso de Juazeiro, nos shows delirantes programados.
Luiz Gonzaga! Que bom revê-lo! Nunca mais andou pelo Juazeiro?
Minha saudação de alegria teve uma resposta melancólica. Erguendo a cabeça, o sanfoneiro fitou-me buscando uma identificação que não conseguia e balbuciou triste:
Como vai o senhor?
Resposta anonima e diferente a um passado bem recente, quando nos abraços no acerto de contas dos contratos e na alegria de suas noites de sucessos. Desconversei qualquer coisa e fui saindo entristecido. Seu motorista, ao lado, sinalizou-me com um olhar de decepção confirmando que seu patrão já não era o mesmo.
Prossegui viagem profundamente constrangido por aquele encontro. Sentir que o rei estava próximo de morrer. Já não expressava a simpática eloquência comunicativa de festa interior, quando dissertava o linguajá do baião em livre palestra regionalista, sem a necessidade de olhar para o teclado. Luiz exibia ali um fantasma amargurado de corpo e alma. Havia perdido a alegria de viver, vitima da falta de saúde, decepções e sem esperança por um amanha propicio. Nunca imaginei ver aquele "monarca nordestino" condenado a um abandono de si próprio, sem a capacidade de sonhar. Ele que distribuiu tantos sonhos de amor por esse mundo a fora. Que encantou os terreiros e palcos. Acelerei o carro na certeza de ter visto, pela ultima vez, o mais eloquente folclorista do Brasil".
Dr. Geraldo Menezes Barbosa.
Eu não sabia que o Dr. Geraldo era cratense.
ResponderExcluirFaz alguns anos.
ResponderExcluirEu vinha passando de carro, no final da atual Rua Dom Pedro II, em Crato, quando vi Dr. Geraldo Menezes Barbosa com uma máquina de fotografia na mão, clicando algumas casas antigas do finalzinho daquela rua.
Ele viera a Crato para eternizar, em fotografia, casas antigas que restavam da Rua da Pedro Lavrada (Hoje Dom Pedro II), onde ele nasceu e passou os primeiros anos da infância. Telúrico, ele queria perenizar imagens dos seus primeiros anos na sua terra natal: a Cidade de Frei Carlos Maria de Ferrara.